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O Começo Depois do Fim – Cap. 151 – O caminho da magia

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Os dois capitães atrás de mim ficaram atordoados, enquanto todos olhavam para o braço cortado, a mão ainda apertando a espada, formando uma poça de sangue abaixo dela.

— Soldados de guarda! Aguardem pela batalha! — rugi. Projetando minha voz o mais alto e distintamente possível para chamar a atenção de todos.

Os soldados presentes despertaram de seus atordoamentos com minhas ordens. Os novos recrutas correram para seus pertences, se atrapalhavam colocando sua armadura. Os aventureiros veteranos e soldados experientes, já usando suas roupas de baixo da armadura, dobraram-se habilmente em seus equipamentos de proteção, os gritos e tinidos afiados de metal continuavam ecoando de cima do penhasco.

Os capitães Glory e Auddyr já estavam vestidos com armaduras leves e tinham voltado aos seus sentidos, ambos um pouco envergonhados por sua fraca resposta à situação.

— Capitão Auddyr. A armadura neste braço não é algo que um transeunte teria, é um traje militar. Você não disse que sua divisão estava estacionada no penhasco? — gritei. Quando o acampamento cresceu alto de atividade.

O capitão de rosto áspero empalideceu de horror quando estudou a armadura mais uma vez. Quando estava prestes a subir o penhasco, segurei-o por seu gorro de metal que protegia seus ombros e peito.

— Fique aqui até a divisão estar pronta.

— Me solte! Meus soldados estão sendo atacados sem o líder deles! — O capitão Auddyr sibilou, sem nenhum traço de seu antigo eu arrogante e composto.

Apertando mais forte, eu o puxei para perto.

— Capitão. Se você for sozinho e for morto, seus soldados estarão em uma posição pior do que estão agora.

Examinei o acampamento, enquanto a capitã Glory liderava sua divisão em uma formação organizada. A maioria dos soldados já estavam preparados e agrupados com base em sua posição. Em vez de um grande grupo, Vanesy dividiu suas forças em unidades separadas, cada uma composta de suas próprias fileiras de soldados de infantaria, fortalecedores, arqueiros e magos.

Apenas a partir de um olhar superficial, aqueles na frente de cada unidade eram soldados de infantaria, humanos e elfos regulares com armaduras grossas e escudos grandes, já que estavam sofrendo o impacto de um ataque. Ao longo dos flancos estavam os responsáveis ​​pelos feitiços e arquearia, enquanto disparavam flechas e feitiços.

A cabeça, o líder de uma unidade, como Dresh, estava posicionada logo atrás dos soldados, um local ideal para dar ordens e proteger os feiticeiros também.

Vanesy olhou para mim e sinalizou que estava pronta. Deixando de lado o capitão Auddyr, fiz sinal para se juntar ao seu companheiro capitão, enquanto me movia para trás, onde os ferreiros e cozinheiros estavam agrupados.

Quando a divisão começou a subir a encosta íngreme do penhasco, não pude deixar de pensar em quem estava atacando. Estávamos perto da fronteira sul de Sapin, onde o reino subterrâneo de Darv começou. No começo, pensei imediatamente em um ataque de besta de mana, mas o ponto de corte no braço decepado era muito limpo para ter sido feito por garras ou presas. Era possível que eles tivessem sido atacados por alguns dos bandidos nômades sobre os quais havia lido que viajavam acima do solo ao longo das partes do sul de Dicathen. Também poderia ser um grupo radical que se opunha à guerra com Alacrya, mas não havia como saber com certeza.

— Madame Astera, você vai ficar bem aqui? — perguntei assim que vi a chefe que agora estava vestindo uma armadura chapeada.

— Sem problemas aqui. A capitã Glory ordenou a alguns dos fortalecedores que ficassem para nos proteger, mas eu também estou aqui, lembra? — Ela me deu um sorriso confiante.

— Você está certa. Vou sair então. — Estava prestes a voltar para o penhasco quando Madame Astera agarrou meu braço.

— Arthur. — disse, sua expressão gravemente séria. — Cuidado nunca é demais.

Eu dei a ela um rápido aceno quando fiz sinal para Sylvie sair.

— Eu espero que você pratique o que prega.

— Está tudo bem eu me transformar em público tão cedo?

Meu vínculo perguntou quando pulou da minha capa.

— Não há necessidade de se segurar agora. Preciso saber o que está acontecendo lá e rápido.

O corpo pequeno de Sylvie começou a brilhar e se expandiu na forma de um poderoso dragão. Suas escamas de obsidiana brilhavam do sol da manhã, envergonhando o oceano cintilante. Seus olhos amarelos translúcidos me olhavam com inteligência e uma ferocidade animal. Os cozinheiros corpulentos e os ferreiros de peito largo, com braços grossos como o meu torso, ficaram boquiabertos em reverência quando alguns tombaram como crianças prendendo a andar.

Pulei para a base do pescoço do meu vínculo e agarrei uma ponta sulcada. Olhei por cima do meu ombro mais uma vez só para ver a expressão apavorada estampada no rosto delicado de Madame Astera, enquanto as grandes asas de Sylvie batiam para baixo para produzir um poderoso vendaval.

Sylvie chutou o chão e balançou as asas mais uma vez para se levantar. Os fortes ventos produzidos por baixo assustaram as unidades de marcha lideradas por suas cabeças com a Capitã Glory e Auddyr na frente, mas já estava longe demais para entender qualquer uma das suas expressões.

Tinha planejado voar diretamente para onde a divisão do Capitão Auddyr deveria estar, mas Sylvie, em vez disso, subiu na camada de nuvens acima.

— Arthur, você deve saber antes de nos envolvermos na batalha que estou limitada no que posso fazer para ajudar.

— Você está falando sobre o tratado do Asura, em que eles não podem ajudar? 

Perguntei, com medo de não ser capaz de lutar ao lado do meu vínculo.

— Essa é uma área de preocupação sobre a qual Aldir me alertou, mas não é só isso. Com o processo de despertar que o Avô Indrath me fez passar para meus poderes de éter, ainda vai demorar um pouco até que eu possa ajudá-lo com qualquer magia. Até que meus poderes estejam totalmente despertos e sob controle, ficarei limitada ao que posso fazer fisicamente nesta forma. Me desculpe por não ter contado antes.

Acariciei o lado do pescoço grande do meu vínculo, me repreendendo por não levar em conta sua condição. Sabia que seu treinamento foi interrompido por minha causa, mas nunca percebi o tempo crucial que tinha sido para ela.

— Não, não precisa se desculpar. Pelo menos sei agora.

Não demorou muito para chegarmos onde os sons da batalha estavam vindo, mas o fato de que um braço decepado foi capaz de navegar pelo penhasco me fez pensar que havia algo mais acontecendo. Nós podíamos ouvir o som de uma batalha que se seguiu, mas somente quando voamos abaixo da camada de nuvens bloqueando nossa visão, que percebemos a gravidade da situação em questão.

— Isso não pode ser possível.

Os pensamentos de Sylvie estavam cheios de descrença pela visão abaixo, mas para alguém que tinha visto as surpresas da guerra, eu só podia ver isso como um erro de cálculo — bastante grave.

Lá embaixo, num campo de grama manchado de vermelho e preto, com sangue e fumaça, estava o que só podia ser o exército alacryano.

Sua força de cerca de cinco mil homens estava atualmente envolvida com a divisão do capitão Auddyr. Os soldados não eram maiores do que os insetos daqui, mas era fácil distingui-los. Ao contrário do exército de Dicathen, os soldados alacryanos pareciam ter uma cor padronizada de vermelho escuro estampada em sua armadura cinza escura.

As costas de Sylvie se agitaram em preparação para mergulhar, mas a parei.

— Não. Vamos ficar escondidos aqui por enquanto.

— Ficar escondido? Aliados estão morrendo lá e você quer ficar escondido?

A raiva era evidente em suas palavras, mas sabia que ela já conhecia minhas intenções.

— Não podemos nos envolver em todas as batalhas. Neste momento, nossa prioridade é saber o que estamos enfrentando. 

Mantive meu olhar firmemente preso na cena abaixo, lamentando não ter nenhum pergaminho de transmissão para me comunicar com Virion, enquanto rangia os dentes para lidar com a minha ociosidade.

— Como conseguiram chegar até aqui sem que soubéssemos? Eles podem não ter encontrado uma grande cidade ainda, mas os anões deveriam saber que um exército estava marchando por suas terras.

— Talvez soubessem.

Murmurei para mim mesmo, tomando nota do caminho fraco que criaram durante a marcha.

— Mudança de planos. Sylv, você pode ficar escondida e seguir a trilha que os Alacryanos fizeram a caminho daqui? Eu os ajudarei, me misturando como um soldado comum.

— E se você entrar em apuros? Estarei muito longe para ajudar.

Podia ouvir a desaprovação em sua voz.

— A divisão de Vanesy vai chegar em breve e eu tenho um mau pressentimento de que, mesmo que os superemos em números, será uma batalha perdida para eles sem mim.

— Mais um motivo para eu ficar e ajudá-lo. — argumentou Sylvie.

— Por favor. Se o que suspeito seja verdade, essa guerra pode não ser tão simples quanto nós contra eles. Você é a única aqui que pode fazer a viagem e voltar rápido o suficiente. Vou ficar em segurança, Sylv.

— Tudo bem. Mas no momento em que sentir que você está em perigo, voltarei e o levarei embora, esteja você consciente ou não. — Sylvie soltou um grunhido.

— Obrigado. — Dei um tapinha no meu vínculo antes de me deixar cair de costas. O ar fresco do inverno parecia chicotes afiados me atacando enquanto alcançava o chão. Intencionalmente me afastei da batalha para não despertar atenção.

Pouco antes de aterrissar em um aglomerado de árvores, envolvi meu corpo em mana, apagando minha presença antes de lançar um feitiço de vento. Com a abundância de galhos e folhas para retardar minha queda, e com a ajuda da magia para suavizar meu pouso, consegui alcançar o chão sem causar muito barulho, ainda que um pouco confuso.

— As coisas que faço para me misturar. — murmurei, pegando galhos quebrados e folhas do meu cabelo. Permaneci escondido dentro do grosso aglomerado de árvores até que ouvi a divisão de Vanesy chegar.

— Tred! Vester! Leve as suas unidades para um flanco esquerdo. Dirk! Sasha! À direita! — A voz de Vanesy ressoou com uma precisão confiante. — O restante de nós, nos agrupamos com as forças do Capitão Auddyr e atingimos os Alacryanos desgraçados de frente!

Saindo correndo, alcancei a Capitã Glóry. Por instinto, Vanesy girou suas duas espadas para mim antes de perceber quem eu era.

— Droga, Arthur. Não me assuste assim! — suspirou. — O que você está fazendo aqui de qualquer maneira? Eu vi você e seu vínculo voar para fora daqui.

— E deixar minha preciosa subordinada para trás? — sorri. — Não. Mandei Sylvie para uma missão secundária igualmente importante.

— Bem, é muito reconfortante ter você conosco, mas você tem alguma ideia de como uma força alacryana desse tamanho conseguiu passar por nós?

Balancei a cabeça.

— Que tal deixarmos alguns vivos para tentar obter a resposta deles?

Os lábios de Vanesy se curvaram em um sorriso perverso quando ergueu as duas espadas longas.

— Isso soa como um plano.

Os soldados de Vanesy rugiram, homens e mulheres, quando chegaram ao exército alacryano. Fiquei para trás por um minuto, observando o aço cortando carne. Murmúrios indistinguíveis soaram dos feiticeiros quando preparavam seus feitiços, arqueiros lançavam rajadas de flechas de trás da proteção dos fortalecedores e soldados de infantaria.

Mas meu foco estava nos soldados alacryanos. A sensação desconfortável que tive desde vê-los do céu só piorou quando começaram a retaliar.

Por alguma razão absurda, esperava que nossos inimigos fossem algo como os Vritras — monstros do mal. No entanto, olhando para eles, não eram diferentes dos nossos soldados, exceto adornados em cinza escuro e vermelho. Este fato só me ocorreu quando troquei olhares com um soldado inimigo.

Os olhos do soldado se estreitaram quando se preparou para atacar. Peguei uma espada manchada de sangue do chão enquanto ele corria em minha direção. Quando tentei sentir que nível era o seu núcleo, fiquei surpreso por não conseguir detectá-lo. O soldado abriu os braços, seus dedos se curvavam como garras. De repente, sem mesmo o influxo de mana para me avisar, manoplas de mana na forma de garras gigantescas se manifestaram em torno de suas mãos. Ele atacou com suas garras de mana a uma velocidade feroz.

Me abaixei, apenas para ver uma fileira de árvores atrás de mim cair na força do ataque do meu oponente. Com a velocidade de seu feitiço e o poder por trás dele, só podia supor que era pelo menos um fortalecedor de núcleo amarelo, talvez até um núcleo prateado.

Rebati com um balanço para cima com a minha espada fortalecida quando uma barreira translúcida brilhou logo abaixo do mago, protegendo a área debaixo de seu peito, onde estava mirando.

Mas que diabos. Bati minha cabeça sobre o meu ombro, sentindo que o feitiço não tinha vindo dele. Cerca de dez metros de distância de mim estava outro soldado, com as mãos estendidas e as sobrancelhas franzidas em concentração. Percebendo que meu foco estava direcionado para ele, seus olhos se arregalaram de surpresa quando apontou suas mãos para mim.

O painel translúcido que protegera meu oponente inicial moveu-se e ampliou-se, servindo de muro entre mim e o feiticeiro. Nunca vi alguém manipular uma barreira com tal eficiência, era óbvio que eu tinha que o eliminar primeiro. No entanto, o soldado com garras já havia se reposicionado neste momento, não me deixando outra escolha senão acabar com ele.

Soltando a espada que encontrei no chão, corri em direção ao meu oponente. Pouco antes de atingir a distância de ataque, pisei com força, conjurando um pilar de terra bem em frente aos pés do meu oponente.

Desta vez, seja porque o mago atrás de mim não esperava o feitiço ou não sentiu a necessidade de bloqueá-lo, uma barreira não se formou. O ajudante tentou desviar, mas o pilar ainda atingia suas costelas. O que me chocou, no entanto, foi o som que meu feitiço produziu no impacto; o som de ossos quebrando debaixo de sua armadura agora amassada. Esse idiota não fortaleceu seu corpo?

Rangendo os dentes com uma expressão de dor, o ajudante ignorou sua lesão óbvia e correu em minha direção com suas garras de mana. Com meus punhos envoltos em eletricidade, encontrei de frente seu ataque, esperando que contra-atacasse ou usasse outro feitiço, mas não o fez. Meu punho coberto de raios quebrou suas garras de mana e quebrou seu pulso no impacto.

Me segurei para eliminá-lo, minha curiosidade levando a melhor sobre mim. Ele era alguém que não representava uma ameaça real para mim, mas algo sobre como ele — como lutavam, não fazia o menor sentido. Pensei que o oponente na minha frente fosse um fortalecedor experiente, mas seu corpo não estava nem protegido por mana. Se não fosse pela barreira que guardava a mão dele no último minuto, seu braço teria sido arrancado.

O soldado fortalecedor estava de joelhos, o braço esquerdo pendendo para o lado. Um lampejo de descrença e temor foi escrito em seu rosto antes de o soldado estalar a língua, virando o olhar para o soldado que estava atirando barreiras.

— Ei, Escudeiro! — gritou. — Fortalecimento total do corpo, agora!

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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