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O Começo Depois do Fim – Cap. 163 – Velho conhecido

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POV TESSIA ERALITH

A figura parada na minha frente com a cabeça levemente inclinada e usando um vestido luxuosamente decorado de preto cintilante. O tecido de seda subia logo acima da base do pescoço, com sutis adornos adicionando um toque feminino. As mangas cobriam o comprimento do braço com os mesmos delicados babados nas pontas, enquanto o vestido caía no lado mais curto—chegando logo abaixo dos meus joelhos.

Mechas de cabelo com cor metálica caíam de um lado em rodopios perfeitamente organizados que contrastavam fortemente com a cor escura de seu traje.

Depois de usar armaduras e estar coberta de sujeira nos últimos meses, eu não conseguia acreditar que a pessoa em frente ao espelho era eu.

— Você está linda.

Minha mãe alternou o olhar entre mim e meu reflexo com um sorriso caloroso no rosto. Olhando para ela sentada corretamente em uma cadeira ao meu lado, no entanto, não pude deixar de perder a confiança, mesmo no meu novo vestido.

Embora soubesse que ela era muito mais nova que meu pai, minha mãe ainda deveria estar além de seu ápice. No entanto, seu brilhante cabelo prateado ainda era exuberante, seus olhos azuis ainda radiantes e sua pele ainda jovem e flexível. Ela e meu pai já tinham terminado de se preparar para o evento, e ao contrário do meu vestido escuro, minha mãe usava um lindo vestido rosa que fluía suavemente, enfatizando sua cintura fina e quadris largos, mantendo uma elegância reservada.

Me estudei, virando para a esquerda e para a direita, para que pudesse ver todos os ângulos ao mesmo tempo que uma equipe de empregadas acenava com opiniões reservadas.

— Não tenho tanta certeza sobre isso. O vestido é um pouco sombrio, não é? Talvez eu deva usar algo um pouco mais brilhante?

— Eu acho que o preto faz você parecer madura. — respondeu. — O que vocês acham meninas?

— Eu concordo. — A empregada respondeu rapidamente. — Isto foi feito por um famoso tecelão de seda na cidade de Kalberk, que projetou especificamente para você, Lady Tessia. O laço e os enfeites adicionam um toque muito bonito, enquanto a forma e a cor geral do vestido dão uma, perdoe minhas palavras, aparência muito sensual.

— Sensual? — ponderei, virando para a esquerda e para a direita mais uma vez.

— Laylack, o designer, acredita que a roupa em si não deveria ser bonita. Em vez disso, a roupa deve ressaltar e acentuar a beleza do usuário. — Acrescentou uma jovem criada. — Acho que esse vestido faz um bom trabalho nesse aspecto. Se eu não soubesse melhor, pensaria que seus cabelos e olhos estavam realmente brilhando em contraste com o vestido.

— Oh, por favor. Vocês, garotas, disseram a mesma coisa para mim quando vesti minha armadura pela primeira vez! Não posso confiar em nenhuma de vocês.

Argumentei incapaz de esconder o sorriso que surgia no meu rosto amuado. Uma onda de risos encheu a sala, enquanto as criadas completavam apressadamente os últimos retoques.

Saindo do meu quarto, vi Stannard, Darvus e Caria conversando um com o outro.

— Sua Majestade.

Os três enrijeceram ao ver minha mãe antes de cumprimentá-la em uníssono.

— Sr. Berwick, o Sr. Clarell e Sra. Rede. — Minha mãe respondeu com um sorriso suave antes de virar a cabeça para mim. — Tessia, vejo você lá em cima. Tenho assuntos a tratar com seu pai e os outros membros do Conselho.

Como o evento estava sendo realizado no andar mais alto do castelo, minha mãe foi escoltada para a escada, nós permanecemos no corredor com dois guardas do castelo.

Meus três amigos e membros da equipe esperaram silenciosamente minha mãe e suas criadas saírem antes de se voltarem para mim com sorrisos insolentes.

— Você me parece muito bem, Princesa. — Darvus, vestido em um elegante terno preto, me cutucou com o cotovelo quando fizemos o nosso caminho para as escadas. Sua juba geralmente indisciplinada era penteada para trás com óleo, enquanto a estrutura do traje fazia um bom trabalho de atenuar sua forma corpulenta.

— Você está sendo bruto, Darvus. — Caria suspirou quando se virou para mim. — Mas ele não está mentindo. Você está linda.

Era óbvio que minha pequena amiga fez muito esforço para a ocasião, e valeu a pena. Complementando sua aparência fofa e seu cabelo encaracolado ondulava, havia um vestido verde que descia até o meio da coxa dela, um comprimento que seria desaprovado pela geração mais velha se ela não estivesse usando calças por baixo.

— Obrigado, mas não percebi o quão desconfortável eu ficaria com estas roupas.

— Pelo menos você fica bem em sua roupa. — Stannard reclamou por trás. — Eu pareço um pássaro ornamental com esse traje.

O resto de nós riu quando Standard agitou seu robe azul como se fossem asas. Em vez de usar um terno como Darvus, Stannard escolheu usar um luxuoso manto de feiticeiro, que parecia mais decorativo do que funcional.

— De qualquer forma. — Voltei para Caria, que estava andando ao meu lado. — Você está bem encantadora. Está tentando conseguir um dos meninos nobres no evento?

O rosto de Caria imediatamente avermelhou, mas tentou parecer calma enquanto respondia.

— P-por favor! A maioria dos nobres mais jovens presentes provavelmente são herdeiros de suas famílias, o que significa uma coisa: eles são super pretensiosos! Sério, eles se escondem em segurança para proteger sua linhagem enquanto saboreiam vinho.

— Meu irmão mais velho é um desses herdeiros de que você fala. — Respondeu Darvus. — E você tem absoluta razão sobre ele.

— Então talvez ajude Stannard a encontrar uma moça simpática para se acalmar depois que a guerra acabar. Acrescentei.

— Sim, por favor. — Ele acenou com a cabeça fervorosamente. — Eu gostaria muito disso.

— Ei! Por que você não me ajuda? Reclamou Darvus.

— Shush! — Caria estendeu a mão e bateu no braço de seu amigo de infância. — Por que a princesa de Elenoir apresentaria as pessoas a um pedaço de músculo tão grosseiro?

— Desculpe? — Darvus apertou seu coração como se tivesse sido esfaqueado. — Depois que eu gentilmente convidei vocês dois… esse é o agradecimento que eu recebo?

— Tessia nos teria convidado mesmo se você não tivesse. — Retrucou Stannard.

— Não importa! Só vou aproveitar a oportunidade para ouvir o grande anúncio e comer uma boa comida. — Disse Caria.

— Também estou curiosa para saber qual será o anúncio. — disse.

— Seu avô nem te contou? Deve ser grande. — Disse Darvus com as sobrancelhas erguidas.

Quando chegamos à escada, o tráfego havia parado por causa do grande volume de pessoas tentando entrar, mas em meio a nossas brincadeiras inúteis e conversas sobre missões recentes, o tempo passou rápido.

Diferentemente de alguns eventos passados realizados pelo Conselho, este também estava aberto a nobres fora do castelo, então a grande escadaria espiralada estava cheia de nobres, desacostumados a estarem apinhados em lugares tão apertados, expressando em voz alta suas reclamações. Alguns usaram a oportunidade de se gabar casualmente para seus pares sobre a grande extensão de terra e riqueza que suas famílias tinham em um volume não tão casual, na esperança de impressionar potenciais pretendentes nas proximidades. Enquanto sentia alguns olhares em minha direção, poucos nobres tiveram a audácia de tentar se aproximar de mim. Aqueles que fizeram foram facilmente assustados pelos meus guardas.

Era evidente como Caria e Stannard estavam desconfortáveis no meio de tantos nobres. Enquanto Caria teve alguma exposição desde que sua família serviu a família de Darvus por gerações, Stannard veio de um contexto mais humilde.

— Já estou cansado. — Resmungou Stannard quando era empurrado e puxado pela multidão.

— Você acha que é ruim aqui, imagine como está lotado nos andares inferiores, perto do portão de teletransporte. — Consolou Darvus.

Caria concordou.

— Sim, ouvi dizer que há muitos nobres vindos de fora do castelo, já que é a primeira vez desde que a guerra começou que o castelo está aberto para pessoas além dos moradores.

Avançando lentamente em direção ao andar de cima, não pude deixar de olhar em volta de vez em quando, na esperança de talvez ver Arthur. As chances eram de que ele ainda estivesse descansando ou viria mais tarde, mas meus olhos pareciam inconscientemente procurar por uma cabeça de longos cabelos ruivos.

Como se estivesse lendo minha mente, Caria perguntou:

— A propósito, onde está seu belo amante?

— Ele não é meu amante! — disse um pouco alto demais, virando a cabeça ao nosso redor. — E ele se machucou recentemente, então acho que está descansando… provavelmente.

— O senhor Lança se machucou? — Darvus ofegou zombeteiramente. — Acho que não é tão forte quanto eles dizem que é.

— E mesmo assim ele chutou seu traseiro, não foi? — Stannard disse inocentemente.

— Cale a boca! — Meu amigo corpulento respondeu antes de encarar Caria. — E ele não é tão bonito. Com o cabelo comprido, aposto que as pessoas o confundem com uma garota.

— Aww, alguém está com ciúmes? — Caria sorriu. — Ouvi dizer que depois da pequena aparição de Arthur na masmorra, havia muitas garotas caidinhas por ele.

— Parece que a nossa princesa agora tem que se defender dos Alacryanos, bestas de mana mutantes e ainda da concorrência. — Stannard riu.

— Vocês sabem que eu posso rebaixar todos vocês agora, certo? — ameacei.

Depois de meia hora subindo a escada, finalmente chegamos ao último andar do castelo. Olhando para cima, eu, junto com todos que acabaram de sair da escada, soltei um suspiro de espanto. Assim como o terraço do andar residencial, o topo do castelo estava envolto em uma barreira transparente em forma de cúpula, de modo que todo o local parecia estar ao ar livre.

O sol estava começando a se pôr, de modo que todo o castelo estava cercado por uma extensão infinita de um magenta e laranja ardente. Orbes de luz flutuavam acima de nós dentro da barreira em forma de cúpula, lançando brilhos suaves. Com centenas de nobres elfos, humanos e anões, todos vestidos meticulosamente, e uma orquestra tocando uma variedade de flautas e instrumentos de cordas para preencher as lacunas nas conversas, subindo para o andar de cima parecia como se tivesse sido transportada para uma hipnotizante “Terra das Fadas”.

Darvus soltou um longo assobio em apreciação, enquanto o olhar de Stannard passava de um lugar para outro maravilhado.

— É lindo. — Suspirou Caria.

— Ugh, vi minha família. — Darvus gemeu. — Caria, vamos lá. Vamos cumprimentá-los agora e acabar logo com isso.

Quando Caria foi impedida por seu amigo de infância, vi Emily, vestida com um vestido amarelo brilhante que parecia ter algumas manchas, servindo-se de uma bebida perto do palco vazio. A aprendiz de artífice parecia despreocupada com os olhares de desprezo de um desgosto dos nobres próximos enquanto casualmente terminava sua bebida de um só gole.

— Emily! — Stannard gritou antes que eu tivesse a chance de chamá-la.

— Ah! Pequeno Stannard! Princesa! — Emily cumprimentou, acenando com o copo vazio.

Caí em uma gargalhada ao vê-la, sem consideração ou preocupação com a aparência externa, correndo desajeitadamente, enquanto levantava o vestido.

Emily estava respirando pesadamente no momento em que chegou até nós.

— Finalmente, pessoas que conheço!

— Não esperava ver você aqui. — disse depois de cumprimentar minha amiga com um abraço.

— Quem você acha que foi responsável por configurar todos esses artefatos de iluminação? — Ela revirou os olhos.

— Você fez tudo isso? — Exclamou Stannard.

— Bem, certamente não, foi meu mestre despreocupado e preguiçoso. — murmurou amargamente.

— É assim que você conseguiu essas manchas? — ri.

Emily olhou para baixo e ofegou.

— Ah não! Eu nem percebi isso! Deve ter sido quando estava colocando mais fluido de condução de mana.

— Ei, Emily. Não é o seu mestre ali? — Stannard apontou para perto das mesas onde, eis que o mestre artífice Gideon estava alternando entre morder uma perna de galinha e beber um copo de vinho.

— Velho desgraçado. — Emily murmurou antes de gritar chamando por ele. — Mestre Gideon!

O velho artífice engasgou com a perna de galinha que estava comendo no alto clamor de Emily, enquanto nós dois a seguíamos com a cabeça baixa de vergonha.

— Seu velho morcego! Depois de deixar de lado todo o trabalho dizendo que estava se “sentindo mal”, você aparece aqui para beber e comer?

Emily bufou, arrebatando a perna de galinha que Gideon estava tentando dar outra mordida.

— Você precisa elevar tanto sua voz, querida aprendiz? Estou bem na sua frente. — Gideon resmungou, tomando um gole do seu copo antes de perceber a nossa existência. — Princesa Tessia, Stannard… prazer em ver vocês dois ainda vivos. Isso é sempre bom.

— Já faz um tempo. — o cumprimentei de volta, enquanto Stannard se curvou respeitosamente.

Emily soltou um suspiro derrotado quando devolveu a comida do seu mestre.

— Você geralmente não liga para esse tipo de evento. O que te traria aqui além da comida e bebidas grátis?

— Recebi uma tarefa bastante interessante do seu avô. — ele olhou para mim — Então estou apenas matando o tempo até então. Além disso, devo ver a pessoa que ouso dizer que é mais inteligente do que eu em todo este continente.

— Tem alguém mais esperto que você, mestre Gideon? — perguntou Stannard, genuinamente surpreso.

Enquanto isso, Emily se inclinou, os olhos brilhando de curiosidade.

— O que é essa tarefa?

— O amante da princesa, Arthur. — Gideon suspirou maravilhado. — Cara, o que eu daria para poder extrair todos os segredos da cabeça daquele menino.

— O que. É. Essa. Tarefa.

Emily apertou o braço de seu mestre.

— Isso. É. Segredo.

Gideon zombou de volta, batendo nela antes de esfregar seu braço.

O excêntrico velho artífice seguiu atrás de um mordomo segurando um prato de comidas, enquanto Emily perseguiu seu mestre para tentar obter mais informações.

Então você estará aqui. Um leve sorriso escapou dos meus lábios.

— Como isso é possível? — resmungou Stannard para si mesmo. — Não há como Arthur ser mais esperto que o Mestre Gideon.

— Se eu não conhecesse Arthur desde que éramos crianças, provavelmente não acreditaria em Gideon também. —  consolei.

Quando comecei a seguir Emily e seu mentor, meu olhar se dirigiu para uma multidão reunida no topo da escadaria onde havíamos chegado.

Reconheci a cabeça saindo da multidão. Com o cabelo preto ainda dividido ao meio e olhos afiados, suavizados por seus óculos grossos, era inegavelmente o gerente do salão da guilda de Xyrus.

— Tessia? — Meu amigo de cabelos loiros gritou, tirando-me do meu torpor.

— S-sim? O que foi?

— Só perguntei se você queria tentar procurar por Darvus e Caria. — Seus olhos azuis pálidos alternavam entre mim e onde eu estava olhando.

— Você vai em frente. — disse, já caminhando em direção à pequena multidão. — Me encontro com vocês mais tarde.

Empurrando de lado as pessoas reunidas, fui em direção ao homem familiar quando meus olhos avistaram a garota da minha idade que ele e vários guardas estavam protegendo da multidão.

— Claire! — disse.

A ex-líder do comitê disciplinar, aquela cujo estado e paradeiro havia sido mantido escondido pela família Bladeheart, estava em pé no centro onde os nobres se reuniram.

— Princesa Tessia. — Kaspian Bladeheart, tio de Claire, cumprimentou.

— Já faz um tempo. — reconheci.

— Tio, é um pouco sufocante aqui. Deixe-me tomar um pouco de ar fresco com a princesa Tessia. — Disse Claire.

As sobrancelhas do gerente do Salão da Guilda, normalmente inexpressivas, franziram-se em preocupação.

— Mas…

— Vai ficar tudo bem. — Ela deu ao seu tio um sorriso suave antes de me puxar através da multidão.

Permaneci em silêncio, enquanto fazíamos nosso caminho até a beira do telhado do castelo, onde um pequeno conjunto de escadas conduzia a um convés com vista para o céu.

Nenhuma de nós falou enquanto nos encostávamos ao corrimão. A mistura de ruídos em torno do grande evento foi abafada pelo assobio do vento contra a barreira que nos cercava.

— Você está ótima. — finalmente disse.

Não estava mentindo. Claire era uma veterana, que eu, junto a muitos outros alunos, admiramos na escola— sempre brilhante e sem medo de enfrentar desafios de frente. Ao vê-la hoje, vestida com um vestido de marfim com um xale fino sobre os ombros, senti que um ar suave e calmo substituíra sua aura normalmente viva e animada. Não foi só isso, no entanto. Não conseguia dizer o que era, mas algo parecia diferente nela.

— Aprecio isso. — Ela soltou uma risada suave ao sorrir levemente. — E acho que você provavelmente já ouviu o suficiente sobre como está linda hoje à noite.

— Principalmente por amigos e familiares. — ri de volta. — Suas palavras são mais obrigatórias do que qualquer outra coisa.

Claire sorriu de volta, divertida, mas estava quieta entre nós mais uma vez, enquanto engolia as perguntas que eu, assim como vários nobres que estavam reunidos em volta, queriam fazer.

— Ouvi dizer que você está liderando uma equipe em campo. — Disse ela.

— Sim. Embora seja relativamente recente.

— Estou com ciúmes. — continuou. — Você deve ter ficado muito mais forte.

— Oh não, ainda tenho muito a aprender. — Respondi. — Ainda tenho que controlar minha vontade da besta completamente e minha conjuração de longo alcance está uma bagunça desde que me concentrei em melhorar com a espada.

— Entendo. — Ela balançou a cabeça.

— Eu não acho que eu já te disse isso, mas as técnicas dos Bladeheart desempenharam um papel importante na modelagem da minha esgrima. — Eu continuei. — Falando nisso…

Percebendo minha hesitação, ela balançou a cabeça.

— Eu ainda pratico com a espada de vez em quando, mas não tanto quanto antes.

— Suas feridas ainda estão…

Ela balançou a cabeça.

— Meus ferimentos de Xyrus estão na maior parte curados.

— Isso é ótimo! — disse um pouco alto demais. — Você planeja participar da guerra então?

— Não. — respondeu de forma seca.

— Oh. — Fiquei surpresa com a resposta de Claire. Ela sempre teve um forte senso de justiça, o que foi uma grande parte do motivo pelo qual foi selecionada como líder do comitê disciplinar. — Sua família não aprovou por causa do que aconteceu na escola?

— Não é isso. — Ela olhou para as estrelas que nos cercavam em cima.

— Não entendo. — pressionei. — Há poucos minutos, parecia que você queria participar da guerra. E se sua família está bem com isso e seus ferimentos melhoraram…

— Meus ferimentos físicos ficaram melhores. — interrompeu, nivelando o olhar comigo.

Começou a tirar as alças do vestido, pegando-me desprevenida. Ela se virou, então estava de costas para mim, antes de abaixar o vestido para revelar a grande cicatriz na parte inferior das costas.

Enquanto tinha outras cicatrizes de feridas passadas, nenhuma delas comparou com a grande desfiguração ao lado de sua espinha. Levantando o vestido, se virou para mim com sua expressão calejada.

— Mas a única coisa que os emissores e médicos não conseguiram consertar foi o meu núcleo de mana.

Minha mão subiu para a minha boca quando inadvertidamente soltei um suspiro afiado. Agora percebi o que estava diferente na antiga líder do comitê disciplinar. A coisa que eu não pude discernir.

— En-então…

Ela assentiu com a cabeça, com o rosto mascarado com uma expressão que me dizia que ela havia aceitado isso há muito tempo.

— Não posso mais usar magia.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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