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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 19 – Cap. 13 – Tudo Bem Ser Feliz

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Com isto fora do caminho, era hora de voltar para casa. Eris estava perto de dar à luz, então corria o risco dela não estar no melhor estado mental, e havia momentos em que ela ficava deprimida, como todo mundo fica às vezes.

Eu também tinha decidido fazer Zanoba me acompanhar até em casa. Queria deixar Julie sob seus cuidados novamente. Não que ela tivesse ficado tempo demais com a gente, mas imaginei que ela seria mais feliz com ele.

Aliás, Ginger estava procurando um lugar em que eles pudessem morar — Zanoba havia desocupado o dormitório dele, então não poderiam ficar lá. Mesmo que ele decidisse não voltar ao dormitório, não tinha nenhuma forma de  retomar aos seus estudos na universidade? Faltavam poucos meses para ele se graduar. Parecia ser um desperdício. Se falássemos com Jenius, talvez ele pudesse mexer uns pauzinhos. Pra falar a verdade, eu estava certo de que muitos tinham começado a fazer pesquisas como membros da Guilda dos Magos após a formatura.

— Bom, Zanoba, estou ansioso para trabalhar com você. — Eu disse.

— Digo o mesmo, Mestre.

Pelo menos Zanoba estaria comigo daqui pra frente. Isso era algo a celebrar. Nossa pesquisa com a Armadura Mágica avançaria rapidamente, e também não teríamos que desistir de vender as estatuetas. Já que Zanoba tinha perdido sua casa aqui, eu poderia ficar emprestando dinheiro até que ele estivesse mais estável. Tentar conseguir dinheiro sempre trazia problemas desnecessários, mas eu não hesitaria se fosse para o Zanoba.

Nós chegamos em casa enquanto eu ainda estava perdido em pensamentos. Byt estava enrolado nas colunas do portão. Entre ele e o telhado verde, nossa casa parecia ser ecologicamente consciente.

Ao nos aproximarmos, Byt abriu o portão, como sempre fazia.

— Eu espero que Julie não tenha causado nenhum problema desnecessário a você e sua família — murmurou Zanoba.

— Tenho certeza que ela se comportou. Ela se dá bem com a Aisha e—

Fwish!

Quando entramos no terreno da propriedade, algo fez o ar assobiar ao cortá-lo. Na hora eu soube o que era; já havia escutado aquele mesmo som milhares de vezes antes. Alguém estava treinando com sua espada. Eu só podia presumir que Norn tinha voltado para nos visitar.

Fwish!

Hum. Estranho. Os movimentos de Norn soavam confiantes e seguros como eu nunca tinha ouvido. Eu não supervisionava um treino dela há algum tempo, mas o som não era tão agudo assim quando eu a estava ensinando. Era mais um fwoom, não um fwish, o que mostrava que a lâmina estava se movendo de forma reta e certeira. Meus próprios movimentos nunca tinham feito um barulho tão agradável.

Pois é. Na verdade, esse som meio que me lembra o da Eris—

Eu olhei na direção do barulho e, de início, não pude acreditar no que estava vendo.

Lá estava uma mulher empunhando a espada de pedra que eu tinha feito para ela praticar seu manejo. Seu cabelo era de um vermelho tão vibrante que parecia que alguém tinha derramado uma lata de tinta na cabeça dela. Apesar do peso da arma — dado que era feita de pedra —, ela a manuseava com facilidade, usando apenas uma mão.

E-Essa é minha esposa grávida! Eris!

— Ah, Rudeus — disse ela ao me notar. — Bem-vindo. Você voltou meio tarde.

— E-E-Espera um minuto! — chiei, gaguejando incontrolavelmente. — Eris! O que você tá fazendo?! — Corri até ela.

Você não pode ficar fazendo isso, tá? Você está prestes a dar à luz. Sim, sim, eu sei que você é forte o bastante pra manusear sua espada com facilidade, mas ela é pesada! Flexionar sua barriga assim é…

Espera aí. Sua barriga…?

Olhei para o abdômen dela e ele estava inesperadamente liso e em forma.

Ué… Cadê o meu bebezinho?

— Hum? — Deixei escapar. Só pra ter certeza, coloquei a minha mão sobre a barriga dela.

Ooh, incrível. Ela tem um tanquinho e músculos bem definidos. Eu definitivamente nunca vi uma barriga grávida desse jeito antes.

— Quê?

O que diabos estava acontecendo? Será que o tanquinho musculoso dela tinha de algum jeito comprimido nosso bebê como carne embalada a vácuo? Meu Deus.

Não, para com isso, eu me repreendi. Não há tempo pra entrar em pânico. Talvez o bebê tivesse sido forçado para baixo por causa do tanquinho.

— Tá aqui, então?

— O que você pensa que tá fazendo? — Eris se irritou, socando meu rosto quando eu apalpei sua bunda.

Olhei pra ela, caído em cima da minha própria bunda. Eris assumiu uma postura ampla, cruzando os braços sobre o peito. Ela levantou o queixo e, olhando para mim, disse finalmente:

— Já saiu.

— Saiu o quê? — As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse pensar direito, mesmo que a resposta fosse óbvia.

— O bebê.

— O bebê de quem?

— O meu, é claro!

Eris… tinha dado à luz… ao nosso bebê.

Sentei direito de pernas dobradas e apertei meus lábios enquanto digeria aquela informação.

— Hum, desculpe a pergunta, mas aproximadamente quando isso aconteceu?

— Dez dias atrás! Era tarde da noite, mas eu dei conta!

Dez dias atrás? O que eu estava fazendo há dez dias? Ah, certo. Eu ainda estava em Shirone. Acho que estávamos numa pousada com a Roxy, onde nós provavelmente estávamos — não, não tinha necessidade de recontar essa parte. Basicamente, aquilo significava que…

— Eu não… cheguei a tempo do nascimento?

— Pois é. Seria bom se você tivesse conseguido voltar mais cedo, mas agora é tarde! — Um sorriso convencido se estampou em seu rosto, como se estivesse tentando esfregar na minha cara que ela era perfeitamente capaz de fazer tudo sozinha.

Bom, e agora? Eu deveria me prostrar? Não, não era como se eu tivesse feito algo errado. Nós sabíamos que essa era uma possibilidade quando eu parti. Ainda assim, eu não conseguia deixar de me sentir culpado.

Enquanto eu estava perplexo demais para responder devidamente, Eris franziu as sobrancelhas.

— O-O que você tem? Não tá feliz?

Não, definitivamente não era o caso.

— E-Eu estou feliz, mas me sinto um pouco… em conflito.

— Ah! Verdade. É um menino, é claro. O nome dele é Arus, como o histórico herói humano!

Será que alegria seria a emoção apropriada agora? Eu havia falhado em cumprir a missão dada por Orsted. Tinha deixado o irmão mais novo de Zanoba, Pax, morrer. Nós conseguimos nos safar sem que tudo fosse por água abaixo, mas eu tinha prejudicado demais nossos planos. O nascimento do meu filho era uma notícia animadora — ainda que um pouco repentina —, mas eu podia mesmo ficar feliz com isso, considerando tudo o que tinha acontecido?

— Mestre!

Enquanto eu seguia confuso com minhas emoções, a porta de entrada se abriu. Uma figura pequenina de cabelo laranja saiu correndo. Ela passou direto por mim e se jogou em Zanoba, agarrando-se em sua coxa.

— Ah, Julie! Minha querida aprendiz, eu voltei pra casa! — Zanoba se abaixou, colocando as mãos sob seus braços e a levantando no ar.

Lágrimas escorriam pelas bochechas de Julie. Seus minúsculos dedos agarraram-se nas mangas dele.

— Eu estive esperando pacientemente pelo seu retorno esse tempo todo, Mestre!

— Eu sei. — Ele respondeu.

 

 

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Foi um reencontro sincero. Na verdade, Julie ficou tão emocionada com seu retorno que eu quase me questionei se a minha família tinha sido cruel com ela enquanto ele não estava aqui.

As palavras ditas por Julie logo em seguida foram de cair o queixo.

— Sabe, eu… eu amo o senhor do fundo do meu coração, Mestre!

— Oh, você me ama mesmo, não é? Eu nunca tinha percebido—

Antes que pudesse terminar, ela o interrompeu e continuou balbuciando:

— Por favor… nunca mais me deixe para trás desse jeito! Por favor, permita que eu fique com o senhor até o seu último suspiro! Eu suplico. Por favor…! — Ela implorou, com a voz carregada de tristeza. O modo como falou deixou bem claro o quanto ela tinha se preocupado.

Zanoba a encarou, inicialmente espantado, mas seus lábios logo formaram um sorriso gentil.

— Você não precisa mais se preocupar — disse. — De agora em diante, eu estarei com você. Para sempre.

— Mestre! Waah! — O choro dela por ele gerou uma nova onda de lágrimas.

Zanoba a puxou para mais perto de si e colocou sua cabeça contra seu ombro. Ele parecia bem feliz com a reação dela ao seu retorno.

Ah, verdade, eu entendi. É verdade que Pax morreu, minha missão foi um fiasco e o Deus-Homem tomou a vitória das nossas mãos desta vez, mas nós voltamos com vida. Zanoba, Roxy, Ginger e eu estamos saudáveis e inteiros. Não perdemos nenhum deles.

Isso, pelo menos, era algo a celebrar. Tudo bem ser feliz.

— Eris!

Não pretendia lutar contra a súbita onda de emoção que tomou conta de mim. Eu a envolvi em meus braços e a beijei. Ela ficou meio em choque no começo, mas depois retribuiu meu abraço e me beijou de volta. Minhas mãos deslizaram pelas suas costas e seguiram em direção à sua bunda. Quando eu apertei, ela me abraçou mais forte e me beijou mais intensamente. Tomando aquilo como um convite, levei minhas mãos em direção ao seu peito e comecei a apalpar. No instante seguinte eu me vi beijando não seus lábios, mas o chão, depois que o punho dela se afundou na minha cara mais uma vez.

— Você foi longe demais!

— Desculpa!

Ela deu um gritinho de surpresa quando fiquei de pé com um pulo e a levantei, carregando-a em meus braços como uma princesa. Não conseguia esperar mais. Eu queria ver o rosto do meu bebê o quanto antes.

— E aí? Cadê o nosso menino? Cadê ele? — perguntei de maneira ansiosa.

— Em casa!

Estranhamente, Eris não tentou se livrar dos meus braços. Ela os enrolou ao redor do meu pescoço, soltando um deles por um momento, apenas para apontar para a casa em resposta à minha pergunta.

— Hum… Mestre! — Zanoba berrou.

— Diga, Zanoba!

— Estou respeitosamente me despedindo por hoje! Vejo o senhor amanhã! Certifique-se de transmitir minha gratidão à Lady Roxy também!

 — Pode deixar!

Depois daquela breve conversa, Zanoba foi embora. Aparentemente, ele não queria se meter na nossa pequena e harmoniosa reunião familiar.

Eu corri direto para casa, passando pela porta da frente e adentrando a sala de estar, onde encontrei duas garotas sentadas no sofá. Uma delas segurava um bebê em seus braços.

— Olha, Senhorita Norn, olha! Ele acabou de sorrir!

— Aisha! Vai logo, deixa eu segurar ele!

— Ai, tá bom. — Aisha resmungou de volta. — Acho que você segurou Lucie e Lara antes. Oh, ele tá tocando nos meus seios. Será que está com fome?

Norn deu de ombros

— Difícil dizer. Nós sabemos como é o pai dele.

As duas garotas de catorze anos seguraram meu homenzinho enquanto o bajulavam. Espera aí. Meu “homenzinho”? Aquilo soava como um eufemismo para algo obsceno…

— Certo, Eris, vou te colocar no chão agora — avisei.

— Tá bom.

Minhas irmãs notaram nossa presença no momento em que soltei minha esposa.

— Bem-vindo — declarou Norn.

— É bom vê-lo de volta — completou Aisha.

Elas estavam sorrindo. Ambas estavam sorrindo de verdade. Eu tive um repentino flashback do rosto de Pax, do sorriso autodepreciativo e resignado que ele carregava antes do fim.

— A Senhora Roxy nos contou o que aconteceu — comentou Norn. — Sobre como foi difícil pra vocês.

— Esquece isso. Aqui, pega ele — insistiu Aisha.

— Ah, sim. Certo. Irmãozão, este é o seu bebê, o pequeno Arus.

Depois de pegar o pequeno embrulho em seus braços, Norn o passou a mim de maneira rápida.

Eu o segurei delicadamente e admirei seus traços. O tufinho de cabelo em sua cabeça era vermelho e seus olhos eram iguais aos da Eris. Este é meu filho… Talvez parecesse tão surreal porque eu não tinha estado presente no parto. A ansiedade cresceu na boca do meu estômago. Meu homenzinho olhou pra mim, esticando seus braços gordinhos em direção ao meu peito. Ele bateu com as mãos em mim, como se estivesse tentando tatear algo macio, mas infelizmente pra ele, meu peitoral era duro como pedra.

— Gwaaah! Aaaah! — Ele imediatamente começou a chorar.

Toda a tensão em mim se desfez, dando lugar ao alívio. É, não existe mais nenhuma dúvida na minha mente. Este definitivamente é o meu filho o neto do Paul.

— Hum, Arus? Esse é o seu papai — Norn explicou. —  Ele não é um estranho.

— I-Irmãozão, você está bem? — indagou Aisha. Tanto ela quanto Norn me olhavam com preocupação.

Poucos momentos antes, elas o estavam segurando e chamando ele de fofo enquanto sorriam. Estava claro pra mim o quanto já o amavam. Sabia que elas também me amavam, como família.

Mais uma vez, meus pensamentos se voltaram a Pax. Zanoba não tinha filhos, mas me dei conta de que alguns de seus irmãos provavelmente tinham. Pax havia assassinado eles. Cada um deles. Ele não conseguia amá-los. Ele escolheu não os amar. Assim, ele também não foi amado.

Ah, entendi. Talvez esse fosse o tipo de relação que Zanoba queria ter com Pax.

Meus olhos esquentaram, brilhando com lágrimas.

— Ei! Por que você tá chorando? — questionou Eris.

— Eu não sei. Não consigo evitar.

— Beleza, então você não me deixa escolha. — Ela disse. — Me dá o bebê. Eu vou segurá-lo, então para de chorar.

— Eu não quero. — balancei a cabeça como uma criança teimosa e continuei segurando nosso bebê, sentando entre Aisha e Norn no sofá. Lágrimas seguiram descendo pelas minhas bochechas por um tempo.

Eu imaginava por que eu não tinha conseguido dar a Pax o reconhecimento que ele tanto desejava, nem mesmo no final. Eu pensei, na época, que entendia como ele se sentia. Por mais deturpados que fossem os seus motivos, eu deveria ter sido capaz de entender o porquê dele não conseguir amar os outros. O ambiente em que ele estava era tão duro que se esforçar parecia ridículo. Eu deveria ter percebido isso também. Deveria ter visto que ele conseguiu abrir caminho até o trono contra todas as probabilidades. Poderia ter dado a ele o reconhecimento por seu trabalho duro. Esse tipo de reconhecimento tinha o poder de mudar as atitudes das pessoas. Claro, talvez não o perdoasse tão cedo por tudo o que tinha feito Lilia e Aisha passarem, mas eu poderia ter feito algo para o desencorajar de tirar a própria vida.

Alguém deve ter me ouvido soluçar, porque comecei a ouvir o som de passos descendo as escadas. Passados alguns instantes, Sylphie e Lucie apareceram. Roxy veio logo atrás delas segurando Lara em seus braços. Lilia e Zenith, que, imaginava eu, tinham estado na cozinha, também passaram pela porta.

Sylphie provavelmente tinha escutado de Roxy o que aconteceu. Ela me viu chorando e, em silêncio, começou a acariciar minha cabeça. Lucie decidiu imitar a mãe, subindo no meu colo e estendendo seus dedinhos para me afagar.

— Sinceramente, você é um bebê chorão — comentou Eris, juntando-se às demais e passando a mão na minha cabeça. Todas elas estavam sendo muito gentis.

— Aisha… Norn… — balbuciei enquanto as lágrimas continuavam a cair. — Não importa o que aconteça, eu vou sempre ajudar vocês. Se estiverem com problemas, não pensem duas vezes antes de pedir minha ajuda. Podem pensar que não sou muito confiável, mas eu juro a vocês que vou fazer tudo ao meu alcance para ajudar.

Elas se encararam. Julgando pelos seus olhares, parecia que estavam pensando “Na verdade, estamos com problemas agora mesmo, já que você não para de chorar”.

Eu tive que me recompor. Se continuasse com aquilo, elas realmente não me procurariam quando surgisse a necessidade.

— Tá bom — disse Aisha —, pode deixar.

— Sim, vamos fazer o que você disse — concordou Norn.

Elas assentiram ao mesmo tempo.

Ótimo. Parece que não tem nenhum problema com a nossa família, então.

Eu funguei enquanto olhava para Roxy e Lara. Aninhada nos braços da mãe, Lara parecia descarada como sempre.

Tive sorte por minha vida não estar em sério perigo desta vez. Porém, a história poderia ter sido diferente se Roxy não estivesse lá. Ela era tão confiável! Não importava o quanto eu tentasse, sempre fui fraco. Sem ela ao meu lado, eu poderia ter vacilado facilmente durante a nossa jornada. Tinha que agradecer a Lara por ter tido um ataque e feito com que Roxy me acompanhasse.

— Roxy… você foi incrível nessa viagem. — Eu disse.

— Você também foi, Rudy.

Nossa jornada tinha acabado. Foi um percurso duro. Eu me vi duvidando do que não deveria e isso me afetou muito mentalmente. Tudo o que eu tinha para mostrar de meus esforços era fracasso e um trauma persistente. Deixei Pax morrer. A coisa toda parecia um pesadelo, mas agora tinha acabado. O amanhã certamente traria coisas novas.

Antes disso, porém, tinham algumas coisas que precisávamos discutir.

— Pessoal — comecei —, quero que escutem com muita atenção o que vou dizer.

Naquele dia, contei à minha família tudo sobre o Deus-Homem. Sobre ele, Orsted, a guerra travada pelos dois e tudo o que havia acontecido comigo no passado. Mencionei que Lara poderia ser uma salvadora no futuro e expliquei por que eu estava cooperando com Orsted. Expus cada detalhe. Assim que terminei de dizer tudo o que tinha em mente, pedi que me apoiassem. Quando finalmente chegasse a hora, queria que me ajudassem — e, por extensão, Orsted.

Cada uma delas assentiu. Todas elas — Eris, Sylphie, Roxy e, é claro, Norn e Aisha — estavam perplexas com aquele repentino tsunami de informações, mas todas tinham expressões sérias e balançavam suas cabeças em concordância.

Foi como se um peso saísse dos meus ombros.

 

Separador Tsun

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Certo, vamos revisar os passos que devemos seguir para derrotar o Deus-Homem.

Para chegar a ele, nós precisávamos dos cinco tesouros escondidos deixados pela Tribo dos Dragões, tesouros esses que foram originalmente criados por seus ancestrais distantes. Cada um dos Cinco Generais Dragões possuía um e, usando a arte secreta do Deus Dragão, a porta para o mundo poderia ser aberta.

Meu futuro eu se desesperou quando percebeu que não conseguiria colocar suas mãos no último tesouro. Suspeitava que era Laplace quem estava com a peça final. Pelo que Orsted disse sobre ser preciso matá-lo, eu supus que precisaríamos derrotar cada um dos generais para conseguir o tesouro deles. O Rei Dragão Maníaco do Caos já estava morto, provavelmente pelas mãos de Orsted, o que significava que já estávamos com o item que ele possuía.

Portanto, sobraram apenas quatro Generais Dragões: Imperador Dragão Sagrado Shirad, Rei Dragão Abissal Maxwell, Rei Dragão Blindado Perugius e Rei Dragão Demônio Laplace. Era possível que Shirad e Maxwell também estivessem mortos; Orsted não compartilhava essa informação comigo. Talvez porque ele tivesse preocupações ao meu respeito — não querendo que eu soubesse de suas ações, já que poderia interpretar aquilo como ele matando sua própria espécie —, ou talvez ele realmente se sentisse culpado pelo que havia feito. Especialmente pelo fato de que ele não parecia ter uma relação particularmente ruim com Perugius.

Em todo caso, o renascimento de Laplace era uma parte absolutamente essencial deste plano. Eventualmente, ele voltaria, renascido como uma criança. O objetivo de Orsted era determinar o local exato em que nasceria; seria mais fácil estrangulá-lo enquanto ainda estava no berço.

Infelizmente, nós havíamos falhado desta vez. Não sabíamos mais onde Laplace retornaria, apenas que se lançaria novamente numa guerra contra os humanos. Orsted precisaria navegar naquele conflito e tirar a vida dele. Parecia que conseguir aquele último tesouro seria uma provação e tanto, mesmo para Orsted. O suficiente para deixá-lo severamente enfraquecido antes de, logo depois, iniciar sua luta contra o Deus-Homem.

Orsted tinha declarado, portanto, que esse loop era um fracasso. Entretanto, sentia que ele não havia aceitado isso totalmente. Estava desanimado com este revés, com certeza, mas ainda não tinha desistido. Na verdade, quanto mais eu pensava nisso, mais parecia que ele tinha previsto esse resultado.

Veja a situação com Ariel, por exemplo. Orsted disse que o Reino de Asura enfrentaria uma grande crise dentro de cem anos, mas que poderia ser evitada se Ariel se tornasse rainha. Ele também mencionou algo sobre alguém útil que viria a nascer no Reino de Asura — eu não estava por dentro dos detalhes disso —, mas suspeitava que ele queria estabilidade em Asura para a guerra contra Laplace. Asura liderava as potências mundiais. Sendo assim, se eles pudessem oferecer uma boa resistência e desgastar Laplace, Orsted teria mais facilidade para acabar com ele.

Também era possível que Orsted suspeitasse que seu renascimento seria diferente neste loop a partir do momento em que soube sobre mim. Havia diversas razões para acreditar que o simples fato de eu existir alterava o fluxo habitual de eventos que levariam ao renascimento dele em Shirone.

Eu realmente estranhei que o Deus-Homem estivesse mexendo com o retorno de Laplace no início, mas minhas dúvidas se dissiparam rapidamente. Cada vez mais eu constatava que a clarividência do Deus-Homem não conseguia dar conta dos movimentos de Orsted, ao passo em que ele já encarava os Deuses Dragões como inimigos. Além disso, se tinha alguém que estava agitando a bandeira anti-Deus-homem por séculos, esse alguém era Laplace. Ele provavelmente suspeitava que Orsted reviveria Laplace para tentar alguma coisa com ele. Em algum ponto no loop de Orsted, que durou várias centenas de anos, deve ter havido um momento em que o Deus-Homem percebeu o que ele poderia estar tramando, o que o levou a proativamente obstruir os esforços de Orsted. Isso faria sentido. Afinal, qualquer coisa que o Deus Dragão tentasse fazer seria para prejudicar o Deus-Homem.

De qualquer forma, esta repetição do mundo estava seguindo um caminho diferente daquele que Orsted conhecia de seus muitos, muitos loops. Os meus dias seguindo obedientemente às ordens dele e tentando movimentar as coisas para ele haviam acabado e, se seus planos já tinham ido por água abaixo, não fazia sentido continuar perseguindo eles.

Laplace iria reencarnar. Haveria uma guerra. Sendo assim, se não derrubássemos Laplace, não poderíamos chegar ao Deus-Homem, e seria inútil se Orsted precisasse gastar a maior parte de seu poder fazendo isso. Não seria possível para ele derrotar o Deus-Homem estando completamente esgotado.

Foi aí que surgiu a proposta do Zanoba. Precisávamos reunir aliados. Trabalhando separadamente de Orsted, teríamos liberdade para procurar companheiros poderosos para compor nossas forças. Nós tínhamos cerca de oitenta anos até a guerra. Isso seria tempo suficiente para criar uma facção anti-Deus-Homem e trazer apoiadores para Orsted — ou ao menos estabelecer as bases para a formação de tal grupo. Orsted teria suas próprias tropas quando terminássemos.

Muito provavelmente, eu não viveria o suficiente para ver a guerra. Não conseguiria participar em pessoa. Porém, ainda poderia deixar os companheiros e a organização que construiríamos juntos, confiando que eles levariam adiante a minha vontade. Também estava certo de que Orsted venceria o Deus-Homem por mim.

Este seria o meu objetivo até o fim dos meus dias.

 


 

Tradução: Marloon5

Revisão: B.Lotus

QC: Pride

 

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