Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 15 – Cap. 03 – Decisão

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Sylphiette

 

Rudy estava agindo de forma estranha ultimamente. Ele passou dias inteiros enfurnado em seu escritório. Quando saia, aparentava estar pálido e ansioso.

O que exatamente ele estava fazendo lá? Eu estava ficando preocupada, mas ele não me deu uma resposta direta quando o questionei sobre isso. Minha última tentativa terminou com ele evitando a pergunta e me puxando para a cama. Mas eu tinha certeza de que algo estava deixando-o inquieto… e isso me incomodava.

Fui até Roxy para pedir conselhos e descobri que ela pensava o mesmo:

— Então você também notou, Sylphie? Receio que Rudy tende a manter seus problemas para si mesmo. Vamos tentar estar prontas para caso ele precise do nosso apoio.

Decidi que, se as coisas continuassem assim por muito mais tempo, talvez precisássemos pressioná-lo para obter algumas respostas. Mas então, logo após o jantar, Rudy finalmente quebrou o silêncio.

— Uh, Sylphie, Roxy? Posso pedir a vocês que venham ao meu quarto esta noite?

Seu tom de voz estava um pouco estranho, mas isso não era muito incomum. Era apenas o jeito que costumava falar quando queria dormir com nós duas ao mesmo tempo. Eu nunca entendi o porquê de ele se sentir tão hesitante sobre essas coisas. Não era como se houvesse algo para se sentir culpado.

De qualquer forma, Roxy e eu fizemos nossos preparativos habituais naquela noite. Tomamos banho juntas e nos lavamos bem, depois passamos o perfume que reservávamos para essas ocasiões especiais. Vesti uma calcinha que comprei recentemente e escolhi uma camisola para combinar. Rudy parecia preferir uma roupa simples a uma mais reveladora, então optei por algo relativamente modesto.

Olhei para mim mesma e considerei desabotoar dois dos botões da frente para expor um pouco mais de pele. Eu não era tão peituda, então provavelmente não seria tão atraente…, mas eu queria chamar o máximo possível de sua atenção.

E se ele achar que estou desesperada? Não, é sobre Rudy que estamos falando… Está tudo bem, né? Vai ficar tudo bem.

No outro dia, eu o peguei olhando para debaixo da minha camisa quando deixei alguns botões desabotoados. Acho que ele quis ser sutil, mas estava muito na cara. No entanto, parecia estar se divertindo, então fingi não notar. Um pouco depois, ele me levou para a cama.

Roxy estava vestindo sua camisola simples e habitual. Porém, não parecia estar usando nada por baixo. Ela era bastante agressiva do seu próprio jeito.

De qualquer forma, nós duas estávamos prontas. Respiramos fundo algumas vezes e fomos para o quarto do Rudy.

Ele estava sentado em sua cadeira, calmamente esperando por nós. Roxy e eu nos sentamos na cama uma ao lado da outra. Sentei-me à direita e Roxy à esquerda. Nós nunca tínhamos decidido nossos lugares de antemão, mas agora já havia se tornado um hábito.

Rudy normalmente viria em nossa direção com um sorriso malicioso…, mas hoje, ele parecia um pouco diferente. Havia uma expressão séria em seu rosto, e ele ainda não havia se levantado da cadeira.

Depois de um bom tempo, Rudy pigarreou e se virou para Roxy.

— Uh, Roxy?

— Sim?

—  Como está sendo o desempenho escolar da Norn?

“Desempenho escolar”? Sério? Que estranha escolha de palavras. Roxy parecia ter achado isso engraçado, também.

— Por que pergunta? A Norn já não te contou?

— Bem, eu estava esperando obter algumas impressões sinceras de você. Como educadora.

Por quanto tempo ele continuaria falando assim? Estava ficando cada vez mais difícil não rir…

— Uh… Tudo bem, então. O desempenho acadêmico dela é mediano e sua esgrima está progredindo muito lentamente. No entanto, estou impressionada com seus esforços no conselho estudantil. Com destaque ao seu trabalho disciplinar que está lhe rendendo algum reconhecimento. A Universidade tem alguns alunos bagunceiros, mas todos se aquietam quando ela os repreende. Tenho certeza de que tem algo a ver com o fato de você ser o irmão dela, mas ela também conquistou bastante apreço de alguns alunos mais velhos. De qualquer forma, a Norn tem muitos amigos e ninguém tenta puxar briga com ela. Acho que você não tem nada com que se preocupar.

— Hmm, entendo. Muito obrigado.

A Roxy não exagerou. A Norn realmente estava dando o seu melhor. Pelo que os membros do conselho estudantil me disseram, ela provavelmente era a pessoa mais trabalhadora que tinham. Às vezes, eu desejava ser mais uma “irmã mais velha” para ela.

— E você, Roxy?

— O que quer dizer?

— Alguma coisa tem te incomodado? Não sei… Talvez esteja ficando com muita fome? Pegando muitos lanches da cozinha?

— Uh, não. Na verdade, você tem feito eu comer tanto ultimamente que estou um pouco preocupada que possa engordar.

— Então, como estão indo as coisas na escola?

— … Oh, estão indo bem. Suponho que alguns alunos zombam de mim por ser tão baixinha, ou se recusam a prestar atenção nas minhas aulas. Mas isso quase nunca acontece.

— O quê? Eles não estão focados nas suas aulas?! Que bando de ingratos! Que tal eu ensiná-los uma lição de boas maneiras, Roxy? Vou garantir que rastejem aos seus pés na próxima vez que a virem!

— Hã? N-Não, eu não acho que seja necessário. São só os ossos do ofício. Mas de qualquer forma, agradeço a oferta.

Roxy inclinou a cabeça para Rudy, parecendo um pouco exasperada…, mas também um pouco tímida. Percebi que ela estava brincando com as pontas de suas tranças. Eu sabia como ela se sentia. Às vezes, me dava um pouco de inveja vendo o quanto Rudy a respeitava.

— De qualquer forma — Roxy continuou —, há algo mais que me preocupa…

— Se não se importa que eu pergunte, o que seria?

Roxy fez uma pausa, e então balançou a cabeça.

— Prefiro te contar só depois de eu confirmar uma coisa.

— … Sendo assim, vou esperar ansiosamente.

Ooh. Acho que sei do que se trata.

Parando para pensar, Roxy mencionou estar se sentindo um pouco estranha ultimamente. Talvez eu tenha que organizar uma pequena comemoração? Ou aquilo ainda está muito prematuro? Não tínhamos como ter certeza.

— Tudo bem, então. Sylphie?

— Sim, Rudy?

Quando a conversa mudou para mim, inclinei a cabeça para o lado e tentei parecer o mais charmosa possível. Os olhos do Rudy desceram do meu rosto para a parte superior do meu corpo. Pelo que parece, minha estratégia foi um sucesso.

— Como, uhm… como você acha que a Lucie está indo?

— Bem, você está cuidando dela, não? Ela é um bebê feliz e saudável.

— Você não a ouviu murmurando “No céu acima e na terra abaixo, eu sou o mais honrado”, não é?

— Do que diabos você está falando? Uhm… acho que em pouco tempo ela vai conseguir engatinhar sozinha.

— Hmm.

Graças à ajuda da Lilia, as coisas estavam indo muito bem com Lucie. A Princesa Ariel parecia achar que as crianças eram melhor criadas por empregadas, em vez de suas mães. Mas a vovó Elinalise me disse que eu deveria tentar cuidar pessoalmente da minha filha o máximo possível e dá-la todo o amor do mundo. Eu tendia a concordar com Elinalise, e Rudy parecia querer que nós dois estivéssemos envolvidos na criação da Lucie, então eu estava investindo muito tempo e esforço nisso.

Você notou algo estranho ultimamente, Sylphie? — perguntou Rudy. — Algo que está te incomodando?

— Nada demais. Na verdade, acho que estou me perguntando o motivo do meu marido estar escondendo coisas de mim, mas é só isso.

As palavras saíram sozinhas. Eu não tinha a intenção de ser tão dura com ele, porém…

— Uh… certo — disse Rudy, desviando o olhar nervosamente. — Me desculpe.

Então havia algo acontecendo. Será que ele iria nos contar?

Depois de um momento, Rudy olhou de volta para mim. Desta vez, seu olhar estava firme e determinado. Sempre que tinha esse olhar em seu rosto, Rudy mostrava o seu melhor lado.

— Na verdade, esta é exatamente a razão pela qual eu pedi a vocês duas que viessem aqui.

Com estas palavras, sentei-me de forma mais ereta e abotoei a minha camisola. Roxy também se endireitou, embora sua expressão fosse um pouco difícil de decifrar.

— O problema é que não sei como explicar… acho que vou começar do início. Alguns dias atrás, conheci um indivíduo.

— Você poderia ser mais específico?

— Certo. Ele era… algo como uma Criança Abençoada, eu acho. Uma com o poder de prever o futuro.

Rudy começou a descrever sua conversa com essa pessoa. Os detalhes eram alarmantes, para dizer o mínimo. Em suma, havia alguém lá fora que queria fazer mal a ele e a sua família. Coisas terríveis poderiam acontecer conosco se esse misterioso inimigo conseguisse o que queria. E, para nos manter seguros, Rudy talvez teria que fazer algumas coisas que pareceriam muito estranhas de vez em quando.

Sendo honesta, eu queria acreditar que ele estava levando isso à sério demais. Mas eu podia dizer que Rudy estava convencido de que era a mais pura verdade. Percebi que estava guardando alguns detalhes para si mesmo, provavelmente havia partes dessa história que ele achava melhor não sabermos. Isso definitivamente não era bom. Ainda assim, podia entender a razão de ele querer ser tão cauteloso ao nos contar essas coisas.

— Ok, então — eu disse. — Há algo que possamos fazer para ajudar?

— Tenho certeza de que terá. Porém, sendo sincero, prefiro não colocar vocês duas em muito perigo.

E lá vai ele de novo…

Rudy estava fazendo muito isso ultimamente. Acho que começou logo após a morte de seu pai. Era bom saber que se importava tanto conosco, mas às vezes ele podia ser um pouco superprotetor. Eu não era mais uma criança indefesa. Hoje em dia, consigo carregar alguns dos seus fardos…

— Isso não significa que você estaria se colocando em perigo sem a nossa ajuda?

— Não posso confirmar ainda, mas é bem provável que sim.

— Bem, eu não gosto de como isso soa…

Aquela batalha contra Atofe já tinha sido ruim o suficiente. Rudy era um mago poderoso, mas nunca quis lutar com ninguém. No entanto, sempre pulava de uma missão a outra e quase morria no processo… Eu deveria apenas ficar sentada, esperando para animá-lo quando ele voltasse mancando para casa? Não suporto mais isso. Eu queria ir com ele, pelo menos. Talvez eu possa ajudar de alguma forma.

Enfim, só não quero mais ficar sentada torcendo por ele.

— Tudo bem — disse uma voz calma ao meu lado. — Eu entendo.

Roxy tinha falado pela primeira vez em algum tempo. Mexendo no cabelo, ela olhou para o Rudy nos olhos e sorriu.

— Enquanto você estiver fora de casa — ela continuou —, manterei Norn e Aisha em segurança.

Sua voz estava clara e confiante. Ela parecia ter genuinamente aceitado isso como seu papel a desempenhar.

— Você realmente está satisfeita com isso, Roxy? — perguntei.

Não pude deixar de pensar que havia uma parte dela que também queria acompanhá-lo. Mas Roxy apenas assentiu.

— Eu sei que Rudy prefere se colocar em risco do que ver sua família em perigo.

— Sim, mas…

Pensando bem, Roxy estava com Rudy quando o seu pai morreu. Era difícil para eu imaginar o quão devastado ele ficou com aquela tragédia, mas pelo que parece, ele se afundou em uma depressão muito profunda. No mínimo, foi um choque tão grande que fez com que quebrasse sua promessa comigo…

Ugh. Pare com isso, Sylphie. Você está sendo tão infantil.  Rudy voltou para mim no final. Era isso que importava, não é?

— Mas, Sylphie… eu não tenho a menor intenção de apenas ficar sentada sem fazer nada enquanto Rudy coloca a sua vida em risco por nós.

O que ela quis dizer com isso? Ela não tinha prometido ficar em casa?

— A gente pode ficar de olho nele — Roxy continuou. — E se decidirmos que ele realmente precisa da nossa ajuda, nós o seguiremos, mesmo se ele não quiser.

Ah… sim, isso realmente faz muito sentido…

Não precisávamos da permissão do Rudy para ajudá-lo. Nós poderíamos tomar nossas próprias decisões. Contanto que as coisas acabassem bem, ele não teria do que reclamar.

— … Sim, acho que você está certa.

Rudy ouviu tudo isso com um sorriso sincero no rosto. Eu meio que esperava que ele tentasse nos repreender, mas em vez disso apenas ouviu – com algo que parecia confiança em seus olhos.

— Vá e faça o que quiser, Rudy — Roxy continuou, sorrindo de volta para ele. — Não se preocupe com as coisas aqui – vamos manter todos sãos e salvos.

— Tudo bem. — ele finalmente respondeu. — É bom saber que terei vocês duas cuidando de mim caso as coisas fiquem feias.

Havia algum alívio genuíno por trás desse sorriso. E talvez fosse apenas minha imaginação, mas pensei que seus olhos estavam brilhando levemente. Eu tinha que admitir, fiquei impressionada com a facilidade com que Roxy lidou com isso. Havia uma razão pela qual Rudy a respeitava tanto.

De qualquer forma, o mais importante era que ele pudesse enfrentar esse desafio com a mente tranquila. E se ele se meter em problemas, eu sempre posso ir ajudá-lo. Eu seria uma esposa boa e leal na maioria das vezes, mas quando as coisas ficassem feias, eu cavalgaria para o resgate. Sim. Esse era o tipo de relacionamento que eu queria.

— Uhm, continuando. Na verdade… há outra coisa que preciso falar.

Eu estava ficando entusiasmada, mas a conversa ainda não havia terminado. Por alguma razão, a voz do Rudy soou extremamente mansa, de repente. Sua linguagem corporal também parecia um pouco diferente. Ele estava escolhendo as palavras com cuidado o tempo todo, mas agora parecia que estava relutante em dizer qualquer coisa.

— … Sendo honesto, não sei como falar sobre isso.

— É um problema complicado? — Roxy disse gentilmente, tentando fazê-lo continuar.

Rudy assentiu em resposta.

— Muito complicado. Não é uma coisa fácil a dizer para vocês duas.

Bem, agora ele me deixou ansiosa. Isso poderia ter algo a ver com o quão abatido parecia estar ultimamente? Espero que não tenha pegado nenhuma doença que magia não possa curar.

— Eu acho, uh, há uma chance de que… mais um membro seja adicionado à família.

— …

Hmph. Ele está falando de uma mulher? Sim, tem que ser.

Eu realmente não tinha motivos para reclamar. Ele deu algumas dicas sobre isso antes, e eu não fiz objeções ou o desencorajei. No entanto, não significava que eu estava pronta para dar minha aprovação a qualquer uma. Meus sentimentos não eram tão simples.

— Quem é ela? É a Nanahoshi?

Tentei manter minha voz o mais normal possível. Eu senti que tinha conseguido. Não parecia zangada, pelo menos.

Porém, se fosse a Nanahoshi, isso pareceria um pouco errado a meu ver. Não acho que ela realmente ame o Rudy do jeito que nós amamos. Seus sentimentos eram algo mais como gratidão. Ela provavelmente não o recusaria se ele a pressionasse para um relacionamento, mas isso não significava que seria bem-vinda…

— Não, não é a Nanahoshi.

Bem, isso era um alívio. Porém, por alguma razão, Rudy parecia ainda mais culpado do que antes.

— É uma mulher chamada Eris.

— Eris…?

Quem era essa mesmo? Eu já tinha ouvido o nome antes, mas não era alguém que eu conhecia da Universidade.

— Não é aquela garota que você foi professor durante a sua estadia na região de Fittoa, Rudy? — Roxy perguntou.

Foi o suficiente para refrescar minha memória.

— … Não foi ela quem te causou aquela condição?

— Ah, sim. Acho que foi.

Rudy já havia esquecido de como estava deprimido quando chegou à Universidade? Eu não tinha percebido na época, mas depois de ver a forma como ele foi transformado pelo nosso casamento, percebi que estava sofrendo de uma séria falta de autoconfiança. Para ele, aquela “condição” não era motivo de risada. Foi difícil para eu entender completamente seus sentimentos, mas eu sabia que ele estava sofrendo. Também foi um choque quando descobri.

— Você ainda a ama, mesmo depois do que ela fez com você?

— Não tanto quanto amo vocês duas — respondeu Rudy, olhando-me diretamente nos olhos. — Isso é uma coisa que posso dizer com certeza.

Corei ao ouvir essas palavras. Quando queria, Rudy podia ser um perigo para as mulheres. Foi difícil suprimir a vontade de dar um gritinho. Quase quis me gabar para a Linia e Pursena sobre isso. Era uma pena que não estavam mais por perto…

Gah. Pare com isso, Sylphie! Foco! Estamos falando da Eris. Não deixe que ele te distraia.

— Certo, então… é ela quem quer fazer as pazes com você? Mesmo que tenha sido a responsável pelo término do relacionamento?

— Não exatamente. Talvez eu tenha me enganado sobre ela ter me largado. Parece que seus sentimentos nunca mudaram.

— … Talvez, mas ela ainda partiu o seu coração, certo?

— Sim, é verdade.

Teoricamente, eu não tinha nenhuma objeção a Rudy ter uma terceira esposa. Eu tinha chegado a um acordo em relação ao nosso relacionamento. Não que eu não quisesse tê-lo só para mim, é claro…, mas Rudy não era adepto a Igreja de Millis, e eu sabia que não era forte o suficiente para apoiá-lo sozinho. Contanto que fosse alguém que o amasse e que ele ama, eu não iria me opor. Já tinha decidido isso há algum tempo. Mas estávamos falando de alguém que o machucou profundamente no passado. Isso tornava as coisas muito mais complicadas.

— Sabe, Rudy, ainda me lembro de como você estava triste e desesperado.

— Sim. Naquela época, não conseguiria perdoar a Eris. Apenas o pensamento de vê-la de novo provavelmente teria me aterrorizado.

Então, por que as coisas eram diferentes agora? Talvez tivesse algo a ver com aquela Criança Abençoada que ele encontrou no outro dia. Devem ter feito alguma previsão envolvendo-a.

No entanto, isso não parecia uma razão boa o suficiente para mim. Quero dizer, se alguém tivesse me dito “Você vai se casar com um homem chamado Rudeus e terá cinco filhos com ele”, provavelmente teria sido muito emocionante. Porém, eu não teria ido me casar com o primeiro cara chamado Rudeus que encontrasse. O Rudy realmente via sentido em se casar com essa mulher mesmo não tendo certeza de que ela o ama?

— Se você se opõe firmemente à ideia, não vou me casar com ela. Mas, pelo menos, acho que preciso vê-la para explicar as coisas.

Rudy fez uma pausa e franziu a testa, como se tivesse se tocado de algo.

— Sabe, o ponto é que… a Eris vem treinando em um lugar chamado Santuário da Espada há anos, e parece que ela esteve fazendo isso por mim.

— …

— Não seria meio cruel eu apenas rejeitá-la quando ela finalmente conseguir voltar para mim?

— Bem, acho que sim..

Eu podia imaginar o quão doloroso seria ter o seu tapete puxado assim depois de anos de trabalho duro. Eu me esforcei muito na Vila Buena para tentar chegar no nível do Rudy.

— Eu realmente não estou dizendo que sou contra ou algo assim…

E se o Incidente de Deslocamento nunca tivesse acontecido, e Rudy nunca tivesse se dado o trabalho de voltar para a Vila Buena? E se eu o tivesse rastreado, apenas para encontrá-lo casado com outra mulher? Isso teria sido um grande choque.

— É que… eu não sei. Nunca conheci essa pessoa…

Esse era o cerne da questão, na verdade. Eu não conhecia a Eris. Até o momento, sempre pensei nela como uma pessoa cruel que maltratava o Rudy. No entanto, tudo parecia se tratar de um mal-entendido. Ela não queria machucá-lo, certo?

— Posso dar a minha opinião? — disse Roxy, interrompendo minha linha de raciocínio. — A meu ver, precisamos conhecer a Eris primeiro para só depois tomarmos uma decisão.

— Acha melhor?

— Sim. Por um lado, tenho a impressão de que você ainda não tem certeza dos seus próprios sentimentos, Rudy. Quando você a vir novamente, tenho certeza de que será muito mais fácil decidir.

Como a própria Roxy se sentia sobre tudo isso? A última vez que discutimos sobre o Rudy tendo outra esposa, ela parecia ter aceitado a ideia. Mas agora, era difícil dizer o que estava pensando.

— E de qualquer forma — ela continuou —, a Sylphie já pediu isso de você.

Eu pisquei confusa. Não tinha mais certeza do que ela estava falando.

— Não se lembra, Sylphie? Acho que suas palavras foram “Apenas certifique-se de trazê-la para mim primeiro para eu conhecê-la.”

Ah! Verdade. Eu disse isso, não é?

— Traga Eris aqui e a apresente para nós, Rudy. Vamos conversar e nos conhecer. Mas se eu sentir que não vai dar certo… também terei que me opor à ideia.

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais a ideia parecia razoável. Não nos comprometeríamos com nada, mas ainda ficaríamos abertos à ideia. A Roxy com certeza era muito inteligente. Vê-la em ação me fez sentir um pouco inadequada como esposa.

— Claro, imagino que também teremos que discutir essa ideia com várias outras pessoas… E pode não valer de muita coisa, Rudy, mas você tem o meu apoio e a minha confiança.

— Obrigado, Roxy. Isso significa muito.

— Tudo o que peço é que tente não me esquecer, independentemente de quantas garotas acabe se casando.

— Pode ficar tranquila, eu não conseguiria te esquecer nem se tentasse.

— Posso considerar isso uma promessa, então?

— Com certeza.

Ela era inteligente e atenciosa, e Rudy confiava plenamente nela. Às vezes me dava ciúmes…

Não, não. Essa era a maneira errada de pensar sobre isso. Eu só teria que fazer o meu melhor para seguir seus passos.

Eu posso ser uma adulta, também! Vou mostrar para todos! Hmph.

— Está de acordo, Sylphie? — Rudy disse hesitante, virando-se para mim. — Sinto muito por tudo isso.

— Está tudo bem. Desculpe por ter sido tão difícil de lidar hoje. Não foi muito justo da minha parte, depois de todas aquelas coisas que eu disse da última vez.

Rudy e eu acabamos pedindo desculpas um ao outro por algum motivo. Eu podia ouvir Roxy rindo baixinho.

Chegamos a uma conclusão muito boa. Me senti totalmente confortável neste quarto. Era algo que não conseguiria em nenhum outro lugar, nem mesmo com a Princesa Ariel e com o Luke.

Mas agora outra pessoa pode ser adicionada à equação. Isso me deixou um pouco ansiosa.

Essa garota não ia roubar o Rudy de nós, certo?

 

Rudeus

 

Após a nossa conversa nós três dormimos lado a lado na minha cama. Eu não fui insensível ao ponto de tentar começar um ménage depois de uma discussão tão pesada. Além disso, o rosto de Eris continuava aparecendo em minha mente, o que não era bom para o meu estado emocional. Eu pensei que já tinha superado, mas quanto mais pensava nela, mais podia sentir aquela antiga sensação de dúvida e ansiedade que borbulhava do fundo do meu intestino.

Assim como Roxy apontou, eu não tinha muita certeza de como me sentia em relação a Eris, no momento. E tudo que sabia sobre seus sentimentos era com base no que foi me dito por outra pessoa.

De um jeito ou de outro, eu tinha que acertar as coisas entre nós.

Porém, para ser honesto, a ideia de vê-la novamente era assustadora. Com certeza haveria alguns socos envolvidos. Pelo que parece, Eris ficou incrivelmente forte nos últimos anos. Não havia como ela não reagir caso eu a encontrasse com Sylphie e Roxy ao meu lado. O diário não a mencionou atacando a Sylphie ou algo assim, mas… não havia garantia de que essas passagens fossem totalmente precisas, e eu obviamente deixei muitos detalhes de fora. Além disso, algumas escolhas erradas de palavras facilmente podem tornar a situação perigosa.

Eu tinha um bom motivo para estar preocupado. Era difícil adivinhar o que aconteceria quando eu me encontrasse com a Eris mais uma vez.

Com tanta coisa em minha mente, demorou um pouco antes que eu conseguisse dormir.

Naquela noite, o Deus-Homem me fez uma visita.

 

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Me encontrei em um lugar familiar, um espaço totalmente branco. Como sempre, voltei a ser o homem que era na minha vida passada. De acordo com meu eu do futuro, este era um mundo estéril – uma espécie de espaço quadrimensional, situado no centro de um cubo composto por seis outros mundos. Quando se usa magia de Teletransporte, você viaja por este plano de realidade. Mas com base na pesquisa do velho, não havia uma maneira fácil de chegar até lá.

Porém, aqui estava eu, de pé em seu centro. O que isso significava, exatamente? Dada a mudança em minha aparência… talvez fosse um tipo de convocação que só afetava a mente, ou a alma?

— …

O Deus-Homem estava aqui, como sempre, com seu habitual…

Espere, não. Pela primeira vez, ele não estava sorrindo.

Na verdade, sua linguagem corporal sugeria que ele claramente estava de mau humor. Embora fosse difícil dizer com certeza, devido a todo o embaçamento.

— Isso não é nada divertido.

É. Parece que está irritado.

— Teve que ir e estragar tudo…

O tom de sua voz era baixo e hostil. Sua habitual atitude hospitalar e despreocupada havia desaparecido completamente.

— Voltar no tempo para se avisar? Vamos lá, isso não é justo. Tudo estava indo tão bem.

Ok, eu já entendi. Você não está feliz. O que significa que o velho estava me dizendo a verdade? Você esteve me fazendo de trouxa esse tempo todo? Você matou a Roxy e a Sylphie? Acho que isso significa que o plano dele funcionou. Ele acabou de te dar um gostinho do seu próprio remédio?

— Perguntas, perguntas, perguntas. Sempre com as perguntas. Quem sabe? Quem liga? Parece que seu eu do futuro esteve trabalhando com alguns equívocos, só para você saber.

É, ele está brincando comigo de novo, mas não parece que está se esforçando em fazer isso. Preciso tentar manter a calma. Preciso continuar essa conversa.

— Ooh, ele precisa continuar a conversa! Quer parar de fingir ser algum tipo de estrategista? Você ainda não percebeu que é um idiota?

Ah, cale a boca. Eu posso ser um idiota, mas ainda vou tentar o meu melhor. De qualquer forma, se importa de me dizer uma coisa? Por que você faria isso comigo? Por que tentaria machucar a minha família?

— Hum, por que eu faria isso? Talvez eu só quisesse matá-los para poder ver você surtar? Ou algo parecido.

Uau. Ele nem está se esforçando hoje. É quase como se estivesse frustrado, como se tivesse montado uma grande e complexa armadilha em um jogo, mas então alguém estragou tudo ao vagar na direção errada, e agora ele nem quer mais jogar…

— É, mais ou menos isso. Você estragou com tudo, seu retardado burro, estúpido!

… Você pode me dizer o que está acontecendo aqui? Não ligo para o seu objetivo final. Não estou interessado em ficar no seu caminho. Meu eu do futuro me disse que não posso te matar, de qualquer maneira. Ele me disse para te bajular, não te desafiar, e eu particularmente estou bem com isso. Afinal, as coisas estavam indo bem entre a gente até agora… mesmo que você só estivesse armando para me trair, ainda me ajudou muitas vezes. Pode me usar se quiser. Não é como se eu tivesse algum motivo para te desobedecer. Tudo o que estou pedindo é que não vá atrás da minha família.

— Ora, veja só quem está disposto a ajudar.

Quero dizer, o que quer que tenha feito com aquele velho, ainda não conseguiu me prejudicar. Até onde sei, pelo menos. Você tentou matar a Roxy e o seu bebê, mas ambos saíram ilesos. Já que estão bem, acho que posso fingir que isso nunca aconteceu. Ainda posso controlar minhas emoções. Quero encontrar uma maneira de coexistir com você antes que as coisas cruzem um ponto sem volta.

— Hmmm…

O Deus-Homem parou por um momento, aparentemente considerando algo que acabara de pensar.

— E se eu te disser que o meu objetivo é a paz mundial? Acreditaria nisso?

Paz mundial, né? Parece bom. Estou dentro. Paz e amor é o meu lema pessoal. Nada melhor do que um dia tranquilo rolando na cama, não é mesmo?

— Vamos deixar a coisa do sexo de fora por enquanto.

Beleza.

— Se lembra daquele cara, o Deus Dragão? Seu velho amigo, Orsted? Então, seu objetivo final é destruir o mundo.

Espera, quê? Ele não parecia ter essas intenções, não.

— Ele está se escondendo nas sombras há muito tempo, elaborando todos os tipos de planos malignos. Entenda uma coisa: se eu morrer, este mundo vai se quebrar em um milhão de pedaços e desaparecer completamente. Então, Orsted está procurando uma forma de me matar.

Tem certeza que não fez algo horrível e o irritou? Não sei, talvez matar a sua família sem motivo aparente?

— Não se lembra do que eu te disse antes? Não posso fazer nada contra Orsted. Até onde sei, ele não tem motivos para me odiar.

Tudo bem, então. Prossiga.

— Orsted é muito poderoso, mas também está sozinho. Sua maldição o mantém assim. E enquanto estiver isolado, nunca será capaz de me machucar.

Por que você simplesmente não o ignora?

— Esse era o plano… até você aparecer.

E o que eu tenho a ver com isso?

— É que você não é o problema, exatamente. Mas parece que você e seus descendentes são imunes aos efeitos da maldição de Orsted. Em algum momento no futuro, esses descendentes irão unir forças com ele, e juntos vão me matar.

Ah, entendi agora… Então é por isso que você foi atrás de Roxy quando ela engravidou? O velho achou que você tinha manipulado o Luke para fazer a Sylphie morrer, também…, mas não disse nada sobre você mirar em Lucie. Acho que é o meu segundo ou terceiro filho que vai ser o problema, né?

Espera. Você não poderia ter me matado anos atrás ou algo assim? Por que deixou as coisas se estenderem tanto?

— Bem, quando te notei pela primeira vez durante o Incidente de Deslocamento, tentei algumas coisas só para ver o que ia acontecer. No entanto, receio que você tenha um destino muito forte. Nunca funcionou do jeito que eu queria.

Um destino forte? O que quer dizer com isso, afinal?

— Hum, como posso explicar? Eu consigo ver uma série de rotas amplas que o futuro pode seguir se ramificando à minha frente, e posso alterar o curso dos eventos até certo ponto. Mas quando tento manipular eventos que envolvem pessoas com destinos fortes, raramente dá certo no final. Você sobreviveu à luta contra Orsted, por exemplo. E mesmo que eu tentasse te manter longe da Roxy, você acabou se encontrando com ela, se casou e teve um filho.

Oh, é por causa do “princípio de causalidade”? Como quando você viaja ao passado para reescrever a história, mas as coisas acabam se desenrolando da mesma maneira por algum motivo?

— Algo assim, eu acho.

… Hum. Ok. Então a Roxy e eu estávamos destinados a nos casar? Isso me deixa meio feliz.

— Não posso dizer que sinto o mesmo.

Sim, tá certo. Me desculpe. Mas de qualquer forma, por que decidiu ir atrás dos meus filhos em particular? Quero dizer, imagino que esses descendentes de que estamos falando são de algumas gerações no futuro. Você não poderia só lidar com eles antes que unam forças com Orsted?

— Os responsáveis pela minha morte também nascerão com destinos extremamente fortes. A propósito, não é só você – Sylphie, Eris e Roxy também são fortes, assim como seus filhos. Dito isto, as mulheres têm momentos em sua vida em que seu destino fica um pouco… vago.

Hã? Espera, você quer dizer…

— Isso mesmo. É quando estão grávidas.

Eu tive que lutar contra o desejo intenso e repentino de socar a cara do ser em minha frente. A única coisa que me parou foi o pressentimento de que eu não poderia vencê-lo em uma luta, não aqui, não nesta forma.

— Claro, eu ainda consegui fracassar de algum jeito.

Então por que você matou a Sylphie? Ela não estava grávida na época e já tinha me concebido uma filha.

— Quê? Estamos falando do diário agora? Difícil saber, acho que foi porque quis me precaver. Por outro lado, talvez apenas fosse o destino de Sylphie morrer caso ela te deixasse naquele momento.

Acho que é possível… Meu deus, isso é deprimente.

— Sabe, eu realmente achei que meu plano era perfeito. Quando percebi que o seu destino era forte, comecei a agir com calma. Guiei você, passo a passo… tudo para que eu pudesse te atacar da maneira mais eficiente, no momento em que estivesse mais vulnerável.

Ele está tentando me irritar agora? Mas não posso deixá-lo me abalar. Preciso me acalmar… A Roxy e a Sylphie estão bem. Está tudo certo…

— Não sei o porquê está tentando se convencer disso. Acha mesmo que ganhou? Só para você saber, o destino de seus filhos, esposas e descendentes não são tão fortes quanto o seu. Também não pretendo desistir. Afinal, não quero morrer.

É, eu sei que você não vai parar. Mas não há nenhuma maneira de nós dois sairmos ganhando? Estou disposto a fazer qualquer coisa para salvar a minha família. Talvez eu pudesse começar uma tradição familiar de ensinar a cada nova geração a não confiar em Orsted. Podemos contar aos nossos filhos sobre o quão maravilhoso o Deus-Homem é, e o quão malvado é aquele desagradável Deus-Dragão.

— Desculpe. Não vai funcionar. Não é tão fácil alterar o destino.

Não dá para pensar mais um pouco, por favor? Eu tenho um destino forte, não é? Deve ter algo que eu possa fazer.

— … Oh.

Que foi? Pensou em algo?

— Bem, não tenho certeza se é possível…, mas certamente há uma chance… hmm. Você disse que faria qualquer coisa, certo?

… Uh, sim.

— Tudo bem, então…

Parando por apenas um momento, o Deus-Homem sorriu para mim como uma criança travessa.

— Mate Orsted por mim.

 

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— Rudy! Isso dói… Rudy!

Quando acordei, estava apertando Sylphie com força em meus braços. Minha garganta estava seca, e meu corpo estranhamente frio.

— Oh… Desculpe, Sylphie.

Soltei meu punho de ferro, deixando minha pobre esposa livre para respirar. Toquei meu rosto e notei minha testa coberta de suor.

— Você está bem, Rudy? — Disse uma voz calma atrás de mim.

Eu me virei e descobri que Roxy tinha me abraçado.

— Eu sinto muito…

Sentei-me na cama. Pelo jeito, ainda era o meio da noite. Tinha sido apenas um sonho? Não, não foi só um sonho. Era o Deus-Homem, sem dúvida.

— Cof, cof… Qual é o problema, Rudy? Você está bem?

Sylphie também se sentou e começou a enxugar o meu suor com a manga. Roxy ainda estava me segurando por trás, esfregando suavemente as minhas costas com uma mão.

— Estou bem. Acabei de ter, uh… um sonho estranho, só isso.

Mate Orsted por mim.

Não tenho dúvida, foi isso que me disse. Ele estava falando sério? Qual era o seu objetivo?

Acalme-se. Acalma-se, porra. Preciso organizar os pensamentos.

Orsted era um inimigo declarado do Deus-Homem. Isso era um fato. No entanto, Orsted estava sozinho. Ele não poderia derrotá-lo por conta própria. Algo que também parecia ser uma certeza.

Era difícil para eu entender o motivo de alguém tão poderoso precisar de ajuda, mas era assim que as coisas eram. Em algum momento no futuro, meus descendentes acabariam se tornando seus aliados. Juntos, iriam até o Deus-Homem e o derrotariam.

Por essa razão, o Deus-Homem tentou impedi-los de existir, matando Roxy e Sylphie. Ele não queria que elas tivessem filhos. Sem a minha família em cena, Orsted nunca chegaria ao mundo estéril, e o Deus-Homem sairia vitorioso.

Mas hoje, o Deus-Homem percebeu que não poderia matar a minha família. Deve ser por isso que me ordenou a matar Orsted. Tanto Orsted quanto meus descendentes precisavam estar vivos para derrotá-lo. Contanto que um estivesse fora de cena, o Deus-Homem estaria seguro.

A questão era se eu conseguiria derrotar Orsted. Pelo que parecia, o meu destino era muito forte. Mas isso certamente se aplicava a Orsted, também. Afinal, ele ainda estava vivo, apesar de travar uma guerra contra o Deus-Homem por tantos anos.

Como diabos eu deveria matá-lo, afinal? Ele era incrivelmente poderoso. Eu não tinha como feri-lo…

Ou tinha?

Esse diário abrangia uma descrição detalhada de algo que meu eu do futuro havia usado em batalha – algo que amplificou o seu poder significativamente.

Talvez eu pudesse fazer a minha própria versão da Armadura Mágica.

Não parecia impossível, e eu tinha a sensação de que seria extremamente eficaz em combate.

Meu eu do futuro também usou uma ampla gama de magias, incluindo Manipulação da Gravidade, Teletransporte e ataques elétricos. No entanto, ele não se preocupou em me contar como havia dominado esses feitiços… Não acho que eu vá descobrir os mais estranhos tão cedo.

Dito isso… na minha primeira luta contra Orsted, consegui causá-lo uma quantidade pequena de dano com um Canhão de Pedra. E o meu feitiço Elétrico havia ferido Atofe. Em outras palavras, eu tinha meios para machucá-lo. Desde que eu conseguisse permanecer vivo por tempo suficiente para usá-los, talvez houvesse alguma chance de sair vitorioso.

Merda. É de Orsted que estamos falando! Por que estou levando isso à sério?!

— Rudy, por favor… me diga se há algo errado. Não tente lidar com tudo sozinho…

Sylphie parecia estar prestes a chorar. Com a mão direita, puxei sua cabeça contra o meu peito. Estendi a mão esquerda para trás para agarrar a mão de Roxy.

Que pergunta idiota. É porque tenho que protegê-las.

— Parece que vou ter que matar alguém.

— … O quê?

— Rudy… do que você está falando?

Sem responder à pergunta da Roxy, me afastei e saí da cama. O calor deu lugar ao frio ar noturno.

— Me desculpem.

Com isso, saí da sala.

Meus passos eram instáveis, e a minha cabeça estava girando.

Eu estava indo estudar; queria entender o quanto antes aquele diário por completo – para ter uma noção, por mais vaga que fosse, da maneira como aquele velho havia travado as suas batalhas.

Eu ia matar Orsted. Era a única forma de proteger a minha família. Eu faria isso, de um jeito ou de outro. Mesmo que custasse a minha vida.

— … Oh.

Quando entrei no escritório, meus olhos se encontraram com a carta que eu planejava enviar amanhã, se não houvesse imprevistos.

— …

Risquei algumas das últimas linhas.

… No fim, talvez eu não consiga ver a Eris novamente.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Guilherme

 

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