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O Começo Depois do Fim – Cap. 167 – A vista do céu

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POV OLFRED WAREND

Não me surpreendeu quando o Ancião Rahdeas veio me visitar, contando como trouxera para casa um menino humano. Eu estava familiarizado com sua bondade; também recebi sua boa vontade, afinal de contas.

Ele me tirou das ruas cruéis das cavernas superiores, me dando comida e abrigo em sua própria casa. Tratando-me como se eu fosse seu sangue, me ensinou a ler e escrever e, depois de descobrir minha inclinação natural para a magia, até me ensinou o básico da manipulação de mana. Mas mesmo assim, fui cauteloso. Crescer sem um lar ou família me ensinou a desconfiar de todos.

Sempre houve um pensamento incômodo de que talvez esse homem estivesse apenas me apoiando para me vender um dia. No entanto, esse não foi o caso. Os anos se passaram alegremente e minhas suspeitas se evaporaram há muito tempo—passei a me considerar seu filho.

Depois de me formar como um dos maiores conjuradores do instituto Earthborn, localizado na capital de Vildoral, fui escolhido para ser um dos aprendizes que se tornariam os futuros guardas da família real.

Os Greysunders eram gananciosos e desprezados por toda a sua raça, sempre descontentes com a forma como eram vistos, inferiores aos humanos e elfos. Mas servi o rei e a rainha fielmente e com o mais alto respeito; isso é o que Rahdeas me ensinou.

Depois de décadas servindo a família real com fidelidade, houve uma conversa sobre a escolha das próximas duas lanças e eu me tornei um dos candidatos. No começo, planejei abandonar o torneio privado. Se eu quisesse minha vida vinculada a alguém, seria para ninguém além de Rahdeas.

Rahdeas tinha respeitado essa decisão até o dia em que ele trouxe para casa o garoto que chamou de Elijah. Sem me dar nenhum detalhe de como se deparou com uma criança humana, Rahdeas me pediu para ser uma lança que servisse fielmente à família real. Argumentei, dizendo que os Greysunders não eram aqueles que eu desejava ligar minha vida, mas Rahdeas assegurou, com a máxima confiança, que seria apenas temporário e que eu estaria ligado a ele no final.

Eu tinha aprendido e servindo como guarda para a família real, que os Greysunders estavam no poder desde a criação de Darv, mas Rahdeas de alguma forma era capaz de garantir o contrário.

Ele era o homem que eu respeitava como pai e salvador. Mesmo se eu desobedecesse ao rei, eu não desobedeceria a Rahdeas.

Mais uma década se passou e o menino humano cresceu sob os cuidados de Rahdeas e, pela primeira vez na história, as Lanças foram apresentados em público. Rahdeas era gentil, mas também um homem que, apesar de seu amor por seu povo, mantinha seus pensamentos para si mesmo.

Ele nunca me disse o que quis dizer, quando falou que minha ligação de alma com os Greysunders não era permanente. Ele nunca me disse por que manteve nossos laços em segredo do menino. Ele nunca explicou exatamente quem foi que lhe falou que esse garoto deveria ser o salvador dos anões.

— Você está quieto, Olfred. — Disse Rahdeas do outro lado da grande sala circular. — Qual é o problema?

— Nada, meu senhor. Eergui meu olhar longe da janela e enfrentei o homem que me criou.

— Olfred! Eu lhe disse para me chamar de Rahdeas quando estivermos sozinhos. — Ele repreendeu gentilmente. — Agora sente-se. Tome uma bebida com este velho.

— Envelheci também. — Me sentei na frente dele, recebendo uma taça.

— A visão da lua é magnífica, não é? — suspirou depois de tomar um grande gole de sua taça que parecia minúscula em sua grande mão.

— É sim. — concordei.

— Que equívoco ignorante feito por humanos e elfos. Eles acham que só porque vivemos no subsolo, preferimos cavernas ao invés de edifícios. Com aqueles vendáveis ​​insuportáveis ​​que cobrem toda a Darv, eles não pararam uma vez para pensar que não construímos torres altas e prédios porque não conseguimos?

Balancei a cabeça, olhando pela janela mais uma vez depois de tomar um gole.

— Ignorância leva a falsas suposições e interpretações.

— Essa é uma grande verdade. Mas os tempos de mudança estão sobre nós.

Rahdeas traçou a cicatriz escorrendo pelo olho esquerdo.

— Chegou a hora, meu filho.

Estendendo a mão por cima da mesa, Rahdeas gentilmente agarrou meu pulso, apertando sua mão sobre a minha.

— Há dúvidas ou hesitações nublando sua mente?

— Nenhuma… Pai.

A palavra parecia estranha para mim. Eu nunca disse isso em voz alta, apesar de sempre pensar. No entanto, sabia que me arrependeria se não dissesse antes que meu tempo acabasse.

O canto dos olhos de Rahdeas se enrugou em um sorriso gentil quando segurou minha mão com firmeza.

— Bom… Meu único arrependimento é que você não estará aqui para ver o triunfo de nosso pessoal. Se você tivesse sido ligado a mim ao invés daquele Asura.

Eu balancei a cabeça.

— Há algumas coisas que não podemos mudar. Mas há uma coisa que eu queria que você soubesse.

— O que seria?

— Eu conheço as suas ambições para o nosso povo, mas não é por isso que estou fazendo isso. Nosso povo foi o que me desprezou e me espancou, enquanto estava nas ruas. Eu só quero que você saiba que a razão pela qual eu posso fazer tudo isso sem dúvida é porque é o que você deseja.

Fechando seu único olho que enxergava, Rahdeas assentiu devagar.

— Bom filho. Muito bem.

 

POV ARTHUR LEYWIN

Me sentei na beira da minha cama, removendo o broche que segurava meu cabelo para cima. Meu vínculo soltou um grunhido suave de reconhecimento antes de voltar a dormir, me deixando na silenciosa paz da noite.

A voz de Tess ecoou em minha mente, suas palavras entrando em conflito com minhas prioridades.

— …para te dizer que te amo de novo.

Repeti suavemente para mim mesmo. Havia apenas algumas coisas que eu realmente queria nesta vida. Não era fama, poder ou riqueza, eu tive isso e muito mais durante a minha vida anterior. O que eu queria, e a razão pela qual eu estava lutando nessa guerra, era simplesmente envelhecer com meus entes queridos, algo que eu não era capaz de fazer como Grey. Por isso, estava disposto a ir contra quaisquer inimigos, Asuras ou não.

Minha única dificuldade era lutar contra a tentação de abandonar tudo. Houve momentos em que eu queria apenas fugir para a borda da Clareira das Bestas com Tess e minha família.

Minha ganância frequentemente questionava cada um dos meus movimentos.

Esta não é a sua guerra, Arthur.

Suas pernas estão quase aleijadas e você tem cicatrizes em todo o corpo; você não fez o suficiente?

Você está lutando pelo seu povo novamente. Você fez isso em sua última vida e viu onde isso te trouxe?

Deixando escapar um suspiro, percebi por que eu estava constantemente afastando Tess para longe, dando-lhe desculpas ou respostas indiretas adiando o nosso encontro futuro.

Estava com medo.

Estava com medo de que, se eu a deixasse entrar, minha ganância se tornaria incontrolável, medo de que eu jogaria fora Dicathen para salvar os poucos que eu realmente amava.

O tempo gotejava, estava perdido em meus pensamentos, quando percebi, o sol nascente, coberto sob as nuvens, deu ao céu um tom alaranjado.

Removendo o traje luxuoso que estava usando desde o evento na noite passada, coloquei uma camisa confortável e colete, enfiando as pontas da minha calça em minhas botas antes de colocar uma capa grossa sobre os meus ombros.

— É hora de ir, Sylv.

Os brilhantes olhos amarelos de Sylvie se abriram. Pulando da cama. Ela andou ao meu lado, me observando enquanto cuidadosamente aplicava a atadura especial para esconder a grande cicatriz no meu pescoço.

— Estou pronta.

Antes de me dirigir para as escadas, parei no quarto da minha irmã e bati na porta dela.

— Ellie, é seu irmão.

A porta se abriu, revelando minha irmã em meio bocejo, com o cabelo crespo de um lado e liso no outro. Atrás dela, deitado de bruços ao lado da cama, estava Boo. Ele nos espiou com um olho antes de voltar a dormir.

— Irmão? o que há de erra…

Ela parou no meio da frase, olhando para as minhas roupas.

— Você está saindo de novo? Já?

Forcei um sorriso que não chegou aos meus olhos.

— Voltarei em breve.

Puxei minha irmã em meus braços.

— Você não tem que voltar logo, apenas volte vivo.

Ela me apertou forte antes de se afastar. Ellie se ajoelhou e fez o mesmo com o meu vínculo antes de voltar. Minha irmã sorriu largamente, mas as lágrimas já haviam começado a brotar nos cantos dos olhos.

Despenteei seu ninho de cabelo castanho-claro.

— Eu prometo.

Descendo as escadas, fui recebido por uma alegre Mica e Olfred de cara séria na frente do corredor que levava à sala de teletransporte.

O rude e idoso anão, que subiu até meus ombros apesar de sua postura ereta, imediatamente se afastou de mim quando cheguei e seguiu pelo corredor.

— Vamos viajar voando e não pelos portais.

A general Mica, por outro lado, passeava vagarosamente ao meu lado. Pelo sorriso em seu rosto pequeno e macio, alguém poderia pensar que ela estava a caminho de um piquenique.

— Mica está animada para finalmente ir em uma missão com você.

Disse enquanto nos arrastávamos atrás do General Olfred.

— As outras lanças falam de você, embora nem tudo seja bom.

— Você sempre se refere a si mesmo na terceira pessoa? — Perguntei.

— Na maior parte do tempo, por quê? Isso está fazendo você se apaixonar por Mica? — Ela piscou. — Mica pode parecer assim, mas Mica é um pouco velha demais para você.

— Que pena. — disse, incapaz de evitar que o sarcasmo vazasse da minha voz.

— Vamos nos apressar, o tempo gasto nesta jornada significa o tempo gasto longe das batalhas já existentes.

O general Olfred falou quando os soldados montando guarda na frente da sala de aterrissagem abriram as portas.

Os artesãos e trabalhadores que estavam lá dentro deixaram o que quer que estivessem fazendo e nos saudaram quando chegamos. Uma pessoa, no entanto, caminhou em nossa direção com um sorriso inocente.

Ancião Rahdeas. cumprimentou o general Olfred, se curvando profundamente, enquanto Mica e eu simplesmente baixávamos a cabeça.

— Lanças.

O sorriso de Rahdeas se aprofundou, a cicatriz correndo pelo olho esquerdo se curvando. — Desculpe minha intrusão, eu apenas queria me despedir de todos vocês pessoalmente.

— É uma honra. — Respondeu o general Olfred.

Rahdeas andou até mim, olhando silenciosamente com seus olhos cansados. Quando sorriu para mim, não pude deixar de desejar que essa pessoa não fosse um traidor, que suspeitei erroneamente.

Ainda lamento o fato de que não fui capaz de proteger Elijah, e até o pensamento de perseguir e finalmente matar o homem que criou meu amigo como seu próprio sangue deixou um gosto amargo na minha boca.

Rahdeas colocou uma mão grande gentilmente no meu braço.

— Você deve estar cansado da sua batalha anterior. Pelos Asuras, esperamos que suas suspeitas se revelem falsas, para que você possa voltar correndo e descansar um pouco.

Enquanto sua expressão e gesto pareciam genuínos, as palavras de Rahdeas pareciam cuidadosamente escolhidas. No entanto, respondi com um sorriso.

— Sim, vamos esperar que seja isso.

Talvez eu esteja suspeitando demais dele, pensei. Ele era o guardião de Elijah, afinal.

— Embora esse possa ser o caso, você não deve levar isso em conta tão pesadamente em relação às suas suspeitas agora.

Aconselhou Sylvie.

Soltando meu braço, Rahdeas deu mais um aceno significativo para suas lanças antes de caminhar em direção ao fundo da sala.

Olfred liderou o caminho para o porto do outro lado da grande sala.

— Estamos prontos para partir. Não voe abaixo das nuvens.

— Seu vínculo será rápido o suficiente para acompanhar Mica e Olfred? — Mica perguntou.

A orgulhosa Sylvie soltou um sopro de ar pelas narinas antes de se transformar em um dragão de tamanho normal. O chão do castelo tremia enquanto os trabalhadores ao redor de nós recuavam instintivamente, apesar de já terem visto meu vínculo antes.

— Vou conseguir. — ressoou quando sua longa cauda me varreu e me colocou na base do seu pescoço.

A parede à nossa frente baixou em um mecanismo de ponte levadiça, enquanto o piso abaixo de nós se estendia em uma grande pista de decolagem.

Eu quase fui jogado para fora pelos ventos estridentes que atingiam o grande corpo de Sylvie. Os telhados e os múltiplos terraços eram protegidos por uma barreira transparente de mana, fomos atingidos com a força total dos ventos a uma altitude de mais de vinte mil pés.

Nossas vozes perdidas no vento, o general Olfred apenas apontou na direção que deveríamos seguir. Imediatamente, a general Mica e Olfred decolaram em nuvens.

Eu nunca me canso dessa visão. Pensei, olhando para fora enquanto o sol da manhã se tornava mais proeminente, lançando um brilho etéreo nas nuvens.

— Concordo.

Sylvie respirou fundo antes de abrir as asas. Deixando o vento levar seu corpo para fora do cais, seguimos logo atrás deles, sem saber qual seria o resultado dessa jornada.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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