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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 17 – Cap. 01 – A Estrada para Asura

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A viagem de Ranoa ao Reino Asura geralmente levava vários meses, mas, felizmente, tivemos acesso aos círculos de teletransporte.

Nossa primeira parada foi na fortaleza flutuante de Perugius, onde poderíamos nos teletransportar e nossa carruagem para um ponto ao norte da fronteira Asurana. De lá, viajaremos de forma mais convencional até nosso destino.

— Uau! Isso é incrível, Rudeus! Essa cidade é apenas um pontinho daqui de cima!

Eris saltou de seu cavalo em excitação momentos após nossa chegada à fortaleza. Boquiaberta, ela olhou por cima da borda para o chão abaixo, então, com seu olhar pasmado, virou-se para o imponente castelo de Perugius. Ela parecia mais uma criança em um parque de diversões do que uma mulher de vinte anos. Foi definitivamente fofo, mas acho que a maioria de nós também sentiu um pouco de vergonha alheia.

Ainda assim, seu entusiasmo pareceu agradar a serva de Perugius, Sylvaril, que estava esperando por nós na frente do círculo de teletransporte.

— Você gosta da vista da nossa fortaleza flutuante Destruidora do Caos, senhorita?

— É incrível! — Eris respondeu com um grande sorriso. — Nunca vi nada assim antes!

Sylvaril assentiu, parecendo realmente muito satisfeita. Acho que ela tinha um fraquinho pelos tipos “pequeno raio de sol”. Compreensível.

— É gentil da sua parte dizer isso. Permita-me apresentar-me: sou Sylvaril do Vazio, a primeira entre os servos de Lorde Perugius. É um prazer conhecê-la.

— Eu sou Eris Greyrat!

A essa altura, Eris estava lançando olhares ansiosos para o castelo. Aproveitando seu entusiasmo, Sylvaril abriu o caminho, levando-a em uma espécie de tour. O resto de nós seguiu atrás, observando-as enquanto sorria.

Eventualmente, nosso grupo chegou à sala de audiências.

— Ah, aí está você.

Assim como da última vez, encontramos Perugius inclinado em sua cadeira alta com uma expressão altiva e seu leal espírito ao seu lado.

Nós paramos nessa sala para principalmente prestar nossos respeitos. Ariel deu um passo gracioso à frente, pronta para fazer algum discurso formal. No entanto, antes que pudesse dizer uma palavra, Eris se separou do grupo e caminhou até o mestre do castelo.

— E quem seria você? Perugius perguntou, avaliando-a com um olhar.

Tive uma visão de Eris saltando para frente para dar um golpe nele, e um calafrio percorreu minha espinha. O homem era mais indulgente do que você esperaria, mas isso não significava que ele toleraria esse tipo de desrespeito.

Contudo, quando me aproximei para intervir, Eris caiu abruptamente sobre um joelho. — É uma honra conhecê-lo, senhor. Sou Eris Greyrat, que recentemente se tornou esposa de Rudeus. Obrigada por sua hospitalidade.

Eu parei no meio do caminho e pisquei em surpresa.

— Ah. Eu sou Perugius Dola, conhecido como o Rei Dragão Blindado. Conheço você, Eris Greyrat. Você é a chamada Rei da Espada Berserker que desafiou o próprio Orsted, certo?

— Não vale a pena se gabar, senhor, mas sou eu.

— Hm…

Eris estava falando em um tom incomumente humilde, mas as palavras estavam saindo um pouco monótonas e forçadas. Eu estava começando a suspeitar que ela tinha memorizado todas essas falas de antemão.

— Bem, Eris Greyrat, acho sua modéstia bem cativante — continuou Perugius, parecendo genuinamente satisfeito. — Permita-me pedir desculpas por aquele infeliz incidente oito anos atrás, quando meu subordinado atacou você.

Eris olhou para cima com uma expressão confusa. Claramente a garota nem se lembrava do que ele estava falando. — Uh, são tudo águas passadas!

— É mesmo? Meus agradecimentos, então. Você é muito compreensiva.

Rindo baixinho, Perugius acenou com a mão em um nobre gesto de boas-vindas. Eris se levantou e caminhou de volta para nós com um sorriso satisfeito. Eu praticamente podia ouvi-la dizendo: Viram? Eu posso lidar com essas coisas muito bem quando me esforço!

Eris realmente tinha ensaiado a coisa toda. Estava totalmente convencido disso agora.

De qualquer forma, ela parecia ter deixado uma boa primeira impressão em Perugius. Ele não tinha sido tão amigável comigo na primeira vez que nos encontramos. Acho que a franqueza de Eris era naturalmente cativante.

Bem, tanto faz. Pelo menos não virou briga…

— Por favor, sigam-me todos.

Um pouco mais tarde, depois de Ariel ter oferecido sua própria saudação, seguimos Sylvaril de volta para o corredor. O círculo de teletransporte que usaríamos estava localizado um pouco mais atrás daquele pelo qual passamos. Nós o encontramos nos fundos de um grande salão vazio, brilhando fracamente na escuridão.

Sylvaril tomou um tempo para nos dar uma palestra sobre a história do próprio salão, mas vou omitir tudo isso. O mais importante era que esse círculo de teletransporte em particular nos levaria a uma floresta próxima à fronteira Asurana. Perugius tinha vários outros círculos em sua fortaleza, mas este era o que nos deixaria mais próximo do nosso destino.

Infelizmente, não era como se os círculos funcionais permanecessem em todas as cidades do mapa. Todos aqueles na própria fortaleza flutuante foram mantidos ativos pela mana de Perugius, mas para realmente usá-los, o círculo do outro lado também tinha que ser energizado.

Em circunstâncias normais, você teria de garantir que ambos os círculos fossem ativados simultaneamente por pessoas em ambos os lados. O que soou incrivelmente inconveniente. Entretanto, havia uma espécie de solução alternativa, que envolvia um tipo de implemento mágico especial. Supostamente inventados pelo mesmo mago gênio que criou os próprios círculos de teletransporte, esses implementos eram capazes de absorver mana automaticamente de seus arredores para manter os círculos perpetuamente ativos.

No entanto, eles só funcionavam em certas áreas onde o ar estava cheio de mana. Isso naturalmente limitava os locais onde os círculos de teletransporte poderiam ser colocados. Esta foi provavelmente a razão pela qual os círculos que usei na minha jornada para Begaritt, por exemplo, estavam em locais tão inconvenientes, no meio da floresta ou no deserto.

Gerações de pesquisadores acabaram encontrando uma maneira de contornar esse problema. Círculos em outros lugares poderiam ser continuamente alimentados por cristais mágicos, desde que fossem substituídos regularmente. Era uma alternativa manual, comparado ao projeto anterior. O Reino de Asura estava localizado em uma região com densidade de mana muito baixa, então quase todos os seus círculos de teletransporte eram desse tipo mais novo. Eram alimentados quando estritamente necessários e deixados inativos quando não eram; apenas um punhado de pessoas sabia onde os cristais mágicos precisavam ser colocados para ativá-los.

Era um ponto discutível agora, no entanto. Todos os círculos de teletransporte manual e automático em todo o país foram recentemente destruídos por algum desconhecido. O único que sabia a posição deles era o Deus-Homem. E a única pessoa com o poder de destruí-los era o Alto Ministro Darius, que podia convocar forças privadas espalhadas por todo o reino. Esses eram nossos melhores palpites sobre os culpados no momento, pelo menos.

A menos que tivesse um lugar adequado, ferramentas adequadas e amplo conhecimento de círculos mágicos, não existia nenhuma chance de elaborar um círculo de teletransporte. Em outras palavras, não poderíamos ter feito um por nós mesmos dentro de Asura. Teríamos que pegar um caminho um pouco mais longo até nosso destino.

De qualquer forma. Conseguimos elaborar nossos planos de viagem, mas me pergunto como Perugius está planejando aparecer mais tarde. Quando mencionei isso durante nossa audiência, ele ignorou a pergunta, me dizendo que eu não precisava me preocupar com isso.

Pelo menos, Ariel parecia estar ciente dos detalhes. Talvez ele estivesse planejando algum tipo de aparição surpresa dramática.

 

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Entramos no círculo de teletransporte e logo nos encontramos em uma ruína. Sua forma e construção eram muito semelhantes daquela no deserto para o qual eu me teletransportei no Continente Begaritt.

Pelo que Orsted me disse, já houveram muitas estruturas desse tipo em todo o mundo, e muitas das raças se moviam livremente entre os continentes. Após seu uso indevido para fins militares, porém, seu uso e construção foram proibidos. Alguns da Tribo dos Dragões discordaram fortemente dessa decisão. Eles secretamente protegeram vários dos círculos que usavam regularmente com sutis barreiras mágicas, sendo essa a única razão pela qual ainda havia um punhado dessas estruturas por aí. Algumas pessoas simplesmente não dão a mínima para o “bem comum”, eu acho.

Não que eu estivesse reclamando ou algo assim. Graças ao egoísmo deles, poderíamos nos mover pelo mundo com um pouco mais de facilidade.

Saímos da ruína e nos encontramos em uma floresta densa e vibrante. Com base no mapa que estudamos anteriormente, estávamos um pouco a noroeste do estreito vale conhecido como Mandíbula Superior do Wyrm Vermelho.

Infelizmente, tivemos um pequeno problema logo de cara. Nós tínhamos colocado nossa carruagem no círculo de teletransporte de forma excepcional, mas agora não conseguíamos tirá-la das ruínas. Quem imaginaria que isso se tornaria um problema?

Antes que eu pudesse sentir muito desgosto comigo mesmo, porém, os dois atendentes de Ariel começaram a desmontar a carruagem. Pouco a pouco, eles a reduziram a pedaços e os carregaram porta afora. A coisa me pareceu extraordinariamente pequena, mas aparentemente era um modelo que podia ser desmontado.

Amarramos as partes da carruagem em nossos cavalos e seguimos lentamente até a estrada principal, onde a carruagem foi rapidamente remontada. O sol estava se pondo a essa altura, então decidimos montar acampamento nas proximidades e passar a noite lá.

Como estávamos cercados por uma floresta exuberante, era fácil conseguir comida e gravetos. Caçamos alguns monstros parecidos com bestas por sua carne, escolhemos algumas plantas selvagens para temperar e matamos alguns Entes pela sua madeira.

Honestamente, parecia que você não poderia andar três metros neste mundo sem tropeçar em algum tipo de Ente. Até há um morando no meu quintal esses dias. Eles provavelmente iriam dominar o planeta mais cedo ou mais tarde.

Normalmente, um acampamento improvisado como esse significaria se estabelecer no chão, ou talvez em um tronco. Porém, para minha surpresa, um dos atendentes de Ariel estendeu alguns tapetes bonitos e grossos para nos sentarmos. Suponho que a realeza sempre viajava com estilo, independentemente das circunstâncias.

Os atendentes de Sylphie e Ariel cuidaram de toda a comida naquela noite. Quando me ofereci para ajudar, eles gentilmente me enxotaram. Dadas as habilidades superiores de Sylphie, eu provavelmente teria sido mais um incômodo do que qualquer outra coisa. Eu disse a eles para me avisar se precisassem de pratos ou talheres adicionais; era bastante fácil para mim fazer mais desses.

Percebi que estava sem nada para fazer enquanto a comida estava sendo preparada. Pensei brevemente em ficar de guarda, mas Ghislaine e Eris já estavam montando guarda, então não seria muito útil lá também.

Eu não tinha nenhum papel específico a desempenhar nesta viagem. Isso foi realmente a primeira vez para mim. Viajei sozinho por anos e como membro temporário de muitos grupos, mas nunca tinha sido um peso morto total antes.

Nos meus dias de aventureiro, meu grande suprimento de mana significava que eu recebia todos os tipos de trabalhos estranhos. Eu poderia criar pratos e garfos do nada e produzir água potável; esses tipos de habilidades eram altamente valorizados, mas agora que me encontrei em um grupo bem abastecido com dois atendentes que podiam usar magia, de repente eu não tinha nada a fazer a não ser ficar sentado. Parecia um pouco estranho.

Mas, bem, não estava aqui para ser a mão e os pés da princesa Ariel. Minha tarefa era identificar os apóstolos do Deus-Homem e lidar com eles, de uma forma ou de outra.

Atualmente, eu tinha algumas suspeitas sobre o cavaleiro de Ariel, Luke, assim como do ministro Asurano, Darius. Esses eram dois de três. Parecia provável que o terceiro e último apóstolo fosse o Imperador do Norte ou a Deus da Água, que se juntou à causa de nossos inimigos.

Orsted me deu instruções sobre como enfrentá-los, mas antes que eu realmente os encontrasse no campo de batalha, precisava tirar algum tempo para considerar cuidadosamente como essas lutas se desenrolariam na prática.

Olhei para Luke com esses pensamentos passando pela minha mente. Ele estava em posição de sentido ao lado de Ariel, vestido com sua armadura impressionantemente brilhante. Para todas as aparências, ele estava pronto e ansioso para defendê-la de qualquer perigo inesperado.

Havia uma boa chance de Luke ser atualmente um apóstolo do Deus-Homem. Ainda assim, acreditava que ele colocaria sua vida em risco para defender a princesa. Não era como se ser o apóstolo do Deus-Homem fizesse de você seu fantoche leal ou algo assim. Eu sabia por experiência própria como funcionava, o idiota escorregadio lhe daria todo tipo de conselho que parecia útil, apenas para traí-lo no último momento.

Em outras palavras, os apóstolos do Deus-Homem eram geralmente suas vítimas. Mesmo pessoas boas e honestas podem ser enganadas por suas mentiras. Não era culpa de Luke ter um deus maligno manipulando-o. Isso me deixou muito hesitante até mesmo em considerar matá-lo. Além de todo o resto, ele era um membro-chave da facção Ariel, que lhe deu todo tipo de apoio ao longo dos anos. Ele ainda teria um papel crucial a desempenhar, mesmo depois que ela se tornasse rainha.

Claro, o Reino Asura não estaria ajudando Orsted em sua busca por mais cem anos. Luke estaria morto de qualquer maneira, então talvez seu destino não fosse tão significativo. Ainda assim, tinha que ser importante para Ariel ser uma rainha eficiente, certo? Ter Luke por perto pode ajudá-la a manobrar as coisas na direção certa…

Bem, talvez. Ou talvez esse tenha sido um daqueles “pontos de virada” fixos na história. Em outras palavras, se Ariel se tornasse rainha, as coisas dariam certo de alguma forma. E se o Primeiro Príncipe assumisse o trono, estaríamos indo para um final ruim, não importa o quê.

A ideia ainda me parecia muito estranha. A realidade tinha que ser mais complexa do que um roteiro de videogame, certo?

No final das contas, tinha que confiar no conhecimento de Orsted sobre essas coisas. E era difícil dizer se ele me daria uma explicação completa das coisas. Ele nunca entrou em muitos detalhes sobre os eventos cruciais que ocorreriam daqui a um século. Eu o pressionei uma vez sobre a afirmação do Deus-Homem de que suas ações “destruiriam o mundo”, e ele simplesmente disse: “Isso é uma possibilidade, com certeza”.

Honestamente, matar o Deus-Homem parecia ser a única coisa que importava para Orsted. Não tinha a sensação de que ele se importava com o que viria depois disso. E, no momento, não podia me dar ao luxo de me preocupar com o que poderia acontecer daqui a cem anos. Já tinha minhas mãos ocupadas mantendo minha família segura no presente. Isso soa irresponsável? Mesquinho? Sim, provavelmente. Não conseguia me importar, no entanto. As pessoas que vivem no futuro podem lidar com seus próprios problemas.

Ainda assim, me pergunto o porquê meus descendentes se juntariam a Orsted sabendo que sua vitória poderia destruir o mundo. Talvez eles não soubessem. A ideia me fez sentir um pouco mal por eles.

Não faria mal deixar uma mensagem explicando que era uma possibilidade, certo? Provavelmente?

— Rudy, o jantar está pronto! Ghislaine, Eris, venham comer alguma coisa!

Essas palavras interromperam meus pensamentos vagos e me trouxeram de volta à realidade. Eu teria que escrever um bom e longo registro no diário depois que voltássemos de Asura. Tinha a sensação de que algumas dessas coisas poderiam escapar da minha mente de alguma forma.

 

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Ariel retirou-se para sua tenda ao anoitecer. O resto de nós estaria acampando do lado de fora, vigiando a área em turnos alternados.

Havia sete de nós no grupo, além da princesa. Dois de nós eram suficientes para ficar de olho nas coisas, mas teríamos um turno com três pessoas. Decidimos que uma pessoa neste turno deixaria o acampamento e patrulharia a floresta próxima, procurando por algo incomum. Teria que ser alguém capaz de derrotar monstros por conta própria, o que significava eu, Sylphie, Eris ou Ghislaine.

Naquela primeira noite, esse papel ficou para mim.

— Certo, vou dar uma olhada ao redor.

Balancei a cabeça para os outros, me afastei da luz da fogueira e fiz meu caminho para as profundezas da floresta. Logo, eu estava cercado pela escuridão, com nada além de uma tocha para iluminar meu caminho. Podia sentir que não havia inimigos nos arredores, mas ainda era um pouco inquietante.

— Hum…

Depois de cinco minutos de caminhada constante, percorri uma boa distância do nosso acampamento.

Foi quando alguém de repente saiu da escuridão.

Um momento antes, não havia nada na minha frente. E agora eu estava olhando para um homem alto, de cabelos grisalhos, com olhos dourados afiados e um rosto terrivelmente intenso.

Gritando por reflexo, me atrapalhei com minha tocha, quase a deixando cair.

— Ei! Uh… perdoe-me. É bom vê-lo, Senhor Orsted.

— Certo.

Sentei-me em uma raiz de árvore próxima, tentando desacelerar meu coração a mil. Orsted se acomodou em outra, me encarando a uma distância de vários metros. O homem seguiu nossos passos. Eu sabia que esse era o plano o tempo todo, é claro. Perugius provavelmente estava ciente disso também, já que Orsted provavelmente usou o mesmo círculo de teletransporte que nós.

A ideia era que eu fizesse relatórios periódicos a Orsted durante nossa viagem. Os outros poderiam suspeitar se eu desaparecesse por conta própria com muita frequência, então o plano era me encontrar uma vez a cada vários dias, sempre que fosse minha vez de explorar a área.

— Como estão as coisas até agora?

— Luke não fez nada suspeito, e a jornada está indo bem até o momento.

Essas eram as duas coisas que ele me encarregou de monitorar. Mas era apenas o primeiro dia, então não havia muito o que dizer. Orsted claramente também não esperava mais nada.

— Isso faz sentido — disse ele com um aceno de cabeça. — Eu não esperaria que nada acontecesse tão rápido.

— Certo.

— No entanto, fique atento ao passar pela Mandíbula Superior.

— Sim, com certeza.

A Mandíbula Superior do Wyrm Vermelho era um ponto de estrangulamento estreito que conectava o Reino Asura e os Territórios do Norte por meio da alta cordilheira que os separava. Era um caminho único, largo o suficiente para apenas duas carruagens grandes passarem uma ao lado da outra. Orsted quase me matou em uma passagem semelhante ao sul, chamada Mandíbula Inferior do Wyrm Vermelho.

Assim que descêssemos o vale, chegaríamos a uma grande e densa floresta conhecida como Bigodes da Wyrm Vermelha. Este lugar era bem conhecido pelo povo de Asura, embora muitas vezes se referissem a ele como parte da Mandíbula Superior. Esta floresta estava tecnicamente em território Asurano, mas o muro da fronteira física estava localizado logo ao sul. Ali o reino havia construído uma grande fortaleza que isolava completamente a passagem; era ocupado por centenas de soldados a todo momento.

Essa fortaleza tinha vários propósitos. Principalmente, impedir que monstros da floresta vagassem para o sul em território Asurano e desencorajar qualquer tentativa de invasão do norte.

Havia uma outra razão crucial para a sua colocação, no entanto. Aquela floresta ao norte era um lugar muito conveniente para se livrar de pessoas inconvenientes. A floresta Bigodes da Wyrm Vermelha estava essencialmente fora do território Asurano, e a densidade das árvores tornava menos prováveis haver testemunhas. A floresta estava cheia de monstros e gangues de bandidos que atravessavam a fronteira também. Era o lugar ideal para fazer alguém desaparecer.

Supondo que Darius estivesse realmente recebendo conselhos do Deus-Homem, havia uma excelente chance de encontrarmos algum tipo de emboscada lá. Despachar suas forças mais ao norte seria uma violação arriscada do território de outro país, e uma vez que estivéssemos ao sul da fortaleza, qualquer atentado à vida da princesa provavelmente seria testemunhado, e o boca a boca espalharia a história. A floresta era o lugar menos arriscado para ele matar Ariel. Era alí que ele atacaria pela primeira vez.

Ou foi assim que Orsted havia concluído.

— Vou proceder como planejado então? — Perguntei.

— Sim.

Se houvesse um ataque, eu poderia usá-lo para desencorajar qualquer viagem nas estradas principais. Depois de convencê-los de que ir direto para a capital seria muito arriscado, nossa busca por rotas alternativas deve nos levar direto à contratação de Triss e seu grupo de bandidos.

Se não houvesse um ataque, Orsted planejava agir ele mesmo. O que significava uma operação de bandeira falsa1Operações conduzidas para aparentarem ser realizadas pelo inimigo de modo a tirar partido das consequências resultantes., basicamente. Orsted trouxe vários pergaminhos de invocação e cristais mágicos para ativá-los. Os monstros que ele convocaria não eram nativos desta área, então eu poderia argumentar de forma convincente que alguém os havia enviado atrás de nós.

De qualquer forma, as coisas devem funcionar de acordo com nossos planos.

— Se houver um ataque, o Imperador do Norte Auber Corbett provavelmente estará presente. Seja muito cauteloso ao enfrentá-lo.

— Sim. Já passamos por isso, certo?

— É verdade…

Os Asuranos aparentemente contrataram os serviços tanto do Imperador do Norte quanto da Deus da Água, mas havia maior probabilidade de que enviariam o primeiro para nos matar. Segundo Orsted, o estilo de Auber se adequava bem a esse tipo de trabalho sujo. O homem era uma personificação perfeita do Estilo Deus do Norte, tão bizarro e imprevisível quanto parece. Tudo nele era estranho, desde suas roupas até seu penteado e suas técnicas. Eles o chamavam de Lâmina Pavão, e era um mestre em ataques surpresa.

— Não posso deixar de me preocupar — murmurou Orsted.

— Sobre o quê? — Perguntei.

— Você, é claro.

Eu apenas pisquei

— Há uma batalha se aproximando — continuou, — Mas você parece… quase despreocupado.

Despreocupado?

Bem… talvez eu não estivesse tão tenso quanto poderia se esperar, dadas as circunstâncias, mas senti que estávamos preparados para isso. Orsted tinha me dito como lutar contra Auber. Não havia garantia de que ele apareceria, mas se aparecesse, simulei nossa batalha em minha mente muitas vezes nos últimos dias. Sabia que o homem era um oponente perigoso. Não vi como ficar nervoso iria ajudar as coisas. Manter a calma era importante se eu quisesse sobreviver. Não havia garantia de que eu seria vitorioso, mas… provavelmente era melhor ficar relaxado, certo? Provavelmente.

— Leve isso com você, só por precaução.

Orsted tirou alguns pedaços de papel de dentro do casaco. Eram pergaminhos cobertos de círculos mágicos complexos.

— Esta é a magia de cura de nível Rei — explicou quando eu os aceitei. — Você está apenas no nível Avançado, certo? Use-os se for necessário.

 — Oh. Obrigado…

Não saberia dizer de cabeça o que os feitiços de cura de nível Rei faziam. Senti que eram fortes o suficiente para regenerar um membro perdido, se necessário. Minhas habilidades evasivas e defensivas eram um tanto limitadas, e as habilidades ofensivas do meu oponente eram de alto nível. Provavelmente era uma boa ideia ter algo assim na manga.

— Eu nem sabia que existiam círculos mágicos para magia de cura tão avançada.

— Quase todos os feitiços conhecidos podem ser replicados através do uso de círculos.

— Quase? Então, há algumas exceções à regra?

— Sim. Certos feitiços únicos com meios incomuns de ativação, principalmente.

— Como qual?

— O Uivo da Tribo das Bestas, a magia gravitacional dos Rei Dragões… feitiços dessa natureza não podem ser usados ​​sem uma compreensão dos princípios envolvidos.

Uivo tinha que ser o que sempre chamei de magia vocal. Consegui aprender um pouco disso sozinho, o suficiente para assustar as pessoas com minha voz, pelo menos. Era difícil dizer quanto desse efeito veio da própria magia, no entanto… ter alguém gritando com você é meio surpreendente em geral.

— Você disse que o seu eu do futuro conseguia usar magia de gravidade, certo? — Orsted continuou. — Isso deve ter levado muito tempo e esforço. Você deve estudar as formas, entendê-las completamente e aprender como colocá-las em prática.

— As pessoas, uh… dizem que você é capaz de usar basicamente todo tipo de magia. Você pode lançar feitiços de gravidade sozinho?

— Eu posso. No entanto, eles não são especialmente úteis para meus propósitos.

Isso é tão Orsted. Sério, por que eu me incomodei em perguntar?

— Você aprendeu todos os seus feitiços e técnicas um por um? Você não nasceu sabendo de tudo isso, não é?

— Não. Tive que aprender tudo o que sei ao longo do tempo.

Hum. No momento, eu só podia imaginar vagamente os princípios por trás da magia da gravidade. Nem sabia o que a magia implicava, exatamente. Mas se passasse tempo suficiente tentando entender, talvez acabasse encontrando alguma maneira inteligente de tornar um objeto sem peso ou algo assim.

Contudo, não tinha tempo para perseguir algo que poderia nunca descobrir. Para o futuro imediato, precisava me concentrar na tarefa em mãos. Esse tipo de coisa podia esperar até que eu tivesse algum tempo sem preocupações.

Certo. Mais alguma coisa que eu precise perguntar…? Ah, talvez Luke.

— Só uma última coisa, Senhor Orsted. No caso de Luke se provar um apóstolo do Deus-Homem, você está me deixando decidir se pouparei sua vida, correto?

— Sim.

— Digamos que eu o poupe, e Ariel consiga se tornar rainha. O que você acha que aconteceria com ele nesse cenário?

— Nada em particular. Quando chegarmos tão longe, isso significará sua libertação da maldição do Deus-Homem.

— O Deus-Homem só pode ter três apóstolos ao mesmo tempo, certo? Podemos realmente deixar um ir e apenas ter esperança que ele pare de controlá-los?

— Não há necessidade de se preocupar com isso. O Deus-Homem só pode influenciar um apóstolo até que sua previsão de seu futuro se torne clara.

Espere, o quê? Você não poderia ter mencionado isso um pouco antes, chefe? Isso parece meio importante! Isso não significa que ele poderia de repente trocar um apóstolo no meio de uma briga ou algo assim?

— Além disso, sua previsão é limitada pela presença de certos pontos de virada. Nesse caso, o resultado dependerá da tentativa de Ariel de derrotar Darius e Grabel. O Deus-Homem não pode ver o futuro dos jogadores no passado ainda.

— Então isso significa que… ele não vai mudar de apóstolo até que o resultado seja decidido?

— Exatamente.

Certo. Seria bom saber disso antes. Bem… pelo menos ele me disse agora, eu acho. Não adianta fazer uma reclamação sobre isso.

Então. Até que essa luta pelo poder fosse completamente resolvida, os apóstolos do Deus-Homem não mudariam. E uma vez que tudo acabasse, eles naturalmente estariam livres de seu controle… embora fosse possível que ele pudesse alcançá-los novamente mais tarde para usá-los em algum outro esquema.

Em outra nota: parecia que não importava o que acontecesse, o Deus-Homem não poderia aceitar um novo apóstolo até que chegássemos ao ponto de virada. O que significava que matar um deles reduziria o número de peões à sua disposição por enquanto.

Definitivamente a escolha mais inteligente era tirá-los de jogo, se possível.

— Certo… eu deveria voltar agora. Eles podem ficar desconfiados se eu demorar muito.

— Muito bem.

Levantei-me, e a primeira de nossas reuniões regulares foi encerrada. Corri de volta para a fogueira e relatei que não tinha visto nada incomum. O próximo turno logo tomou nossos lugares, e eu escorreguei para debaixo do meu cobertor.

O primeiro dia de nossa viagem havia passado sem intercorrências.

 


 

Tradução: Bucksius

Revisão: Nero_SL & Guilherme

 

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