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O Começo Depois do Fim – Cap. 166 – A confiança para…

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POV ARTHUR LEYWIN

— Quantas tropas você precisa?

Rei Blaine perguntou quando todos nós olhamos para o mapa detalhado espalhado pela mesa redonda.

— Três, não, duas divisões devem ser suficientes. — Respondi.

— General Arthur. A costa oeste é onde precisamos alocar a maioria de nossas forças.

Rahdeas respondeu, colocando o dedo perto de Etistin e Telmore City.

— Enviar quase vinte mil soldados para o norte tornará essa área vulnerável demais.

— Tenho que concordar com o Ancião Rahdeas. — Acrescentou o rei Alduin. — Há várias batalhas perto da costa que acontecem há dias. Retirar até mesmo uma única divisão penderia a balança a favor do inimigo.

Rainha Priscilla, rolou o pergaminho de transmissão que estava lendo.

— Ainda estamos evacuando civis de Telmore e Etistin. Se as forças na costa forem retiradas, nossas tropas serão empurradas para trás e as batalhas acontecerão nas cidades.

— Comandante, talvez possamos mandar algumas tropas élficas estacionadas perto da cidade de Asyphin até a beira da fronteira, mas duas divisões parecem viáveis. — Avisou a rainha Merial, com as sobrancelhas franzidas de preocupação.

Virion, sentado à minha frente, levantou o olhar para todas as Lanças em pé atrás de seus respectivos detentores de artefatos.

— Generais? O que acham?

— A vaga suspeita do pirra— General Arthur, baseada em evidências do que “ele viu” não justifica o sacrifício de uma cidade ou duas. — O general Bairon quase cuspiu.

— Deixando de lado o tom desagradável de Bairon, ele fez um bom argumento. — Disse Mica, a Lança anã que não parecia mais velha que minha irmã. — Mover essa quantidade de tropas algumas centenas de quilômetros, leva algum tempo, mesmo com a ajuda de portões de teletransporte.

— General Aya? General Varay? General Olfred? — perguntou Virion. — Vocês todos concordam?

O general Olfred, o mais velho entre as Lanças, assentiu.

— É muito arriscado.

— Desculpe, General.

A Lança élfica sussurrou ao meu lado antes de falar.

— Também concordo que não é sábio.

Todos nós olhamos para Varay, a única outra Lança que eu não estaria confiante em derrotar.

— Se a afirmação do General Arthur for verdadeira, seria a escolha certa enviar tantas tropas, se não mais, para o norte.

Respondeu a Lança secamente.

Foi surpreendente ter o apoio da General Varay, mas funcionou contra mim neste caso. No entanto, Virion aproveitou suas palavras para trazer a ideia que eu realmente queria.

— A General Varay tem razão, se o que o General Arthur afirma ser verdade, as tropas precisam ser enviadas. Afinal de contas, apenas um Retentor foi visto desde o início da guerra, se um Retentor e uma Foice estivessem liderando o próximo ataque, os danos seriam catastróficos e incomensuráveis.

Todos concordaram com a cabeça.

— Portanto, — Virion fez uma pausa, deslocando os olhos de uma Lança para outra. —Proponho que enviemos duas Lanças junto com o general Arthur ao norte, para investigar se realmente haverá ou não um grande ataque liderado por um Retentor e uma Foice.

O resto dos membros do conselho imediatamente olharam uns para os outros, esperando que alguém apresentasse uma razão contra isso.

— Comandante. — O Rei Blaine falou. — As Lanças são as figuras centrais das divisões em batalha agora. Com eles desaparecidos por muito tempo, a moral diminuirá e se um Retentor ou Foice aparecer em batalha…

— Rei Glayder. — Virion interrompeu, seu olhar penetrante perfurando o rei humano. — Por que você acha que as Lanças se abstiveram de participar da maioria das batalhas até agora?

O rei ruivo permaneceu em silêncio.

— É bem simples. Não vale a pena. — Continuou Virion. — Feitiços destrutivos de larga escala lançados por qualquer uma de nossas Lanças matariam não apenas o exército deles, mas também o nosso. Mesmo se tivéssemos todos recuando, este é o nosso lar. A terra será destruída e inabitável. Mesmo que as Lanças retenham seu poder e ajudem os soldados no campo com a espada na mão, ainda haverá baixas e mortes, além do risco de atrair os Retentores ou as Foices dos Alacryanos.

“Tenha sempre em mente enquanto luta, que nossos cidadãos têm que viver nesta terra. O objetivo é vencer essa guerra, mas também preservar o máximo possível de nossas cidades.

O olhar autoritário de Virion mudou de um rei ou de uma rainha para outra, direcionando essa lição para todos os presentes nesta sala.

— Com isso dito, se enviar duas Lanças é o suficiente para evitar uma batalha em larga escala com Foices e Retentores lutando do outro lado, então eu diria que é um pequeno preço a pagar. Nossas tropas podem passar alguns dias sem que seus líderes segurem suas mãos.

Embora expressões de relutância fossem evidentes nos rostos dos líderes, eles lentamente concordaram com a cabeça.

Virion juntou as mãos com um sorriso.

— Bom, agora quais são as duas Lanças acompanharão Arthur nessa investigação no norte?

Uma mão fina subiu do outro lado da mesa.

— Embora Lorde Aldir seja o detentor do artefato para minhas duas Lanças, já que ele não está aqui, acho que é seguro assumir que eu posso ser voluntário para enviá-las com Arthur.

Resisti ao impulso de sorrir na mudança dos acontecimentos. Tudo estava indo como eu havia planejado.

Virion também manteve a calma, parecendo estar ponderando a decisão de Rahdeas.

— De fato! Já que Lorde Aldir não está presente, acho que é natural ter as Lanças dos anões sob o comando do Ancião Rahdeas. O Rei Blaine concordou.

— As batalhas estão ocorrendo em Sapin, então concordo que enviar o General Olfred e a General Mica seria uma opção ideal. Acrescentou a rainha Merial.

Virion assentiu lentamente, como se quase relutasse.

— Muito bem, o General Olfred e a General Mica, temporariamente sob o comando do Ancião Rahdeas, devem seguir para o norte com o General Arthur para investigar a possibilidade de um Retentor e uma Foice planejarem um ataque.

Ambas as Lanças dos anões se curvaram respeitosamente assim como eu.

— Esta é uma missão de reconhecimento, mas deixo a situação ao seu julgamento. A prioridade é não alertar os inimigos, especialmente se um Retentor ou Foice estiver presente. Se as circunstâncias permitirem uma chance realista de evitar uma batalha em grande escala, vocês poderiam conduzi-la. Lembre-se, nossa prioridade é manter a batalha longe dos civis. — Acrescentou Virion. — Prepare-se para sair amanhã ao amanhecer. O resto das lanças, dispensados.

Andando pelo corredor escuro do lado de fora da sala de reuniões, soltei um suspiro profundo. Sempre odiei reuniões como essas, sempre tensas e cheias de maneiras indiretas de dizer não ou dar uma razão para não fazer algo que atrapalhasse seus próprios ganhos. Embora o Conselho parecesse ser uma frente unificada de líderes de todas as três raças, os ideais arraigados e o egoísmo em relação ao seu próprio reino eram mais aparentes do que qualquer outra coisa. O rei Glayder, que estava com muito medo de agir desde que Aldir o ameaçou depois de matar os Greysunders por sua traição, tornou-se mais sincero. Apenas com Virion ali o Conselho funcionava ligeiramente bem.

Embora Virion e eu tenhamos conseguido o resultado final que queríamos, este foi apenas o começo. Cocei meu pescoço; O curativo de Gideon faz minha pele coçar muito, mas não consegui tirá-lo até ficar sozinho. O truque para parecer ileso funcionou durante o evento há algumas horas, e aproveitei um pouco do resto da noite, mas uma coisa pesou na minha cabeça. Claire esteve na festa; ela me viu.

Ela me viu, mas não queria que eu a visse. Eu não a via desde Xyrus, e a última visão dela que eu lembrei foi que estava sendo empalada. Tentei pensar nas razões pelas quais me evitava, mas o som de passos atrás de mim me levou de volta à realidade.

— Parece que vamos estar juntos em uma missão! — Uma voz alta soou vários passos atrás.

— General Mica, General Olfred. — cumprimentei educadamente, me virando para eles.

— Apenas me chame de Mica. — A anã infantil sorriu enquanto o General Olfred simplesmente assentiu em reconhecimento.

— Prefiro manter as formalidades. — recusei gentilmente. — Vocês são meus seniores como Lanças, afinal.

— Pelo menos o menino sabe algumas maneiras, apesar de sua educação deficiente. — Disse o general Olfred com uma sobrancelha levantada.

— Rapaz, nós realmente vamos nos dar bem.

A única impressão real que tive do general Olfred foi quando fui levado para o castelo flutuante depois do incidente na Academia Xyrus. Ele me salvou do irmão de Lucas, general Bairon. No entanto, isso foi simplesmente porque estava seguindo ordens.

— Bem, se você me der licença. Eu deveria descansar um pouco para a longa jornada de amanhã.

Abaixei a cabeça antes de voltar para a escadaria principal.

Andando até os andares residenciais, sondava a mente de Sylvie para ver se ela estava acordada. Vendo que meu vinculo estava em um sono profundo, fiz um pequeno desvio.

Alcançando a sala no final do corredor, bati na porta de madeira grossa.

— Estou indo. — Tessia gritou.

A porta se abriu sem um único rangido e do outro lado estava Tess. Ela estava vestida com roupa de dormir, mas o cabelo dela ainda pingava água.

— É você Arthur? — Tess engasgou. — O que você está fazendo aqui?

— Desculpe — sorri. — Você estava esperando alguém?

— S-Sim, Caria deveria vir. Arthur, o que há de errado? — Ela perguntou, notando meu olhar vazio.

— Nada. É só que você parece diferente de quando estava no evento.

Tess envolveu uma toalha em volta da cabeça enquanto ela fazia uma careta para mim.

— Uau! Obrigado por me avisar disso!

Percebendo meu erro, rapidamente balancei a cabeça.

— Não, eu quis dizer isso de um jeito bom. Você se parece mais com a Tessia com quem passei três anos naquela época.

— Você precisa trabalhar em suas habilidades de flerte. — Ela suspirou. — Não, espere, na verdade. Não trabalhe nelas.

Eu soltei uma risada.

— Você quer dar uma voltinha comigo?

Depois de colocar um robe fino sobre a roupa de dormir, ela me seguiu pelo corredor em direção à varanda onde minha irmã havia montado suas tábuas de alvo. Nenhum de nós falou no caminho enquanto estávamos lado a lado. Ao contrário do evento, nossos braços não estavam ligados, mas de alguma forma parecíamos mais íntimos.

Chegamos ao terraço gramado cercado por árvores, mas continuamos caminhando até chegarmos ao limite. Sentado contra o tronco grosso de uma árvore próxima, olhei para o céu noturno. As nuvens abaixo de nós se moviam lentamente, vagamente iluminadas pela grande lua acima.

— As estrelas são lindas. — admirava. Vindo de um mundo onde as cidades iluminadas mascaravam as estrelas, poder ver um espetáculo tão sereno era uma bênção que eu passara a apreciar.

— São em noites calmas como essas que às vezes me pergunto se realmente há uma guerra acontecendo abaixo de nós. — Tess disse suavemente. — Eu às vezes saio daqui e imagino que as nuvens abaixo de nós são o oceano e eu estou flutuando sem rumo em um barco. Infantil, certo?

— Eu acho que você tem o direito de ser um pouco infantil às vezes. — disse. — Você é a chefe de uma unidade inteira agora. Você é responsável pelas vidas que leva e isso nunca será um fardo fácil de carregar, não importa quanta experiência você ganhe.

— Você diz isso como se tivesse sido um. — Ela respondeu, trazendo os joelhos perto do peito. — Você é tecnicamente um general, mas as Lanças não lideram os soldados.

— Você está certa, e a respeito disso é muito mais fácil para mim.

O principal dever de uma Lança é, sozinho, dominar um inimigo do seu calibre. Voltei-me para a minha amiga de infância.

— O que me leva a porque eu queria ver você.

— Tem algo a ver com o que você falou com o vovô e Gideon?

— Era tão óbvio?

— Você não é do tipo que faz algo tão sentimental quanto isso sem motivo. Você tem que ir embora por um longo tempo, fazer algo perigoso de novo, ou ambos. — comentou.

Soltei uma risada.

— Eu realmente sou um livro aberto neste nível?

— Você é mais como um capítulo aberto. — Tess sorriu. — Há algumas partes que são tão óbvias, mas há momentos em que eu sinto que não te conheço.

— Por exemplo?

Ela balançou a cabeça.

— Bem, por um lado, quero saber como você é especialista em tudo o que você decide fazer—qual é o seu segredo?

— Segredo?

— Magia, luta, artifício, discursos , inferno, até espionagem e estratégia militar. — Ela listou. — Eu sei, reclamar sobre como é injusto não vai mudar nada. Eu só estou curiosa.

Eu segurei minha língua. A tentação de revelar tudo sobre minha vida passada para Tess vinha crescendo a cada vez que a via, mas agora não era a hora.

— Acabei lendo muitos livros quando era mais jovem.

— Não sei o que eu estava esperando. — Seu olhar estava cheio de dúvidas, mas ela não me questionou mais.

— Tess. Eu não sei por que você está com tanta pressa, mas você está indo bem. — a consolei.

— É simplesmente frustrante. — Ela sorriu cansada.

— Frustrante?

— Eu tento o meu melhor para alcançar você. Meu núcleo de mana está apenas um passo atrás do seu, sou uma domadora de bestas assim como você e eu estudei com alguns dos melhores professores do continente, além de um Asura, assim como você. No entanto, sinto que quanto mais me aproximo de você, mais distante você fica.

— Tess…

— Apenas me prometa que você vai voltar em segurança. — Ela gentilmente passou o dedo no meu pescoço, onde minha cicatriz havia se estabelecido. A atadura que tinha aplicado para esconder a marca feia começou a sair devido ao feitiço da água de Tess. — Eu não me importo com quantas cicatrizes você voltar, contanto que você esteja em um pedaço e respirando.

Eu podia sentir meu rosto começando a queimar com suas palavras. Tentei pensar em algo para nos distrair quando pensei em nossa discussão diante do túmulo de Cynthia Goodsky. Tanto daquela vez como agora, ela se empolgou com a mesma coisa.

— Por que é tão importante para você me alcançar, Tess?

Por um momento, o mundo ao nosso redor ficou quieto enquanto ela olhava para o céu noturno.

— Porque só então eu terei a confiança para lhe dizer que eu te amo novamente.

Antes que eu pudesse processar suas palavras, Tess se virou para mim mais uma vez. Seu olhar suavizou quando ela me deu um sorriso tão genuinamente doce, com um tom de timidez, que fez um calor súbito correr através de mim.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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