Quando levantei a aba da tenda, avistei o guarda estacionado do lado de fora. Assim que nossos olhos se encontraram, seu corpo gigante endureceu em uma saudação frenética.
— Ge-Gen—
— Lembre-se… — o lembrei, piscando para o guarda aterrorizado enquanto pressionava meu dedo nos meus lábios.
Sem esperar por uma resposta, voltei ao crescente grupo de soldados que gritavam mais alto do que antes.
A luta entre a garota meio-elfa chamada Cedry e Jona, de braços longos, parecia ter chegado ao fim quando um novo par de lutadores lutava em uma plataforma de terra que um mago havia erigido.
O duelo casual dos dois soldados havia se transformado em um evento completo, enquanto o público movia troncos e troncos de árvores para fazer assentos. Alguns dos membros mais entusiasmados da multidão começaram a fazer apostas com seus colegas, das fatias de carne de suas refeições seguintes a recursos mais preciosos, como o álcool, que haviam contrabandeado dentro de bolsas de água escondidas. Tudo somado, o acampamento tinha uma atmosfera exultante que era indiferente às circunstâncias atuais deste continente.
Me misturando com a multidão, fiz o meu caminho em direção à arena improvisada, onde encontrei Cedry e Jona observando do chão.
— Foi uma boa luta. — comentei, me sentando ao lado do soldado empunhando punhais chamado Jona.
— Quem ganhou?
A meio-elfo que lutou usando manoplas, assim como meu pai, olhou para mim com um sorriso vitorioso enquanto levantava a mão ostensivamente na frente de Jona.
Jona bagunçou seu cabelo curto e despenteado em frustração.
— Uma vez, Cedry. Você ganhou uma vez.
— A primeira vitória de muitas. — Ela riu.
Eu ri, olhando para os dois brigando.
— Queria ter visto como terminou.
Deixando escapar uma risada, Jona estendeu a mão.
— Meu nome é Jona, e a garota imatura ao meu lado é Cedry. Eu não acho que vi você por perto. Você é um novo recruta?
— Eu acho que você pode dizer isso. — Eu balancei ambas as mãos. — Você pode me chamar de Arthur.
— Bem, Arthur, a julgar por como as coisas estão indo, parece que vamos poder aproveitar muito mais lutas hoje à noite.
Disse Jona, se concentrando na luta que estava ocorrendo no momento.
A luta acabara de terminar com um fortalecedor grande, parecido com um urso, finalmente acertando um golpe final em seu oponente. Quando o soldado derrotado pulou da arena, cuidando de sua face ferida, meu olhar caiu sobre Jona e Cedry mais uma vez. As feições de Jona eram bastante comuns, com ângulos agudos e um leve nariz pontudo. Cedry, por outro lado, se destacava um pouco mais. Com seu olhar radiante que parecia cheio de vida e seu comportamento lúdico. Não ficaria surpreso se ela fosse popular entre homens e mulheres. Apenas no curto tempo em que me sentei ao lado deles, pelo menos uma dúzia de colegas passou por aqui, fazendo piadas ou parabenizando-a por sua vitória.
— Caipira! Tire sua cabeça da bunda. — uma voz alta e arenosa estalou.
Eu me virei em direção à fonte da voz apenas para ver o fortalecedor que parecia um urso olhando para mim.
Olhei em volta até perceber que ele estava falando comigo.
— Eu realmente pareço que vim do campo? — Perguntei a Jona.
— Pare de ir atrás de novos recrutas, Herrick, e tenha as bolas para pelo menos treinar com alguém em sua categoria de peso.
Cedry sussurrou de volta, provocando um uivo de riso do resto da multidão.
Eu me levantei.
— Está bem. Estamos apenas nos divertindo, certo?
— Si-Sim. — O Herrick careca rapidamente concordou. — Estou usando essa chance para mostrar aos novos recrutas algumas dicas!
Tirando minha capa com Sylvie dentro, subi para o palco elevado e estendi a mão.
— Bem, então, por favor, me dê muitas dicas.
Herrick agarrou minha mão, apertando-a um pouco demais para um gesto caloroso.
— Eu vou te dar o primeiro movimento.
Soltando a minha mão, ele abriu os braços com um sorriso arrogante colado em seu rosto oleoso, enquanto seus olhos olhavam para um grupo de garotas sentadas na plateia.
Enquanto o corpo de Herrick parecia um pouco redondo demais para ser eficiente em batalha, a camada de mana envolvida em torno dele me dizia que ele era um mago competente.
Querendo ver como ele lutava, eu limitei a quantidade de mana que eu usei no meu corpo, enquanto me aproximei o suficiente para atacar.
Quando meu punho se aproximou de seu abdômen, pude ver a mana reunindo onde ele pensou que eu acertaria. O aumentador gigante mal se encolheu quando meu punho afundou em seu estômago redondo.
— Você vai ter que se esforçar mais do que isso, pirralho caipira!
Ele riu enquanto me afastei.
Eu apertei minha mão.
— Tão forte.
— Agora, permita-me instrui-lo. Seu sorriso cresceu quando ele olhou novamente para o grupo de meninas nos observando.
Ele balançou a mão gigante para me tirar da plataforma.
Tomando o golpe, eu caí de bunda de forma embaraçosa, mas sem ferimentos.
— Oh cara, eu não pude nem reagir.
Havia um pouco de irritação no rosto do meu oponente quando assumiu que eu ia sair da arena, mas seu sorriso arrogante ainda estava lá.
— Você tem sorte que eu me segurei ou você teria voado. Aqueles desgraçados de Alacrya não vão pegar leve com você, apesar de tudo.
— Você está certo. Obrigado.
Eu tentei parecer entusiasmado como um garoto do campo que agora fazia parte de um exército cheio de magos de sangue nobre, mas estava se tornando cansativo.
A luta continuou por mais alguns minutos com Herrick tentando me tirar da arena usando suas mãos carnudas enquanto eu fingia receber todo o peso de seu ataque apenas para tropeçar alguns metros.
— Vamos, Herrick. Eu sei que você está pegando leve com ele, mas não fique mimando ele o dia todo!
Um soldado gritou enquanto seus colegas concordavam.
— E-eu só não quero machucar o garoto, sabe? — respondeu, sua frustração evidente em seu rosto.
Até agora, eu tinha percebido isso pelos calos em suas mãos e a forma como seus braços atacavam naturalmente, ele usa um machado pesado como sua arma primária. No entanto, além de seu controle decente no fortalecimento do corpo, não tinha outros truques na manga. Decidindo que a minha avaliação sobre ele havia acabado, usei a chance quando Herrick se aproximou para me agarrar torcendo meu corpo e jogando-o sobre meus ombros para fora da arena.
Todo o ato parecia um grande erro. Até mesmo Herrick ficou surpreso ao ver a si mesmo olhando para mim do chão.
— E-Espere, eu tropecei! — Ele gritou, olhando ao redor desesperadamente enquanto acenava com as mãos. — Isso não conta.
A multidão explodiu em gargalhadas e vaias enquanto zombavam de Herrick do palco.
Mesmo usando apenas dez por cento da minha mana e retendo qualquer uso de feitiços elementares, Herrick era uma piada. Mas eu não pude dizer isso em voz alta, claro.
— Parece que eu tive sorte. — disse impotente no palco enquanto coçava minha bochecha.
— Eu queria vencer a bunda gigante de Herrick, mas acho que nada pode ser feito.
Uma mulher alta com o cabelo preto amarrado atrás da cabeça saltou para a arena.
— Vamos ver se realmente foi apenas sorte, novato.
— Por favor, vá com calma comigo. — disse com apatia.
Minha oponente tinha mais de um metro e oitenta, apenas alguns centímetros a mais do que eu, mas seu corpo magro e tonificado a fazia parecer ainda mais alta do que realmente era. Com uma pele escura, olhos estreitos e afiados para complementar seu cabelo preto liso, ela parecia uma pantera pronta para atacar.
— Estou acostumada a lutar com um bastão, então eu apreciaria se você usasse uma arma também. — Disse ela quando um bastão de madeira apareceu do anel dimensional em seu dedo. Do anel que ela acabara de usar e das cores ricas de suas roupas, era óbvio que ela era nobre, mas esse fato parecia trivial para ela.
— Não mate a criança, Nyphia! — Gritou sua amiga com uma preocupação genuína.
Eu ri timidamente.
— Desculpe, o ferreiro está consertando minha espada agora, mas eu posso…
— Alguém dê ao garoto uma espada do tamanho dele. — Disse Nyphia, impaciente, enquanto esticava o pescoço.
Um soldado desconhecido me jogou sua espada curta ainda na bainha quase imediatamente. Soltei um suspiro quando cuidadosamente tirei a lâmina de sua bainha e a cobri em mana para enfraquecer o corte.
Ao contrário de Herrick, meu novo oponente não baixou a guarda quando se inclinou em uma posição baixa. Ela segurou seu bastão de madeira com a ponta apontada para o chão enquanto seus olhos felinos olhavam diretamente para mim.
— Pobre rapaz, sendo marcado por Nyphia. — Alguém murmurou atrás de mim.
Deixando escapar um suspiro, tomei uma postura também. Estava esperando para usar este evento casual para ter uma noção de alguns dos soldados aqui, mas essa garota parecia ter outros planos.
— Você está pronta?
A aumentadora de pele escura soltou uma zombaria irritada, como se eu a tivesse ofendido de alguma forma.
— Você está pronto?
Ela se lançou sobre mim como um relâmpago assim que assenti em resposta. Seu corpo permaneceu baixo, mesmo quando estava no alcance, enquanto puxava seu cajado para perto de seu corpo, pronta para me atingir.
Apenas pelo seu primeiro ataque, poderia dizer que tipo de lutador Nyphia era. Seu controle sobre mana era excelente, em um nível diferente de Herrick, mas ela não tinha experiência real. Seus movimentos foram rápidos, mas também óbvios. Sua intenção quase vazou de seu corpo com cada ataque que tentava. Provavelmente, ela só teve experiência lutando contra alguns guardas ou outros profissionais com medo de machucá-la, o que não ajudou com seu temperamento curto e sua confiança exagerada.
Cada estocada, golpe, impulso e balanço que ela jogou em mim, parei ou me esquivei, mas apenas por pouco. Do lado de fora, parecia que eu estava sendo empurrado para trás enquanto tentava desesperadamente acompanhar. Para Nyphia, seu temperamento alcançou um novo recorde após cada tentativa fracassada de acertar um golpe sólido.
Quando meu pé de trás se inclinou para fora da borda da plataforma em que estávamos, eu usei o impulso excessivamente grande de Nyphia para mandá-la fora dos limites e terminar a partida, mas ela manteve o equilíbrio com a ajuda de seu cajado
Pulando de volta para o centro, ela balançou a cabeça.
— Não dessa vez. Amber, levante uma jaula ao redor da arena!
— Esta é apenas uma competição amistosa, não uma partida até a morte. — Argumentei.
Ela discordou.
— Não, isso é prática para a guerra que está bem na frente dos nossos narizes. E na guerra, não há “fora dos limites”.
Ela acenou com a cabeça por cima do ombro.
— Amber. A gaiola.
Sua amiga, ou lacaio, se levantou e criou um portão de terra ao redor da arena com um pequeno canto e um aceno de sua varinha, me prendendo com esse gato raivoso que se considerava um poderoso tigre.
Eu olhei ao redor e enquanto alguns dos soldados compartilhavam olhares de preocupação, nenhum deles falou. Eu estava começando a me arrepender de toda essa ideia de “me misturar” e fui tentado a simplesmente explodir a arena e sair, mas me segurei. Com a possibilidade de um navio Alacryan, ou vários, desviando para esta costa, eu não queria correr nenhum risco.
Com a experiência da minha vida passada, percebi que as pessoas se tornam complacentes na presença de um poderoso aliado. Eles esperam receber a vitória do conforto das linhas de traz quando alguém tão venerado quanto uma lança está entre eles. Pelo menos, esse foi o caso da minha vida. Eu poderia estar errado, quem sabe, talvez ter uma lança com eles lhes daria a confiança e zelo para lutar mais, mas eu estava cético sobre isso.
— Você tem um bom ponto. — fingi um sorriso, permanecendo no personagem. — Por favor, me ensine bem.
Com nossas armas prontas, começamos mais uma vez. Uma luta real, especialmente se envolvesse uma arma afiada, levaria apenas alguns segundos para chegar a uma conclusão. Mas com mana tão abundante quanto era neste mundo, tornando os erros mais perdoáveis do que no meu mundo anterior, os lutadores pouco fizeram para corrigir suas falhas e, em vez disso, se concentraram em tornar seus pontos fortes ainda melhores. Até eu sucumbi a esse erro quando cheguei a este mundo pela primeira vez; isto é, até que isso foi espancado para fora de mim pelos Asuras em Epheotus.
Nyphia correu em minha direção mais uma vez, desta vez fugindo antes de usar a outra extremidade de seu cajado em um rápido movimento ascendente.
Eu me esquivei o suficiente para sentir o cheiro de carvalho vindo de seu cajado polido e rebati empurrando seu cajado com a mão livre. Isso a desequilibrou; eu terminei deslizando o pé atrás do pé de trás e empurrando para frente.
Com a força do meu corpo assimilado junto com a mana adicionada, Nyphia foi lançada caindo para trás. A multidão de soldados que ficaram tensos desde que a gaiola tinha sido conjurada soltou gritos de assombro perplexo com a virada dos acontecimentos.
Me encarando de forma maligna quando seu rosto ficou vermelho de vergonha e raiva, Nyphia foi incapaz de formar as palavras adequadas para se expressar quando uma voz rouca e suave soou da multidão.
— Se importa se eu me juntar à diversão?
— Você não está se juntando a nada! Eu apenas tropecei… — as palavras da nobre de pele escura ficaram presas em sua garganta quando percebeu de quem era a voz. — Ma-Madame Astera!
Nyphia abaixou a cabeça enquanto falava.
— Perdoe-me por minha grosseria!
A mulher a que meu oponente se referia como Madame Astera não era outra senão a cozinheira chefe que me olhava respeitosamente quando cheguei aqui. A chef pulou por cima da jaula com uma agilidade que fez o movimento de Nyphia parecer infantil.
Eu dei uma rápida reverência, lembrando de manter o caráter.
— Posso ter o prazer de saber com quem estou lutando?
Madame Astera fez uma rápida reverência com o avental.
— Apenas uma simples cozinheira.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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