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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 18 – Prólogo – Diário do Rudeus

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Caro Paul,

O tempo voa. Já faz meio ano desde que esses eventos caóticos no Reino Asura aconteceram. Tenho vinte anos agora, o que significa que minhas irmãzinhas logo farão quatorze.

Continuei treinando enquanto atendo a qualquer trabalho que Orsted me dê. Ele sabe quase tudo o que há para se saber, mas não é o melhor professor. Acho que não tem a manha para ensinar os outros. Além disso, também se recusa a usar sua mana para demonstrar o funcionamento de qualquer coisa para mim. Disse que iria me ensinar o encantamento e alguns truques para usar os feitiços que está compartilhando comigo, mas – e talvez seja porque é um gênio, então tudo vem naturalmente para ele – a maior parte não faz muito sentido para mim.

Tenho certeza de que parte do problema é que não sou um aluno muito bom. Você não pode me mostrar uma pequena parte da equação e esperar que eu crie o resto sozinho. Não sou tão brilhante. As memórias da minha vida anterior me ajudam a descobrir algumas coisas rapidamente, mas são praticamente inúteis quando se trata de aprender feitiços de nível Santo ou Rei.

Por exemplo, vamos dar uma olhada no Abrasamento, um feitiço de fogo de nível Santo que incendeia uma vasta área num instante. Pensei que era como o feitiço Sizzle em Dragon Quest, usando luz para produzir calor. Infelizmente, minha intuição estava errada. Embora tenha conseguido algo bastante semelhante, Orsted respondeu às minhas tentativas inclinando a cabeça em perplexidade.

Feitiços não são a única coisa que Orsted me ensina. Também compartilha conhecimento, especialmente o relacionado à luta contra outros magos ou espadachins de várias escolas de esgrima. Por exemplo, uma vez que o estilo Deus da Espada envolve o usuário movendo-se no Padrão A, devo tomar cuidado e usar a Estratégia B para combatê-los. Se estiver enfrentando um mago proficiente em magia de fogo, é provável que utilizem, principalmente, a Coordenação C e Magia Combinada D contra mim, então devo tentar combater esses tipos de feitiços. E, se me encontrar contra um espadachim e um mago, então devo usar a Contra-Técnica E.

Agora que penso nisso, ele basicamente me ensinou estratégias de combate.

Dado meu alto poder ofensivo, a infinidade de feitiços à minha disposição e o Olho da Premonição, Orsted diz que minha melhor aposta é desequilibrar meu inimigo e encurralá-lo, cortando suas opções antes de desferir meu golpe final. É basicamente assim que tenho lutado até agora, mas acho que ser autoconsciente faz a maior diferença.

Tenho usado essa estratégia durante as batalhas de treino contra Eris e nas ocasiões em que ensino Sylphie, Norn e Aisha, apenas para garantir que esteja completamente enraizada na minha mente. Graças a esses esforços, minha magia melhorou imensamente: minha magia de vento e fogo agora é de nível Santo, assim como minha magia de cura e desintoxicação, enquanto minha magia divina é de nível intermediário. Isso é um salto muito grande em apenas um ano.

Dito isto, ainda não consigo desenhar círculos mágicos, e realmente não mexi com magia de invocação. Há muitas coisas na minha lista de tarefas. Posso já conhecer muitas magias, mas não posso descansar sobre os louros; tenho que continuar trabalhando nisso. Pelo menos cresci um pouco mais forte enquanto isso.

Meu trabalho com Orsted está indo bem, talvez graças em parte ao meu treinamento, mas, de verdade, não fiz nada grande desde os eventos do Reino Asura. São coisas pequenas como: “Vá para este labirinto e ajude este aventureiro perdido dentro dele” ou “Vá salvar este mercador que está prestes a ser comido vivo por monstros” ou ainda “Vá visitar esta empresa e comprar esse garoto que se tornou um escravo, depois venda-o aqui.”

São principalmente tarefas menores que consistem em ajudar as pessoas, mas coloquei todo o meu esforço nelas. Estas aparentemente serão úteis para Orsted no futuro. Por exemplo, a ladra anã que salvei outro dia chamada Tal-Chi. Ela não era pessoalmente útil, mas seu filho será o futuro líder da Guilda dos Assassinos. E acabará por assassinar alguém que de outra forma se tornaria um espinho nas costelas de Orsted. Claro, não seria problema para Orsted matar essa pessoa diretamente se ela entrasse em seu caminho, mas orquestrando as coisas com antecedência, economiza-se tempo e mana preciosos. Em resumo, mudar o passado significa menos problemas no futuro.

Dito isto, a chave para a vitória está na condição de Orsted quando ele finalmente confrontar o Deus-Homem. Tendo passado por vários loops temporais, Orsted já sabe o que certas pessoas podem realizar se forem salvas de uma morte prematura. Garantir a segurança daqueles que farão coisas a seu favor permitirá que ele opere com eficiência nas próximas gerações. Em termos de jogo, trata-se basicamente de controlar variáveis e cumprir pré-requisitos, mas, neste caso, envolve fazer as amizades certas.

De qualquer forma, Orsted geralmente não ajuda com o que eu faço. Está trabalhando em outras coisas, em outros lugares. Fazendo arranjos que só ele pode fazer.

O Deus-Homem não interferiu muito. Ou, devo dizer, não o fez durante meus trabalhos solo. Ele está mais focado em tentar atrapalhar o que Orsted está fazendo, o que deve significar que é uma ameaça muito maior para ele. De fato, durante os tempos em que trabalhei junto com Orsted, um ou dois dos apóstolos do Deus-Homem apareceram no processo. O estranho é que nunca vieram em três, então talvez ele tenha uma terceira pessoa fazendo outra coisa nos bastidores.

Isso me deixa nervoso, já que não temos como ter certeza. Preciso saber se estamos fazendo o suficiente. Não deveríamos estar encontrando alguma maneira de atacar diretamente o Deus-Homem?

Quando perguntei a Orsted sobre isso, ele simplesmente balançou a cabeça. “De acordo com seu diário, o futuro que estava realmente tentando mudar ainda não aconteceu”, disse ele.

Acho que isso significa que temos que manter nossos preparativos até lá.

Quanto ao futuro que o Deus-Homem está tentando mudar, suspeito que nosso próximo grande confronto envolverá Cliff. De acordo com meu diário do futuro, eu o deixei morrer. Suspeito que o Deus-Homem esteja envolvido nisso, embora não tenha como confirmar. Não ajuda o Orsted não compartilhando a maioria dos detalhes essenciais comigo.

De qualquer forma, é assim que está acontecendo. Trabalho um mês, entro no escritório para fazer meu relatório, depois passo dois ou três dias com minha família e amigos. Tenho cerca de cinco a dez dias de descanso – que passo treinando – antes do próximo trabalho chegar. É assim que minha vida tem sido por um tempo agora.

Ah, sim, falando em trabalho… finalmente realizei alguns dos planos que fiz. O primeiro deles diz respeito ao meu espaço de trabalho. Estávamos usando o pequeno chalé nos arredores de Sharia, onde construímos minha Armadura Mágica, mas não atenderia às necessidades de longo prazo de nossa sede, então a remodelei. Ainda é uma casa térrea, mas agora há uma sala de descanso, uma sala de reuniões e uma sala de conferências. Isso permite pernoites, se necessário, e facilita as reuniões de estratégia. Claro, fico um pouco ansioso deixando registros de nossas reuniões e planos lá, mas por outro lado, há muita informação para me lembrar de tudo. Como quando fulano de tal em tal lugar fará tal e tal coisa, e quem, se for permitido viver, terá tal e tal impacto no futuro.

Também fiz um arsenal não muito longe da própria cabana, onde guardo quaisquer itens ou implementos mágicos, bem como minha Armadura Mágica (Falando nisso, conseguimos fazer uma versão menor dela, mas vou poupar os detalhes). Com a quantidade de coisas que guardei lá, um ladrão seria condenado por toda a vida se roubasse tudo e vendesse. Como sou o único que usa o inventário, lacrei a porta com magia de terra para evitar a chance de alguém roubar tudo. Orsted pode não ter nenhum uso para as coisas lá dentro, mas como ainda são tecnicamente materiais de escritório, tenho que ter certeza de que está tudo bem. Isso me faz desejar ter alguém para cuidar de tudo.

Dito isto, essas não são as únicas alterações que fiz; nosso escritório central de trabalho fica no porão da casa. Usando a magia de terra, criei um espaço enorme quase como um labirinto. O local é dividido em vinte e três salas, cada uma com seu próprio círculo de teletransporte. Cada uma leva aos principais locais em todo o mundo… eventualmente, de qualquer maneira. Apenas cinco dos círculos foram devidamente ativados, o que significa que os únicos lugares para onde viajamos são o Reino Asura, o País Sagrado de Millis, a Grande Floresta, o Reino do Rei Dragão e a parte sul do Continente Demônio.

Nós só temos esses cinco porque temos que configurar um círculo de teletransporte de conexão do outro lado. E, infelizmente, Orsted não visita o tipo de local ermo que seria ideal para nossos propósitos; lugares lotados dificultam um pouco a criação de círculos de teletransporte. Daí a razão de não termos mais de cinco, embora planejemos expandir no futuro.

Tudo bem, Paul. Tenho certeza de que minha conversa de trabalho só serviu para te entediar até quase cair no sono, e você provavelmente não quer mais ouvir isso. Vamos ao que realmente estava esperando e falar sobre seus filhos e netos.

Começaremos com minha filha mais velha, Lucie Greyrat. Lucie está crescendo constantemente. Acabou de comemorar seu terceiro aniversário noutro dia. Ela ficou melhor em andar e cambalear pela casa. Aprendeu muitas palavras e gosta de falar em voz alta – em parte graças, aposto, a Eris – então nossa casa é bastante animada.

Parece que Sylphie tem ensinado a ela a Língua Humana e magia ultimamente. Apenas três anos e já está recebendo o tipo de educação especial normalmente reservada para crianças superdotadas. Acho que Sylphie será uma mãe-professora. Se ela colocar um óculos triangular, minhas pequenas aulas com ela à noite também podem esquentar.

De qualquer forma. De volta para Lucie. Acho que não passei muito tempo com ela, então, às vezes, quando chego em casa, ela me olha fixamente como se não tivesse ideia de quem eu sou. É super desanimador. Felizmente, Sylphie sempre diz: “Esse é o papai. Diga oi.” E ela responde: “Bem-vindo ao lar, papai”. Ela é tão ridiculamente adorável que eu poderia comê-la. Porém, imediatamente depois de me cumprimentar, fica com um olhar de quem não sabe o que é um papai, então se esconde atrás de Sylphie.

É de partir o coração. Ela nunca vai me respeitar como seu pai nesse ritmo. Sei que este é o caminho que escolhi, mas isso não o torna menos doloroso.

Mas já que estamos falando de Lucie, a levei para conhecer Orsted uma vez. Estava curioso para saber se a maldição dele funcionaria nela – se o que o Deus-Homem disse era verdade ou não.

Resumindo: a maldição dele não funciona nela. Na verdade, no momento em que ela o viu, seus olhos se iluminaram. Ela esticou as mãozinhas em direção ao cabelo prateado dele e gritou: “Papai! Papai!” Como se legitimamente pensasse que ele era seu verdadeiro pai. Honestamente considerei matar Orsted naquele momento.

Estou brincando! Desculpe. Juro que não senti uma vontade tão assassina em relação a ele, mas, sabe… meio que me incomodou, só isso.

Talvez seja porque Sylphie tem cabelos brancos, então Lucie assumiu que Orsted deveria ser da família, já que seu cabelo era de uma cor semelhante. Ensinei-lhe o nome dele, que ela logo repetiu como: “Orstay? Orstay!” Que doce. Pronúncia perfeita, se é que posso dizer.

Enquanto observava com amargura, Orsted deixou Lucie montar em seus ombros. Ela estava segurando o cabelo dele com força suficiente para que me preocupasse que pudesse arrancá-lo, então a repreendi. “Não é bom puxar o cabelo das pessoas,” eu disse.

Divertidamente – ou talvez interessante – o suficiente, Orsted respondeu: “Não é um problema. Algo tão trivial nem começará a afetar minha Aura de Batalha do Santo Dragão.” Ele parecia bem feliz que nossa Lucie gostou tanto dele. E como poderia não estar? Ela é incrivelmente fofa.

De qualquer forma, o que o Deus-Homem disse parecia ainda mais crível agora. A parte sobre meus descendentes trabalhando com Orsted para derrotá-lo, quero dizer. Quando lembrei Orsted disso, ele me encarou com uma expressão aterrorizante e disse: “Não confie no que o Deus-Homem diz”.

Claro que não confio em tudo no que ele diz, mas também sinto que há alguma verdade nisso. Talvez seja apenas uma ilusão da minha parte.

Ultimamente, tenho melhorado em ler os humores de Orsted. Ele fica super bem humorado quando brinca com Lucie. Aparentemente acha cativante qualquer um que se apegue a ele. Além disso, tenho certeza de que está feliz em encontrar algo novo depois de passar pelos mesmos loops de tempo repetidamente. Só posso imaginar como ele deve estar se sentindo depois do número de loops que passou. Como seu subordinado, quero ajudar a garantir que ache cada dia tão divertido quanto o último.

Opa, acho que saí do assunto novamente. Bem, já que estamos falando de crianças, Roxy deu à luz. Houve uma nevasca naquele dia. As reformas em nosso escritório ainda não estavam completas, então, depois de cumprir minha missão e voltar para o chalé, encontrei Orsted esperando por mim. Isso era algo que ele fazia de vez em quando. A casa tinha apenas um quarto naquele momento, então não havia outro lugar para ele ir. Receber novos pedidos e relatar trabalhos anteriores era uma espécie de acordo combinado. Então, quando terminava seu próprio trabalho, ele costumava esperar no chalé até a hora de passar para o próximo passo.

De qualquer forma, naquele dia eu pretendia começar meu relatório como de costume quando ele de repente disse: “Não está na hora?”

Essas foram as primeiras palavras que saíram de sua boca. Eu sabia o que ele queria dizer; era óbvio o suficiente. Estava ansioso o trabalho inteiro imaginando quando isso aconteceria. Nunca sonhei, é claro, que Orsted iria trazer isso à tona. Mas como qualquer outra pessoa, sou apenas humano.

“Você pode se reportar a mim mais tarde”, ele me disse.

Concordei e rapidamente deixei o chalé, correndo pelos montes como um limpa-neves enquanto ia para casa. Cheguei em casa e encontrei Roxy pronta para entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Se voltasse para casa dois dias depois, teria perdido o parto por completo.

“Ah, Rudy… Tem certeza de que serei capaz de fazer isso? Serei realmente capaz de dar à luz este bebê?” Roxy tinha me perguntado.

Pobrezinha. Estava no limite de seu juízo quando voltei. Seu rosto estava branco como um lençol enquanto repetia as palavras: “Vai ficar tudo bem? Talvez eu não possa realmente fazer isso.” Ela nunca soltou minha mão. Isso me fez pensar se Zenith – mamãe, quero dizer – reagiu da mesma maneira quando me deu à luz. Na época, tudo o que conseguia pensar era que Roxy com certeza é preocupada.

Infelizmente para mim, as preocupações de Roxy não foram equivocadas. O parto não foi fácil. Os ombros do bebê ficaram presos. O que eles chamam de distocia de ombro, eu acho. Não faço ideia de qual foi a causa. Talvez fosse porque Roxy é muito pequena. Como uma mulher Migurd, ela tinha idade suficiente para ter filhos, mas ter um filho meio humano significava que seria maior do que um bebê Migurd normal. Para ela, provavelmente era semelhante a alguém dando à luz em uma idade jovem. Independentemente disso, era altamente provável que meus genes fossem os culpados.

Felizmente não trouxe nenhum perigo para a mãe ou o bebê. As mãos de Lilia eram bem treinadas a essa altura, e Aisha sempre foi um gênio. Elas tiveram a ajuda adicional de um médico e uma parteira, graças a mim que saí correndo e limpando a neve até uma clínica e voltando. Certamente estava com o melhor time para essa jornada. Aisha tinha alguma experiência em ajudar no nascimento de Lucie, então esteve extremamente calma durante todo o processo. Foi relativamente tranquilo, sem que ninguém cometesse erros ou qualquer outra coisa dando errado. Assim, Roxy foi capaz de dar à luz sem uma cesariana, e tanto ela quanto o bebê saíram vivos.

O novo bebê era outra menina, um pouco maior do que Lucie tinha sido quando bebê. Não a chamaria de gorda, mas tinha um olhar descarado em seu rosto. Me pergunto de quem poderia ter puxado isso…

“Seus olhos se parecem com os de Roxy, mas sua boca é mais como a de Rudy,” Sylphie disse.

Seu rosto impertinente era aparentemente uma mistura do nosso. Bem, seria estranho se não fosse, considerando que era nossa filha.

“Nós concordamos com Lara se fosse uma menina, certo?”

E assim, minha filha se chamava Lara Greyrat.

Não percebi até um pouco depois que nasceu, mas ela tem a cor do cabelo de Roxy. Um lindo azul. Um que caracteriza os Migurds, pode até se dizer.

Roxy e Sylphie tinham sentimentos complicados sobre o assunto. No começo, não entendi o que as incomodava tanto sobre isso. Achava lindo o cabelo de Roxy. Além disso, Lara era uma menina. Não tinha dúvidas de que se tornaria adorável também.

No entanto, Sylphie me lembrou que ter uma cor de cabelo única daria às crianças muita munição para bullying. Existem muitas raças não humanas vivendo em Sharia, mas a maioria da população ainda era humana. Naturalmente, quanto menos humano você parecer, maior a probabilidade de ser focado por isso. O cabelo azul de Lara que herdou de Roxy seria uma maldição? Ela seria intimidada por isso? Era muito cedo para saber, mas como pai dela, pretendia ficar de olho nisso.

Isso é uma digressão, mas Elinalise também deu à luz na mesma época que Roxy. Dada a sua experiência, ela não teve problemas para tirar o bebê. Num dia, Cliff estava me dizendo que ela deveria entrar em trabalho de parto a qualquer momento; No outro, ela estava embalando um bebê em seus braços e estava de volta à sua forma esbelta de sempre. Acho que é isso que acontece quando se é uma veterana de parto. Ela provavelmente já passou por uma centena de partos até agora.

De qualquer forma, o primeiro filho dos Grimors foi um menino que chamaram de Clive. Enquanto olhava para ele, Elinalise disse animadamente: “Dei à luz um herdeiro!”

Um herdeiro, hein. Pessoalmente, não acho que o herdeiro de uma família precise ser um menino. Se Lucie ou Lara expressassem interesse em continuar meu trabalho ajudando Orsted, não tentaria impedi-las. Sua maldição não parecia funcionar sobre elas, de qualquer maneira.

Infelizmente, as palavras de Elinalise conseguiram provocar uma pessoa: Eris. Ela estava trabalhando comigo naquele momento. Uma funcionária temporária trabalhando em colaboração com a Corporação Orsted, acho que poderia ser definido assim. Ela ficaria ao meu lado, assumiria a linha de frente nas batalhas e derrubaria qualquer um que estivesse em nosso caminho. No entanto, ao ouvir o que Elinalise disse, começou a brincar comigo com mais frequência, mesmo no meio do trabalho, como se dissesse: “Agora é minha vez!”

Estávamos fazendo isso com frequência suficiente para que engravidar não fosse um problema para ela. Na verdade, dada a nossa vida sexual ativa, seria mais estranho se não engravidasse. Cada vez que me empurrava para o chão como uma donzela indefesa, eu… ok, sim, vou poupar você dos detalhes sangrentos.

De qualquer forma, seja por azar ou qualquer outra coisa, Eris não estava tendo sorte em engravidar. Naturalmente, isso a deixou ansiosa. Percebi que ela consultava Sylphie noite após noite quando voltávamos para casa. Ela aparentemente não queria que eu soubesse o quão preocupada estava porque manteve os detalhes escondidos de mim. No entanto, a ouvi dizer uma coisa que me aterrorizou.

“Me pergunto se deveríamos fazer isso com mais frequência…”

Eris já estava me drenando de tudo que eu valia; um pouco mais e ela me murcharia como uma ameixa. No entanto, é dever do marido acalmar as preocupações de sua esposa, então dei tudo o que tinha. Comecei a usar o método do calendário (ou o Método Ogino, como é conhecido no Japão, que envolve acompanhar o ciclo menstrual da mulher), sendo mais cuidadoso com o que comia e mantendo o treinamento no mínimo. Tentei todo tipo de coisa.

Ok, deixando de lado minha desculpa de que estava tentando aliviar suas preocupações, seria um mentiroso se dissesse que não estava excitado com a coisa toda.

Ouvi dizer que, a certa altura, Zenith ficou preocupada porque também não conseguia engravidar. Pergunto-me se você também fez coisas assim para tentar tranquilizá-la. Eu me lembro de vocês dois fazendo isso todas as noites como animais. Afinal, foi assim que Norn foi concebida.

Falando nisso, Norn está de bom humor e ainda frequentando a escola. É o suficiente sobre ela, no entanto. Graças aos meus esforços, Eris finalmente conseguiu engravidar. Aconteceu aproximadamente um mês depois que a fiz reduzir todo o seu treinamento. Aparentemente, a fonte de sua dificuldade era o treinamento intenso que fazia todos os dias. Pulando, saltitando, socando, chutando: pode escolher, ela estava fazendo tudo isso. Os bebês normalmente são bastante resistentes, o suficiente para que uma pessoa ainda possa engravidar mesmo se estiver malhando, mas no caso de Eris, a frequência e a intensidade de seu exercício eram duas vezes ou mais do que qualquer ser humano normal faria. Era bem provável que a fertilização estivesse ocorrendo, mas os embriões não puderam se implantar por causa de toda a sua atividade rigorosa.

Isso pôs um fim ao seu emprego temporário. Ela não podia mais me acompanhar para o trabalho, mas parecia satisfeita mesmo assim, sorrindo orgulhosamente e rindo enquanto esfregava a barriga inchada. Como alguém que a conhecia desde a infância, me encheu de emoção vê-la assim. Ela havia se tornado uma mulher tão inspiradora. Philip e Sauros – descansem suas almas em paz – devem estar chorando de alegria em seus túmulos.

Aliás, a confirmação de sua gravidez só aconteceu cerca de um mês antes de eu escrever essas palavras para você. Neste momento, Eris está no quarto mês de gravidez. Ela tem se comportado muito bem ultimamente, talvez em parte por causa dos enjoos matinais. Quando terminar meu próximo trabalho e voltar para casa, acho que ela estará em seu quinto mês.

Parte de mim se preocupa que ela volte a seus treinos intensos assim que se acostumar com a gravidez. Enviei uma carta para Ghislaine pedindo conselhos, já que ela é a única outra pessoa que conhece Eris há tanto tempo quanto eu. Achei que ela poderia saber como convencer Eris a esfriar a cabeça até que sua gravidez acabe.

Ghislaine deve estar tendo dificuldades também. Isto é, porque o rei, que há muito estava de cama adoecido, finalmente faleceu. Ariel em breve assumirá o trono. O primeiro príncipe Grabel parece estar travando uma luta final, mas dificilmente é um inimigo formidável neste momento. Não há chance de Ariel perder essa luta. Como me informou, Ariel provavelmente precisará passar os próximos dois ou três anos lutando para garantir seu assento, então Ghislaine terá muito o que fazer como guarda-costas enquanto isso.

Se por algum motivo nós formos para o Reino Asura depois que Eris der à luz, gostaria de fazer uma visita a todos eles.

Enquanto estamos discutindo Eris, parece que ela só pensou no nome que daremos ao nosso bebê se for um menino. Por essa razão, decidi inventar um nome de menina por conta própria. Não me importo com o sexo da criança; Serei feliz desde que ela dê à luz com segurança e tenha um bebê saudável. Isso é tudo que me importa: a segurança da mãe e da criança.

Honestamente, entre trabalho, treinamento e ficar em casa, meus dias são bastante gratificantes. Mesmo assim, não tenho muito tempo para passar com meus filhos, mas fora isso as coisas estão boas.

Finalmente, gostaria de falar sobre o estado mental de Zenith. Ainda não há nenhum sinal dela recuperando suas memórias. Estava progredindo com suas emoções, mas esse progresso parou em algum momento. Ela basicamente não consegue falar nada. Tentei fazer uma reunião com Orsted em busca de soluções, mas ele também não parece saber como ajudá-la. E se é um mistério para ele, talvez isso signifique que não há como ajudá-la.

Dito isto, ele me disse que em todos os loops que passou, esta é a primeira vez que a viu ficar incapacitada assim. Então, talvez haja alguma solução lá fora que simplesmente não esteja ciente, algum item mágico que possa curá-la. Prefiro não desistir e continuar procurando uma cura, mas acho que minha única opção é me preparar para ficar por isso mesmo por um longo tempo.

Pai, lembra-se de como me repreendeu quando estávamos no País Sagrado de Millis? Você estava chateado porque eu estava me preocupando com outra mulher e deixando mamãe se virar sozinha. Não quero que seja assim desta vez, mas espero que me perdoe por não priorizar mais a recuperação dela.

Gostaria de continuar fazendo o melhor que posso.

Respeitosamente,

Seu filho.

 

 

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Com um baque, fechei meu diário. Tinha escrito como uma carta – uma que nunca enviaria para ninguém. Houve dias em que escrever assim endureceu minha determinação, e essa determinação significou muita motivação para me colocar em movimento.

— Tudo bem, acho que é hora de ir.

Ansioso para saudar o dia, levantei-me e comecei a andar em direção a um círculo mágico. Assim começou mais um dia de trabalho.

 


 

Tradução: NERO_SL

Revisão: Guilherme

QC: Delongas

 

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