Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 20 – Cap. 06 – Doravante, para Millishion…

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Syiphie engravidou novamente. Este seria nosso segundo filho, e isso aconteceu logo antes de eu partir. Isso me deixou sem saber o que fazer. E agora? Esta é a quarta vez que ouvi que um bebê estava a caminho assim que eu estava pronto para embarcar para algum lugar. Isso era importante, mas Sylphie e o bebê não ocuparam minha mente por inteiro.

Antes de qualquer coisa, eu estava alegre! Como deveríamos nomear nosso bebê? Seria um menininho dessa vez, ou seria uma menininha de novo? Lucie, você está prestes a ter um novo irmãozinho ou irmãzinha! Você está pronta para ser a irmãzona novamente?! Ou pelo menos era isso que eu estava conversando comigo mesmo dentro de minha cabeça enquanto dava pulinhos de felicidade no gramado, até que…

— Senhora Sylphie é… O-o que vamos fazer?!—

Lilia estava perplexa, seu rosto normalmente sem expressão agora estava confuso e incerto.

— Eu sou a única que pode cuidar da Madame Zenith… A Senhora Sylphie é a única que pode cuidar da casa, mas agora você está grávida… Se o impensável acontecer, então…

Concordamos que Lilia viria a Millis e cuidasse de Zenith, enquanto Sylphie mantinha a casa. Mas agora havia um imprevisto: a gravidez; mas isso não era o fim do mundo. Roxy era capaz de fazer qualquer tarefa que precisasse ser feita, e sempre podíamos contratar alguém para resolver as coisas. Fiquei tentado a deixar por isso mesmo, mas até eu estava preocupado em deixar uma mulher grávida sozinha por meses,

Lilia não conseguia decidir-se. Ela deveria ir com Zenith, ou ela deveria ficar para cuidar de Sylphie? Era difícil não ficar abalado vendo que  a própria Lilia ficou abalada com isso. Talvez fosse melhor parar com essa minha comemoração idiota.

Quando decidi servir a Orsted, estava totalmente preparado para a possibilidade de ter que deixar uma esposa grávida para trás em nome do trabalho. Mas só agora eu percebi que havia me comprometido a isso imaginando que Lilia e Aisha sempre estariam lá para minhas esposas quando eu não pudesse estar.

Isso é ruim. Cara…

— Hum, eu vou ficar bem, sabe. É a minha segunda vez já, e eu tenho Roxy e Eris comigo. Tenho até mesmo a vovó comigo —, disse Sylphie tentando confortar Lilia.

Ela não estava mentindo. Este é o segundo bebê de Sylphie. Ela agora sabe melhor do que antes o que está por vir e tem mais pessoas em quem confiar. Roxy passa muito tempo fora de casa, mas se Elinalise puder fazer check-ins regulares, ficaria tudo bem. Até mesmo Eris poderia agir se houvesse uma emergência.

Sim, isso mesmo. Durante sua primeira gravidez, só tínhamos Norn e Aisha em casa. E mesmo que Aisha seja experiente agora, ela não tinha nenhuma experiência real naquela época. Olhando por essa perspectiva, estamos em uma situação bem melhor agora do que estávamos naquela época. Também não era como se eu fosse ficar fora por um ano inteiro. Ficaria tudo bem.

Eris e Roxy apoiarão Sylphie.

— Sim, nós faremos isso funcionar! Você me tem para protegê-la!

— Eu estou fora durante as tardes, então eu ainda estou um pouco preocupada, mas você sempre tem pessoas ao seu redor, então eu acredito que você não estará sob nenhum perigo!

Mesmo assim, eu ainda estava preocupado.

Lilia olhou para a pequena Lara, que puxou a bainha do manto de Roxy.

— Mas temos crianças em casa agora, o que significa mais trabalho a fazer. E você nunca sabe o que pode acontecer…

Bom ponto. Você nunca sabe o que as crianças podem aprontar. Lucie e Lara eram umas pestinhas. Elas nunca atacariam Sylphie por malícia, mas digamos que Lucie, acidentalmente, errasse um feitiço durante sua prática, e por acaso atingisse Sylphie. Ou Lara tenha montado nas costas de Leo e tentou sair de casa, e Sylphie correu tão desesperada para pará-la que ela caiu das escadas…

Crianças são acidentes ambulantes que só estão esperando a hora certa para acontecer. Se eu fosse pensar em todos os acidentes que hipoteticamente poderiam acontecer, eu nunca pararia.

E ainda tem problemas que estão a caminho. O primeiro grande problema é: quando Sylphie me disse que ela provavelmente atingiu seu limite, dada a biologia de sua raça, eu lidei com isso como um desafio pessoal. Nem sequer pensei no planeamento familiar. Obviamente eu nunca faria bebês por prazer! Como se atreve a pensar nisso ? Eu sempre quis ter um segundo filho, mas Lucie ter nascido há cinco anos e não termos nem sinal de que um outro viria me fez pensar que Sylphie realmente havia atingido seu limite,e… talvez eu tenha ficado um pouco desleixado na proteção…

De qualquer forma, o que aconteceu, aconteceu. Isso foi, pelo menos, metade culpa minha. Eu havia escolhido um momento agitado para engravidar minha esposa, e agora eu estava deixando-a sozinha. A história se repete… Por que eu pareço ter filhos antes de ir em longas viagens? Talvez seja uma maldição do Deus Homem.

Havia a opção de adiar minha partida para o País Sagrado de Millis. Eu poderia adiar por cerca de um ano, ver a gravidez de Sylphie a tempo, e em seguida, repensar minha estratégia uma vez que isso terminasse. Mas então, bam, seria Roxy! Boom, Eris! Era possível que não houvesse um fim para isso, mas, dado o tempo que uma viagem a Millis normalmente leva, os Latrias provavelmente não reclamariam se adiássemos a viagem por um ano ou dois. Cliff estava no mesmo barco.

Ugh, certo. Cliff! Elinalise me pediu para pelo menos vigiá-lo até que ele encontrasse seu próprio caminho. Mesmo se não fossemos, Cliff ainda iria. Eu tinha certeza de que ele ficaria bem, mas havia uma possibilidade de que ele perdesse sua posição dentro de um ano e ficasse preso lá.

Seja Sylphie ou Cliff, meus pensamentos foram direto para o pior cenário. Se eu pudesse, ajudaria os dois, mas não tenho essa sorte. Eu tenho que escolher: Cliff ou Sylphie? Trabalho ou amor? Analisando friamente, a melhor opção para mim seria estabelecer a banda mercenária em Millis de vez, e então fazer Cliff se tornar o Papa. Isso tornaria as coisas mais fáceis para mim. Mas seria o certo? Qual era o sentido de tudo isso se eu deixasse Sylphie e nosso filho chorando no frio? Eu tive que reconsiderar por que foi que eu juntei forças com Orsted para começo de conversa. Eu não podia perder de vista o que importava.

—…

Assim que eu pensei nisso, Zenith se moveu.

— Hm? Senhora?

Com os movimentos rígidos e bruscos de um sonâmbulo, Zenith agarrou a mão de Lilia. Zenith levantou-se, seu punho de aço puxando Lilia para de trás dela. Lilia tropeçava enquanto a acompanhava. Zenith estava levando-a para Sylphie.

— Hum… Senhorita, er, Zenith? —, perguntou Sylphie, perplexa.

Zenith pegou a mão de Lilia e, lenta e suavemente, colocou-a no ombro de Sylphie, como se dissesse: Lilia, cuide dela, eu ficarei bem

— M-Madame

Isto foi um vislumbre daquela vontade inigualável que Zenith escondia tão bem. Toda a família havia notado que a mais confiável surgia quando algo acontecesse a suas crianças ou netos. É claro que Zenith iria preferir que Lilia cuidasse da criança na barriga de Sylphie do que de ela mesma. Todos entenderam a decisão que ela havia tomado.

— Tudo bem —, disse Lilia. Ela enxugou suas lágrimas, olhouZenith nos olhos, e assentiu com a cabeça. Sua própria determinação havia sido fortalecida.

—Aisha!

— S-sim, senhora!— Gritou Aisha ao comando de Lilia, que a tirou de seu espanto.

— Você atenderá às necessidades da Senhora Zenith em meu lugar e acompanhará até a casa Latria. Sem mas!

— Guh. Entendido!

Aisha havia congelado por um momento. Ela realmente não queria colocar os pés na casa Latria, mas ela não queria acabar com essa cena comovente dizendo — não.

— Mestre Rudeus, acredito que estamos decididos. Cuide-se.

— Sim… Obrigado. Por tudo.

Se Lilia estivesse cuidando dela, então eu sabia que uma tragédia seria impossível. Não com Lilia lá. Eu poderia fazer o meu trabalho no País Santo de Millis sem quaisquer preocupações.

—Sylphie.

—O que foi, Rudy?

Havia uma última coisa que eu precisava dizer antes de partir. Algo importante.

— Eu te amo.

— Sim. Eu também.

Sylphie levantou-se e gentilmente envolveu suas mãos ao redor do meu tronco. Enterrei meu rosto em seus cabelos e a abracei tomando cuidado para não apertar forte demais.

— Vou pensar em um nome enquanto estiver fora.

— Certo. Diga-me quando você voltar.

Sylphie me deu um sorriso. Em qualquer outra situação, ela ainda estaria ansiosa, mas agora, ela tinha Lilia aqui por ela. Uma segunda mãe para depender.

Me despedi de Roxy e Eris, e depois parti.

 

Separador Tsun

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E então, começamos nossa jornada. Eu, Aisha, Zenith e Cliff. Só nós quatro.

Eu tinha feito as malas com cuidado, mas ainda era muita coisa para carregar. As tábuas de contato de pedra e o pergaminho de invocação da Armadura Mágica se mostraram bem volumosos. O peso em si não era um problema, já que eu estava usando a Versão Dois. Mas mesmo que eu fosse forte o suficiente para suportar o peso sem suar, eu só tinha duas mãos e uma única costa. Carregar algo maior do que você mesmo também abaixa seu centro de gravidade, e essa armadura não estava me ajudando. Era tão estranho, quanto carregar uma caixa de papelão vazia da qual seus braços não conseguiam alcançar.

Com minha enorme bagagem em mãos, nos encontramos com Cliff fora da cidade. Ele ficou surpreso com a explicação de por que nossa parte estava com um membro a menos. Dito isso, a notícia sobre o bebê fez Cliff sorrir. Ele ofereceu sua benção.

— Receio não poder parabenizá-lo muito, dada a minha posição… mas Santo Millis disse uma vez: “O nascimento de uma nova vida, seja ela qual for, é uma ocasião alegre”.

— Como você é solidário.

— Não se preocupe, vou orar a Santo Millis para que seu futuro filho se dê bem com o meu.

Não importa quão terrível a fé de Millis me considerasse ser, os pecados de um pai não são os de seus filhos. Sempre a chance de que qualquer criança com meu sangue pudesse acabar tendo parceiros um após o outro… mas eu tinha certeza de que Cliff consertaria essas crianças se o fizessem.

Espere, não, esse é para ser o meu trabalho. Huh.

— A propósito, Cliff, você está familiarizado com a Casa Latria?

— Latria; a cara…

Durante o mês passado, eu perguntei às minhas irmãs e Lilia sobre que tipo de pessoa essa Claire Latria era. A partir de suas descrições e dos olhares peculiarmente desagradáveis em seus rostos, fui capaz de descobrir isso: ela era um pé no saco.

Norn desviou os olhos e disse que só se lembrava de ter sido repreendida e chamada de preguiçosa Aisha suspirou e disse que Claire ficaria brava, e exigiria que ela parasse de constranger Norn agindo assim. Lilia respondeu que ela valoriza profundamente a linhagem e a religião.

Basicamente, parecia que as três eram incessantemente incomodadas sobre a estrutura e o histórico de casamento de sua família enquanto estavam presos naquela casa, em Millishion. Mas Claire não ia chegar até mim da mesma maneira. Claro, tudo o que eu tinha ouvido até agora me deixou um pouco assustado para conhecê-la, mas eu conhecia alguém que você também poderia chamar de teimoso e rigoroso.

Ele pode não estar mais entre nós: Sauros Boreas Greyrat, avô de Eris; as ideias que ele valorizava podem ser diferentes das de Claire, mas ele era igualmente estrito. Nós até encontramos alguns pontos em comum depois que eu mostrei a ele a etiqueta adequada. Além disso, ela era humana. Se ela valorizava a linhagem, então hey, eu tecnicamente tenho o sangue de ambas as casas Latria e Greyrat. Já que ela valoriza a religião – bem, uh, essa parte me assustou um pouco, então talvez esconder meu casamento poligâmico seja o melhor a se fazer.

Lembrei-me de como eu tinha resistido àqueles infernos de gritos e surras que Eris chamava de lar. Se eu imaginasse Claire como uma versão feminina de Sauros, eu poderia lidar com isso. Também era bem possível que o tempo tivesse tornado as memórias de Claire mais duras do que realmente tinham sido, e que Claire só fosse dura por amor à sua família —assim como Ruijerd. De jeito nenhum eu impediria uma reunião de mãe e filha, mas imaginei que reunir um pouco de informações de antemão não doeria.

— Eles são uma casa de destaque, particularmente como figuras de liderança dos Expulsionistas Demoníacos que produziram muitos dos principais Cavaleiros do Templo.

—Entendo…

Pensando bem, tia Teresa era uma Cavaleira do Templo. Me pergunto como ela está.

— Eu era jovem quando estive pela última vez em Millis, então não sei os detalhes, mas ouvi de Norn que eles são bastante rigorosos —, acrescentou Cliff.

Norn confiava muito em Cliff; já que ele a ouvia desabafar sobre seus problemas quando ainda estava na escola. Parecia que algumas dessas conversas eram sobre como ela foi rotulada de “boa para nada” durante seu tempo na casa Latria. Sobre como ela era constantemente comparada a Aisha e sobre como ela era chamada de fracassada que perdeu para uma criança bastarda.

Cliff sempre respondeu a isso dizendo: — Você não deve se comparar com os outros. Em vez disso, esforce-se para superar a pessoa que você é agora.

Norn seguiu esse conselho até se tornar a presidente do conselho estudantil. Ela nunca disse, mas Norn obviamente tinha um profundo respeito por Cliff. Não chegava ao ponto de romance, mas talvez, se Elinalise não estivesse aqui, Norn e Cliff poderiam ter se tornado algo mais.

Wow, se isso acontecesse, então seria um casamento entre os Expulsionistas Latrias e os Integracionistas Grimors… Ah, espere, Norn era diferente. Ela era filha de Paul, uma Greyrat, não uma Latria. Ela não tinha nada a ver com o conflito político da Igreja Millis.

— Pessoalmente, só posso orar para que você não se junte à Casa Latria e se torne meu inimigo.

— Qual é, Cliff, eu nunca ficaria contra você.

— Eu confio em você, é claro. Mas há momentos em que a escolha já está feita por nós… — Cliff se afastou, e depois riu de si mesmo.

Inegavél.

Pensar nessas dinâmicas de relacionamento já estava fazendo minha cabeça doer. Os Latrias eram Cavaleiros do Templo e Expulsionistas, tornando-os inimigos de Cliff. Talvez eu devesse pensar cuidadosamente antes de construir conexões com essa casa. Nós, Greyrats e Latrias, podemos ser relacionados pelo sangue, mas antes de tudo eu sou um Greyrat da Cidade Mágica de Sharia. Eu não precisava ser ninguém além de Rudeus Greyrat, o Braço Direito do Deus Dragão, um subordinado de Orsted, e um amigo de Cliff.

— Olha Cliff, só porque eu não vou entrar para ajudá-lo, não significa que eu me tornaria seu inimigo. Juro de coração. Embale uma de minhas filhas como um presente e dê a mão delas a Clive se eu estiver mentindo.

— Ah, isso pode ser uma boa ideia. Um casamento entre sua filha e meu filho… Sim, nada mal.

— Como é que é?! Não vamos ser precipitados, sabe, não é certo que os pais decidam com quem seus filhos se casem.

— Sim, sim, eu entendo. Foi só uma piada, agora vamos.

Cliff riu e começou a andar.

Isso, uh, foi uma piada, certo? Então, novamente, Lucie e Lara com certeza eram fofas… Essas duas definitivamente cresceriam como beldades, assim como suas mães. Clive cresceria vendo aquelas lindas irmãs todos os dias. Seu primeiro amor provavelmente seria Lucie. Como ele é filho de Elinalise, ele pode ser precoce e convidá-la para sair cedo demais.

Eu não gostava da ideia de algum garoto aleatório da rua chamando minhas filhas para sair, mas este era o filho de Cliff. Se Clive implorasse com as mãos e os joelhos diante de mim, seu futuro sogro, então eu talvez pudesse permitir seu relacionamento. Calma aí, garoto, você é bem ousado me chamando de seu sogro.

— Irmãozão, vamos deixar você de lado!—, Chamou Aisha, enquanto segurava a mão de Zenith. Isso me levou de volta à realidade.

— Ah, desculpe por isso!

Ah, bem, isso ainda estava muito longe de acontecer. Voltei minha atenção para o presente e corri para recuperar o atraso.

Entramos no escritório e cumprimentamos Orsted. Depois disso, descemos ao subsolo para o círculo de teletransporte. Em um piscar de olhos, estávamos no Continente Millis.

Da última vez que estive aqui, usei o círculo de teletransporte do lugar onde estávamos. Foi no porão de uma mansão abandonada, nas profundezas de uma floresta, não muito longe da capital Millis. Por que havia uma mansão abandonada no meio da floresta, você pergunta? Neste mundo, as aldeias construídas perto das florestas às vezes são invadidas pela floresta – de repente engolidas inteiras. Essa era a história por trás dessas ruínas.

O brilho fraco do círculo mágico lançou uma luz estranha sobre o musgo e a hera que rastejavam pelas paredes do porão. Nós não cuidávamos da mansão, mas as árvores ao redor reforçavam as paredes. Não cederia tão cedo. Alguns aventureiros de cidades vizinhas apareciam de vez em quando pelo que ouvi falar, mas a sala com o círculo mágico só era acessível através de um caminho escondido. Acabamos por colocar um baú do tesouro na sala conectando-se a ele. Tudo o que continha eram alguns itens mágicos aleatórios, mas eles deveriam ter sido suficientes para convencer qualquer bisbilhoteiro de que havia encontrado tudo.

Da mansão, viajamos a pé. Levou um tempinho, dado o estado de Zenith. Não haveria monstros fortes em nosso caminho, já que estávamos perto de Millis, mas ainda precisávamos nos mover com cautela.

Ah sim! Falando em monstros, isso me lembrou da época em que vim a essa floresta com Orsted para montar aquele círculo mágico. Foi a primeira vez que finalmente encontrei uma das variedades mais famosas de monstros que existem: o goblin. Aqueles monstrinhos de pele verde que tinham cerca de metade da altura dos seres humanos. Eles eram agressivos, numerosos e estavam entre a classe mais fraca de criaturas do planeta. Eles viviam em bandos e, às vezes, capturavam mulheres de outras espécies para que pudessem acasalar e engravidá-las. Eles não são racionais e veem as pessoas como inimigas, então atacavam à vista. Às vezes, me questionava se goblins eram, na verdade, demônios, e não monstros. Eles viviam estilos de vida incrivelmente primitivos dentro de cavernas dentro da floresta. Eles residiam em habitações à beira de penhascos e ganhavam a vida agrupando-se para caçar. Suas habilidades de engenharia não eram boas, mas eles usavam porretes e facas de pedra. Além disso, enquanto eu só havia visto vislumbres, eu tinha visto um pai goblin mostrar o que poderia ser confundido com afeição para com seus próprios filhos.

Para mim, não havia muita diferença entre eles e os humanos primitivos; eles foram tratados como monstros simplesmente por causa de sua baixa inteligência. Talvez as coisas pudessem seguir outro rumo se pudéssemos nos entender. Infelizmente, este era o Continente Millis, e o País Santo de Millis nunca reconheceria que éramos mais parecidos do que diferentes. Talvez a mania dos goblins de atacar as pessoas à vista não fosse algo que sempre tiveram. Os goblins e o País Santo de Millis devem ter tido uma história de conflitos que eu não conhecia.

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais eu via os goblins como criaturas trágicas. Se ao menos eles tivessem residido no Continente Central, onde poderiam ter sido reconhecidos como demônios de baixo nível em vez de monstros…

Isso é o que estava passando pela minha mente logo depois que eu matei um goblin que nos atacou em nosso caminho.

— Irmãozão, por que você está chorando por causa de um goblin?

— Sabe, estou apenas pensando que se os goblins tivessem vivido em outro lugar, eles poderiam ter sido chamados de demônios em vez de monstros.

— Uh… Você tem certeza de que Roxy não ficaria brava com você por isso?—

— Não, ela não ficaria.

A palavra “demônio” era, na verdade, um termo guarda-chuva que incluía muitas raças diferentes. Eu obviamente não conhecia todas, mas eu tinha certeza de que havia algumas raças demoníacas por aí com intelectos tão baixos quanto goblins. Caramba, havia alguém que as pessoas chamavam de Rei Demônio que era muito burro. Não seria uma surpresa alguma espécie ser ainda mais estúpida do que essa. De qualquer forma, o nível de estupidez daquele rei demônio era um feito da natureza.

— Então, o que fez você pensar nisso, afinal?

— Bem, ao contrário de outros monstros, os goblins formam grupos, certo? Então eu estava me perguntando o que aconteceria se eles fossem tratados melhor.

— Huh? Que diferença isso faz?

Aisha abertamente me olhou com nojo. Em qualquer lugar que você fosse, qualquer nação que você visitasse, especialmente se você falasse com mulheres e crianças, ninguém era fã de goblins. Pois bem. Eu não era exatamente um ativista dos direitos dos goblins aqui.

Falando em ONGs… — Aisha, como está indo com o Grupo dos Mercenários?

— Hmm? O que você quer dizer? Acho que estou lidando bem com isso.

— Bem, não é exatamente como sobre você está lidando com isso, é mais sobre se você está se dando bem com todos.

Eu só queria começar uma conversa fiada. Eu sabia, no fundo, que estava indo tudo bem. Mas eu queria ouvir sobre o dia a dia. Tipo, talvez ela tenha saído para comer com eles, mas pediram muito picante, e todos estavam respirando fogo enquanto contavam piadas e conversa fiada.

— Hmm… Boa pergunta.

Ela não estava alegre,estava melancólica.

Ela estava sendo intimidada? Se estivéssemos em casa, eu teria ligado minhas sirenes e corrido para a Banda de Mercenários, prendido Linia e Pursena sob custódia, jogaria elas numa sala de interrogatório, e entraria no modo policial ruim, até que elas assumissem seus crimes; mas eu vi a verdade no ano passado; Linia, Pursena e todo o Bando de Mercenários deram a Aisha aquele enorme presente de aniversário. Todas as  evidências diziam que Aisha era bem quista entre a Banda Mercenário.

— Aconteceu algo?— Perguntei.

— Hmm… Eu não sei, eu simplesmente não entendo, sabe?!

— Oh?

— É algo que eu vejo Norn fazendo também. Eles começam algo e continuam nisso, mesmo que esteja fadado ao fracasso.

— Bem, ninguém pode saber se falhá até que tente.

— Não, não nesse sentido. Quero dizer, eles falham uma vez, então eles repetem o mesmo erro e falham novamente.

— Ah, entendo.

As pessoas repetem a história, né? Norn definitivamente era o tipo que repetia os mesmos erros só para ter certeza. Mas isso foi porque… Espere, eu estava perdendo o ponto disso aqui. Que tal eu educadamente deixá-la terminar?

— Então, na Banda de Mercenários, eu sou uma conselheira, a chefe de todos; então eu aviso quando eles erram algo que já erraram antes. Às vezes eu sou severa. Tipo, ‘Eu já te disse como fazer isso, então qual é o seu problema?’ e outras coisas.

— Uh-huh.

— Mas todos eles parecem odiar isso.

— Bem, as pessoas fiquem gritando com eles.

— Mas se eles odeiam tanto, então por que erram as mesmas coisas? Estou até mesmo dizendo a eles como fazer. Basta fazê-lo.

— Só porque você diz a eles o que fazer, não significa que eles possam colocar em prática no instante seguinte.

O olhar duvidoso de Aisha me disse que ela não entendia muito bem. Bem, essa era Aisha; ela era uma “ natural “. Ela aprende rápido, e sua memória era de aço. Seus fracassos eram poucos, e não eram frequentes, e seus sucessos beiravam a perfeição. Ela aplicava incansavelmente qualquer experiência ou conhecimento que adquirisse para antecipar o próximo desafio. É por isso que as coisas que ela via como — os mesmos erros — parecem erros comuns para alguém como eu. Deve ter sido frustrante para ela ver pessoas que deveriam ter aprendido suas lições da última vez repetirem os mesmos erros. Então, novamente, os funcionários em questão provavelmente nem perceberam que estavam cometendo os mesmos erros. Isso poderia explicar por que eles não gostavam de Aisha gritando com eles o tempo todo.

— Então, sim, está indo bem, mas não tenho certeza se estou fazendo amigos…

— Ah, entendo.

Ser excepcional significava que Aisha deixava as pessoas para trás. Ela pensava em si mesma como capaz de qualquer coisa, como alguém que teria sucesso onde qualquer outra pessoa poderia falhar. É por isso que ela era tão dura com as pessoas e era por isso que ela gritava com eles.

— Mas isso não torna o trabalho um pouco tenso? — Perguntei.

— Hum, quando eu fico brava, Linia entra em cena e os leva para outro lugar Eu não sei o que ela diz a eles, no entanto, essa pessoa sempre volta parecendo aliviada.

Entendo. Então Aisha repreendia os mercenários, enquanto Linia ou Pursena os animavam. Como eu havia dito, as pessoas são diferentes uma das outras, o que as tornava adequadas para diferentes trabalhos.

— Bem, espero que você possa fazer isso algum dia também.

—Ugh.

Aisha parecia visivelmente irritada. Como se dissesse: eu vou fazer isso se eu precisar, mas eu não quero.

 

 

 

Se era assim que a excelência era, eu tinha certeza de que Aisha tinha isso nela. Ela podia aprender a confortar as pessoas e animá-los, mas isso não significaria necessariamente que ela poderia ter empatia. Isso era o que eu realmente queria que ela aprendesse algum dia; a angústia de alguém que simplesmente não consegue acertar, a frustração de alguém que quer desesperadamente e ainda falha, a impotência de alguém que sabe o que fazer, mas o corpo não coopera. Se Aisha pudesse aprender esses sentimentos, então eu tinha certeza de que sua tensão com os mercenários diminuiria consideravelmente.

Se ela nunca aprender, bem… Algumas pessoas vivem com falhas como essa por toda a vida. E eles tem boas vidas, sabe. Mas…

— Ei, sem pressa.

— Não estou me apressando. As coisas estão indo bem.

E foi sobre isso que falei com Aisha enquanto caminhávamos em direção a Millishion.

Chegamos à beira da floresta. Mais sete dias de viagem até chegarmos a Millishion. Paramos em uma aldeia ao longo do caminho e compramos uma carruagem puxada a cavalos. Não fique achando que era algo chique por causa do nome. Embora fosse mais adequada para transportar a carga, era bem velha e frágil. De qualquer forma, as tábuas de pedra não eram exatamente leve.

Andamos de carruagem ao longo da rodovia. Este país tinha mais pastagens do que o Reino Asura, e sua agricultura dependia mais de pastagens do que puramente da agricultura. Se a paisagem do Reino Asura lembrava os campos de trigo ondulantes da América, estes eram os pastos de vacas da Mongólia. Asura era uma terra dourada e verde, enquanto Millis era uma terra de azul e verde. Ambos tinham vegetação exuberante em comum; ambas eram terras abundantes. Millis tinha mais monstros em suas estradas, mas era só isso. Viajar em qualquer um desses países era um passeio em comparação com o que você encontraria no Continente Demoníaco.

Finalmente, chegamos nela: a capital do País Santo de Millis, Millishion.

 


 

Tradução: Heu

Revisão: NERO_SL

 

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