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O Começo Depois do Fim – Cap. 127 – Resolução Necessária

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POV VIRION ERALITH

— Droga! 

Glayder amaldiçoou, batendo os punhos na longa mesa retangular em que estávamos atualmente reunidos. 

— E você tem absoluta certeza disso, Gideon?

— Como eu disse, Majestade, a parte sobre o navio pertencer ao Exército Alacryano é apenas uma especulação da minha parte. No entanto, estou absolutamente certo de que o navio de onde viemos não é o Dicatheous. — respondeu o velho inventor.

Não fazia nem uma hora desde que Gideon, Varay e minha neta chegaram ao castelo. Depois que Varay nos contou sobre as informações que todos eles descobriram, todo mundo, incluindo o rei e a rainha Glayder, foram convocados. Com a chegada do Asura, Lorde Aldir, e meu filho e sua esposa, que estavam em negociações com os anões, a reunião foi rapidamente levada a cabo.

— O que faz você ter tanta certeza? — Glayder insistiu.

Gideon soltou um suspiro duro antes de continuar. 

— Porque, durante a construção do Dicatheous, eu coloquei marcadores em toda a base do navio, como uma assinatura, se você preferir.

— Uma assinatura? 

Repetiu meu filho Alduin.

— Bem, o Dicatheous foi uma invenção da qual eu mais me orgulhava. Queria que as gerações futuras soubessem do meu trabalho.

Confessou ele, coçando a nariz com vergonha. 

— De qualquer forma, de todos os quadros expostos que vasculhei neste navio, nenhum deles tinha a marcação. De fato, substâncias inteiramente diferentes foram usadas para construir a estrutura.

— Droga! — Blaine Glayder xingou mais uma vez, levantando-se de seu assento.

— Acalme-se, Blaine. —  brinquei.

— Acalmar-me? Você não acabou de ouvir as palavras de Gideon? Sinto muito, mas não consigo manter a calma depois de descobrir que nosso inimigo é capaz de enviar dezenas, não, centenas de milhares de soldados e magos do outro lado do oceano. Já é ruim o suficiente que estamos tendo problemas para farejar aqueles desgraçados de dentro das masmorras da Clareira das bestas, mas…

— Chega. — Afirmou lorde Aldir, silenciando o rei humano de uma vez. 

— Varay, quais são seus pensamentos sobre o assunto?

— Embora eu não tenha amplo conhecimento sobre a construção do Dicatheous, concordo com o que o artífice pensa. A falta de evidências sobre o navio nos diz que quem estava no navio não queria que ninguém descobrisse quem era. 

Afirmou a lança, encostada na parede atrás de Priscilla Glayder.

— O que você acha da probabilidade disso ser uma armadilha, ou melhor, uma estratégia da parte deles, para que pensássemos que eles têm a tecnologia necessária para enviar navios cheios de soldados para Dicathen? 

Falei em voz alta para ninguém em particular.

— Hmm, é possível que seja esse o caso. 

Gideon foi quem respondeu enquanto refletia sobre o cenário hipotético.

— Está certo! 

Blaine voltou para a mesa, encantado com o fato de que o pior cenário poderia não ser o único futuro desta guerra. 

— Faz sentido! Se os Alacryanos nos fizessem pensar que tenham a capacidade de fabricar esses navios, isso nos forçaria a dividir nossas tropas!

— Pode ser que sim, mas o local onde o navio afundou me deixa incerto. Se o objetivo dos Alacryanos era realmente dividir nossas forças, faria mais sentido deixá-lo em algum lugar ao longo da costa oeste, onde eles gostariam que pensássemos que atacariam. Além disso, a enseada onde o navio foi encontrado, é um local discreto demais para que eles esperem que de alguma forma o encontremos. Com os níveis da maré mudando com tanta frequência e as rochas constantemente corroendo, é um milagre termos encontrado o navio em primeiro lugar. 

Rebateu meu filho.

A sala de reuniões ficou em silêncio por um momento, até lorde Aldir falar. 

— Qualquer que seja a probabilidade, a questão é: vale a pena o risco? A Alacryana, Cynthia, tinha a impressão de que seu povo estava tentando reunir um exército ao longo do tempo nas profundezas da Clareira das Bestas, mas seria tolice acreditar cegamente que esse era o único movimento que os Vritras haviam planejado. Conheço alguns do clã Vritra; eles são adversários inteligentes e astutos. Não é de sua natureza agirem tão linearmente em sua estratégia.

— Seja qual for o caso, não temos escolha a não ser nos prepararmos para um ataque duplo. —  concluí, esfregando as têmporas. — Alduin, Merial, como estão indo as negociações com os anões?

— Eles ainda são céticos em relação à noção de cooperação total, mas concordaram em enviar alguns de seus modeladores para ajudar na fortificação das paredes ao longo das Grandes Montanhas. 

Respondeu Merial enquanto me entregava uma pilha de papéis.

— Bom. — assenti. — É um começo. Precisamos de muita ajuda de seus magos para reforçar as lacunas que as Grandes Montanhas não cobrem entre Sapin e a Clareira das Bestas.

— Merial, permita que eu e minha esposa o acompanhemos em sua próxima visita ao Reino de Darv. Com esta notícia, precisaremos da ajuda dos anões se vamos fortificar as cidades ao longo da costa ocidental a tempo. Além disso, estávamos mais perto dos Greysunders do que vocês dois. Talvez os anões sejam mais inclinados a cooperar conosco lá. 

Tanto Blaine quanto Priscilla pareciam inquietos quando seus olhares alternaram entre meu filho, sua esposa, e Lorde Aldir, aquele que realmente matou o rei e a rainha anões traidores.

— Parece uma boa ideia. Precisamos da ajuda dos anões para vencer esta guerra. Eu acho que eles estarão mais aptos a nos ajudar depois que saberem que nossos inimigos têm a capacidade de enviar milhares de soldados pelo oceano. 

Expressei. 

— Agora, se todo mundo me der licença, vou descansar pela primeira vez em alguns dias.

Abaixei minha cabeça para lorde Aldir e dispensei todos os outros com um aceno.

Saindo da sala de reuniões, soltei um suspiro profundo. Apesar dos dois anos em que Lorde Aldir esteve aqui, ainda era sufocante estar perto do Asura.

Ele havia feito muito para nos preparar para a guerra e tinha sido tático em sua abordagem. Mal se mostrava nas reuniões, muitas vezes me ensinando para que eu pudesse liderar a guerra. Com sua visão sobre táticas de batalha em larga e pequena escala, estávamos fazendo um bom trabalho mantendo as lutas longe do público geral. No entanto, se as especulações de Gideon forem verdadeiras, não demorará muito até que todos, soldados ou não, estejam envolvidos de uma maneira ou de outra.

— Comandante Virion. — uma voz suave veio de trás.

Me virei para ver Varay caminhando em minha direção, sua expressão cheia de preocupação.

— Comandante, permita-me pedir desculpas por permitir que a princesa Tessia me acompanhasse. Eu sei que suas ordens exatas eram para eu mantê-la longe do perigo, mas…

— Varay, está tudo bem. — levantei minha mão para detê-la. — Eu sei como ela é e, para dizer a verdade, eu estava esperando algo assim acontecer com ela. Agora, você pode ir, a pequena princesa Glayder deve estar esperando por você.

O rosto da lança ainda mostrava traços de preocupação e culpa, mas com outro cumprimento, ela abaixou a cabeça e partiu na direção dos campos de treinamento.

Seguindo ao final do corredor, parei em frente a uma porta de carvalho em particular. Respirando fundo, eu levantei minha mão em um punho e bati três vezes.

— Quem é? — A voz abafada da minha neta chamou de dentro.

Eu limpei minha garganta. — É seu avô.

— Eu quero ficar sozinha. — respondeu instantaneamente.

— Por favor… — suspirei.

— Não diga isso.

Houve apenas um silêncio a princípio, mas depois de alguns segundos, ouvi os sons fracos de passos se aproximando. A porta de madeira reforçada se abriu apenas em um estalo quando os olhos da minha neta espiaram do outro lado.

— Você vai me repreender por ir ao navio com Varay? — perguntou, com sua boca escondida atrás da porta.

— Não, eu não vou.

A criança me olhou em silêncio, a testa erguida em suspeita. — Porque fui eu quem a obrigou a me levar.

Assenti. 

— Sim, eu imaginei isso.

— E eu não vou me desculpar por isso. — Minha neta pressionou enquanto tentava segurar seu olhar severo.

— Tenho certeza de que você não vai.

— B-bem, bom. — Sua expressão vacilou quando ela pareceu confusa.

Eu dei um passo para trás da porta. 

— Agora, você vai dar uma volta com seu avô?

Esperei minha neta quando fechou a porta e timidamente seguiu atrás de mim como uma sombra.

— Por aqui. 

Fiz um gesto com a cabeça. 

— Há algo que eu quero lhe mostrar.

Andamos pelo corredor em silêncio enquanto cantarolava uma pequena melodia.

— Ei, essa é a canção de ninar que meu pai cantava para mim. — Exclamou minha neta.

— Bem, quem você acha que ensinou a ele? — ri. — Minha mãe, sua bisavó, cantava para mim quando eu não conseguia dormir à noite. Cantava para o seu pai sempre que ele estava com muito medo de ir dormir. Mas não diga a ele que eu te disse isso.

A criança riu enquanto assentia. — Para onde estamos indo, vovô?

— Você verá em breve, criança.

Demos outra volta e descemos um lance de escadas em espiral, parando em frente a um conjunto de portas grandes o suficiente para admitir gigantes facilmente.

Colocando a palma da mão no centro da porta, soltei uma onda de mana. Os bloqueios e mecanismos que mantinham a sala segura clicaram em rápida sucessão, à medida que dezenas de padrões intrincados se desvelavam. À medida que os sons diminuíam, a porta se abriu para revelar um grande campo cercado por metal aprimorado com mana. Ao lado havia outra porta que era do mesmo material que a parede ao seu redor.

— Estamos quase chegando  — disse, apontando para a porta.

— Nunca estive aqui antes. Para que serve esse espaço? 

Minha neta perguntou enquanto olhava em volta.

— Este é o lugar onde lanças, líderes de guildas e eu somos treinados por lorde Aldir. O Asura o montou para poder suportar até os ataques de magos de núcleo branco; claro, isso é, apenas o Senhor Aldir está aqui conosco para ativá-lo. Mas antes de continuar explorando, há algo que você precisa ver. Empurrei a porta da sala dentro da arena de treinamento isolada.

O interior da sala tinha apenas algumas cadeiras, uma prancheta e uma tela vazia com um artefato de gravação visual na frente.

— Sente-se, cri- — Eu parei enquanto estava ao lado do artefato. — Sente-se, Tessia.

Minha neta sentou na cadeira na minha frente, de frente para a tela branca. Olhou para mim com olhos incertos e por um segundo eu só queria levá-la de volta para seu quarto, onde ela estaria segura.

Respirando fundo, liguei o artefato de gravação visual. Uma luz brilhante disparou da frente e para a tela, projetando uma imagem gravada no campo de batalha.

— É assim que é a guerra, Tessia. 

Afastei-me e a deixei assistir.

Era uma batalha particularmente brutal nas profundezas de uma masmorra onde os soldados Alacryanos estavam montando acampamento. Houve centenas de magos e guerreiros que estavam esperando por novas ordens. Nossos homens tinham pouca ideia do que encontrariam, enquanto o lado dos Alacryanos já havia recebido aviso de seus batedores de que os inimigos chegariam em breve.

Pude ver o horror nos olhos da minha neta, observando com o queixo caído enquanto o massacre continuava. Nosso lado havia perdido mais de cinquenta nos primeiros segundos, mas mesmo depois de termos nos recuperado, a batalha foi sangrenta e intensa. Cadáveres frescos estavam espalhados por todo o chão como magos e guerreiros continuavam atirando uns contra os outros. Mesmo sem o som, eu podia imaginar claramente os gritos dos feridos e moribundos.

O vídeo terminou abruptamente quando o mago que segurava o artefato foi morto naquele momento. Houve um momento de silêncio enquanto eu e minha neta refletimos sobre as imagens na tela.

— Esta foi uma gravação real de uma batalha há apenas cinco dias. Perdemos duzentos homens e vinte magos, dos quatrocentos que enviamos para a masmorra, só nessa batalha. Fui eu quem lhes deu a ordem de descer, e é nos meus ombros que eles estão todos mortos. 

Eu fixei meu olhar em minha neta, permanecendo com meu olhar frio e inflexível.

— A guerra está apenas começando, mas eu já fiz coisas, fiz escolhas, pelas quais nunca me perdoarei. Como seu avô, isso é do que eu quero afastar você. — falei, apontando para a tela. — É por meu egoísmo como seu avô que eu quero mantê-la segura e longe de se machucar, independentemente de quantas habilidades você possua em batalha.

Tess baixou o olhar. 

— Vovô…

— Tessia. Você é, sem dúvida, uma maga tremendamente talentosa e, com o treinamento que passou nos últimos dois anos, seria uma força a ser considerada nessa guerra. Mas não importa o quão poderosa você seja em uma guerra, você é apenas uma pessoa. Só é preciso um erro, um pequeno erro. É por isso que proibi você de participar de qualquer uma das batalhas… até agora.

— Até agora?

Minha neta olhou para cima. Eu não pude deixar de encarar seu rosto minúsculo. Parecia que há apenas uma semana ela ainda estava sentada no meu colo, cantando “vovô” com as mãos erguidas.

— Tessia. Mesmo depois de ver apenas um vislumbre do que você terá que suportar, você ainda quer fazer parte da batalha? 

Perguntei, caminhando até a parte de trás da sala.

A expressão da minha neta endureceu quando se levantou. 

— Sim.

Pegando duas espadas de treinamento embotadas da prateleira, joguei uma para ela. 

— Então prove sua determinação.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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