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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 15 – Cap. 13 – Explicações

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Eu precisava recuar um pouco e rever tudo isso.

Primeiro de tudo, Orsted era um membro da antiga raça Povo Dragão, trazida para esta era do passado distante por um método especial de reencarnação.

Havia duas outras coisas incomuns sobre ele: ele foi amaldiçoado e estava sob a influência de uma “arte secreta”. A maldição fez todos no mundo o desprezarem. A arte secreta fez com que sua mana se regenerasse muito lentamente, mas o escondeu dos olhos do Deus-Homem e também o deixou ver o futuro em traços amplos e gerais.

Por que ele veio aqui do passado, maldição e tudo?

Começou quando o Deus-Homem assassinou o primeiro Deus Dragão. Todos os muitos Deuses Dragão seguintes viveram apenas para buscar vingança; destruir o Deus-Homem era um objetivo compartilhado por todo o Povo Dragão. Como filho do primeiro Deus Dragão, Orsted viajou para o futuro a fim de realizar esse sonho.

— É isso mesmo?

— Sim. Você certamente entendeu tudo isso rapidamente.

— A propósito, há quanto tempo você reencarnou?

— Ah… foi há cerca de dois mil anos, eu acredito.

Dois mil anos? Ele vive neste corpo há tanto tempo? Nossa.

De qualquer forma… sua história era coerente o suficiente, mas algo sobre isso parecia um pouco estranho de alguma forma. De onde exatamente vinha esse sentimento? Talvez a parte sobre ele não regenerar mana? Perugius tinha um feitiço de invocação que poderia drenar mana de seus oponentes, e eu tinha que presumir que Orsted também poderia usar isso. Isso não resolveria o problema por si só?

Hmm. Não, deve haver alguma razão para não funcionar. Talvez você não pudesse armazenar essa mana permanentemente dentro de si mesmo.

Bem, e quanto ao intenso ódio do Orsted pelo Deus-Homem? O fato de o Deus-Homem ter matado seu pai era uma explicação sólida no papel, mas, de alguma forma, sua animosidade parecia muito intensa para que essa fosse sua única causa. Não tive a sensação de que Orsted estava tão obcecado com a memória do pai, na verdade.

— Tenho a sensação de que você tem um forte ódio pessoal pelo Deus-Homem, Orsted. Há alguma razão para isso que você ainda não mencionou?

— Quem não desprezaria aquele pedaço de imundície?

— Faz sentido.

Ao longo de dois mil anos, o Deus-Homem provavelmente havia feito todos os tipos de coisas horríveis a Orsted. Mesmo que ele não pudesse falar com Orsted diretamente, ainda poderia enviar mensagens para ele por meio dos outros. Hmm… talvez a condição atual de Orsted tenha algo a ver com o conflito entre seu pai e o Deus-Homem, também?

Enfim! Havia algumas coisas que eu ainda não entendia completamente, mas provavelmente sabia o que precisava sobre o passado do Orsted neste momento. Seja o que for, ele definitivamente tinha algo que o motivava a lutar contra o Deus-Homem. Isso fez dele o inimigo do meu inimigo.

Havia muitas outras perguntas que eu precisava fazer também. Por exemplo…

— Durante nossa batalha anterior, você mencionou que eu possuo algo chamado Fator de Laplace. Você poderia explicar o que é isso?

— O quanto você sabe sobre Laplace?

— Bem, eu sei que ele causou uma grande guerra quatrocentos anos atrás, na qual a humanidade quase foi derrotada. As pessoas dizem que ele tinha uma imensa quantidade de mana, mas era incapaz de usar a Aura de Batalha. Hum… embora ele fosse muito poderoso, Lorde Perugius finalmente o selou com a ajuda de dois companheiros… Ah, e ele traiu os Superd.

Eu tinha ouvido um monte de outros rumores sobre o homem, mas aqueles pareciam ser os pontos mais importantes.

— Isso é tudo?

— Ah, é mesmo. Ouvi dizer que ele supostamente será ressuscitado em breve.

— Você sabia que essa ‘ressurreição’ será realizada por meio da técnica de reencarnação do Povo Dragão?

— Huuum… não, acho que isso é novidade para mim… Espera. O Deus-Homem pode ter mencionado isso, na verdade.

Minha memória estava um pouco confusa nesse ponto. De qualquer forma, a palavra reencarnação, com certeza, surgiu muito nesta conversa…

— Hmph. Depois vou querer ouvir tudo o que aquela criatura discutiu com você… ou tentou fazer você acreditar.

— Claro.

— Por enquanto, no entanto, vamos discutir Laplace.

Eu podia sentir Eris irradiando irritação do assento ao meu lado com a mera menção desse nome. Eu entendia. Nós dois éramos bons amigos de Ruijerd, e Laplace era seu inimigo mortal. Isso fazia de Laplace nosso inimigo também.

Ainda assim, eu precisava ter certeza de manter a calma aqui, não importa o que Orsted dissesse a seguir. Ficar brava era o trabalho da Eris, e acalmá-la era o meu.

— O Deus Demônio Laplace, como você deve conhecê-lo, é de fato a concha lamentável de um homem outrora conhecido como o Rei Dragão Demoníaco —, Orsted continuou em um tom prático.

— O… Rei Dragão Demoníaco?

— De fato. Ele era do antigo Povo Dragão.

Espera, o quê? Ele não era o Deus Demônio? Isso significa que ele tem que ser um demônio, certo?

— O Rei Dragão Demoníaco Laplace estava entre a primeira geração dos Cinco Generais Dragão.

Ok, eu já tinha ouvido falar desses caras antes. Eles já estiveram sob o comando do Deus Dragão, mas acabaram traindo ele… e supostamente, sua batalha terminou sem ninguém ficasse de pé.

— Laplace escapou da destruição do mundo dos dragões e vagou por este na busca de uma missão singular. Naquela época, ele era conhecido como o segundo Deus Dragão.

Então o cara era um Rei Dragão, um Deus Dragão e um Deus Demônio? Eram títulos demais. Estava começando a ter dor de cabeça.

— Ele trabalhou febrilmente para desenvolver alguns meios de destruir o Deus-Homem. Chamando-se de Deus Dragão, reuniu seguidores talentosos para ele, ensinando-lhes todas as artes que conhecia; e ao longo de muitos anos, desenvolveu suas técnicas ainda mais. Tudo para que eu, o mais forte do Povo Dragão, pudesse herdar seu legado quando renascesse no futuro distante.

Uau! O mais forte? E tão modesto também!

— Mas, na Segunda Guerra Humano-Demônio, Laplace enfrentou o Deus Lutador, um apóstolo do Deus-Homem. E naquela batalha, sua alma foi dividida em duas.

Esta era outra história que eu tinha ouvido em algum momento. No final daquela guerra, o Cavaleiro Dourado Aldebaran supostamente enfrentou o Grande Imperador do Mundo Demoníaco. Kishirika mais tarde me disse que era realmente uma batalha entre o Deus Dragão e o Deus Lutador… então, se Laplace era o Deus Dragão naquela época, aquele cara, Aldebaran, deve ter sido o Deus Lutador.

Hmm. Isso não significaria que Laplace estava lutando ao lado dos Demônios?

— Assim dividido, Laplace perdeu suas memórias. Metade dele se tornou o Deus Demônio, que odiava a humanidade além de toda a razão. E o outro se tornou o Deus da Técnica, que buscou a força para destruir deuses.

Oh, agora o Deus Demônio finalmente apareceu. Junto com o Deus da Técnica. Eu parecia me lembrar que ele era o maior dos Sete Grandes Poderes…

— Hã? Espere, então o Deus da Técnica também é Laplace?

— Sim.

Uh, isso pareceu uma grande revelação. Estava tudo bem se Orsted me contasse tudo isso? Gah! Isso era muita informação de uma só vez. Nem consegui processar tudo. Orsted era o filho do primeiro Deus Dragão, mas Laplace era o segundo Deus Dragão?

Vamos ver se consigo entender isso…

Primeiro de tudo, o Deus Dragão original enviou Orsted ao futuro para matar o Deus-Homem.

Laplace era um dos Cinco Generais Dragões neste momento, mas ele permaneceu leal ao Deus Dragão ou se juntou a ele depois de perceber que o Deus Homem não era bom. Ele sobreviveu à morte do Deus Dragão e à destruição de seu mundo, e fugiu para este.

Uma vez que ele estava aqui, Laplace começou a vagar pelo mundo, ensinando as gerações de Deuses Dragão seus segredos e aperfeiçoando suas técnicas para que ele pudesse acabar com o Deus-Homem algum dia no futuro. Então o Deus-Homem colocou o Deus Lutador contra ele e pôs um fim nisso. Mas Laplace teve sorte… ou talvez usou alguma técnica de última hora para se salvar. Embora estivesse dividido ao meio e perdesse a memória, ele conseguiu viver como dois indivíduos separados…

Essa era a ideia geral, certo? Provavelmente? Eu não estava muito confiante de que tinha acertado todos os detalhes.

— Hmph!

Olhei para Eris, que estava de cara feia e irritada. Eu reconheci como seu padrão de: Eu não entendi uma única palavra disso! Foi um alívio saber que eu não era a pessoa mais confusa da sala.

Orsted ainda não havia terminado de falar.

— O Deus Demônio Laplace, despojado de sua essência dracônica, reteve duas coisas: a crença de que seu propósito era matar todos os humanos e seu enorme conhecimento das artes mágicas. E assim, ele uniu os Demônios para erradicar a humanidade.

— O Deus da Técnica Laplace, despojado de seus poderes mágicos, em vez disso, manteve seu vasto tesouro de habilidades — e uma vaga, mas poderosa, compulsão de transmitir seu conhecimento aos outros. Consequentemente, ele criou os Sete Grandes Poderes e se dedicou ao refinamento de suas técnicas.

O Deus da Técnica criou os Sete Grandes Poderes… sim, acho que já ouvi falar disso antes. Fez algum sentido, já que ele era o número um da lista.

Espere um segundo, no entanto. A Segunda Guerra Humano-Demônio não foi… há cinco mil anos ou algo assim?

— Como sabe de tudo isso, Senhor Orsted? Quando você reencarnou há dois mil anos, a Segunda Guerra Humano-Demônio havia terminado há muito tempo. Laplace já havia perdido as memórias, certo? Quem poderia ter lhe contado sua história?

— Descobri os escritos pessoais de Laplace em uma antiga ruína do Povo Dragão.

— Ah. Entendi…

Laplace deve ter mantido bons registros antes de perder a memória. Pena que nenhum de seus eus atuais se deparou com eles…

— Agora, então, devemos voltar ao assunto de seu suprimento abundante de mana?

— Como queira.

— O primeiro Deus Dragão criou algo conhecido como a Arte da Reencarnação. É um meio de enviar sua alma para o futuro e assumir o corpo de outro ser, como uma forma de renascimento.

“…”

A maneira como ele formulou isso pareceu… um pouco perturbadora.

— No entanto, o corpo e a alma são normalmente quase indivisíveis. Uma alma estrangeira seria rejeitada pelo corpo instantaneamente, fazendo com que a Arte falhasse. Foi por essa razão que o primeiro Deus Dragão injetou elementos de si mesmo em vários indivíduos. Os filhos daquelas pessoas herdaram esses aspectos dele, e foram ligeiramente alterados por eles. Seu plano era produzir um recipiente ideal para sua alma, mesmo que levasse centenas ou milhares de anos de mudanças lentas e constantes.

“…”

— A própria reencarnação ocorre quando um corpo perfeitamente adequado à sua alma é concebido. Você então toma o lugar da alma que de outra forma teria nascido e emerge um recém-nascido. Vários do Povo Dragão chegaram a esta era por meio desta mesma técnica. Perugius está entre eles, embora não se lembre de nada de sua última vida, pois a deixou enquanto ainda era criança.

Então, a reencarnação… envolvia roubar o corpo de um bebê, basicamente. Sobrepondo sua alma.

Encarei as mãos. Eu mesmo fui reencarnado. Isso significava que eu tinha roubado esta vida do verdadeiro Rudeus Greyrat?

— Está me escutando?

— Hã? Ah. Sim. Claro.

Quando olhei para cima, descobri que Orsted estava estudando meu rosto de perto.

— Voltemos à história de Laplace. O Deus Demônio perdeu sua sanidade no momento de sua fragmentação, mas parece que ele se lembrou dos detalhes da Arte da Reencarnação, ou talvez tenha encontrado algum registro disso. Depois que Perugius o derrotou, mas antes que seu corpo fosse selado, ele liberou muitos aspectos de si mesmo no mundo — e enviou sua alma para o futuro.

“…”

— Nos dias de hoje, os indivíduos que carregam esses Aspectos e compartilham certos traços com ele estão aparecendo em número crescente. Alguns possuem grandes suprimentos de mana e uma grande proficiência em magia; outros nascem com cabelos verdes, ou mesmo possuindo Olhos Demoníacos.

Conheci alguém que preencheu muitos desses critérios. Cabelo verde, muita mana e um talento para magia… isso era tudo, exceto o Olho Demoníaco.

— Isso significa que Sylphie tem um Aspecto?

— Sim, Sylphiette é uma daqueles a que me referia. Embora seu cabelo pareça ter ficado branco agora, por algum motivo…

— Mas ela não é realmente a reencarnação de Laplace, certo?

— Claro que não. Ele não poderia renascer como uma mulher.

Foi um alívio ouvir isso. Mas agora que pensei nisso… havia um candidato mais provável do que Sylphie para considerar.

— Você acha que eu também tenho um Aspecto, certo?

— Quase certamente. Um corpo capaz de conter tanta mana não poderia ter surgido de outra forma.

— Sabe, eu sempre pensei que aumentava minha capacidade de mana treinando muito quando criança.

 — Isso é verdade, claro. Seu corpo simplesmente tinha o potencial de conter grandes quantidades de mana. Se você não tivesse praticado magia desde cedo, provavelmente teria acabado com apenas um pouco mais do que uma pessoa comum, muito parecido com Sylphiette. Sua enorme capacidade de mana é o resultado de seu próprio trabalho árduo, e você tem todo o direito de se orgulhar disso.

Isso foi um elogio? Talvez eu devesse estufar meu peito um pouco…

— Hum, só para ser claro. Eu também não sou a reencarnação de Laplace, sou?

— Não. Levará décadas até que ele renasça, eu espero.

Bem, é bom ao menos perguntar. E fiquei aliviado por finalmente ter uma resposta clara sobre por que eu tinha tanta magia para usar.

Eu me senti um pouco culpado pelo fato de estar basicamente tomando emprestado os poderes de Laplace, considerando minha amizade com Ruijerd… mas ei, é tudo sobre como você o usa, certo?

Para ser honesto, havia outra coisa que estava me incomodando mais.

—…

Orsted me observou em silêncio por um tempo, depois soltou um pequeno suspiro.

— Não há necessidade de se sentir culpado. Eu sei que você é um reencarnado, mas nenhum Rudeus Greyrat existe em minhas memórias.

— Você poderia elaborar um pouco?

— Aqueles que herdam um Aspecto de Laplace geralmente possuem um grande potencial mágico mesmo quando crianças. E seu corpo é capaz de conter uma quantidade particularmente grande de mana. Não seria nenhuma surpresa se uma alma recém-nascida frágil não tolerasse tal hospedeiro.

— Desculpe, o que isso significa, exatamente?

— A criança provavelmente teria nascido morta, se você não tivesse assumido seu corpo.

Ah.

Bem… tudo bem então. Desde que eu não tenha assassinado o verdadeiro Rudeus. Não queria pensar que tinha roubado uma vida com tanta felicidade, sabe? Mas se a alternativa à minha chegada fosse Paul e Zenith chorando por seu primeiro filho, então foi melhor. Era hora de deixar essa linha de pensamento deprimente para trás. Eu era filho de Paul e Zenith — o único Rudeus Greyrat.

Com esse assunto resolvido, decidi passar para a minha próxima pergunta ardente.

— Hum, ouvi dizer que o Incidente de Deslocamento aconteceu como resultado da invocação de Nanahoshi. Você acha que poderia explicar com mais detalhes?

— Há muito sobre esses eventos que ainda não entendo. Isso nunca aconteceu antes.

— Bem, eu sou um reencarnado, e eu estava perto do epicentro do desastre quando aconteceu. Sinto que há alguma chance de eu ter causado isso, de alguma forma…

— O quê…?

De repente, Eris estendeu a mão para debaixo da mesa e agarrou minha coxa. Quando olhei, a encontrei olhando para mim e balançando sutilmente a cabeça. Em uma tentativa de tranquilizá-la, cheguei atrás dela com minha mão… e comecei a acariciar sua bunda. Seu traseiro, ao mesmo tempo macio e musculoso, oferecia um toque requintado. Ai, ai, merda, minha coxa! Não belisque! Não belisqueeee!

— Não posso negar a possibilidade, admito. Você, Nanahoshi e o Incidente de Deslocamento são todos… novos acréscimos à história.

Deus, eu pensei que ela ia arrancar um centímetro de músculo da minha perna…

Olhei para o rosto da Eris. Ela estava olhando para mim com uma expressão que dizia: Esta é uma conversa séria, lembra?! Em letras grandes e nítidas. Foi bom ver que ela aprendeu um pouco a ler a sala.

De qualquer forma, parecia que Orsted também não sabia muito sobre o Incidente de Deslocamento. Nanahoshi tinha surgido com algumas teorias estranhas por conta própria, mas… não havia necessidade de entrar nisso agora. Na verdade, senti como se tivesse feito perguntas suficientes para um dia. Minha cabeça estava prestes a explodir com novas informações. Se eu mantivesse essa conversa por muito mais tempo, não tinha certeza se seria capaz de entender qualquer coisa que Orsted me dissesse. Melhor continuar de onde parei em outra hora.

— Não sei se será útil, mas tenho algumas informações do futuro que gostaria de mostrar a você.

— Você tem?

— Hum… sim, eu acho. Olha isso aqui.

Entreguei o diário do futuro a Orsted. Ele o abriu e rapidamente folheou as primeiras páginas; mas depois de alguns momentos, ergueu os olhos com a testa franzida.

— Levará algum tempo para eu ler tudo isso. A caligrafia é bastante pobre.

 — Bem, não tem problema…

Minha caligrafia era tão ruim assim? Nanahoshi disse exatamente a mesma coisa. De qualquer forma, não era justo esperar uma ótima caligrafia de um diário. Mas eu teria que levar as coisas bem devagar da próxima vez que escrevesse uma carta para alguém.

— Ah, é mesmo. Antes de entrarmos nisso, posso perguntar outra coisa?

— O que é?

Parei por um momento. Era uma boa ideia trazer isso à tona? Orsted me tratou muito melhor do que eu esperava até agora… mas senti que estava prestes a abusar da sorte.

— Sabe, uh, senhor…

— Não há necessidade dessas formalidades.

— Bem, Orsted… Senhor… Serei seu subordinado de agora em diante. Correto?

— Sim. Contanto que você aceite esse papel.

— Certo. Então, hum… isso é muito estranho, realmente, mas… — Olhei para Eris e continuei. — Podemos discutir os termos do meu emprego?

— Seu… emprego?

— Sim. Eu tenho uma família agora, como você sabe… e se possível, bem… eu gostaria de ter algum tempo de folga. Para passar com eles. De vez em quando, pelo menos.

Não me entenda mal. Eu estava pronto e disposto a trabalhar duro por esse homem. Dito isso… às vezes você precisa de uma pausa para se lembrar para o que está trabalhando, certo? Eu queria tempo para ver Lucie, ensinar minhas irmãs mais novas, apreciar a comida da Lilia, aproveitar o sol com Zenith, dar amassos na cama com Sylphie, Roxy e Eris. Isso era pedir demais?

— Isso pode depender do seu desempenho, Rudeus Greyrat.

— Ah. Certo. Claro.

Besteira. Talvez fosse.

Desculpe, Lucie! Papai vai trabalhar longe de casa! Voltarei assim que salvarmos o mundo do Deus-Homem, está bem? Adeus por enquanto! Certifique-se de comer todos os seus vegetais!

— No entanto, não sou como Atofe. Nunca foi minha intenção afastá-lo da família que você arriscou tudo para proteger. E não tenho nenhum plano de te arrastar comigo por anos a fio… atualmente, pelo menos.

— Espera, sério? É um alívio ouvir isso.

Ufa. Pelo som das coisas, vou ter alguns dias de folga, afinal. Estar separado das pessoas que eu amo teria sido… desafiador, para dizer o mínimo. Mantê-las seguras era minha principal prioridade, mas também queria estar perto delas.

— Há mais alguma coisa que você queira de mim?

Os olhos do Orsted estavam fixos em mim em algo que parecia muito com uma encarada. Eu poderia realmente dizer sim a essa pergunta? E se ele ficar com raiva de mim?

Não, não. Eu precisava ganhar coragem. Esta era minha única janela de oportunidade. Nós não tínhamos um contrato ou qualquer coisa, por isso, era crucial resolver essas coisas com antecedência.

— Hum, tudo bem se eu perguntar mais?

— Farei o meu melhor para atender às suas necessidades.

Ooh, isso soou promissor. Hmm. Pedir um salário seria ir longe demais?

Quero dizer, não era tão irracional. Se você quer que alguém faça um trabalho com responsabilidade, você paga por isso. Ao pegar seu dinheiro, eles aceitam a responsabilidade pelo trabalho. Qualquer um que trabalhe de graça o fará de forma irresponsável… ou algo assim que eu li em algum mangá uma vez.

Naturalmente, eu queria ser um subordinado responsável do Orsted. E certamente tirar algum dinheiro dele seria a maneira perfeita de demonstrar isso.

— Hum, então… já que vou ficar muito tempo fora de casa, minha família vai perder uma de suas rendas. Eu não levava muito para casa para começar, e… bem, na verdade, tive algumas despesas, uh, me preparando para a nossa batalha no outro dia. Ainda temos algumas economias por enquanto, mas posso vê-las acabando qualquer dia desses. Se eu não estiver trabalhando, provavelmente teremos que reduzir um pouco o cardápio do jantar. E temos um monte de crianças em crescimento…

— Você quer dinheiro, então?

— Bem, claro, se você quiser ser franco sobre isso! Heheh.

Enquanto eu ria maldosamente por puro constrangimento, Orsted enfiou a mão no casaco e tirou algo que ele então jogou casualmente na mesa à minha frente. Era uma adaga… não, uma espada curta… em uma bainha lindamente ornamentada.

— Esta é uma das 48 espadas mágicas criadas a partir dos ossos do Rei Dragão Kajakut pelo famoso Demônio ferreiro Julian Harisco. Seu nome é Eminência, e pode ser vendida por 100.000 moedas de ouro Asurano ou mais. Isso deve durar por um tempo.

— U-Uau!

Ele acabou de dizer cem mil? Uma moeda de ouro Asurano vale o que… algo como cem mil ienes, certo? Então isso seria… dez bilhões de ienes?! Um cara poderia viver com isso tudo de dinheiro pelo resto de sua vida! Inferno, você provavelmente poderia construir um castelo!

— Você precisa de mais?

— N-Não, claro que não.

Caralho. O que esse cara espera que eu faça em troca de algo tão valioso? Oh, certo… ele quer que eu lute contra o Deus-Homem. Acho que isso me tornou um mercenário. Mas, por alguma razão, receber tanto para fazer o trabalho fez parecer um pouco mais assustador.

Havia uma espécie de questão prática aqui, no entanto. Como eu ia transformar essa coisa em dinheiro? Quem diabos iria realmente gastar tanto dinheiro em uma única espada? Parecia o tipo de coisa que a família real Asurana poderia fazer. Talvez eu devesse tirar um pouco da riqueza dos irmãos da Ariel?

— É só que, b-bem… Acho que pode ser difícil encontrar alguém que possa pagar um preço justo por essa espada por aqui…

— Hm… Entendi. Tem razão. Talvez isso seja preferível, então.

Desta vez, Orsted pegou uma pequena bolsa de couro. Quando ele a deixou cair descuidadamente na mesa, ela estalou como pedregulhos em uma lata. Peguei e olhei para dentro. Estava cheio de pedras transparentes em todos os tipos de cores vivas.

— Essas são… joias?

— São pedras mágicas. Escolhi um número de pequenas com cores particularmente vívidas. Venda-as a qualquer Guilda dos Magos e você sairá com uma quantia considerável.

Eram todas pedras mágicas coloridas? Essas coisas não eram muito raras? Ao contrário daquela espada lendária, estas não eram tão valiosas, mas eu provavelmente poderia financiar uma boa década de vida decadente com isso.

Eu estava começando a me sentir um pouco nervoso sobre aceitar tudo isso. Não pude deixar de lançar um olhar incerto em direção a Orsted.

— Você precisa de mais? — ele perguntou calmamente.

O quê?! Você ainda tem mais dinheiro?

Não, não. Qualquer outra coisa seria… assustadora neste momento.

— Não. Isso deve estar bom por enquanto, obrigado…

Eu cuidadosamente escondi a espada curta e as pedras mágicas. Parecia meio desconfortável apenas tê-las em minhas roupas… quase como se eu estivesse carregando explosivos ou algo assim. Talvez eu pudesse pedir a Eris para pegar a espada, pelo menos…

— Muito bem então, – disse Orsted com um aceno de cabeça. — vou começar a ler este diário. O que você pretende fazer nesse meio tempo?

— Eu poderia esperar você terminar.

— Acredito que vou levar um dia inteiro para terminar isso.

— Hmm, certo. Bem, eu não sei. Ainda é muito cedo… talvez devêssemos continuar nossa conversa por enquanto?

— Parece que você considera esse diário importante, então eu prefiro lê-lo primeiro.

Era difícil dizer o quão importante era realmente neste momento. Mas achei que valia a pena tê-lo dando uma olhada nisso, pelo menos. Orsted tinha a capacidade de ver o futuro, mas apenas de uma maneira vaga. Ao comparar seu conhecimento com os detalhes naquele diário, havia uma chance de ele descobrir algo valioso.

— Tudo bem então. Acho que vou voltar para casa por enquanto e voltar amanhã.

— Muito bem.

— Aliás, você planeja passar a noite aqui?

— Sim, eu vou.

— Certo. Sem problemas.

Com um aceno respeitoso para Orsted, saí da cabine e me virei para a cidade de Sharia.

 

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Sob a luz quente da tarde, fiz meu caminho ao longo da estrada de volta para casa, ficando apenas alguns passos atrás de Eris. Graças a todas as coisas complicadas que discuti hoje, minha cabeça estava mais pesada do que o normal. A única coisa que meu cérebro cansado era capaz de se concentrar era no par de nádegas bem torneadas na minha frente.

A bunda da Eris era incrível. Eu nunca tinha visto uma síntese tão perfeita de músculo e gordura. De alguma forma, era compacta e rechonchuda. A garota tinha curvas, certamente. Isso era provavelmente o que as pessoas queriam dizer quando falavam sobre “apelo sexual”.

Aliás, as calças da Eris eram bem apertadas ao redor de sua bunda, o que enfatizava sua forma de uma maneira agradável. Elas deixaram bem claro o quanto de volume ela tinha lá. Como exatamente você chamaria essas coisas, afinal? Meia-calça? Legging? Não era um estilo que você via muito por aqui… Hmm. Elas eram feitas de algum tipo de couro? Não, pareciam muito flexíveis para isso… talvez fosse tecido em vez disso?

Senti que tocá-las seria a maneira mais rápida de verificar. Sim, pareceu uma excelente ideia. Eu poderia perder a consciência por um tempo, mas esse era um pequeno preço a pagar por resolver um mistério tão profundo.

Tudo bem, Eris… Você pode evitar minha nova técnica, a Apalpada de Luz?

— Rudeus…

Eris de repente se virou e eu apressadamente olhei para cima, a fim de encontrar seu olhar.

— Você ainda é o Rudeus, certo?

Como sempre, havia uma irritação enigmática em seu rosto. Pelo tom dela, no entanto, eu sabia que ela devia estar falando sobre todo aquele negócio de reencarnação que discutimos anteriormente.

— Sim. Parece que eu tenho aquela coisa do Fator de Laplace misturado dentro de mim em algum lugar, mas ainda sou a mesma pessoa que era ontem.

— Então, nada está realmente diferente agora, certo?

— Sim. Aprendi algumas coisas novas sobre mim, só isso. Não mudei nem um pouco.

Mantive minhas respostas simples e diretas, sem desculpas ou justificativas. Para ser honesto, não tinha certeza se Eris estava acompanhando minha conversa com Orsted. O homem parecia sentir que a reencarnação era um fenômeno perfeitamente comum e cotidiano. Já li ficção científica suficiente na minha vida anterior para dar sentido às suas explicações. Mas sem esse tipo de conhecimento prévio, poderia ter sido quase incompreensível.

Então, de novo… Eris tinha cerca de vinte anos agora. Ela tinha ultrapassado a idade em que se podia viver sem pensar por si mesmo. Havia uma parte de mim que queria que ela ficasse sem noção para sempre, mas isso era apenas um sonho estúpido e egoísta.

— Hmm… Eris assentiu com minhas palavras, embora fosse difícil dizer se ela realmente as entendia. — Você quer que eu mantenha isso em segredo de Sylphie e Roxy?

 — Se não se importar, sim. Prefiro dizer a elas eu mesmo, quando for a hora certa.

Em resposta, Eris deu três passos rápidos à frente, então parou abruptamente.

O sol poente estava atrás dela agora, desenhando sua silhueta contra o céu noturno; seu cabelo brilhava como rubis enquanto a luz passava por ele. Mesmo na sombra, seus traços faciais marcantes e olhar intenso eram hipnotizantes.

Droga. Ela é realmente linda.

— Tudo bem — disse ela. — Você tem que segurar minha mão, então.

Eris estendeu a mão e eu a peguei sem falar nada. Era tão adorável de se olhar quanto o resto dela. Era calejada e um pouco dura no lado. Muito diferente das mãos da Sylphie ou da Roxy.

Quente e forte, aquela mão se enrolou em torno da minha. Eu a apertei firmemente de volta e comecei a andar.

Esta era a primeira vez em eras que eu andei lado a lado com Eris. Por alguma razão, foi o suficiente para me fazer muito feliz.

E quando meus pensamentos se voltaram para o novo capítulo da minha vida que começaria amanhã, meu coração latejou ligeiramente — de emoção.

 


 

Tradução: Ouroboros

Revisão: Delongas

QC: Guilherme

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