Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 22 – Cap. 05.5 – Interlúdio: Azul e vermelho

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Roxy estava em casa naquele dia, preparando um teste. Era para ser seu dia de folga, mas Roxy era o tipo de professora que ajustava suas lições de acordo com as capacidades de seus alunos de aprender com seus métodos, o que significava que acabava fazendo testes durante seu tempo livre.

— Huh? — De repente, ela notou o cheiro de algo queimando. Ela olhou ao redor e notou que o ar estava levemente branco por conta da fumaça. Então se levantou da cadeira e abriu a porta.

No corredor que dava para o quarto, a fumaça estava mais densa. Cobrindo a boca com uma parte de seu robe, ela desceu as escadas correndo. Um incêndio? Pensou ela.

Por um golpe de sorte, não tinha mais ninguém em casa. Sylphie estava fora, caminhando com as crianças. Normalmente, as mães tinham turnos para levar as crianças para passear, mas hoje, Zenith e Lilia foram acompanhá-los. Era provável que não voltassem até o começo da tarde. Em situações normais, Aisha estaria em casa, mas ela estava no Reino do Rei Dragão junto com Rudeus. Todos que precisariam ser evacuados já estavam fora.

Ainda assim, era a casa deles, e era trabalho de Roxy zelar por ela. Ela ficaria mortificada se todos voltassem apenas para achar a casa em cinzas chamuscadas. Determinada a parar o incêndio, ela buscou pela fonte de toda aquela fumaça.

Ela alcançou o fim da escada, e olhou pelas portas; todas deixadas abertas. De um lado, estava a sala de estar, e do outro, a sala de jantar. As lareiras de cada cômodo estavam vazias, e o fogo não parecia estar particularmente perto, então Roxy seguiu pelo corredor que levava a cozinha.

Ali, ela achou a fonte do fogo.

Tecnicamente, não haviam chamas. Uma figura inesperada se erguia diante do fogão. Era uma mulher alta com cabelos vermelhos amarrados em um coque, e ela vestia uma camiseta preta colada que exaltava suas curvas. Era Eris.

Não se esperava que ela estivesse em casa. Só que a real surpresa era encontrá-la na cozinha. Era regra; ela nunca vinha aqui, mas hoje, em uma virada chocante de eventos, estava ali. Seus braços estavam cruzados como sempre enquanto ela observava o fogão, que emitia pilares de uma fumaça espessa. Seja lá o que fosse, já deveria estar perto de virar carvão, tornando impossível de identificar… Roxy apenas podia estipular que tinha mais ou menos vinte centímetros de comprimento.

Ela estava assando um rato? Ponderava Roxy. Ratos eram a “persona non grata” na casa dos Greyrat. A regra da família era que, se um rato fosse achado, tinha que ser morto na mesma hora, sua carcaça queimada, e tudo usando máscara e luvas. Depois, tínhamos que sair dos limites da cidade para nos livrar de suas cinzas.

O próprio Rudeus estabeleceu essa regra. Havia alguma coisa escrita sobre ratos no diário que seu eu do futuro o havia conferido. E ele insistia para que Roxy, particularmente, prestasse atenção neles. Bem, não é como se ela fosse uma infante que colocasse tudo em que colocasse as mãos para dentro da boca, mas essas eram as ordens que recebeu, e fez questão de cumpri-las; especialmente durante a gestação, mas juramentos feitos em meio ao caos logo são esquecidos, como dizem. Ela tem estado menos atenta ultimamente, mas com certeza Eris não iria fazer um churrasco de rato na cozinha de casa.

— Eek! — Eris ficou levemente surpresa quando notou Roxy. Parecia que ela tinha sido pega fazendo alguma coisa que não deveria.

— Comendo escondida? — indagou Roxy.

— N-Não… — Não muito depois de Eris falar, seu estômago roncou alto. Foi quando as peças se encaixaram na cabeça de Roxy. Com ninguém em casa, ninguém estava lá para fazer o almoço. Era para Eris ir até a Universidade da Magia durante a tarde para ensinar forjaria para os estudantes, e ela normalmente comia na cafeteria nesses dias. As cozinhas da universidade funcionavam mesmo nos feriados.

— Por que não foi até a cafeteria da escola? — perguntou Roxy.

— Está fechada. Algum chef desmaiou ou coisa assim.

— Nossa. — Roxy também planejava parar na cafeteria depois do trabalho, então era bom saber de antemão.

— Agora, o que aconteceu aqui? — indagou Roxy. Ela apontou para aquela coisa chamuscada e perguntou: — O que é isso?

— Um assado.

— Acho que cozinhou um pouco demais.

— …Já faz algum tempo desde que cozinhei — retrucou Eris, desgostosa.

Era uma derrota, Roxy observou, e se adiantou para usar magia de água para reduzir as brasas do fogão.

— Ei. — Eris ia protestar, mas logo viu aquele carvão de vinte centímetros emergir da fumaça. Os cantos de sua boca se curvaram para baixo.

Roxy se apressou para abrir a porta dos fundos, e depois usou magia de vento para arejar o cômodo.

— Não coma isso.

— Eu sei — rebateu Eris, carrancuda. Talvez achasse que tinha arranjado problemas.

Roxy não estava com raiva. Não tinha por quê. Ela entendia perfeitamente o que aconteceu. Além de que, não era como se um incêndio houvesse começado, então nenhum dano tinha sido causado.

— Quer que eu faça algo para nós? — ofereceu ela.  — Sabe cozinhar?

— Hmph! Você sabe que eu era aventureira, né? Sei o básico de cozinha — declarou Roxy, estufando seu peito raso.

— Huh. Okay, obrigada — respondeu Eris, afastando-se do fogão.

— Sério, é só o básico — adicionou Roxy. Quem mandava na cozinha eram Sylphie, Lilia e Aisha. Não havia regra que dizia que ninguém mais podia usá-la, mas aquelas três não tinham pena de qualquer um que fizesse bagunça nela, como roubar ingredientes que seriam usados para fazer a janta desta noite. Porém, não era como se a dispensa estivesse vazia, então se estivessem com fome, poderiam comer alguma coisa em conserva, como peixe, carne ou vegetais.

Roxy decidiu reunir essas coisas para fazer uma sopa. Ela usou magia de água para encher uma panela, acendeu o fogo, cortou os ingredientes e os jogou dentro. Era um pouco rústico para poder chamar de cozinhar, mas Roxy era uma ex-aventureira, e ela não viraria a cara para carne desde que estivesse comestível. Também tinha um pedaço de pão. Com sorte, era daquela manhã. Todos da casa Greyrat, com exceção de Rudeus, eram ávidos consumidores de pão.

Eris foi até um cantinho e ficou lá, quieta, assistindo Roxy trabalhar.

— Nunca achei que você soubesse fazer esse tipo de coisa — comentou ela depois de uma longa pausa.

— Por algum motivo, todo mundo pensa a mesma coisa. Machuca um pouco, sabia… — respondeu Roxy. — Nem você sabe, né, Eris?

Eris retrucou fazendo beicinho.

— Eu sei acender o fogo e assar a carne… só vacilei desta vez.

— Entendo. Só que é o mesmo para a maioria das pessoas, né?

Não havia grandes diferenças entre Eris e a maioria dos aventureiros. Contudo, em cada grupo, normalmente tinha uma pessoa que era melhor em preparar comida em conserva e fazer sopa. Roxy estava longe de estar naturalizada na cozinha, mas já tinha viajado muito por conta própria e acabou aprendendo uma coisinha ou outra conforme era necessário.

— Eu ia aprender. Já fazem eras.

— Sério? Com quem?

— …Geese.

— Ah, ele daria um ótimo professor. Era um cozinheiro melhor que a maioria — acrescentou Roxy. Ela escolheu não mudar de assunto.

Geese ainda era seu inimigo, mas não importava agora.

— O que você aprendeu com ele?

 

 

 

— Nada. Ele se recusou — murmurou Eris.

 — Por quê? — questionou Roxy.

O rosto de Eris corou e ela virou o olhar.

— Ele disse que não ensinaria uma mulher a cozinhar.

— Ah. Daria azar, não é?

— É, Daria azar.

Seus olhos se encontraram, e elas riram.

 

Separador Tsun

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A sopa de Roxy não tinha nada de especial, mas também não era horrível. Apenas não era boa. Ela não tinha balanceado os temperos bem, então o caldo estava muito salgado, e ela tinha feito muito mais que precisava. Tinha sopa o bastante para cinco pessoas.

Bom, Eris parecia estar gostando.

— Mais, por favor! — Pediu ela. Acabou comendo três porções extras. Sinceramente, ela comeu com mais vontade que nas refeições normais, mas Roxy assumiu que aquilo tinha sido por educação; comer mais não por estar bom, mas porque seria rude deixar sobras.

A cordialidade de Eris estava longe daquele nível. Ela estava com fome depois de se exercitar. Também estava suando, então queria algo salgado.

Eris e eu dificilmente conversamos desse jeito, só nós duas, pensou Roxy. Anos haviam se passado desde que Eris se juntou à família Greyrat. Elas nunca se aproximaram apesar de seu respeito mútuo pelas habilidades de cada uma. Talvez seja porque nenhuma era especialmente boa em se expressar através de palavras.

— Ei, Roxy — disse Eris, cortando seus pensamentos. — Quer repetir?

— Não é isso. Queria pedir um favor.

— Ah é? — Um favor. Isso não era novidade. Eris não se importava em pedir ajuda. Ela conhecia seus pontos fracos e não hesitava em deixar certas coisas com os outros. — Vou ajudar se puder.

— Quero que me ensine a língua demônio.

— …Eu pensei que você já tinha aprendido.

— Não a usei por anos e tenho medo de ter perdido o jeito.

— Compreendo.

Rudeus estava no Reino do Rei Dragão agora, mas Roxy sabia que ele logo iria ver a Rainha Demônio Atoferatofe no Continente Demônio. Quando fosse, Roxy e Eris iriam junto. Ela duvidava que haveria qualquer necessidade de Eris precisar falar com qualquer um… Mas Roxy imaginou que ela não gostava muito da ideia de ser deixada no escuro, incapaz de acompanhar uma simples conversa. Não poderia agir sozinha se não pudesse se comunicar.

— Como estava a sopa? — perguntou Roxy, agora falando na língua demônio. Eris parecia surpresa por um segundo, mas logo sua expressão ficou séria e ela encarou Roxy nos olhos.

— Estava deliciosa — respondeu ela na mesma língua.  — Estava meio salgada para o meu gosto.

— Sério? — disse Eris, e então riu.

— Parece que você consegue falar bem — apontou Roxy, voltada para a língua de sempre.

— Acho que sim. Entendi mais do que esperava.

— Devemos continuar?

— Sim, por favor.

Roxy continuou conversando sobre coisas do dia a dia com Eris na língua demônio. Conversaram sobre as crianças, a escola, e descobriram que na língua demônio, era mais fácil falar francamente sobre tópicos que normalmente não abordavam.

Quando a conversa tinha acabado,

Roxy sentiu que ela e Eris tinham ficado um pouquinho mais próximas.

 


 

Tradução: Black Lotus

Revisão: Pride

 

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