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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 17 – Cap. 08 – Duelo no Crepúsculo

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Na manhã seguinte, partimos com Ariel rumo ao Palácio de Prata.

Apenas seis de nós estavam indo. Triss ficaria na residência a fim de começar os preparativos para o grande momento, além das duas atendentes de Ariel, que também não viriam. Isso era, em parte, porque Ellemoi e Cleane só nos atrasariam em um confronto, mas elas também vinham de famílias de prestígio que poderiam ser aliados valiosos. A princesa determinou que ambas estreitassem os laços com seus parentes e outras casas poderosas, percorrendo toda a cidade, para arregimentá-los à causa. Ariel parecia levar muito a sério aquele prazo de “dez dias”.

O Palácio de Prata de Asura era tão imponente de perto quanto parecia à distância. Era ainda maior do que o grandioso castelo de Perugius, e, aparentemente, havia muitas outras estruturas nos extensos terrenos atrás dele, incluindo as principais residências da família real e vários belos jardins requintados.

Não estaríamos nos aventurando lá dessa vez, é claro. Eu meio que queria ver o harém real, mas tínhamos outros negócios para tratar. Nossa ida ao castelo tem dois propósitos principais: Ariel ir visitar seu pai doente e depois fazer uma reserva para um dos salões do palácio. Meu papel principal era apenas acompanhar ela e Luke por aí.

Enquanto caminhávamos pelos corredores do castelo, notei algo surpreendente.

Bem… talvez não devesse ter me surpreendido, mas me fez dar várias olhadas.

Era uma pintura de Perugius, pendurada entre outras duas obras na parede.

Pessoas pertencentes à Tribo dos Dragões tendiam a ter rostos semelhantes; seus traços eram ainda menos distintos em forma de retrato. Esta versão do Perugius também parecia um pouco embelezada e várias décadas mais jovem. Honestamente, nem o reconheci no começo. À primeira vista, pensei que era apenas alguém meio parecido, e logo desviei o olhar de seu rosto. Mas então, vendo a placa embaixo da pintura, meus olhos saltaram de volta para ela.

O nome “Perugius Dola” estava impresso naquela tira de metal. Pisquei surpreso.

Acho que o ponto mais surpreendente era que a pintura estava pendurada bem perto de retratos de vários reis e rainhas asuranos. Era um sinal claro do quão importante e respeitado o homem era neste país.

As obras de ambos os lados da de Perugius retratavam um homem humano que não reconheci e um meio-humano cujo cabelo era uma mistura de prata e ouro. Seus rostos não eram familiares para mim, mas considerando suas posições ao lado de Perugius, tinha quase certeza de quem deveriam ser. O primeiro era provavelmente o Deus do Norte Kalman e o meio-humano era o Deus Dragão Urupen. Estas pinturas retratavam os Três Matadores de Deuses da Guerra de Laplace.

Eles não mataram realmente o deus em questão, mas eu não criaria caso por isso. Pelo que Orsted me contou, eles lutaram intensamente e finalmente derrotaram um oponente verdadeiramente aterrorizante. O Rei Dragão Demônio Laplace foi provavelmente o homem mais poderoso do mundo por muitos anos; selar metade dele foi uma realização infernal. Perugius havia conquistado seu lugar de honra nestas paredes. Até hoje, o povo de Asura ainda o reverencia como uma lenda viva. Senti que finalmente estava começando a entender o quão importante era Ariel ter conquistado seu apoio.

 

Separador Tsun

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Durante três dias, as coisas correram bem.

Ariel estava fazendo progresso constante em organizar sua reunião. Os nobres que estavam esperando por seu retorno se aproximaram para ajudar. No curso de meus deveres como guarda-costas, fui apresentado ao que pareciam ser dezenas de pessoas influentes. Honestamente, não me lembro de nenhum de seus nomes.

Eu não tinha conhecido formalmente o Alto Ministro Darius e o Primeiro Príncipe Grabel, mas os vi à distância, apenas uma vez.

Darius era um homem flácido com queixo caído e um brilho desagradável em seus olhos. A exata imagem de um velho monstro astuto e guloso, basicamente. Senti um pouco de conexão com ele, principalmente com base em sua aparência deplorável.

Quando me viu, porém, seu rosto se contorceu de terror. Era como se ele estivesse vendo a própria morte ou algo assim. Talvez fosse imprudente julgar apenas com isso, mas… a reação do homem foi tão clara que eu simplesmente não senti mais a necessidade de me questionar. Ele era obviamente um dos três apóstolos do Deus-Homem.

O primeiro príncipe Grabel parecia um homem bastante comum. O título de príncipe me fez pensar em um garoto na adolescência ou na casa dos vinte com cabelos dourados e macios, mas ele era apenas um homem barbudo de aparência mediana em seus trinta e poucos anos. Ainda assim, quando analisava o rosto dele de perto, havia algo de agradável que cativava as pessoas ao redor. Acho que possuía um carisma tranquilizador.

Pensando bem, também ouvimos alguns rumores sobre o Segundo Príncipe Halfaust; aparentemente tinha sido superado por Grabel e estava atualmente em prisão domiciliar. Talvez por intervenção de Orsted? Ou talvez ele apenas soubesse que isso aconteceria dessa maneira? De qualquer forma, muitos dos nobres que apoiaram Halfaust observaram, em seguida, suas esperanças de vitória desmoronar, assim se juntaram à causa de Ariel após seu retorno. Ela os ajudou com os preparativos para seu grande evento.

A princesa estava lutando suas próprias batalhas. Meu trabalho era eliminar os inimigos que tentavam detê-la pela força.

Na verdade, fomos atacados repetidamente. Mandavam assassinos contratados todos os dias. Dito isso, esses assassinos não eram nada de especial, ainda não havíamos atraído presas maiores para a ação.

Os assassinos visavam exclusivamente Ariel. Para ser mais preciso, estavam atacando Sylphie, que atuava como dublê da princesa. Eles avançavam no meio das ruas, durante jantares ou enquanto dormia, nunca nos dando um momento para relaxar.

Claro, a verdadeira Ariel usava roupa de empregada e uma peruca, comendo refeições simples com os funcionários da casa (embora a comida ainda fosse melhor do que um cavaleiro de baixa patente conseguiria) e dormia profundamente todas as noites numa das camas destinadas aos servos.

— Eles estão realmente atacando muito mais do que da última vez, sabe? — comentou Sylphie. — Faz uma grande diferença ter você e os outros por perto, Rudy.

Os assassinos eram bem organizados e não eram, de forma alguma, incompetentes. Mas comigo, Eris e Ghislaine por perto, não conseguiam fazer grande coisa.

Dito isso… se fosse apenas eu na defesa, provavelmente teria lutado um pouco mais. Alguns dos assassinos pareciam ser jovens, e eu acabaria hesitando em matá-los. Nesse sentido, ter Eris e Ghislaine comigo era de grande ajuda.

Até agora, não encontramos ninguém que essas duas não pudessem cortar facilmente por conta própria. Eu tinha a sensação de que as pessoas que enviavam esses assassinos eram outros nobres leais a Grabel, e não o próprio príncipe ou Darius.

Se Darius estivesse realmente determinado a conter todo o seu poder de fogo para o confronto final, poderíamos ter um problema em nossas mãos. Assumindo que Eris e Ghislaine estariam ocupadas com o Imperador do Norte e o Rei do Norte, o próximo inimigo iria direto para mim. E se tivessem pessoal suficiente, Sylphie poderia ser atacada também. Queria acreditar que Orsted interviria antes que as coisas saíssem do controle, mas não conseguimos estabelecer um meio de comunicação desde que nosso grupo chegou à cidade. Nem sabia se ele estava em Ars no momento.

De qualquer forma, esperar passivamente pelo melhor não pode ser considerado estratégia. Precisávamos diminuir as fileiras de nossos inimigos de alguma forma.

Assim que eu estava começando a ficar impaciente, a princesa Ariel se aproximou de mim.

— Fiz os preparativos para o palco — disse ela calmamente. — Agora acho que é hora de colocarmos a isca em nossa armadilha.

Naquele dia, a princesa fez um esforço especial para falar com um nobre leal ao Primeiro Príncipe. Durante essa conversa, ela fez algumas piadas vulgares sobre como Eris e Ghislaine estavam menstruadas. O nobre olhou na direção de Eris com franco interesse, porém, foi recebido com uma carranca hostil.

Estrategicamente, Ariel espalhou a notícia que seus guarda-costas estavam em más condições, com intenção de atrair o inimigo convidando-o a atacar.

Todavia, não funcionou. Talvez ela tenha sido muito óbvia sobre isso. A partir do dia seguinte, até os assassinos comuns pararam de aparecer.

Era o quinto dia e os ataques contra nós pararam completamente.

Em troca, o inimigo começou a visar alguns dos nobres mais influentes da facção de Ariel, especificamente aqueles que estavam fazendo os arranjos para seu “palco”. Esses nobres tinham os meios para se defender e os ataques não foram muitos, mas vários deles estavam assustados o suficiente para mudar sua lealdade ao Primeiro Príncipe.

Durante esse período, finalmente conheci um dos principais protagonistas dessa luta: Pilemon Notos Greyrat. Assim como ouvimos, o homem abandonou Ariel para se aliar a Grabel.

Pilemon parecia estar em seus trinta e poucos anos e tinha uma forte semelhança com Paul. Entretanto, sem nenhum indício da confiança alegre do meu pai em seu rosto. Ele me pareceu uma pessoa hesitante e medrosa, o tipo de homem que fugiria em qualquer sinal de perigo, como um rato.

Pessoalmente, eu não tinha problemas com covardes, mas ele certamente parecia o tipo de cara que o velho Sauros teria odiado. Entendia agora o motivo deles acabarem como inimigos e porquê Pilemon se aproveitou do Incidente de Deslocamento para matar Sauros. Fazia sentido logicamente, mas sendo bem honesto, era difícil para mim acreditar que um homem como ele tivesse sido ousado o suficiente para matar um rival tão poderoso. Se ele tivesse a coragem de aproveitar uma oportunidade como essa, Sauros nunca o teria odiado em primeiro lugar.

Luke e Pilemon tiveram uma longa e acalorada discussão durante nossa reunião. Mais uma briga do que uma conversa, na verdade. Luke pressionou seu pai para explicar sua traição e porquê ele jogaria fora seus anos de esforço. Pilemon se recusou a responder, dizendo apenas: “Você não entenderia minhas razões”.

Atordoado e incrédulo, Luke continuou implorando ao pai para se juntar à facção de Ariel, antes que fosse tarde demais. No entanto, seus esforços foram em vão. No final, um jovem que parecia ser o irmão mais velho de Luke perguntou desdenhosamente se o seu real objetivo era herdar as posses da família, então saiu da sala com Pilemon logo atrás.

Parecia uma maneira horrível de tratar seu próprio filho depois que ele lutou em uma terra distante por quase uma década. Mas, em comparação, Paul tinha sido igualmente cruel em um determinado momento e eu não era exatamente uma imagem da virtude. A nobreza asurana parecia ter seu próprio conjunto particular de valores, nenhum dos quais eu entendia, então talvez não fosse justo eu julgar.

Se Ariel triunfasse, Luke lideraria a família Notos como o homem que saiu vitorioso de um conflito perigoso. Se Grabel saísse por cima, esse papel cairia para seu irmão. Considerando a gravidade das consequências para o fracasso, sua atitude firme pode ser encarada como uma forma de mostrar sua preocupação.

Havia também uma chance de que eles simplesmente odiassem a coragem de Luke, é claro.

De qualquer forma, parecia que Ghislaine teria a chance de matar Pilemon, afinal. Ainda assim, se Luke nos implorasse para tratar sua família com clemência, ficaria tentado a tentar ajudá-lo a consertar as coisas de alguma forma. No entanto, outra parte de mim, não queria correr esse risco.

Era uma situação complicada de qualquer maneira que olhasse para ela.

Nove dias se passaram e nosso “palco” finalmente estava pronto.

Simplificando, seria uma festa. Bebidas, dança, bate-papo, esse tipo de coisa. Tais eventos eram realizados regularmente nos salões do Palácio de Prata.

Este foi anunciado publicamente como um evento a ser realizado pela Segunda Princesa Ariel em homenagem ao Príncipe Grabel. Como os nomes de ambos os principais candidatos ao trono estavam nos convites, todos os nobres importantes e de prestígio em Asura deveriam comparecer.

No lugar do inimigo, eu não teria me incomodado em comparecer a um evento que era obviamente uma armadilha, mas acho que não era tão simples para os membros da nobreza asurana. Aparecer em eventos dessa natureza deveria ser algo como obrigação.

Houveram várias tentativas de atrapalhar os preparativos, mas a princesa lidou com todas elas com eficiência.

Amanhã será o momento da verdade.

— Sir Rudeus — chamou Ariel, tirando-me dos meus pensamentos. — Acabei de dar-lhes um empurrão final.

— Oh?

— Para ser mais específica, vazei algumas informações que devem deixar o Alto Ministro Darius muito ansioso.

— Certo. Entendo.

Estávamos preocupados com Auber e seus amigos, mas era Darius quem os controlava. E os apóstolos do Deus-Homem nem sempre se comportavam exatamente como ele queria. Era possível fazê-los ignorar suas palavras, especialmente por medo, ou agindo em autopreservação. Foi assim que acabei jurando lealdade a Orsted.

Até agora, estávamos apenas dando a eles a oportunidade de atacar. Ariel tentava convencê-los de que precisavam aproveitar essa oportunidade, se quisessem sair por cima.

— Ainda assim, não há garantias. E se eles não morderem a isca esta noite…

— Sim. Eu sei.

Nesse cenário, teríamos que enfrentar toda a força deles no dia seguinte. Isso tornaria as coisas muito difíceis. Um de nós pode acabar morrendo. Pode ser Eris, ou Sylphie, ou Ghislaine. Eu queria fazer tudo o que pudesse para evitar isso, mas o rosto de Paul continuava aparecendo em meus pensamentos.

Esperava que o plano funcionasse desta vez.

Mais tarde naquela noite, voltamos para a residência de Ariel. Era uma noite escura e sem lua. Todos os nossos preparativos estavam completos agora; era só esperar até amanhã. Teríamos que relaxar e descansar o máximo que pudéssemos nesta noite.

Ou assim pensei, até que vi um homem parado no meio da estrada à nossa frente. Pelas orelhas de coelho, o reconheci imediatamente como um homem-fera. Qual era o nome dessa raça mesmo? Mildett?

Se suas mulheres são coelhinhas, acho que ele seria um coelhinho?

— …

O homem-fera usava uma armadura preta anti-reflexo e havia uma espada reta em sua mão. Ele parou bem no caminho da carruagem de Ariel.

— Quem vem lá?! — Luke exigiu, avançando de seu lugar ao lado da carruagem.

O homem-fera não respondeu. Mas isso não foi surpreendente. Nenhum assassino jamais…

— Eu sou o Rei do Norte Nucklegard, uma das três lâminas do Deus do Norte! Eles me chamam de Twinblade!

Ele realmente falou seu nome. Ah… tudo bem.

Um segundo depois, nosso novo amigo Nucklegard começou a se dividir, metade dele se moveu lentamente para a esquerda e a outra para a direita.

— Ei, Nuckle. Acho que não devemos dizer nossos nomes a eles.

— Oh, certo! Acho que as coisas são meio diferentes dessa vez, né? Você é tão inteligente, Gard.

— Hehehe! Bem, eu tenho lido muitos livros ultimamente…

Não, não era isso. “Nucklegard” era na verdade um par de gêmeos. Eu estava olhando para dois espadachins com rostos idênticos.

— Ah, provavelmente não deveríamos dizer a eles que foi Lorde Darius quem nos contratou também!

— Você provavelmente está certo. Quando tínhamos que lutar contra assassinos, eles nunca nos diziam para quem trabalhavam.

— Sim, exatamente. Então certifique-se de manter isso em segredo, Nuckle!

— Entendido!

Eles realmente não eram muito bons nessa coisa de ser um assassino, eram? Quero dizer, nós já sabíamos quem os contratou, então isso não importava… mas, sério.

Enquanto eu olhava para os dois homens-fera em descrença, Eris esporeou seu cavalo para frente, saltou para o chão e desembainhou sua espada em um movimento suave.

— Eu sou Eris Greyrat.

As orelhas dos espadachins gêmeos se contraíram quando encontraram seu olhar ansioso e agressivo.

— Ah! A famosa Rei da Espada Berserker!

— Com habilidades afiadas de uma predadora e temperamento feroz como qualquer monstro!

— Podemos ser apenas um par de Mildetts insignificantes…

— Mas teremos prazer em enfrentá-la!

Eris ergueu a espada sobre a cabeça e os gêmeos assumiram posturas espelhadas.

— Sozinhos, somos apenas metade de um homem.

— Juntos, somos um homem completo!

— Vamos lutar com você no modo dois contra um…

— Mas certamente você vai concordar que isso é justo!

Hmm, não. Isso é meio que a definição de injusto, na verdade…

Nesse ponto, outra silhueta emergiu da escuridão na rua atrás de nossa carruagem. Era uma figura pequena, usava uma armadura preta de corpo inteiro e carregava uma espada e um escudo pretos.

Ele não se incomodou em se apresentar. Não dessa vez. Em vez disso, simplesmente assumiu sua posição.

Ghislaine já havia se virado para encará-lo. Sem demonstrar nenhuma surpresa, puxou sua própria espada.

— Desta vez vai ser muito diferente, halfling.

— Você, Doldia, tem uma excelente visão noturna, não é? Suponho que estou em uma ligeira desvantagem esta noite.

Era Wi Taa.

Durante nossa batalha nos Bigodes do Wyrm Vermelho, ele estava em vantagem contra Ghislaine, mas desde então, eu dei a ela um resumo básico de seus truques e como neutralizá-los. Não tinha certeza do quanto ela havia entendido ou memorizado, mas só por saber o que ele poderia tentar faria uma grande diferença.

De qualquer forma, fomos pegos em uma pinça, com os coelhos à nossa frente e o halfling atrás. De alguma forma, era difícil se convencer de que esses três eram uma ameaça real, mas o fato era que todos eles eram Reis do Norte.

Eu tinha que decidir o que fazer. A melhor opção seria apoiar Eris. Sylphie ou Luke poderiam ajudar Ghislaine. Nós igualamos nossos números de um lado e temos uma vantagem do outro. Infelizmente, eu não podia tomar nenhuma ação. Auber não estava à vista ainda, e isso era o suficiente para me manter preso no lugar.

A princesa Ariel não estava presente desta vez. Ela estava indo do palácio para sua residência usando uma rota alternativa segura. Isso significava que Sylphie poderia se concentrar inteiramente em ajudar Eris, enquanto Luke apoiava Ghislaine. Entretanto, se o inimigo nos visse ignorando completamente a carruagem, perceberiam que a princesa não estava, e na ausência de seu alvo, recuariam. Um ou dois deles podem até tentar nos atrasar enquanto os outros vão atrás de Ariel. A princesa era esperta o suficiente para que provavelmente não a encontrassem… mas, mesmo assim, nossa batalha seria adiada. O inimigo estaria pronto e esperando por nós e haveria mais deles para lidar.

Esta era a nossa chance. Tínhamos a oportunidade de derrotar dois Reis do Norte… ou três, eu acho. Mas se não pudéssemos tirar vantagem disso, no dia seguinte nos encontraríamos em sérios apuros. No mínimo, precisávamos eliminar um deles.

Eu poderia ajudar Eris enquanto Luke apoiava Ghislaine, mas, nesse cenário, Sylphie poderia ter que lutar contra Auber sozinha, e isso provavelmente seria uma batalha perdida. Queria acreditar que ela poderia se defender dele, mas Orsted achava que ela não teria chance.

Parecia que eu não tinha escolha a não ser ficar parado e…

— Não.

Pense, Rudeus.

À primeira vista, o inimigo trouxe três Reis do Norte contra nós…. ou dois, a depender da perspectiva. Eles não trouxeram aquele exército de soldados da última vez. Você realmente emboscaria seu inimigo com uma força muito menor? Auber tinha que estar aqui agora. Era a única maneira de tudo isso fazer sentido. Ele estava escondido em algum lugar perto daqui neste exato momento, calmamente nos observando e esperando sua chance de atacar.

Tudo que eu tinha de fazer era encontrá-lo. Assim que descobrisse seu esconderijo, poderia derrubá-lo com um único feitiço mortal. Depois disso, não haveria necessidade de me preocupar em dar toda a atenção às outras lutas.

— Não se preocupe, Rudeus — disse Eris, sua voz ressoando na escuridão. — Posso lidar com esses dois sozinha.

Parecia que Nuckle e Gard estavam tendo problemas para chegar ao alcance dela. Tive a sensação de que, como indivíduos, eles eram, na melhor das hipóteses, do nível Santo do Norte. E Eris era capaz de abater um espadachim daquele nível em um piscar de olhos. Em outras palavras, se entrassem em seu alcance, um deles morreria imediatamente. E mesmo assim, o outro provavelmente não seria capaz de matá-la.

Ghislaine e Wi Taa ainda estavam à distância também. Ghislaine era uma mulher alta, e Wi Taa era um halfling, seu alcance era muito maior que o dele. Também não seria fácil para ele entrar em seu alcance de ataque. O fato de não estarem apenas recuando parecia mais uma evidência para minha teoria, eles tinham outro aliado escondido em algum lugar. Com Auber aqui, tinham uma boa razão para não fugir.

Eles tinham toda a intenção de nos matar.

Pensa, Rudeus, pensa. Onde diabos estaria o Auber? Quantos esconderijos existem nas proximidades?

Sendo bem honesto, este não parecia o lugar ideal para uma emboscada. À nossa esquerda, havia um espesso muro da cidade, e à nossa direita, mansões dos nobres com vários possíveis esconderijos. Todas as mansões tinham grandes jardins cercados por cercas altas, e havia um ou dois becos escuros entre os prédios, todavia essa estrada era larga e as mansões estavam todas a uma distância considerável de nossa carruagem. Não parecia o lugar ideal para fazer uma emboscada.

E a muralha da cidade, então? Você precisaria realmente semicerrar os olhos para ver o topo. Auber poderia descer de rapel… ou talvez apenas pularia do topo? Soou como suicídio para mim, mas talvez um Imperador do Norte pudesse fazer isso.

E quanto ao solo? Ele poderia estar escondido sob a superfície em algum lugar, como da última vez. Não, isso parecia improvável. Depois do que aconteceu naquela batalha, estávamos mantendo uma vigilância muito cuidadosa no chão ao nosso redor. Era difícil pensar que de alguma forma não havíamos o notado.

Droga, onde ele está? Temos algum ponto cego principal?

Eu estava à esquerda, atrás da carruagem. Luke estava posicionado na frente dela à direita. Tínhamos tochas na carruagem e meu espírito de luz nos iluminando. Brilhava o suficiente para que nossos inimigos vestidos de preto fossem claramente visíveis. Em outras palavras, não havia uma única parte do campo de batalha que nenhum de nós não pudesse ver.

Talvez ele realmente esteja em cima daquela parede. Devo atingi-lo com uma explosão de magia…? Enviei o espírito de luz pelo ar e examinei a parede ao nosso lado novamente…

— …!

E o localizei.

Não tinha notado nada na primeira vez que olhei para este lado, mas definitivamente havia algo estranho no meio da superfície da parede. Estava coberto por um pano da mesma cor da pedra. Em plena luz do dia, o teria visto imediatamente. Os faróis de um carro poderiam ter revelado isso também, mas as tochas em nossa carruagem simplesmente não iluminavam o suficiente para denunciá-lo. Foi apenas graças ao meu espírito de luz que vi aquele pequeno indício de sombra.

Nós venceremos essa luta.

Sem dizer uma palavra, apontei meu cajado para o pano.

Não havia necessidade de um encantamento. Normalmente, eu anunciava meus feitiços para alertar meus aliados de que os estava usando, mas desta vez não faria isso. Estava convencido de que Auber se esquivaria do meu feitiço se eu dissesse uma única palavra. Porém, não estaria pronto para um ataque furtivo. Quando se planeja surpreender seu inimigo, não se espera que ele o surpreenda.

Canhão de Pedra. Força máxima. Velocidade máxima… Vai!

— Gwooooh?!

Não hesitei nem por um instante e disparei meu feitiço o mais rápido que pude. E, mesmo assim, Auber havia antecipado isso de alguma forma. Talvez fosse puro instinto animal, ou algum sexto sentido que adquiriu ao longo de anos de batalha. No último instante, ele saltou de seu esconderijo e evitou o meu ataque.

Não… ele não evitou completamente. Meu projétil de pedra o atingiu na perna, abrindo um grande buraco através dela. Auber caiu da parede, mal conseguindo um rolamento defensivo ao cair no chão.

— Gaaah!

Sua aparição finalmente colocou a batalha em movimento. Com o canto do olho, vi Eris e Ghislaine se movendo. Luke também notou o que estava acontecendo.

Sem parar, disparei outro canhão de pedra em Auber.

— Tch!

Apesar de sua posição agachada e desajeitada, ele desviou sem dificuldade.

— Traaah!

Luke foi correndo atrás dele, mas Auber plantou a mão esquerda no chão, girou o corpo e desviou bruscamente do golpe. Então, chutou as pernas instáveis ​​de Luke e se moveu para terminar o trabalho imediatamente.

Consegui interromper seu movimento com um canhão de pedra bem colocado.

— Hnngh!

Auber se inclinou para trás como uma mola para evitar o feitiço e finalmente se ergueu do chão. Claramente o homem ainda podia lutar, mas com uma de suas pernas deficiente, sua mobilidade estava severamente limitada.

Ele ficou de pé sobre a perna boa com a firmeza de um flamingo e alterou sua linha de visão de mim para a carruagem, depois para os arredores. Fui obrigado a seguir seu olhar.

A batalha foi decidida nos segundos desde que Auber caiu no chão. Eris, cumprindo sua palavra, já havia derrotado seus dois oponentes, mas estava gravemente ferida. Seu ombro esquerdo pendia frouxamente, e o sangue escorria por seu braço. Ainda assim, ela voltou sua atenção para nós, e seus olhos estavam fixos em Auber.

Ghislaine também havia superado Wi Taa. O halfling havia perdido seu escudo e um de seus braços enquanto Ghislaine não tinha nem um arranhão nela. Quando olhei na direção deles, ela estava avançando para acabar com ele.

Wi Taa gritou “Auberrrr!” a plenos pulmões e jogou algo no chão. O objeto atingiu as pedras com um silencioso fwump, e uma enorme nuvem de fumaça preta subiu em todas as direções.

Orsted tinha me avisado que Wi Taa usava cortinas de fumaça à noite, mas eu não tinha imaginado nada assim. Esta fumaça era realmente espessa. Ele tinha que estar usando algum tipo de item mágico ou implemento.

Enquanto olhava para a névoa negra e profunda, pude ouvir Wi Taa correndo, com Ghislaine na perseguição.

Uma espada de repente corta a escuridão na minha frente.

Eu rapidamente pulei para fora do caminho e, uma fração de segundo depois, Wi Taa passou correndo por mim. Ele estava atrás de mim? Não, ele estava indo para a carruagem!

— Eu farei isso!

No instante seguinte, a porta da carruagem se abriu, e Sylphie rolou enquanto disparava um feitiço. Ela escolheu Tornado de Chamas, uma combinação de feitiços de vento e fogo. Dissipou a fumaça preta instantaneamente e iluminou toda a área com um breve flash de luz.

Imediatamente entendi a situação. Ghislaine, Luke, Sylphie e Eris estavam todos relativamente bem. De relance, percebi Wi Taa desaparecendo em um beco próximo. Ele estava fugindo? Bem… isso não era o fim do mundo, contanto que pudéssemos derrubar Auber.

Mas quando voltei minha atenção para o Imperador do Norte, ele também havia desaparecido.

Onde ele está?!

— Rudeus! — gritou Eris, apontando para cima.

Segui seu olhar e vi Auber subindo a muralha da cidade com suas garras metálicas como uma barata. Ele se moveu a uma velocidade extraordinária, alcançando o topo e desaparecendo completamente. Eu apenas desviei o olhar por um instante, mas não havia chance de alcançá-lo.

Não havia tempo para me culpar por isso, no entanto. Não agora.

— Siga Wi Taa! — gritei, correndo para o beco.

Foi uma decisão precipitada e duvidei de mim mesmo enquanto corria. Poderíamos pegá-lo neste momento? Deveria tê-lo seguido no momento em que o vi entrar naquele beco? O homem tinha perdido um de seus braços. Ele não poderia estar correndo tão rápido naquela condição, com seu corpo tão desequilibrado… mas, novamente, nunca se sabe o que esses espadachins do estilo Deus do Norte poderiam ter treinado para fazer esses movimentos.

Ao dobrar a esquina para o beco, parei abruptamente.

Wi Taa já estava morto.

Ele estava deitado em uma poça de sangue com um buraco na barriga. Era uma causa de morte muito… familiar. Eu mesmo já morri dessa maneira há algum tempo atrás.

Não senti ninguém por perto, mas claramente, alguém esteve aqui alguns momentos atrás.

Alguém chamado Orsted.

— Rudeus! Você o pegou, hein?

Eu me virei. Eris estava atrás de mim. O sangue escorria daquele corte horrível em seu ombro, mas ela tinha um sorriso satisfeito no rosto.

— Hum… sim…

Antes de dizer qualquer outra coisa, estendi a mão para tocar seu ombro e murmurei o encantamento para um feitiço de cura. Realmente era uma lesão terrível. Profunda o suficiente, poderia ter cortado um tendão. Eu sabia que Eris não hesitava em receber golpes na batalha, mas isso não era bom para meus nervos.

— Obrigada — disse ela casualmente, então se virou e gritou para a rua principal. — Este é o Rudeus que conhecemos! Ele finalizou Wi Taa para nós!

Com esse anúncio, todos finalmente exalaram de alívio.

— Me desculpe. Eu só atrasei o resto de vocês.

— Não, eu sou a culpada por isso. Se tivesse acabado com o Wi Taa, Rudeus poderia ter mantido seu foco em Auber…

— Eu provavelmente deveria ter saltado da carruagem um pouco mais cedo.

— Ei, vamos lá! Um deles escapou, mas nos saímos bem!

Enquanto conversávamos sobre o que aconteceu, começamos a trabalhar limpando os corpos de nossos inimigos. Tive alguns arrependimentos. Talvez eu pudesse ter evitado a fuga de Auber se tivesse sido um pouco mais criativo com minha escolha de feitiços. Se não tivesse assumido que sua mobilidade iria desaparecer, poderia ter lançado um Atoleiro imediatamente.

Ainda assim, não fazia sentido insistir nisso. A batalha foi muito breve e um tanto caótica. Dissecar cada pequena escolha que fizemos não era particularmente útil. No final, matamos os Reis do Norte Wi Taa e Nucklegard. Foram dois…. ou três, pelo menos temos menos inimigos para nos preocupar. Auber pode ter conseguido escapar, mas alcançamos nosso objetivo de diminuir as fileiras do inimigo. Parecia certo chamar isso de sucesso.

Agora precisávamos vencer o confronto final também.

 


 

Tradução: Bucksius

Revisão: CastroJr & NERO_SL

 

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