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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 21 – Cap. 10 – Extra – Therese procura um marido

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Naquele dia, Therese fez uma visita à propriedade Latria. Ela visitava seus pais com muito mais frequência depois de todo o incidente com Rudeus.

Quando era jovem, Therese havia se rebelado com a mãe, assim como Zenith. Pensou que nunca mais colocaria os pés naquela casa, mas o tempo passou e ela começou a trabalhar. Ao crescer, também passou a aceitar que sua mãe nunca mudaria.

Naquela época, quase todos os seus encontros com Claire terminavam em uma briga de gritos, mas o incidente com Rudeus mudou as coisas. O incômodo de Claire diminuiu e, assim, Therese começou a encontrar mais motivos para passar por lá. A principal delas era que, na casa de seus pais, as refeições saíam sem a necessidade de cozinhar ou limpar depois. Agora, Therese os visitava uma vez a cada poucos dias.

Therese era uma cavaleira, mas tinha o status de filha da nobreza. Devia ter condições de contratar um ou dois empregados, no entanto, depois de ser expulsa e efetivamente deserdada por sua família, não teve outra escolha a não ser depender do parco salário de cavaleira. Quando entrou para a guarda da Criança Abençoada e se tornou capitã, seu estipêndio aumentou para um nível em que poderia sustentar confortavelmente uma família. O problema se dava porque em Millis era costume a mulher oferecer dotes de noivado quando se casa, mas devido ao seu distanciamento da família, Therese poderia muito bem desistir totalmente de se casar, mas não o fez; em vez disso, economizou e poupou sonhando conhecer seu belo príncipe algum dia.

A reconciliação com a família fez com que todas as economias conquistadas a duras penas perdessem o sentido, mas ela se agarrou nelas mesmo assim.

— E agora, Therese, quando você vai se casar? — perguntou Claire.

Imediatamente, se isso fosse uma opção, foi o que ela pensou, mas tudo que saiu foi:

— Eu…

Há vinte anos sonhava com seu belo príncipe, mas agora provavelmente era velha demais para conhecê-lo. Era tolice até mesmo esperar por um parceiro.

— Você não é mais tão jovem. Não vou falar mais nada sobre uma mulher perder tempo em um emprego, mas não acha que já está na hora de se estabelecer?

— Essa é realmente sua opinião, mãe?

— A opinião de quem mais estaria expressando? Você é você, eu entendo isso, mas sendo sua mãe, ainda me preocupo com você.

— Não, é só que, mãe… Como vou me casar se a senhora não me encontrar um parceiro? — perguntou Therese.

Como regra geral, os casamentos entre a aristocracia de Millis eram arranjados pelos pais dos noivos. Era dever dos pais encontrar um parceiro para seus filhos. Não havia proibição de que os filhos escolhessem seus próprios parceiros, mas esses casos eram poucos e raros. Alguns fatores impediram Therese de se casar, um deles era o fato que ela não era uma noiva ideal, outro era que não tinha família para apresentá-la a possíveis pretendentes, e havia também o fato de que ninguém queria correr o risco de provocar a inimizade dos Latrias casando-se com sua filha renegada.

Agora que Therese e Claire haviam se reconciliado, essa última questão estava resolvida. Já era alguma coisa.

— O que você quer dizer com isso? Não foi você mesma quem disse que não queria?

— Eu disse isso?

— Tenho uma lembrança bem vívida de você gritando: “Será que morrer em uma luta pelo poder fez minha irmã feliz?”.

— Ah, certo. Eu disse isso, não disse? — murmurou Therese que havia se esquecido totalmente.

— Você é uma pessoa única, então achei que encontraria alguém por conta própria. Por que acha que nunca falei sobre isso até agora?

— Faz sentido…

Ambas já haviam se desculpado por aquilo. Bem, pelo menos Therese tinha a intenção de se desculpar, e Claire aceitou as escolhas de vida de Therese, o que foi sua versão de um pedido de desculpas.

Elas ficaram sentadas em silêncio. Therese nunca teria sonhado que suas palavras naquela época poderiam contribuir para sua atual e miserável situação.

— Gostaria de retirar o que disse na época — disse ela.

— Então começarei a procurar um marido digno de uma filha dos Latrias.

— Obrigada, mãe…

— Ah, pelo amor de Deus. Você sempre foi assim. Toma decisões sem consultar ninguém e depois presume que todos entenderam quando muda de ideia. Como uma senhora de Millis, Therese…

A bronca de Claire continuou nessa linha por algum tempo. Therese abaixou a cabeça obedientemente, mas, por dentro, estava batendo os punhos. Não era exatamente assim que ela havia planejado arranjar um noivo, mas ia dar certo.

 

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Depois de ouvir: “Você já é bem velha para ser noiva, então é melhor se preparar para se conformar”, Therese ficou muito impressionada com o pedido de casamento que lhe foi feito alguns dias depois.

Seu nome era Dusklight Morchite, o quinto filho da família Morchite. Tinha vinte e sete anos e era um Cavaleiro do Templo, embora não tivesse deveres importantes; servia mais como um suplente. Em geral, ele não tinha nada para fazer e por isso passava os dias perambulando pela cidade como bem entendia. Essa descrição, por si só, não o fazia parecer a grande escolha da pilha de solteiros, porém, Therese era uma das guardas da Criança Abençoada e, portanto, ganhava o suficiente para sustentá-los. Ela também tinha autoridade para delegar deveres a cavaleiros de menor hierarquia, o que significa que poderia recomendá-lo para cargos, se necessário. Ele tinha a idade perfeita; a preferência pessoal de Therese era por rapazes pouco antes de atingirem a maioridade, mas contanto que fosse mais jovem do que ela, poderia se contentar. Ela estava temendo um velho gordo com mais de quarenta anos, então, comparado a isso, sentiu-se como se tivesse encontrado ouro.

Foi Claire quem acabou dizendo:

— Você é filha da Casa Latria, consegue coisa melhor.

Apesar de todas as boas qualidades de Dusklight, Therese não pretendia se comprometer imediatamente. Não até que o conhecesse pessoalmente. Se fosse bonito, pensou ela, então cravaria suas garras.

— Esta é minha quarta filha, Therese Latria — disse Claire.

Estavam reunidos para a entrevista de casamento na propriedade da família Morchite. Essas entrevistas sempre eram realizadas em uma das casas das duas famílias envolvidas, não havia uma regra que determinasse qual, mas o costume era que a família do futuro noivo organizasse a primeira entrevista e a da futura noiva, a segunda. Foi uma oportunidade para os seis participantes (os pais e o casal em potencial) terem uma impressão do patrimônio de cada família. Da terceira entrevista em diante, outros membros da família eram apresentados algumas vezes. Se uma família estivesse escondendo dívidas ou problemas financeiros, os empregados poderiam ser mal-humorados, ou a limpeza poderia ser insatisfatória, ou mesmo haver evidências de visitas de pessoas desagradáveis. Todos os tipos de problemas poderiam ser revelados.

Como os Latrias e os Morchites eram ambos da conhecida aristocracia de Millishion, o processo de entrevista foi apenas uma formalidade.

— Embora minha filha seja um pouco velha e careça de certas qualidades esperadas de uma dama, ela também é, como sabem, uma Cavaleira do Templo. Se esse casamento acontecer, ela seria compreensiva quanto ao trabalho do marido e seria capaz de sustentá-lo. Ela mesma está ansiosa para se casar e será uma esposa dedicada.

Foi assim que Claire a apresentou. Therese não tinha certeza se deveria se sentir elogiada ou insultada, mas deixou passar. Não costumava usar vestidos, mas hoje usava um vestido azul, do qual levantou a bainha para fazer uma reverência graciosa; havia praticado isso especialmente para hoje. Ou melhor, foi forçada a praticar.

— Eu sou Therese, é um prazer conhecê-lo — disse com o sorriso e a simpatia que praticou tanto quanto a reverência. Sua execução desajeitada a fez desejar ter se aplicado adequadamente nas aulas.

— A-ack!

Ela congelou no meio de sua apresentação quando viu o rosto de seu possível marido. Ali, fazendo careta ao vê-la, estava um homem que conhecia e ele também sabia quem ela era. Estava com a barba feita e o cabelo impecável, mas já havia vislumbrado aquele rosto bem cuidado por trás de um capacete. Sempre muito correto.

Bem, isso era estranho. Therese tinha certeza de que não conhecia nenhum homem chamado Dusklight. Talvez ele não fosse Dusklight, mas sim a mulher de meia-idade que estava ao lado dele?

— Este é meu quinto filho, Dusklight Morchite — disse a mulher de meia-idade. — Embora no momento tenha sido pressionado a um trabalho ocioso e sem saída, é um crente devoto e bastante capaz. Sendo assim, espero que reconheça o potencial futuro dele…

Então, o homem era Dusklight.

— Sim… — murmurou Therese. Quando conheceu este homem, ele não usava esse nome, mas não havia como confundi-lo, afinal, o via todos os dias há anos.

— É um prazer conhecê-la, Dusklight Morchite à seu serviço — disse ele, usando esse nome novamente.

Therese sabia que ele geralmente se apresentava de forma diferente. Sim, ele tinha outro nome: Lata de Poeira, dos Guardiões de Anastasia.

Ela sabia sem sombra de dúvida que era ele.

Ao mesmo tempo, essa não era uma coincidência tão estranha. Com exceção da líder, todos os Guardiões de Anastasia eram obrigados a manter seus históricos em segredo. Havia uma variedade de razões para fazer isso, mas era principalmente uma medida para proteger a insondavelmente preciosa Criança Abençoada.

Certa vez, anos atrás, a Criança Abençoada quase foi morta. Naquela época, os Guardiões Anastasia não existiam, era uma unidade dos Cavaleiros do Templo que cuidava da segurança da Criança Abençoada. Um dia, um assassino atentou contra sua vida e, por um estranho golpe de sorte, ela sobreviveu, mas o incidente revelou um traidor nas fileiras da unidade designada para sua proteção. Um espião estrangeiro havia tomado sua família como refém, forçando-o a fornecer informações sobre a Criança Abençoada.

Esse incidente levou à criação dos Guardiões de Anastasia. Todos eram cavaleiros selecionados por sua lealdade a Millis e à Criança Abençoada, seu talento e seu anonimato. Ao fazer com que usassem capacetes que ocultassem seus rostos e suas identidades, a igreja poderia evitar que informações sobre a segurança em torno da Criança Abençoada fossem divulgadas para o mundo exterior. Eram um impedimento para qualquer pessoa que tivesse planos contra a Criança Abençoada.

A razão pela qual a vice capitã Therese não sabia os nomes de seus subordinados era, obviamente, porque somente ela conhecia seus rostos. Alguém tinha que saber como eles eram e isso recaiu sobre ela porque o trabalho da vice capitã era eliminar os impostores, mas mesmo sabendo suas aparências, Therese se tornava extremamente perigosa como uma traidora em potencial.

O que a vice capitã Therese deveria fazer nessa situação era fingir que não havia notado nada. O fato dela saber o segredo de Poeira era um inconveniente tanto para ele quanto para Therese. Ela deveria interromper o pedido de casamento como se nada tivesse acontecido, então voltariam a trabalhar como se nada tivesse acontecido. Isso seria o melhor para ambos.

Essa era uma opção, mas havia outra. O disfarce de Poeira foi descoberto. Ela poderia fazer com que ele fosse removido dos Guardiões de Anastasia, mas também sabia que Mortalha Funerária tinha um cavalo preto chamado Santo Negro e que Marcha Fúnebre sempre ia ao teatro da cidade em seus dias de folga. Embora a maioria deles fosse solteiro por causa do trabalho, Cinzas de Caveira tinha uma esposa. Havia muitas coisas que ela sabia sobre todos eles. Se usasse essas informações, provavelmente conseguiria descobrir as identidades reais de todos eles. O anonimato total era o auge do desejo, portanto, ela rejeitou a ideia de expulsar Poeira. Talvez essa tenha sido toda sua linha de raciocínio, mas talvez o pensamento seguinte de Therese — Sabe que ele até não é feio… — tenha algo a ver com isso. Ela manteve um sorriso elegante enquanto seus pais continuavam a entrevista.

As entrevistas de casamento entre a aristocracia de Millis começavam com os pais recomendando seus filhos. Isso incluía o tipo de pessoa que eram, o que havia de especial neles e porquê eram um parceiro adequado para o casamento. Eram realizados dessa maneira porque, segundo o costume, a primeira e obrigatória coisa necessária para que isso funcionasse era a aprovação dos pais. Os filhos ouviam os discursos e eles lhes davam uma ideia do possível parceiro. Um pai diria coisas das quais seu filho poderia se esquivar, portanto, era uma etapa importante.

Infelizmente, Therese estava se distanciando.

— E, finalmente, ele é jovem — disse a mulher de meia-idade, então as recomendações dos pais terminaram. Agora, os dois foram deixados sozinhos para conversar. Não importa em que mundo você esteja, ninguém quer seus pais por perto em um encontro. Agora era a oportunidade de conhecer os gostos e desgostos um do outro, rir de trivialidades, dizer tudo o que não podiam dizer na frente dos pais… Era o momento da sedução.

Entre as moças de Millis, também era de conhecimento geral que esse tempo a sós era crucial para fechar o negócio. Era aqui que você tinha que se mostrar no seu melhor se quisesse conquistar o coração do cara dos seus sonhos. Isso era igualmente importante se você precisasse afastar um homem pelo qual não tinha interesse.

— Ufa… — Therese suspirou, levantando-se assim que os pais saíram da sala.

Poeira ficou onde estava.

Therese foi até a janela, depois ficou de pé com os pés afastados na largura dos ombros, com as mãos cruzadas atrás das costas. Então, com a cabeça inclinada para um lado, se virou. Se fosse uma adolescente, isso poderia ter parecido charmoso, bonito, elegante e todas as coisas que poderiam ajudar a conquistar um rapaz. Para uma mulher da idade de Therese, era mais provável que ficassem envergonhados por ela.

Seus olhos não estavam rindo, no entanto. Isso não era um jogo. Ela estava séria. Poeira sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela estava caçando.

— Você é muito charmoso, Dusklight — disse ela em sua melhor voz suave.

Therese achou que poderia se casar com ele como qualquer outra pessoa. Ele não era um achado ruim. Pelo contrário, ele era bom. Era apaixonado por seu trabalho e nunca divulgaria um segredo. Tudo isso tinha sido uma infeliz coincidência, mas agora que estava aqui, ela sabia que ele estaria à altura da ocasião.

— Hmm…? C-Capitã… Capitã Therese?

— Ah, por favor, não seja tão formal! Afinal, vamos nos casar — disse Therese, com a mão flutuando para tocar sua bochecha.

Em seguida, começou a caminhar lentamente em direção a Poeira, que não conseguiu esconder o estremecimento que o percorreu, mas, por outro lado, estava congelado como uma presa. Lata de Poeira, o mais perspicaz de todos os Guardiões de Anastasia, não conseguia se mover. Por fim, Therese, depois de diminuir a distância entre ela e sua presa, sentou-se ao lado dele.

— Dusklight, acho que nos daremos muito bem juntos se nos casarmos. Soube que seu trabalho não está indo muito bem. Minha patente ainda é de capitão apesar de meu rebaixamento, embora não pareça comigo vestida assim. Eu recebo um bom salário… Você não precisa se preocupar com o sustento da família. Therese Morchite… Não soa bem?

Ela se aproximou dele e ele recuou. Continuou se afastando, mas acabou se encontrando na ponta do sofá. Ele tinha que fazer alguma coisa.

— Espere! — disse desesperadamente.

— Ah, eu não vou esperar — disse Therese colocando sua mão sobre a dele.

Ela era mais forte do que ele esperava. Ela queria ter certeza de que ele não escaparia, no entanto, o Poeira era mais forte. Apertou a mão dela, depois se levantou e escapou para um canto da sala. Lata de Poeira, o melhor da equipe A, ás dos Guardiões de Anastasia, fugiu.

— Capitã! O que está fazendo? Isso é para ser engraçado?! — exclamou.

— Eu… engraçada? — Therese ecoou chocada por ter sido rejeitada de forma tão direta. Sua tentativa de sedução havia sido completamente fracassada. Ela precisou de muita coragem, pois nunca havia feito nada parecido antes. Mostrou a ele um lado de si mesma que estava guardando para o futuro marido…

Ela soltou outro suspiro profundo. Fingir que eram estranhos até o dia do casamento não ia funcionar. É claro, isso deveria ser óbvio. Por que havia pensado que se casar com um cavaleiro secreto daria certo?

Foi desespero, obviamente. No entanto, ela também era uma cavaleira experiente. Já esteve em situações difíceis muitas vezes antes.

Therese se levantou novamente e caminhou lentamente de volta para a janela, plantou os pés na largura dos ombros e colocou as mãos atrás das costas. Perguntando-se porquê ela estava tentando fazer aquela mesma pose estranha de novo, Poeira observou confuso.

— Tudo bem, ainda vou chamá-lo de Dusklight — disse ela.

— Capitã… Therese?

— Você fez besteira, Dusklight. Não acredito que tenha estragado seu disfarce dessa maneira.

— Er… sim, capitã — disse Poeira. A autoridade no tom de Therese esmagou sua voz.

Therese se virou lentamente para encará-lo. Ao contrário da última vez, agora ela se movia com determinação, como uma cavaleira. Havia um pequeno Poeira refletido nos olhos dela, mas ele viu que sua carranca aterrorizada havia sido substituída por uma carranca envergonhada.

— Explique-se — exigiu Therese. — Como isso aconteceu? Você não deveria ter se preocupado em verificar o nome de sua possível noiva?

— Sinto muito, capitã. Eu cometi um erro. Nunca pensei que fosse… Pensei que a senhora… Lady Therese, pensei que a senhora já estava casada há muito tempo, então eu não… pensei em verificar… — Ele se arrastou.

Está tentando me irritar? Therese queria revidar, mas se conteve.

— Nestas circunstâncias, não tenho escolha a não ser usar minha autoridade como vice capitã dos Guardiões de Anastasia para demiti-lo — continuou ela. — Deixar de fazer isso exporia a Criança Abençoada a um risco indevido.

Poeira não respondeu.

— Como você bem sabe, não sou forte. Sempre dei o meu melhor, mas não tenho talento com a espada ou para a magia como o resto de vocês. Sou medíocre, no máximo. Se alguém quisesse fazer mal à Criança Abençoada, poderia facilmente me fazer prisioneira. — Tudo isso saiu facilmente de sua boca. Sua mente estava acelerada, porém, sem nenhum destino específico.

— Se de alguma forma eu desaparecesse, o poder geral dos Guardiões de Anastácia não diminuiria. Acredito que estou bem adaptada ao papel de comandante, mas cada um de vocês é forte o suficiente para lutar individualmente sem que eu os lidere. No entanto, agora eu sei quem você é. Sob tortura, eu o entregaria. Diria a eles que você é Dusklight Morchite, quinto filho da Casa Morchite. Qualquer pessoa que tentasse fazer mal à Criança Abençoada sem dúvida viria atrás de sua família e exigiria que você entregasse os outros para proteger seus pais e irmãos. Você não saberia dizer, então, em vez disso, lhe diriam para eliminar os outros um a um. Podem até exigir que você mate a Criança Abençoada. Não posso permitir que isso aconteça. Então, pensei: e se nós dois fôssemos uma família? Então, você poderia me proteger e, assim, evitar colocar a Criança Abençoada em perigo. Sim, é um bom plano. Um plano magistral, você não acha? — concluiu Therese, chegando ao fim de sua longa e desconexa argumentação.

No entanto, enquanto falava, o comportamento de Poeira mudou. Antes, ele se inclinava para longe dela, parecendo um pouco desconfortável, mas agora estava ereto e sua boca estava firme. Seus olhos fitavam Therese com firmeza, como se pudesse devorá-la.

— Capitã, isso é impossível — bradou.

— Impossível? O que… você…? — Therese gaguejou, sentindo como se tivesse levado uma pancada na cabeça, mas então precisou admitir que não era jovem. Poeira não tinha a idade ideal para se casar, mas ela ainda era um pouco mais velha do que ele. Ainda assim, ela era uma Latria e isso significava que era bonita, e seus deveres como cavaleira a mantinham ativa, de modo que estava em boa forma. Ela vinha de uma família perfeitamente boa.

Então devia ser pela personalidade dela.

— Você se importaria de explicar por que… é impossível? — perguntou.

Ela poderia mudar sua personalidade? Essa era a grande questão. Se fosse possível, se jogaria aos joelhos de Poeira, seu subordinado, gritando: “Por favor, eu posso mudar!” e imploraria para que ele se casasse com ela.

— Se a Criança Abençoada estivesse em perigo — respondeu Poeira —, mataria toda a minha família para protegê-la.

— …O quê? — Therese ficou boquiaberta e parou.

— Isso eliminaria a possibilidade de reféns — continuou ele. — Depois disso, mataria todos que ameaçassem a Criança Abençoada, mesmo que isso significasse me sacrificar. Portanto, o que você diz é impossível. É impossível que a Criança Abençoada seja colocada em perigo.

Seus olhos estavam totalmente perturbados. Therese escutou e as rodas em sua mente giraram mais lentamente até que, finalmente, as engrenagens voltaram a funcionar.

Percebeu que o Lata de Poeira era um fanático loucamente dedicado à doutrina Millis e foi por isso que prometeu sua vida para defender a Criança Abençoada. Ela era a reencarnação do próprio Santo Millis, o símbolo de sua fé. Ele a adorava e faria qualquer coisa para protegê-la. Sua crença era inabalável. Ele nunca duvidou.

Todos os Guardiões de Anastasia eram assim.

Ao pensar nisso, o desejo de Therese de se casar com ele desapareceu como o estouro de uma bolha. Seu coração chegou à conclusão de que ela o havia julgado mal. Por que queria se casar com um cara como ele? Ela sabia que ele era assim. Foi um lapso de loucura. Ficou desesperada e se esqueceu de quem era, então confundiu o que queria ver com a realidade. Estava completamente convencida de que, desde que fosse bonito, era suficiente.

Restou apenas uma opção à Therese.

— Muito bem. Essa é a qualidade que o torna digno, entre todos os fiéis, de proteger a Criança Abençoada. — Era uma tentativa desesperada de salvar seu orgulho.

— Obrigado, capitã! Você me honra! — respondeu Poeira.

— De hoje em diante, deve estar sempre vigilante e garantir que nunca mais cometa esse tipo de erro.

— Você tem minha palavra, capitã!

Com isso, o orgulho de Therese estava a salvo. Como vice capitã, ela havia testado a fé de seu subordinado, que havia se apresentado descaradamente diante de alguém que não poderia sob nenhuma circunstância conhecer sua verdadeira identidade. Ela determinou que ele poderia continuar como membro dos Guardiões de Anastácia. Nenhum vice capitão jamais tentaria seduzir sua subordinada porque estava desesperado para se casar. Isso era ridículo.

— Mas, capitã — disse Poeira finalmente sorrindo —, essa atuação foi brilhante. Fiquei horrorizado!

— Você… achou mesmo?

— A maneira como seus olhos brilharam… Nunca pensei que você realmente se interessaria por mim dessa maneira, capitã!

Nem fodendo, pensou Therese, sentindo o sangue subir à cabeça. Ela não deveria ter que suportar isso. Não desse lacaio de merda.

Ela realmente deu o melhor de si. Claro, ainda gostaria de ter se dedicado a aprender boas maneiras na escola, mas mesmo assim.

— Eu estava cativante.

— …Hã?

— Tão linda, tão deslumbrante, que você não tinha certeza se conseguiria se conter, não é? — A força em seu tom não permitia contradições.

O suor frio escorreu pela testa de Poeira. Suas costas estavam pegajosas e um tremor agitava suas pernas. Era medo. Lata de Poeira dos Guardiões de Anastácia, cuja fé inabalável lhe permitia enfrentar, sem vacilar, até mesmo os adversários mais fortes… estava com medo.

— Eu poderia simplesmente me casar com você, sabe?! Na verdade, talvez eu devesse. Você é um cara descuidado. Como posso saber se algo assim não acontecerá novamente? Se você se casar comigo, pelo menos não terá que se preocupar com mais pedidos de casamento.

— Mas eu… Hmm…

— Estou brincando. Estou rejeitando você — disse Therese se levantando. — Nós dois estávamos de folga hoje, mas estaremos ao lado da Criança Abençoada de novo amanhã. Não se atrase.

— Sim, capitã — respondeu Poeira.

As saias de Therese esvoaçaram quando ela se virou e saiu da sala, se portando como uma cavaleira. Poeira a observou partir e, em seguida, enxugou a camada de suor frio que se acumulava em sua testa.

 

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— Essa foi a decisão correta — disse Claire assim que voltaram para casa. — Você parece estar infeliz com isso, mas um homem desse calibre não pode ser um par adequado para uma filha dos Latrias. Essa foi uma rodada de treino, encontrarei um parceiro melhor da próxima vez1Indique este humilde tradutor, Claire. Farei Therese feliz., portanto, certifique-se de usar o que aprendeu desta vez para que possa se comportar como uma dama…

Quando Claire entrou no ritmo de um longo sermão, Therese sentiu uma pontada de inquietação. Seu primeiro adversário em potencial foi Poeira. No papel era um candidato adequado, mas na realidade acabou se revelando catastroficamente incompatível. Ela se preocupava com o fato de que, se Claire continuasse procurando dessa forma, poderia encontrar outros pares igualmente inadequados…

Contudo, assentiu com a cabeça e disse:

— Entendido, mãe.

Por um lado, seria difícil voltar atrás e anunciar que tinha pensado melhor depois de ter sido ela quem procurou Claire para pedir ajuda… Por outro, a verdade era que realmente queria se casar. Não havia como Claire lhe trazer mais pares horríveis.

— Farei o meu melhor — acrescentou.

— Esse é o espírito, Therese. Sei que está ocupada com seu trabalho, mas não deixe de lado seus estudos e sua prática. Você quer que a vejam como uma dama.

— Sim, mamãe! — Therese disse alegremente.

Da próxima vez encontraria um bom homem, tinha certeza disso. Em pouco tempo, a certeza de Therese seria recompensada, mas essa é uma história para outra ocasião.

 


 

Tradução: NERO_SL

Revisão: Pride

 

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