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O Começo Depois do Fim – Cap. 144 – Da Sacada

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— Estou ridículo. — resmunguei, cambaleando para mais perto do espelho para me estudar.

A armadura chapada era vistosa e ineficiente em design. Meu peito e ombros estavam protegidos por uma ombreira de prata e uma gorjeira que alcançava meu queixo, que só permitia o mínimo de movimento de meu pescoço. Ainda mais restritivo, meu quadril e coxas eram guardados por uma escarcela que me proibia de levantar minhas pernas. Os sutis detalhes nas minhas manoplas e grevas combinavam com as do meu peitoral e uma capa vermelha brilhante caía até a parte de trás dos meus joelhos, cobrindo a grande espada decorativa amarrada na parte inferior das minhas costas.

— Você está imponente, Senhor. — A tímida criada elogiou quando começou a amarrar meu cabelo.

— Qualquer um que pode lutar direito, enquanto usa essa armadilha mortal merece o meu respeito. — respondi, tentando levantar meus braços acima dos meus ombros.

— Bem, pelo menos você vai parecer impressionante para a plateia.

Sylvie pontuou da minha cama, ainda meio adormecida.

— SHHH! Você tem sorte de não estar usando nenhuma armadura. 

Respondi.

— As minhas escamas são a minha armadura.

Sylvie arqueou as costas, espreguiçando-se como uma gata quando saltou da cama com agilidade.

— Certo! Tudo pronto.

Anunciou a serva, colocando cuidadosamente uma faixa dourada para prender meu cabelo.

— Esta armadura não é apenas majestosa, tem muitas runas protetoras nela!

— Eu entendo a armadura, mas devo levar esta espada comigo também? Eu tenho uma, e também é bem legal! — disse, pegando a Canção do Amanhecer de meu anel dimensional.

A tímida serva esfregou seu cabelo castanho curto enquanto seus olhos se moviam desconfortavelmente.

— É-é muito bonita, senhor, mas…

— É muito fino! Isso não faz você parecer poderoso! — a serva parecida com um urso cortou, segurando firmemente o meu ombro com suas mãos carnudas. — Perfeito. Você está pronto para ir!

Olhei para minha espada de fio azulado, forjada magistralmente por um Asura excêntrico, e a coloquei de volta em sua bainha antes de respirar fundo e colocá-la no meu anel dimensional.

Enquanto caminhava rigidamente para fora da sala, Sylvie, ainda relutante em falar, a menos que estivéssemos completamente sozinhos, zombou na minha cabeça.

— Aposto que você vai impressionar a multidão com sua nova armadura!

Espero ficar de fora durante todo este discurso. Sei que Virion queria todas os principais personagens aqui hoje para aumentar a moral, mas acho que as lanças são o suficiente para isso.

Pensei quando descemos o corredor vazio.

Os moradores e a maioria dos trabalhadores dentro do castelo tinham sido escoltados através do portão no início da manhã para que pudessem encontrar um lugar no meio da multidão. Não tive a chance de ver minha família hoje, mas deixaram uma mensagem com a serva tímida dizendo que estavam ansiosos para me ver na sacada.

— Não posso acreditar que Virion tenha decidido fazer o discurso em Etistin. Não é para onde os navios Alacryanos estão indo?

Sylvie expressou, preocupada enquanto se aninhava no meu ombro.

— Acho que faz sentido. É uma espécie de aposta, mas se for bem feito, e tenho certeza de que é a intenção de Virion, a multidão verá nossa força muito mais imponente de perto do que seus navios de longe.

Eu acho.

Até mesmo descer as escadas tornou-se uma tarefa difícil nessa volumosa armadura, e fiquei cada vez mais tentado a pular no centro da escada espiral, independentemente de quem pudesse estar inconvenientemente no fundo.

O rangido agudo das minhas caneleiras de metal no caminho de pedra em direção à sala de teletransporte ecoou pelo corredor estreito, alertando os dois guardas estacionados da minha presença. Uma vez que cheguei às familiares portas de ferro, tanto o guarda fortalecedor quanto o feiticeiro me receberam com uma reverência cortês quando começaram a destrancar a imponente entrada da sala circular.

— Todo mundo está esperando lá dentro. — anunciou o fortalecedor quando abriu a porta de metal, revelando as figuras centrais dessa guerra.

Era uma visão e tanto ver Bairon Wykes, Varay Aurae e Aya Grephin, as três Lanças restantes, em pé, vestindo armaduras brancas com decorações tão vibrantes quanto as minhas.

Percebi que Virion, que estava mais perto do portão de teletransporte, havia tirado o manto negro de luto, substituindo-o por uma luxuosa túnica verde-oliva que caía sobre os joelhos por cima de um par de calças brancas de seda. A túnica não tinha adornos nobres; era forrada com um corte áureo que combinava com a faixa dourada ao redor de sua cintura. Uma argola de bronze estava bem acima das sobrancelhas, enquanto seu cabelo caía solto sobre os ombros, numa cortina de branco.

Ao lado do comandante, o ápice da autoridade em torno dessa guerra, estavam seu filho e pai de Tess, Alduin Eralith e sua esposa Merial.

Alduin usava uma túnica prateada com decoração e design semelhantes aos de seu pai, enquanto Merial usava um elegante vestido prateado, obviamente destinado a combinar com o marido.

— Olha quem finalmente decidiu aparecer. — Virion disse com um aceno de aprovação enquanto olhava para o meu traje.

— Comandante Virion. — Abaixei a cabeça respeitosamente, voltando-me para os pais de Tess. — Rei Alduin, Rainha Merial. Já faz algum tempo.

— De fato. — Alduin sorriu, esfregando o queixo enquanto me olhava com um olhar examinador, já Merial respondeu com um leve aceno de cabeça.

Então me voltei para Blaine e Priscilla Glayder, os antigos rei e rainha de Sapin.

— Rei Blaine e Rainha Priscilla. Faz mais tempo ainda. — disse com um sorriso educado, curvando-me tanto quanto a minha armadura me permitia.

Blaine envelheceu desde a última vez que o vi. Mais traços de cinza cobriam seu cabelo cor castanho-fogo. Uma túnica preta de seda por baixo de grandes ombreiras de metal que cobriam seus ombros e gola lhe davam uma aura intimidadora. Sua esposa, Priscilla, por outro lado, optou por usar um vestido preto esvoaçante forrado com gravuras de flores prateadas. Seu cabelo preto estava amarrado, expondo seu pescoço que parecia quase branco puro em contraste com seu traje escuro.

Os dois reis e rainhas não pareciam ser diferentes, mas cada um deles possuía um ar de dignidade que só poderia atordoar a multidão que estava esperando por eles.

— Você cresceu. — Merial apontou, seus olhos afiados parecendo olhar através de mim e não para mim.

— O crescimento vem com a idade. — Respondi.

— Claro que sim. — Blaine grunhiu. — E você continuará a crescer, não apenas em altura, mas também em força, que é o que eu preciso de um dos meus melhores soldados.

Olhei de relance para Bairon e Varay, as lanças de Blaine e balancei a cabeça.

— Independentemente das minhas raízes ou raça, com uma guerra desta escala, gostaria de me considerar um soldado deste continente.

— É bom finalmente conhecer você, Arthur.

Um anão idoso que estava de pé ao lado de Virion e os dois reis e rainhas se aproximou, ficando entre Blaine e eu enquanto estendia a mão.

Enquanto ele só alcançava o meu esterno, estava em pé com os ombros retos, fazendo-o parecer mais alto do que realmente era. Ele tinha uma cicatriz que corria pelo lado esquerdo do rosto, passando pelo olho esquerdo fechado até o queixo. No entanto, o olho que estava aberto exalava uma qualidade suave, prejudicando sua aparência robusta.

Aceitei sua mão grande, notando a textura de uma lixa nas palmas das mãos dele.

— Peço desculpas pela minha ignorância, mas acho que não tive o prazer de conhecê-lo.

— Meu nome é Rahdeas, e não, você não teve. — riu. — Mas eu ouvi um pouco sobre você das cartas que Elijah me escrevia.

Meus olhos se arregalaram em realização.

— Então você deve ser…

— Sim. Eu sou aquele que tomou conta de Elijah quando era uma criança. — Ele olhou para mim com um sorriso solene que enviou uma dor aguda no meu peito.

— Esse é o guardião de Elijah?

Sylvie falou em minha cabeça, surpresa.

— Me-me desculpe, eu não consegui chegar lá a tempo de ajudá-lo. — disse, abaixando o olhar enquanto ignorava o meu vínculo.

Rahdeas sacudiu a cabeça.

— Não é sua culpa. Aquela criança sempre foi um ímã para problemas.

Apertando a mão dele com as minhas duas mãos agora, eu olhei direto nos olhos dele.

— Se ele ainda estiver vivo, vou trazê-lo de volta para você. Te dou minha palavra.

— Obrigado. — Ele sussurrou, soltando minhas mãos que de alguma forma pareciam tão frágeis agora.

— Rahdeas é o novo representante dos anões. Nós estaremos indo na frente. — Virion falou. — O porteiro receberá minha transmissão e mandará você passar quando for a hora certa.

Quando os seis atravessaram o portão, a sala de teletransporte ficou em silêncio. Eu fiz uma nota mental para ter certeza de passar mais algum tempo com Rahdeas. Estava curioso para saber como era o Elijah jovem e o homem que o criou.

De repente, senti um leve toque no meu ombro, ou melhor, devido a minha armadura, ouvi um leve toque no meu ombro. Virando-me, fiquei cara a cara com a lança chamada Aya Grephin.

— Já nos vimos antes, mas eu nunca lhe dei o prazer de me apresentar. — sorriu timidamente, colocando o cabelo preto ondulado atrás da orelha enquanto balançava a mão para eu aceitar. — Meu nome é Aya Grephin.

Havia algo de errado em sua voz. Um timbre sedutor de uma fraca doçura falado em um volume que faz com que você queria se inclinar mais perto dela para ouvir o que ela tinha a dizer. Do fascínio em sua voz ao modo como se portava, que a fazia parecer irresistível. Cada movimento que fazia com as mãos e dedos fazia meus olhos focarem neles, mas não parecia natural. Senti a magia em sua voz.

— Bem, então. — Eu sorri, dando um passo para trás. — É um prazer ser formalmente apresentado, Aya Grephin.

Sabia que ela estava esperando por um beijo nas costas da mão dela, mas eu agarrei a mão dela e apertei-a em seu lugar.

— Espero que possamos nos dar bem. — Disse ela, seu sorriso inabalável quando estalou a mão para trás. Observando-a se virar e voltar para seu local original, os quadris balançando, não pude deixar de ficar inquieto.

Além de sua pretensiosa sedução, apenas por estar perto dela, sabia que a Lança élfica restante não era brincadeira. Tinha visto por mim mesmo que Varay era mais forte que Bairon, mas eu ainda queria ver Aya lutar. Pelo que eu tinha visto, e por seu codinome de Lança, Phantasm, ela era supostamente uma das Lanças mais mortais. Estando perto dela e tendo-a me encarando, era fácil ver que essas alegações não eram infundadas.

— Vejo que seu treinamento foi bom. Você acabou de passar do estágio prata inicial e para meados do prata-médio.

Varay, que estava me estudando silenciosamente, finalmente falou.

Em contraste com Aya, Varay se mantinha de uma maneira muito reservada e digna. Tinha notado que havia cortado o longo cabelo branco, logo depois do pescoço. A franja de Varay estava presa para o lado, revelando uma pequena cicatriz logo acima da sobrancelha direita que qualquer um poderia perder de vista se não estivessem olhando de perto.

Seus olhos castanhos escuros eram afiados e pontudos, enquanto suas sobrancelhas pareciam perpetuamente franzidas, enquanto continuava olhando para mim.

Sylvie arqueou suas costas, mostrando suas pequenas presas para a Lança.

— Tudo bem, Sylv. Ela é uma aliada, lembra?

— Eu ainda tenho um longo caminho a percorrer se eu quiser entrar no estágio branco.

Disse a Varay, erguendo os olhos para longe de seu olhar intenso.

— Não tanto quanto você pensa. — Respondeu a lança de cabelos brancos.

— O que isso quer d-

— Porteiro! Quanto mais devemos esperar?

Bairon interrompeu quando impacientemente bateu com o pé coberto de armaduras no chão.

— Ge-General Bairon. — O porteiro idoso recuou. — O Comandante Virion ainda não… Ah! Acabei de receber notícias dele agora. Por favor, entrem!

Bairon foi em direção ao portão de teletransporte primeiro, ansioso para sair dessa sala de confinamento.

— Bem, isso foi desconfortável

Pensou Sylvie.

— Nem me fale sobre isso. 

Fiz um sinal para Aya e Varay irem na minha frente. A elfa cheia de curvas me jogou uma piscadela quando, passou por mim enquanto a expressão de Varay permanecia firme enquanto olhava para mim e Sylvie.

Quando eu passei pelo portão de teletransporte, a cena ao meu redor ficou borrada. Na chegada, não pude deixar de me encolher com a súbita diferença no nível de ruído. Saudações irromperam de baixo fazendo com que o castelo ou a estrutura que estávamos, claramente tremesse.

Sylvie e eu tínhamos chegado em uma grande sala retangular que dava para a grande sacada. Virion e o resto dos reis e rainhas se levantaram, acenando para a multidão. Não eram apenas eles, ao lado de seus pais estavam Tess, Curtis e Kathyln, todos acenando para a imensa multidão que eu podia ver até mesmo lá de trás.

— Por favor, generais, preparem-se para seguir o sinal do Comandante Virion.

Uma serva magra instruiu, enquanto arrumava o cabelo de Aya que tinha sido soprado de volta pelo vento gelado do oceano.

— Generais? — Eu perguntei confuso para a criada.

— Arthur, Lady Sylvie, vejo que vocês dois finalmente estão aqui.

Uma voz familiar gritou por trás.

Olhando para trás por cima do ombro, vi Aldir sentado em frente a um jogo de chá, um copo na mão enquanto seu terceiro olho me encarava.

— Vejo que você está ficando nas sombras. — cumprimentei o Asura quando Sylvie abaixou sua pequena cabeça em um aceno.

— Esse é o meu trabalho. — Disse ele, segurando a xícara em um brinde solitário.

— Bem, você pode me dizer qual é o meu trabalho agora? Porque eu não sou uma Lança, o que significa que eu não sou general.

— Paciência. Você só tem que esperar cinco segundos. — disse ele, servindo-se de outra xícara do pote.

Os aplausos haviam diminuído a essa altura quando Virion começou a falar.

— Muitos de vocês viajaram muito para estar aqui, e isso me enche de orgulho. Como todos vocês devem ter notado, ao lado de mim estão seus líderes, as pessoas que protegeram este continente, bem como aqueles que protegerão este continente no futuro.

Outra onda de gritos irrompeu quando Rahdeas, a família Glayder e a família Eralith acenaram mais uma vez.

— No entanto, enquanto estes são os heróis que vocês veem na luz, há heróis das sombras que continuamente arriscam suas vidas para lutar por este continente. Gostaria que todos vocês me ajudassem a receber as Lanças de Dicathen!

Varay, Aya e Bairon marcharam até a beirada da sacada com a cabeça erguida e os ombros encaixados, enquanto Virion e as famílias reais se viravam para saudá-los.

Uma ovação ainda mais alta explodiu quando as três lanças apareceram. O arranjo caótico de gritos e aplausos logo se tornou um canto coletivo que se tornou mais e mais alto.

— LANÇA-AS, LANÇA-AS, LANÇA-AS

Depois de minutos de cantos contínuos, Virion levantou a mão, silenciando centenas de milhares, se não milhões, de humanos, elfos e anões.

— Todos! Estamos em um momento de guerra. — Virion falou severamente depois de um momento de silêncio. — Sei que metade das Lanças estão ausentes e isso não é por engano. Alguns estão no meio de uma missão e não puderam vir.

Troquei olhares com Aldir na mentira de Virion, mas não fiz nenhuma observação. Sabia o que a revelação de que uma das Lanças já havia sido morta faria com a multidão.

Virion continuou:

— As Lanças constantemente derramam sangue e lágrimas para manter Dicathen em segurança, mas é nestes tempos de incerteza que não podemos mais confiar apenas nos fortes. Devemos lutar juntos para manter nossas casas em segurança.

— Na estreia das Lanças, quase quatro anos atrás, fizemos uma promessa dizendo que o título de Lança não seria predeterminado por nascimento ou status, mas obtido com muito trabalho, talento e força. Hoje é a marca de uma nova era, e com essa nova era vem novos heróis. Um tal herói foi descoberto e está aqui conosco hoje. Por favor, dêem as boas vindas comigo, nossa mais nova Lança: Arthur Leywin!

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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