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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 14 – Cap. 05 – Retorno ao Continente Demônio

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Nosso plano era simples. Primeiro, Perugius nos levaria ao Continente Demônio. Em seguida, começaríamos nossa busca por Kishirika e perguntaríamos se ela sabia como curar a Síndrome de Esgotamento ou, caso não soubesse, se conhecia alguém que saberia.

É isso, bem simples.

Ou pelo menos seria se ela estivesse escondida em algum castelo por aí como Perugius. Infelizmente, Kishirika tendia a vagar pelo continente, então precisaríamos de sorte para encontrá-la. Eu não fazia ideia de quanto tempo isso levaria.

A situação não era de todo ruim, pelo menos. Perugius disse que faria um círculo de teletransporte que nos levaria a um dos pontos centrais do Continente Demônio. Simplificando, seremos teletransportados instantaneamente deste castelo para a maioria das cidades no Continente Demônio. Eu estava bem ansioso com o tempo de viagem, então essa seria uma preocupação a menos, felizmente. Com alguma sorte, poderíamos encontrar Kishirika dentro de uma semana.

Os círculos de teletransporte eram um pouco assustadores, no entanto. Seu poder nos permite viajar instantaneamente deste castelo no céu para qualquer cidade do mundo. Isso significava que, como ferramenta de guerra, poderiam deixar os exércitos contornar qualquer terreno ou defesa. Não que alguém tentasse invadir esta fortaleza. Ainda assim, eu podia entender a razão dessa  magia ser considerada proibida e o porquê de Orsted e Perugius só a usar em segredo.

Não, tenho certeza de que eles não são os únicos usando. Sem dúvida, havia outros feitiços e ferramentas que as pessoas usavam em segredo, apesar de serem proibidos. O mundo era assim.

Não tive escrúpulos em trapacear e usar tal magia para acelerar minha busca por Kishirika. Estaríamos usando a estratégia de Roxy quando ela foi para o Continente Demônio procurando por mim: visitaríamos cada cidade individualmente e as investigaríamos minuciosamente antes de prosseguirmos. Eu não tinha certeza de quanto tempo isso levaria, mas imaginei que terminaríamos em, talvez, um ano. Afinal, a viagem levaria apenas um dia.

O único problema que enfrentávamos era de passar um pelo outro enquanto marchávamos para a próxima cidade e Kishirika para a que tínhamos acabado de desocupar. Para se prevenir disso, eu pegaria uma ideia de Roxy e colocaria pedidos em cada Guilda de Aventureiros que passássemos, tudo para reduzir as chances de isso acontecer. Seria uma caça ao tesouro, por assim dizer. Pagaríamos uma bela recompensa a qualquer um que conseguisse encontrar e capturar a Grande Imperador Demônio. Com a condição de que a deixassem ilesa, é claro.

Reuni os outros: Ariel, Luke, Cliff, Elinalise, Zanoba e Sylphie, e expliquei meu plano a eles.

Sylphie tinha recuperado a consciência enquanto eu estava falando com Perugius. No entanto, era óbvio que esses tratamentos a afetaram. Ela já era bastante magra, mas agora parecia quase esquelética. Achei que precisaria de pelo menos cinco dias para recuperar suas forças.

— Para salvar Nanahoshi, gostaria que todos vocês ajudassem — falei.

Ariel imediatamente acenou com a cabeça.

— Se é isso que você deseja, terei o prazer de emprestar meus implementos mágicos. — Ela ofereceu um dos anéis que usava. Era um de um par, e derramar mana em um faz a joia do outro anel iluminar-se. Era um tesouro secreto do Reino Asura, usado para alertar a pessoa do outro lado a respeito do perigo. Eu não sabia ao certo para que iria usá-lo, mas certamente seria útil em algum momento. Algo parecido com um pager.

— Zanoba, Senhorita Elinalise, gostaria que viessem comigo.

Queria os dois como guarda-costas. Afinal, Zanoba era uma Criança Abençoada. Se acontecesse de enfrentarmos uma hidra novamente, ele com certeza lidaria com isso. Eu não conseguia criar uma Aura de Batalha, então minhas defesas físicas eram muito fracas. Era somente graças a Atrapalhar Magia e a Pedra de Absorção de Mana que minha defesa mágica era elevada. Com Zanoba em nossa vanguarda, teríamos uma chance caso enfrentássemos outra hidra. Claro, eu ficaria arrasado se meu excesso de confiança levasse à sua morte, e foi por isso que adicionei Elinalise para me apoiar.

— E quanto a mim? — perguntou Cliff.

— Gostaria que você criasse um implemento mágico.

Falando francamente, não havia garantia de que Kishirika saberia qualquer coisa sobre essa doença ou de que encontraríamos uma cura. Era possível que estivéssemos apenas perdendo tempo. Portanto, achei que deveríamos abordar a situação de vários ângulos. A doença de Nanahoshi era semelhante a uma maldição, se Cliff trabalhasse em sua pesquisa, poderia ser capaz de fazer um item capaz de prolongar a vida dela.

— Não — disse ele. — Eu vou com você!

Cliff se opôs totalmente à minha ideia.

— Por favor, me leve junto! Também quero fazer algo por Nanahoshi!

Sua pesquisa seria fazer algo por ela, mas ele queria ser mais pró-ativo. Isso era compreensível. Fazer a mesma pesquisa de sempre não daria a mesma sensação de realização.

Cliff continuou:

— Eu te imploro, Rudeus. Entendo o sentimento dela de querer voltar para casa.

Pensando bem nisso, Cliff estava longe de sua casa por um bom tempo. Ele era bastante baixo para sua idade, então parecia ter apenas quinze anos, mas, na realidade, já tinha dezenove. Acho que ele tinha dito que deixou o País Sagrado de Millis há cerca de seis ou sete anos.

O desejo de Cliff de ir para casa não era exatamente o mesmo de Nanahoshi, visto que ela era de um mundo totalmente diferente, mas ele podia sentir alguma empatia, pelo menos em algum nível.

— Tudo bem — falei finalmente.

— Sério?!

Já estava levando Elinalise comigo e, com Nanahoshi tendo seu tempo congelado, havia um limite para a quantidade de pesquisas que Cliff poderia fazer, de qualquer maneira. Não precisava forçá-lo a ficar e trabalhar enquanto saímos em uma busca. Ele poderia retomar sua pesquisa se voltássemos de mãos vazias ou se não conseguíssemos encontrar Kishirika no final, e nós o apoiaríamos de todas as maneiras que pudéssemos.

— Sim, Mestre Cliff, ficaria feliz em tê-lo comigo.

Nesse caso, precisávamos encurtar nosso tempo de busca a fim de tornar a mudança para a pesquisa de uma cura o mais tranquila possível, presumindo que nossa rota atual de investigação falhasse. Cerca de seis meses a um ano deveriam ser suficientes.

— E quanto a mim? O que devo fazer? — perguntou Sylphie, seu rosto pálido. Ela ainda não tinha recuperado as forças, então não tinha como ir conosco. Além do mais…

— Sylphie, quero que descanse por enquanto.

— Claro, mas depois disso, o que eu faço?

— Quando você terminar de se recuperar… — Hesitei. Finalmente, falei: — Gostaria que voltasse para casa e cuidasse de Lucie.

— Hein? — Seu rosto ficou turvo.

Me apressei a explicar:

— Posso não ser capaz de voltar para casa tão cedo. Não acho que seja bom para uma criança ficar longe dos pais por tanto tempo.

Não estava dizendo que uma criança precisava necessariamente dos pais para um desenvolvimento infantil adequado, mas Paul e Zenith foram a razão de eu ter crescido desse jeito. Era melhor para uma criança ter pais para cuidar dela. Era normal que seus pais saíssem por uma ou duas semanas, mas deixar uma criança sem os pais por meses a fio, não.

— Hm, certo. — Sylphie cedeu — Acho que tem razão. Se você não estiver por perto, cabe a mim cuidar dela.

— Sinto muito.

— Não, está tudo bem.

Eu já tinha dito a ela que a condição de Nanahoshi não era sua culpa, mas estava claro que Sylphie ainda queria ajudar.

— Sylphie, você já fez mais do que o suficiente. Eu cuido do resto, confie em mim.

— Eu sei… — Ela assentiu, embora ainda parecesse desapontada.

Não era como se ela não amasse Lucie, mas Sylphie cuidava de si mesma desde os 10 anos, graças ao Incidente de Deslocamento. Seus pais morreram antes mesmo de terem a chance de se reunir. Ela sobreviveu em grande parte por causa da sorte e das pessoas que conheceu ao longo do caminho, mas ainda dava duro em seu trabalho e se esforçava muito em nosso casamento. Talvez ela achasse que uma criança ficaria bem sem os pais. Ou talvez fosse uma crença mais difundida neste mundo, de que uma criança nem sempre precisa de uma mãe e um pai cuidando dela.

De qualquer forma, Sylphie ainda tinha apenas 18 anos. A maneira de pensar das pessoas não muda repentinamente no momento em que arrumam filhos. Em vez disso, amadurecem ao longo dos anos, à medida que criam esses filhos. Quando eu tinha dezoito anos, na minha vida anterior, nunca pensei em ter um filho. Nesse aspecto, Sylphie estava tendo um desempenho fantástico.

— Acho que Roxy terá algumas coisas para dizer a você se estiver indo para o Continente Demônio — avisou Sylphie. — Não há ninguém entre nós mais familiarizado com aquele lugar do que ela.

— Você está certa sobre isso. Se eu tiver qualquer problema enquanto estiver lá, irei consultar a Roxy quando voltar.

Ela não estava presente. Eu adoraria receber seu conselho, mas Perugius não tinha intenção de deixar um demônio visitar o local. Ele rejeitou a ideia quando tentei abordá-lo sobre isso.

Ao mesmo tempo, Roxy precisava pensar em sua carreira como professora. Depois de passar por todos aqueles problemas para ganhar sua posição, seria uma vergonha para ela ser demitida depois de apenas um ano. Eu queria salvar Nanahoshi, mas não à custa de tudo que havíamos construído como família. Nossas vidas também eram importantes. Era por isso que eu precisava de Sylphie e Roxy para cuidar de todos os outros e manter as coisas funcionando perfeitamente.

Certo, parte disso provavelmente era o meu ego falando. Minhas palavras não eram exatamente sabedoria obtida ao longo de eras, mas, mesmo assim, não queria Roxy e Sylphie caminhando para o perigo. Queria nunca mais testemunhar a morte de alguém que amo, não depois de Paul. Nenhum lugar neste mundo era totalmente seguro, mas o Continente Demônio era muito mais perigoso do que a Cidade Mágica de Sharia.

— Por favor, não perca um braço ou qualquer outra coisa desta vez, tá? —  Sylphie franziu as sobrancelhas, preocupada.

— Vou tomar cuidado.

Era exatamente por isso que estava levando Zanoba e Elinalise comigo. Embora se algum deles estivesse em perigo mortal, eu prontamente sacrificaria meu braço direito para salvá-los. De preferência, não minha própria vida, não se pudesse evitar.

Bem, tanto faz. Desta vez as coisas correriam muito melhor, eu tinha certeza.

 

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 Voltei para casa mais uma vez para explicar a situação para Roxy e o resto da minha família. Quando disse a elas que não voltaria para casa por um tempo, Aisha, em particular, pareceu ansiosa. Felizmente, desta vez seria muito mais fácil ir e vir, e eu planejava voltar para vê-las a cada poucos dias, parecia mais uma viagem a negócios do que uma ausência prolongada. Só falei que talvez demoraria um pouco para voltar, caso algum imprevisto aparecesse. Havia a possibilidade de que nosso círculo de teletransporte fosse desativado, então levaríamos muito tempo para voltar para casa.

— Tudo bem, vou deixar as coisas aqui com você.

— Tudo bem, tome cuidado, Rudy — disse Roxy.

Achei que ela iria insistir em ir junto, mas concordou em ficar para trás depois de ouvir todos os detalhes. Foi um pouco anticlimático, na verdade.

De qualquer forma, eu estaria viajando de um lado para o outro a partir da fortaleza flutuante, mas era importante me preparar para o inesperado; nunca se sabe o que pode acontecer. Perugius nos disse que mesmo se fôssemos incapazes de usar o círculo de teletransporte para retornar à fortaleza, poderíamos usar um certo implemento mágico na frente de um dos monumentos aos Sete Grandes Poderes e ele enviaria alguém para nos resgatar. Não que eu não confiasse nele, mas nunca se sabe o que poderia acontecer. Talvez Laplace ressuscitasse no segundo após nossa partida, se isso acontecesse, Perugius estaria muito ocupado para se preocupar conosco.

Com essas possibilidades em mente, peguei uma grande quantia em dinheiro e itens com os quais poderíamos negociar, bem como um mapa das ruínas de teletransporte. Poderíamos voltar do Continente Demônio dentro de seis meses, contanto que tivéssemos todas essas precauções. Também coloquei vários itens úteis em minha bagagem, incluindo alguns pergaminhos de Espíritos Luz de Lâmpada. Meus preparativos estavam em ordem.

 

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O círculo de teletransporte na fortaleza de Perugius estava localizado abaixo do nível do solo.

— Por aqui — disse Sylvaril enquanto nos guiava para uma sala no terceiro andar do porão. A porta estava trancada quando fomos explorar.

O interior estava escuro, mas o brilho pálido do círculo impedia que a escuridão nos engolisse.

— Lorde Perugius desenhou este círculo recentemente. Está ligado a um círculo no Continente Demônio que há muito tempo não é usado.

— O que você quer dizer com “há muito tempo não é usado”?

— Existem muitos círculos de teletransporte no mundo cujas conexões foram, por qualquer motivo, destruídas, deixando-os inativos.

Os círculos de teletransporte só funcionavam enquanto ambos os lados estivessem conectados. Vinculando seu círculo a um que havia se desconectado, ele poderia restaurar sua funcionalidade. O círculo em questão era provavelmente um dos muitos que tiveram tal destino.

— E Lorde Perugius sabe de todos os círculos de teletransporte por aí?

— Ele é poderoso e magnânimo — respondeu Sylvaril com orgulho.

Honestamente, seria mais útil criar um monte de novos círculos de teletransporte vinculados aos antigos. Certo, tal magia era proibida, para começar, e eu tinha certeza que ele não me ensinaria. Além disso, brincar com essas coisas por motivos egoístas só me renderia mais inimigos, e esse é um pensamento assustador. Não preciso ser ganancioso.

Além disso, não poderia esquecer que qualquer pessoa conseguiria usar esses círculos, não apenas eu. Sempre seria possível que um monstro temível pudesse tropeçar em um dos círculos. Se eu criasse um monte sem levar em conta as consequências, isso poderia levar à destruição de uma aldeia inteira. Se isso acontecesse, eu não conseguiria dormir à noite.

— Lorde Perugius disse que este círculo o levará a um lugar próximo a Grande Imperador Demônio — disse Sylvaril.

— Espera, então ele sabe onde ela está?

— Claro.

Ah, certo, que surpresa. Achei que ele simplesmente nos mandaria para uma cidade grande e teríamos que resolver tudo por conta própria.

— Dito isso, há uma possibilidade de que seus cálculos estejam incorretos.

— Sim, isso não é de surpreender — murmurei. Afinal, a Imperador Demônio que eu conhecia era bastante imprevisível. Justamente quando se pensava que iria encontrá-la em um lugar, ela vagaria para outro lugar. Neste aspecto, seu noivo era igual.

Ah, é mesmo, esqueci do Badigadi.

Não o via há algum tempo. Talvez já tivesse voltado para seu próprio território. Parecia que ele também tinha vivido muito tempo, então perguntar a ele sobre a síndrome também poderia não ser má ideia.

— Tudo bem — falei —, vamos verificar, de qualquer maneira.

— Não verificamos seu destino, existe a possibilidade de que o círculo na outra extremidade esteja localizado em um local sem saída. Por favor, seja cauteloso.

— Quer dizer que você acha que está fechado?

— Possivelmente. A fim de ocultar sua localização, alguém pode ter selado a entrada.

Bem, ela tinha um bom ponto. Se não houvesse entrada para o local, ninguém jamais o descobriria. Havia pessoas lá fora que procuravam portas escondidas, mas eram poucos que circulavam por todo canto brandindo uma picareta contra as paredes. As únicas pessoas que cavavam sem parar quando encontravam algumas ruínas antigas eram os Egiptólogos.

Quem sabe, talvez tenham ladrões de túmulos e arqueólogos aqui que saem roubando ruínas de teletransporte e eu simplesmente não sabia sobre isso.

Dei de ombros.

— Bem, se parecer que não podemos passar, voltaremos aqui.

— Desejo-lhe boa sorte.

Sylvaril permaneceu na sala enquanto nosso grupo saltava para o círculo mágico e se teletransportava para longe.

 

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 Quantas vezes eu já tinha me teletransportado assim? Uma vez durante o Incidente de Deslocamento, duas vezes indo e voltando de Begaritt e uma vez usando instrumentos mágicos para visitar o castelo de Perugius. Esta excursão foi o passeio número cinco. Estava finalmente me acostumando com a sensação, que era como acordar de um sonho.

— Ufa.

O lugar para onde nos teletransportamos era uma sala escura, o fedor de mofo e poeira pairava pelo ar. O que quer que este lugar fosse, estava abandonado há muito tempo. Não havia luz nem velas que pudéssemos usar, era realmente como uma ruína antiga.

Pensando bem, esqueci de perguntar exatamente onde o círculo nos levaria.

— Atchim! — Cliff espirrou atrás de mim.

Olhei para trás enquanto os outros três saíam do círculo. Elinalise estava totalmente imperturbável. Zanoba também caminhou com confiança. Cliff era o único que parecia intrigado com o processo de teletransporte.

— O ar daqui com certeza está mofado. Vamos deixar este lugar logo. — Zanoba deu o pontapé inicial em nossa busca por uma saída.

— Hm… — Examinei as paredes. Não havia portas, escadas ou buracos no teto que pudéssemos usar para rastejar para fora. Para minha tristeza, procurar no chão também não resultou em nada. Estávamos em uma sala trancada.

Então era isso que ela quis dizer com “fechado”. Sylvaril acertou em cheio.

— Ei. Então, uh, como você acha que vamos sair daqui? — perguntei.

— Hm.

Nosso grupo se separou e começou a procurar uma saída. Olhamos para cima, para baixo, esquerda, direita, esquerda, direita, de B a A… Basicamente, olhamos em todos os lugares e mais um pouco.

— É isso — anunciou Elinalise após alguns minutos de busca. Ela havia encontrado uma parede adjacente a outra sala. Bateu e ouviu o eco, o que significava que levava a algum lugar. As paredes eram tão grossas que eu não conseguia ouvir nada. Acho que não é nenhuma surpresa que elfos tenham uma audição superior.

— Certo! Hora de socar, Zanoba!

— Hmph! — Ele bateu com o punho na parede que, apesar de ter cerca de 50 centímetros de espessura, ainda cedeu, revelando uma pequena abertura. Zanoba continuou alargando a passagem, cravando o punho na parede com a mesma facilidade de uma criança derrubando um castelo de areia. Uma vez que ficou largo o suficiente para alguém passar, Elinalise entrou.

— Vou assumir a liderança.

Essa nova abertura levou a outro espaço aberto, também escuro feito breu. Era de se esperar, já que a estrutura era toda de pedra, mas isso era o pouco que sabíamos sobre o local. Não fazíamos ideia sobre estarmos acima ou abaixo do solo.

— Rudeus, um pouco de luz — disse Elinalise.

Segui seu comando e usei um dos pergaminhos de Espírito Luz de Lâmpada. Ele iluminou nossos arredores, revelando uma sala quadrada com cerca de dez metros de largura.

— Ugh… — Cliff gemeu enquanto olhava ao redor. As sombras dançavam através de vários ossos brancos no chão. Como estávamos no Continente Demônio, talvez não fosse de surpreender que os esqueletos variassem em forma e tamanho, fazendo-os parecer quase artificiais.

— Parece que este lugar já foi uma prisão — disse Elinalise após examinar os restos mortais. Na verdade, havia algemas de metal enferrujadas nas mãos dos esqueletos.

A expressão de Cliff tornou-se triste quando ele juntou as mãos.

— Qu… Que Lorde Millis lhes conceda a salvação na morte.

Segui seu exemplo, juntando minhas mãos. Saudações ao Buda Amitaba1Buda Amitaba, do sânscrito amitābha que significa “a luz infinita”, é um dos Cinco Budas da Meditação., saudações ao Buda Amitaba. Descanse em paz. Receio que iremos incomodá-lo por enquanto, mas partiremos assim que pudermos.

— Tudo bem, vamos embora.

Este lugar estava coberto de ossos. Quantas pessoas foram trancafiadas aqui? Aposto que ninguém percebeu que logo do outro lado da parede havia um círculo de teletransporte. Espere, mas Perugius mencionou que o círculo não estava mais conectado a nada. Talvez essas pessoas tenham sido teletransportadas para cá e seladas com magia. Se fosse esse o caso, quem fez isso foi terrivelmente cruel.

— Encontrei algumas escadas — disse Elinalise. — Podemos subir a partir daqui.

Os degraus estavam no canto da sala. Ao que parece, esses prisioneiros nem mesmo eram mantidos em celas. Ou assim pensei, até me aproximar da escada e encontrar algumas dobradiças enferrujadas no chão. Talvez houvesse barras de madeira para conter essas pessoas, mas apodreceram ao longo dos milênios.

No topo da escada havia uma escotilha de metal que se abria para cima. Elinalise verificou cuidadosamente se havia armadilhas e tentou abrir, mas sem sorte. Havia algo pesado em cima dela, travando-a no lugar.

— Tudo bem, Robô Zanoba, é hora de explodir! — declarei.

— Mestre, o que é essa coisa de “Robô” de que você fala?

— Ah, uh, em uma das regiões que já estive, é assim que chamam os homens com corpos de aço que possuem uma força monstruosa.

— Hahaha, então é isso que significa. Hmph!

Zanoba pressionou as mãos contra a porta e começou a arfar. Ela rangeu quando começou a abrir. Areia caiu sobre nós.

— Guh!

— Não se preocupe — falei —, vou cuidar da areia.

— S-Sim, tudo bem, Mestre.

Usei minha magia para bloquear a queda de areia enquanto Zanoba continuava empurrando, levantando a escotilha pesada com toda sua força. Logo, raios de luz perfuraram as rachaduras. Aparentemente, essa era a saída. Depois que Zanoba forçou a tampa o suficiente para que alguém pudesse passar, Elinalise passou por nós e saiu primeiro.

— Tudo limpo.

Com essa garantia, seguimos atrás dela.

Lá fora, nos encontramos em uma inclinação íngreme. A inclinação acentuada estava coberta com terra marrom-avermelhada, com pedras espalhadas até onde a vista alcançava. Bem longe, havia uma floresta que lembrava os espinhos de um peixe, uma visão única encontrada apenas no Continente Demônio. Também localizei o que parecia ser uma Grande Tartaruga, bem longe no horizonte.

— Então este é o Continente Demônio! — Cliff engoliu em seco, olhando cautelosamente para o declive.

Não havia cidades próximas, pelo menos não que eu pudesse ver. Me perguntei o quão perto realmente estávamos de Kishirika. Precisávamos procurar a cidade mais próxima? E onde diabos estávamos? Talvez fosse melhor voltarmos à fortaleza e perguntar.

Não, antes de fazermos isso, devemos fazer uma busca na área.

— Mestre Cliff, o Continente Demônio é enorme e perigoso. E o pior, muitos dos monstros aqui vivem em bandos, então, por favor, tome cuidado.

— Sim, eu sei. — A expressão dele estava totalmente séria quando concordou.

Eu quis frisar sobre este lugar ser perigoso, pois até um guerreiro habilidoso perderia sua vida se vagasse pensando que era tão seguro quanto o Continente Central ou o Continente Millis.

— Não há monstros por perto. Estamos seguros no momento — disse Elinalise.

Ela não estava baixando a guarda. Queria pensar que eu também não, mas da última vez que estive aqui, Ruijerd estava comigo. Talvez isso tivesse suavizado minha sensação de perigo, mas eu agora poderia fazer uso de minhas experiências em Begaritt.

— Além disso, devo avisá-lo que não há muitos fiéis de Millis aqui. A forma de pensar deles é muito diferente da sua, então tente não começar nenhuma briga desnecessária — falei.

— Eu já sei… — Cliff se interrompeu e pigarreou antes de continuar: — Não, você está certo. Entendo.

Talvez eu parecesse um pouco condescendente, mas Cliff nunca esteve em nenhum lugar com tantos demônios. Arriscar brigas por diferenças insignificantes de opinião só causaria problemas. Não era como quando eu estava viajando com Eris. Queria evitar o conflito, tanto quanto fosse possível.

— Cliff não conhece a Língua dos Demônios — disse Elinalise —, então você não terá que se preocupar.

Verdade, e Elinalise também não sabia como falar a língua. Ela e seu grupo viajaram por este continente por quase dois anos, mas, aparentemente, deixaram Roxy falar o tempo todo. Embora Elinalise parecesse conhecer alguns termos sexuais, se Cliff soubesse da vida diária dela por aqui, provavelmente desmaiaria, mas isso era por causa de sua maldição.

— Mestre!

Zanoba havia alcançado o topo da encosta e estava gritando para mim. O conceito de ser cuidadoso provavelmente foi totalmente ignorado por ele. Não era de surpreender, já que ele poderia cair de um penhasco e sair ileso.

— Está vendo alguma coisa? — Escalei atrás dele.

— Uau… — A borda da encosta abruptamente se transformava em um penhasco íngreme. Arregalei os olhos de surpresa com a visão que estava além disso.

— Ooh, isso é incrível. Então é assim que as cidades daqui se parecem. — A voz de Cliff estava maravilhada.

Não estávamos em um penhasco comum, este era enorme. Uma cidade inteira se espalhava abaixo de nós, aninhada dentro de uma cratera. No meio estavam as ruínas de um castelo de ferro.

— Espera, então é aqui que ele pensa que ela está? — murmurei para mim mesmo, mal-humorado.

Eu conhecia esta cidade. A cratera atuava como proteção natural, impedindo a invasão de monstros. À noite, as pedras mágicas embutidas nas paredes internas se acendiam, iluminando a cidade.

Também conhecia a origem do castelo. Já tinha sido o quartel-general  da Grande Imperador do Mundo Demônio, Kishirika Kishirisu. O local foi seriamente danificado em um conflito durante a Guerra de Laplace, e agora era conhecido como o Antigo Castelo Kishirika.

Na minha última visita, esta cidade, Rikarisu, não me deixou com nada além de memórias ruins.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Guilherme

 

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