Chegou o primeiro dia do meu terceiro ano na Universidade.
Quando acordei e desci para a sala, me deparei com Sylphie lá, amamentando Lucie.
— Ah, bom dia, Rudy.
— Bom dia, Sylphie.
Lucie tinha apenas alguns meses de idade, mas já parecia ser forte e saudável. Sylphie também estava bem. A única diferença era que eu sentia como se ela tivesse ficado de alguma forma mais feminina. Será que era por ter deixado o cabelo crescer? Ou era aquela coisa de “aura de mãe”? Ou apenas o fato de ter ficado um pouco mais velha?
Seja lá qual fosse o caso, ela estava desabrochando em uma beldade ao estilo de Hollywood. Podia se sentar em silêncio no sofá, sem fazer nada em particular, e ainda parecia que estava posando para um retrato. Às vezes, eu até mesmo hesitava em falar com ela, de tão hipnotizado que ficava.
Ainda assim, quando eu me aproximava, ela continuava sendo a mesma Sylphie que conhecia e amava – ansiosa por carinho e atenção. Isso era bem reconfortante.
— Hoje Lucie está cheia de energia de novo — disse ela, sorrindo para mim.
Olhei para nosso bebê, que furiosamente chupava o seio de minha esposa. Ela estava fazendo isso com tanto vigor quanto eu fazia na cama. Tal pai tal filha.
Lucie era um bebê saudável, mas um pouco calada. Ela não chorava muito. Por um tempo, fiquei ansioso pensando que poderia estar doente ou ter algum problema físico. Sempre que eu tocava nesse assunto, porém, Sylphie apenas sorria e me chamava de “preocupado demais”. Eu não lembrava de ter ficado tão nervoso quando minhas irmãs nasceram, mas acho que quando o bebê é seu as coisas são diferentes.
Apesar de minhas preocupações, Lucie vinha crescendo de forma constante e se mantendo saudável. Ela ainda era bem quieta para um bebê de sua idade, mas seu corpo parecia forte o suficiente. Certa vez, quando Lilia estava cuidando de minha filha tranquila, fez uma observação: “Ela me lembra você nessa idade, Mestre Rudeus.”
Isso me assustou, é óbvio. A palavra “reencarnação” passou pela minha mente.
Para ser sincero, eu era um lixo humano na minha vida anterior. A ideia me preocupou. E se Lucie fosse a reencarnação de algum idiota imprestável do Japão?
A ideia continuou me atormentando por um tempo. Por fim, comecei a falar com minha filha em japonês e inglês para ver se ela reagia.
Qualquer um que passasse por ali me veria murmurando coisas como “Você já descobriu, né? Este é um universo paralelo…” e “Você é meu raio de sol! Eu sou uma caneta!”
Tenho certeza de que deve ter sido uma visão cômica. Lembro de Aisha nas sombras rindo de mim.
Meus métodos não eram exatamente os melhores, mas comecei a pensar que minha filha provavelmente não era a reencarnação de ninguém. Quando eu conversava com ela, tudo que ela fazia era sorrir e balbuciar incoerentemente.
Era possível que ela estivesse apenas escondendo sua verdadeira natureza, é claro, mas não sei quantos adultos conseguiriam manter uma imitação perfeita de um bebê por tanto tempo. E mesmo que fosse esse o caso, era meio fofo imaginar alguém desesperadamente fingindo ser um bebê.
Sim. De uma forma ou de outra, Lucie definitivamente era fofa. Eu poderia ficar o dia todo ao lado de seu berço, sem nunca me cansar de vê-la. No final das contas, eu realmente não me importava sobre ela ser a reencarnação de alguém. Cuidaria bem dela de qualquer maneira. Afinal, Paul fez o mesmo por mim.
— Nossa filha continua tão adorável quanto sempre.
— Fala sério. Por que ela é tão fofa assim?
— Provavelmente puxou à mãe.
Deslizando meus braços por trás dos ombros de Sylphie, a abracei suavemente contra mim. Abaixei minha cabeça, como se fosse dar um beijo em sua nuca… mas depois continuei, enterrando meu rosto em seu cabelo.
Ela tinha um leve cheiro de leite. Era uma espécie de perfume natural.
— Hee hee… obrigada, Rudy.
Esfregando o rosto contra minha mão, Sylphie sorriu timidamente.
E então, viu Roxy parada atrás de mim.
— Hm… olá, Roxy. Como Rudy se saiu na noite passada?
Roxy estremeceu de surpresa.
— Er… oh. Bem, hm, ele foi muito atencioso.
— Sério? Sei que às vezes ele pode ser bem grosso. Ele não te assustou nem nada?
— Não, na verdade não. Afinal, era a segunda vez e ele foi gentil comigo… Ah, sinto muito. Talvez eu não devesse estar falando isso…
— Você não tem nada pelo que se desculpar.
— Não…?
— Não mesmo.
As duas ainda eram um pouco estranhas uma com a outra, mas ao menos não demonstravam hostilidade entre si. Poderia dizer que estavam tentando ser respeitosas e atenciosas. Isso me denunciava que queriam fazer isso.
Um relacionamento a três como esse não era algo tão simples quanto um relacionamento monogâmico. Provavelmente exigiria algum esforço de todas as partes envolvidas. Estaríamos, em particular, dependendo muito de Sylphie. Sua mente aberta era a única coisa que tornava isso possível.
Voltei atrás em minha palavra com ela e tomei Roxy como segunda esposa. Ela teria justificativa para bater com os papéis do divórcio na minha cara.
— Café da manhã, café da manhã, hora de tomar o café da manhã…
Nesse momento, Aisha entrou na sala cantarolando para si mesma.
Sinceramente, era uma música horrível. Ela talvez tivesse acabado de inventar. Acho que até mesmo gênios têm seus pontos fracos.
— Bom dia, Rudeus! Bom dia, Senhorita Sylphie e Senhorita Roxy! O café da manhã de hoje é praticamente o mesmo de sempre!
Ela estava carregando pão branco, sopa verde e leite quente de égua. Nessa região, a tradição era de que novas mães tomassem muito disso. Supostamente ajudava a amamentar.
— Isso não vai dar certo, Aisha. Diga a todos o que você está servindo.
Lilia entrou na sala atrás da filha. Pelo visto, também estava na cozinha.
— Temos sopa de batata e feijão Yoko, servida com pão branco e leite de égua altamente nutritivo! — tagarelou Aisha obedientemente.
Claro, já sabíamos disso, pois era o que comíamos meio que todas as manhãs. Mas acho que manter as formalidades menores vale a pena.
— Muito bom — disse Lilia, balançando a cabeça, satisfeita. — Por favor, esperem um momento.
Com isso, ela subiu para o segundo andar.
— Obrigada pela paciência. — Alguns momentos depois, retornou com Zenith.
Minha mãe entrou na sala de estar, parou para olhar para mim e, logo depois, silenciosamente se dirigiu ao seu lugar habitual à mesa.
— Bom dia, Mamãe…
Já tinham passado meses, mas as memórias de Zenith ainda não tinham retornado. Ela, entretanto, estava mudando em coisas pequenas, mas perceptíveis. Agia, em particular, de maneira bem diferente quando Norn estava por perto. Ela acariciava a cabeça de sua filha ou tentava alimentá-la com sua própria comida – esse tipo de coisa. Quase como se achasse que a garota tinha apenas dois ou três anos.
Norn às vezes parecia perturbada com isso, mas aceitava a atenção de Zenith. Não sei exatamente no que ela estava pensando. Mas eu presumia que seus sentimentos a respeito disso eram confusos.
A garota ainda estava na idade em que seria natural se apegar à mãe… ou se prepara para se rebelar contra ela. De qualquer forma, é um período da vida em que o relacionamento com os pais é muito importante.
Ainda assim, Norn entendia a condição de Zenith, e estava claramente tentando colocar os sentimentos de sua mãe acima dos seus. Alguns anos atrás eu não esperaria esse tipo de maturidade dela, mas acho que as pessoas mudam.
— …
Mas era difícil saber o que isso significava para o lado de Zenith. Ela sentia uma conexão com sua filha, em algum nível instintivo? Ou estava lentamente começando a recuperar fragmentos de sua memória?
No momento, esperar e ver o que acontecia parecia ser o melhor a fazer.
— Certo, pessoal. Vamos comer.
Todos nós tomamos nosso café da manhã juntos. Sylphie estava sentada à minha direita e Roxy à esquerda. Do outro lado da mesa estavam Aisha, Lilia e Zenith, nessa ordem. Norn costumava sentar ao lado de sua mãe, mas desta vez não estava presente.
Eu não lembrava de ninguém ter organizado isso, mas acabamos chegando a esse arranjo nos assentos.
— Tenho certeza que você lembra, mas a partir de hoje estarei de volta à Universidade. Cuide bem de Lucie para mim, viu?
— Claro, Senhorita Sylphiette. Deixe tudo conosco.
A partir deste dia, Sylphie e eu voltaríamos às aulas. Enquanto estivéssemos fora de casa, Lilia e Aisha cuidariam de nossa filha.
Mas Lucie ainda era uma criança. Ela não poderia sobreviver sem acesso aos seios de sua mãe.
Espera. Isso também me torna uma criança? Hmm.
Deixando isso de lado por um tempo, decidimos contratar uma ama de leite. Era uma moça chamada Suzanne que morava na vizinhança – uma ex-aventureira e mãe de dois. Ela era uma velha conhecida minha, mas não há necessidade de tocar no assunto agora.
— Obrigado pela comida.
Era hora de eu começar meu terceiro ano na Universidade.
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— Yo!
— Dia, senhor!
— É bom te ver de novo!
No momento em que pisamos nossos pés no campus, alunos que eu não reconhecia começaram a aparecer para me dizer oi. Todos tinham aparência rude, mas eram estranhamente respeitosos.
Talvez eu estivesse projetando uma aura de autoridade.
Pensando bem, acho que era porque virei um pai de família. Não que eu me sentisse diferente.
— Ei, Chefe!
Enquanto eu pensava nisso tudo, as alunas com a aparência mais perigosa de todas apareceram diante de nós.
— Dia, Chefe!
— Ah, bom dia para vocês também, Fitz e Senhorita Roxy.
Eram Linia e Pursena, é claro. Essas duas estavam agora no último ano de estudo, mas não tinham mudado muito.
Linia ainda esbanjava arrogância e Pursena mastigava algo que parecia um presunto enquanto falava conosco.
— Você não é um cara de sorte, Chefe? Chegando na escola com uma garota de cada lado!
— Qual é a sua, nos largando e depois arranjando uma segunda esposa? Injusto pra caralho, é isso que é.
— Vamos nos formar este ano, sabe. Acho que também teremos que arrumar alguém.
— Sim. Tudo se resume a isso. Temos que arranjar um homem antes de voltarmos para casa!
Elas pareciam genuinamente agitadas. Parecia que estavam com inveja de mim – veja bem, não de minhas esposas, e sim de mim.
No fundo, as duas queriam claramente liderar seu próprio “bando”. Era a mentalidade de Decepticon se revelando novamente.
— Boa sorte para vocês duas — disse Sylphie com um sorriso agradável.
Foi a resposta provocadora de uma mulher que tinha alguma confiança em sua própria posição. Para ser sincero, fiquei um pouco surpreso.
Mas, bem, Sylphie conhecia essas duas há mais tempo do que eu. Acho que fazia sentido que se sentisse confortável lidando com elas.
Roxy, por outro lado, parecia ter interpretado suas palavras ao pé da letra. Ela baixou a cabeça para elas com uma expressão de desculpas.
— Sinto muito por isso. Suponho que cortei a fila, não foi?
— Mya?!
— Huh?!
Linia e Pursena foram, naturalmente, surpreendidas por isso.
— Uh, nah, tudo bem! Não quisemos dizer isso, sabe?
— Sim, só estamos bravas com nossa maldita falta de apelo sexual. Não estamos fazendo pouco de você, Senhorita Roxy!
As duas de repente começaram a freneticamente oferecer desculpas a Roxy. Ela era mais do que digna de tal deferência, é claro, mas o quão desesperada elas estavam chegava a ser quase assustador.
Para ser sincero, eu meio que esperava que essas duas dissessem algo como “Somos muito mais sensuais do que essa pequenina, mew!” ou “Você se casou com um maldito demônio?!” Não que eu fosse tolerar tal desrespeito.
Depois que elas terminaram de se desculpar, as duas deram tapinhas simpáticos nos ombros de Sylphie.
— Isso também deve ser difícil para você, hein? Aguente firme, Fitz!
— Não vai ser fácil acompanhá-la, mas sei que você consegue!
Sylphie piscou, parecendo um pouco perplexa.
— Huh?
— Melhor ter o seu segundo logo.
— Sim. Foco em manter a liderança.
— O quê…?
Sylphie parou para pensar por um momento, então murmurou “Oh” e seu rosto assumiu uma expressão um pouco estranha.
— Hm… Rudy ainda está me dando muito amor, sabe?
Linia e Pursena reagiram a isso com fungados ruidosos em simpatia exagerada.
— Aw, pobre e doce criança!
— Estou quase chorando! Vamos lá, Fitz! Uma pessoa quieta como você com certeza vai acabar em segundo plano assim que o Chefe pegar a número três e quatro, certo? Isso é tão triste!
Uau. Olha só essas idiotas…
Aliás, eu não planejava adicionar mais esposas à minha família. E mesmo se fizesse isso, não iria começar a negligenciar Sylphie por qualquer motivo que fosse. Ela colocou seu corpo em risco para me ajudar. Eu nunca, jamais, esqueceria isso.
Não que eu tivesse retribuído isso muito bem até o momento, com Roxy e tal.
— Hein? Isso não é verdade! Hm… certo, Rudy?
Não consegui distinguir a expressão de Sylphie por baixo dos óculos escuros, mas sua voz parecia ansiosa. Eu precisava me aproximar e dar a ela um pouco de segurança.
— Claro que não!
Me inclinei e a puxei para um grande abraço.
Afetuosamente esfregando suas costas, respirei fundo e me preparei para expressar meus sentimentos. Provavelmente seria melhor esclarecer as coisas logo, com muitas testemunhas ao redor.
— EU TE AMO, SYLPHIE!
Esta declaração contundente recebeu uma salva de palmas de vários espectadores aleatórios. Sylphie corou um bocado e se contorceu em meu abraço.
— Rudy, vamos! Aqui não é hora nem lugar!
— Ah, sério? Foi você quem me pediu segurança.
— B-Bem, se você quer fazer um grande gesto, então deve fazer o mesmo pela Roxy!
Justo. Olhei para Roxy.
— Isso não é realmente necessário… Estou bem.
Ela estava me encarando com algo semelhante a expectativa em seu olhar.
Sem mais hesitação, abracei Roxy com o braço esquerdo, mantendo Sylphie pressionada contra mim com o direito.
Ah, que felicidade. Agora eu tinha uma esposa de cada lado.
— EU AMO VOCÊS DUAS!
Desta vez, recebi um coro de vaias de alguns dos alunos que estavam assistindo. Provavelmente eram seguidores da Igreja Millis ou algo assim.
Que seja! Suas leis não se aplicam a mim! Eu sou a lei!
Em qualquer caso, toda a atenção do público estava se tornando um pouco demais para Sylphie. Seu rosto estava tão vermelho quanto um tomate.
— Ah, meu deus! Estou indo me encontrar com a Princesa Ariel, tá?
— Claro. Te vejo na hora do almoço, Sylphie.
— É Fitz quando estamos na universidade, lembra?!
Ah, é mesmo. Eu tinha esquecido completamente dessa coisa.
Não via as aulas há quase um ano, então acho que simplesmente esqueci. Para ser sincero, porém, não parecia que havia muito sentido em continuar com a farsa. Ela já estava bonita demais para ser convincente que era um garoto.
Bem, tanto faz. Ela era bonita de qualquer jeito, e como se apresentava era escolha dela.
— Suponho que então irei para os escritórios do corpo docente — disse Roxy após vermos Sylphie sair trotando.
— Certo. Boa sorte no seu primeiro dia, Roxy.
— Ah, isso me lembra. Você deveria me chamar de Professora Roxy enquanto estivermos nas dependências da escola.
Hmm. Verdade, tínhamos que manter nossas vidas pessoais e profissionais separadas.
Por mim tudo bem, é claro. Mas, o mais importante… Roxy realmente era professora, não era? Isso era meio… picante. Me vi pensando na noite anterior.
Imagino até que horas te deixam ficar com as chaves do depósito de Educação Física…
Nesse ponto, abruptamente lembrei de algo que parecia importante.
— Uh, Professora Roxy?
— Sim, Rudeus? — disse Roxy, olhando para mim com um sorriso calmo e profissional.
— Este é o primeiro dia do novo período, certo? O corpo docente não tem uma reunião antecipada ou algo assim?
— Gah!
Hmm. A cor desapareceu do rosto dela. Isso não era um bom sinal.
— S-Sinto muito, preciso ir! Agora! Com licença!
Em poucos segundos, ela correu em direção aos escritórios da faculdade e desapareceu no meio da multidão.
Acho que não tínhamos calculado o tempo. Um membro do corpo docente não seguiria a mesma programação que um simples aluno, é claro.
— Bem, então tá. Vamos andando também, gente.
— Meow!
— Estamos com você, Chefe.
Eu, particularmente, fui para a sala especial com minhas subordinadas leais no meu encalço. Desta vez tínhamos uma classe obrigatória.
Ambas as minhas esposas desapareceram pelo resto do dia, mas de alguma forma continuei com duas garotas bonitas ao meu lado. Meus dias de popular talvez tivessem finalmente chegado.
Não que eu fosse colocar as mãos em Linia ou Pursena ou algo assim. Ah, às vezes é difícil ser homem…
— Ah, é mesmo. Existe um boato sobre você por aí, Chefe.
Linia se virou para mim, suas orelhas de pé. Eu podia ver a curiosidade brilhando em seus olhos.
— Sério?
— Aham. Estão dizendo que você travou uma batalha realmente épica. Tão épica que perdeu a mão esquerda.
— Ah…
Pensando bem, tudo que eu disse para as duas foi que tinha voltado da minha jornada e que Roxy começaria a lecionar na Universidade. Zanoba era o único amigo para quem eu tinha falado sobre os detalhes.
Então ele espalhou os rumores? Ou podia ser Cliff. Afinal, ele provavelmente tinha ouvido a história por Elinalise.
— Esse é o nosso chefe, mew! Voa para o Continente Demônio para lutar contra um dos Sete Grandes Poderes e sacrifica a própria mão para vencer!
— O qu…?
O quê? De onde saiu essa coisa dos Sete Grandes Poderes?!
— Seu oponente teve que fugir envergonhado, certo? É assim que se faz!
— Espera. Espera! Vá mais devagar por um segundo, Linia!
Isso era bizarro demais! Como diabos o boato se distorceu a esse ponto? Eu realmente não gostei disso. E se circulasse o suficiente para que todos começassem a acreditar que eu derrotei um dos Sete Grandes Poderes? E se um dos Poderes ouvisse esse boato?
E se fosse o número dois dessa lista? Um cara chamado Orsted?
— Bem, de qualquer forma, fui eu quem acabou de inventar essa história. Não se preocupe, vou me certificar de espalhar por todos os… myaaa!
Antes que Linia pudesse terminar de falar, a agarrei pelo rabo e dei um puxão feroz. Ela me atacou com as garras para fora, mas evitei seus golpes usando meu Olho Demoníaco. Depois de algumas tentativas fracassadas, ela pressionou a mão contra a bunda e olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas.
— Por que fez isso?! Não puxe a cauda de uma moça!
Olhei de volta para ela.
— Não espalhe nenhum boato exagerado, entendeu? Senão vou arrancar essa coisa de você!
— Huh?! E-Entendido! Sinto muito!
Essas duas tinham uma fixação por espalhar boatos. Elas espalharam aqueles sobre meus problemas na cama por todo o campus, mas disso poderia perdoá-las, já que era verdade. Mas este era um caso totalmente diferente. Isso poderia me causar problemas reais. Poderia acabar até mesmo morto.
Esse era o tipo de boato que precisava ser cortado pela raiz.
Nesse momento, Pursena entrou na conversa.
— Zanoba nos disse o que aconteceu. Você lutou contra uma hidra imune à magia, certo? Ele estava dizendo que deveria ter ido junto. Acredita que poderia ter evitado que você se machucasse.
— Isso mesmo, mew. Mas ficamos impressionadas por você ter conseguido derrotar aquela coisa. Então, eu estava imaginando que precisávamos nos assegurar de que todos soubessem o quão fodão você é…
— Obrigado, mas não.
Eu definitivamente fiquei um pouco mais forte com o passar dos anos. Mas quando realmente importava, continuava dolorosamente fraco. Eu não queria que as pessoas tivessem uma opinião exagerada sobre mim. Não merecia isso.
— Mas, sabe, Chefe… mesmo se não dissermos nada, as pessoas já estão inventando coisas. Todos podem ver que agora você está com uma mão artificial.
— Isso mesmo, mew. Não fará muita diferença se jogarmos nossa história no meio disso.
— …
Eu aparentemente era uma figura semi-notória do campus, então devia ser inevitável que as pessoas especulassem. Ainda assim, eu queria manter os Sete Grandes Poderes fora disso. Esse era um território perigoso. Eu ainda tinha uma memória bem vívida do dia em que Orsted quase me matou.
— Que rumores vocês ouviram por aí?
— Tem um monte. Vejamos…
Linia começou a contar uma série de histórias. Algumas pessoas estavam dizendo que eu tinha lutado contra um guerreiro Superd até a morte, outras diziam que eu tinha enfrentado uma horda de cem monstros sozinho. Outros, ainda, afirmavam que lancei um antigo feitiço proibido com sucesso, mas que acabei perdendo a mão no processo.
Nada disso parecia particularmente confiável, então presumi que com o tempo esses boatos sumiriam.
— Hmm…
Pensando bem, os Sete Grandes Poderes provavelmente também estavam acostumados a pessoas inventando histórias absurdas sobre eles. Eles eram incrivelmente famosos por suas proezas em batalha. Talvez não prestassem atenção a alguma história boba circulando pela universidade, mesmo que de alguma forma ficassem sabendo sobre isso.
— Bem, tá bom. Foi mal pelo rabo.
— Vocês, humanos, não conseguem imaginar o quanto isso dói, mew. Puxar a cauda de uma moça é imperdoável!
— Tá bom, tá bom. Qualquer hora dessas vou te comprar um pouco de peixe, tá?
— Hee hee, ótimo! Eu deveria tentar reclamar com mais frequência…
— Em vez disso, carne para mim.
Nós três mais uma vez saímos pelo corredor.
Nossa sala de aula continuava a mesma de sempre.
Os outros cinco estavam sentados em grupo ao redor da minha mesa. Zanoba estava brincando com suas estatuetas, sua leal assistente Julie ao seu lado. Linia estava ocupada lixando suas garras, Pursena mastigava um pouco de carne e Cliff estudava seriamente um livro grosso. Também tinha Ginger, que estava parada em silêncio ao fundo da sala, embora não fosse uma estudante.
Já fazia muito tempo desde que estive nesta sala, mas tudo parecia bem familiar. Era difícil imaginar que perderíamos dois dos nossos em apenas um ano. Assumindo que Linia e Pursena conseguissem se formar, é claro.
— A propósito, Rudeus… — Cliff tirou os olhos do livro e me encarou. — Existe uma razão pela qual você não apareceu para me dizer olá, assim como fez com os outros?
Eu podia entender o mau humor. Não tive tempo de ir vê-lo.
— Foi mal por isso, Cliff. Passei pelo seu quarto depois de voltar, mas parecia que você e Elinalise estavam ocupados com alguma coisa.
— Uh… entendo. Suponho que naquela noite estava com ela, sim. Tudo bem, deixa pra lá. Minhas desculpas.
Por sorte, Cliff recuou bem rápido. Mas, ainda assim, eu estava começando a ter a sensação de que as pessoas nesse espectro social eram muito exigentes em relação a esse tipo de formalidade. Ariel também ficou descontente pela forma como saí sem dizer qualquer coisa.
Quando eu era aventureiro, todo mundo era mais casual sobre essas coisas.
— Porém, sua primeira criança nasceu, sim? Você poderia ter falado ao menos isso. Ainda estou treinando, mas poderia ter ao menos oferecido uma bênção a ela.
— É, acho que sim…
— Ah, é mesmo. Você não segue a Igreja Millis, então suponho que isso não seja necessário. Ainda assim, quase parece que você está me evitando. Tenho certeza de que está preocupado com sua filha, mas não poderia ter encontrado tempo para passar pelo meu laboratório ao menos uma vez?
Ele tinha razão. Eu talvez estivesse o evitando.
Mas havia uma razão para isso. Uma razão chamada Roxy. Eu agora tinha duas esposas e Cliff era um devoto membro da Igreja Millis. Ele provavelmente não reagiria de forma muito favorável às notícias.
— Será que há algum motivo para você não querer me ver? Se sim, gostaria de ouvir diretamente de você, caso não se importe.
Neste dia ele estava estranhamente tenaz a respeito disso. Tive a sensação de que Elinalise já tinha contado. Conhecendo-a, ela provavelmente também o aborreceu um pouco. Eu podia vê-la dizendo algo como “Sei que você é apaixonado pela sua fé, Cliff, mas se perdoá-lo pelas ofensas, vai mostrar a todos o quão gentil e tolerante você é!”
Claro, eu não precisava do perdão ou permissão de Cliff para casar com Roxy. Mas isso não significava que também queria arruinar nossa amizade. Provavelmente era melhor eu entrar no jogo. Poderia confessar toda a verdade, deixar Cliff me perdoar e depois elogiar sua mente aberta por um bom tempo. Ele ficaria com o ego inflado e esqueceria do assunto. Sério, era uma situação em que todos ganham.
Então tá bom. Acho que vou dançar nas suas cordas, Elinalise…
— Na verdade, Cliff…
— Perdão.
Antes que eu pudesse terminar de falar, entretanto, alguém abriu a porta da nossa sala de aula.
Duas pessoas entraram. Uma delas era o professor encarregado de nossa classe, que normalmente dirigia nossas aulas.
A outra era uma adorável jovem vestindo um robe, seus olhos sonolentos e uma expressão séria, que parecia um pouco nervosa. O tipo de garota que obviamente faria o melhor em todos os momentos, e que ninguém poderia deixar de querer abraçar. Com isso, quero dizer… Roxy.
— Olá, pessoal. Gostaria de apresentá-los à professora assistente que estará me ajudando com a Classe Especial.
— Prazer em conhecê-los — disse Roxy, dando um passo à frente e inclinando um pouco a cabeça. — Meu nome é Roxy M. Greyrat.
Zanoba e os outros apenas olharam surpresos, mas nosso professor seguiu em frente.
— A Professora Roxy pode parecer muito jovem, mas isso é uma simples característica particular de seu povo. Ela, na verdade, tem mais de cinquenta anos. Parece que já possui conexões com alguns de vocês, então decidimos colocá-la aqui. Ela, no momento, atuará como minha assistente, mas pretendemos que no próximo ano assuma inteiramente a classe.
— Mew?! O que vai acontecer com você, Professor Samson?!
O professor acenou com a cabeça para esta pergunta. O nome dele era Samson? Isso era novidade para mim. Era quase impressionante o quão despercebido ele passava.
— Voltarei para minha terra natal no ano que vem. Afinal, não tenho mais qualquer parente nesta classe.
— Ah, sim. Afinal, para onde Ren foi depois que se formou?
— Minha irmãzinha está servindo como cavaleira mágica no Ducado de Neris. Parece que ela está se saindo muito bem por enquanto, mas não há como dizer o que fará se eu não estiver por perto para ficar de olho nela.
— Ooh. Entendi.
Eu só ficaria sabendo disso mais tarde, mas, aparentemente, era comum que o orientador da classe especial fosse um instrutor com alguma conexão especial com um ou mais alunos. Provavelmente tinha algo a ver com o quão imprevisíveis eles eram. Gostariam de alguém que pudesse controlá-los um pouco, ou ao menos servir como uma voz de contenção.
O Professor Samson, que estava encarregado de nós até o momento, era irmão de uma estudante que se formou um ano antes de Cliff se matricular. Ela fazia parte da família ducal de Neris, uma das três Nações Mágicas, e supostamente tinha notável talento para a magia.
Em qualquer caso, Roxy tinha conexões pessoais comigo e com Zanoba. Ela era, essencialmente, a escolha perfeita para o trabalho.
Voltando a dar um passo à frente, Roxy olhou pela sala e então começou a falar.
— Sei que já fui apresentada a alguns de vocês, mas, novamente, meu nome é Roxy M. Greyrat. Sou a segunda esposa do Rudeus Greyrat ali. Vou tentar não deixar que isso influencie minhas ações como professora, mas espero que entendam.
— …
Neste momento Cliff estava fazendo beicinho.
Ele provavelmente queria saber dessa coisa de “segunda esposa” pela minha boca. Dessa forma, ele poderia ter aceitado a situação com elegância e ganho minha gratidão. Mas seus planos estavam agora arruinados.
— Hm, Cliff…
— Hmm. Uma segunda esposa, não é? A palavra fidelidade não faz parte do seu vocabulário, Rudeus?
Quando falei com ele, ele partiu para o modo de sermão na mesma hora.
— Eu sei, eu sei. Admito que me provei falho no departamento de lealdade.
— Abençoei seu casamento com Sylphie porque você me disse que a amaria, e apenas ela. Você lembra disso, não?
— Claro. E sou muito grato a você.
— Bem, suponho que desde o início eu sabia que você não segue a minha fé. Não vou continuar insistindo neste ponto. Se der certo, você tem meus parabéns. Espero que sejam felizes juntos.
— Obrigado, Cliff.
Cliff bufou após isso.
— Sabe, encontrei sua irmã Norn várias vezes na cidade. Ela me disse que esperava algum dia ter um casamento feliz como o seu. Ela te disse alguma coisa quando você apareceu com uma segunda esposa em sua casa?
— Ela ficou bem chateada comigo.
— Imagino que sim. Ela orou quase todos os dias na igreja pelo retorno seguro seu e de seu pai. Normalmente, sua volta para casa deveria ser uma ocasião alegre para ela.
— Mas, no final, ela me perdoou.
— Bem, claro que sim. Ela deve ter ficado com muito medo de ser expulsa de casa em caso de teimar muito no assunto.
— Eu não faria isso, não importa o quê…
— Claro, sei que não faria. Mas coloque-se no lugar da parte mais vulnerável. A garota acabou de perder o pai. Você é a única pessoa com quem ela pode contar agora, entende? Acho que você realmente deveria tentar ser mais atencioso aos sentimentos dela, assim como uma família.
— Você tem razão.
— Além disso, aceitar novas parceiras só vai complicar os seus relacionamentos. Mulheres não são objetos para serem colecionados, sabe.
Cara, ele estava cutucando onde doía. Parecia que eu estava sendo interrogado por um sacerdote severo ou algo assim. Esse homem podia ser intenso quando queria.
— Certo… hm, Cliff?
— O que foi, Rudeus?
Mesmo assim, havia uma parte dessa história que era novidade para mim, e eu devia alguma gratidão a ele.
— Você estava cuidando de Norn enquanto estive fora, não é? Obrigado. Fico grato por isso.
— Um dia a vi na igreja, então começamos a conversar um pouco, e é só isso. Ah, tocando no assunto, você não deveria deixar uma garota tão jovem vagar pela cidade tão livremente. Esta área é bem segura, mas ouvi falar de sequestradores à espreita nos becos.
— Você tem razão. Vou tomar mais cuidado.
— Pois bem. Parece que você está devidamente arrependido, então suponho que irei perdoá-lo por seus erros. Afinal, São Millis nos ensinou a ser tolerantes.
— Agradeço por isso, Cliff.
Bem, eu fui perdoado. Talvez isso tenha sido mais uma confissão do que uma conversa.
Ainda assim, o homem tocou em muitos pontos positivos. Claro, eu estava me sentindo mal sobre como tratei Norn até o momento. Teria que ser duas vezes mais gentil com ela no futuro.
— Parece que terminamos nossas discussões pessoais, certo? Então vamos abordar os assuntos da Universidade…
Com o sermão de Cliff chegando ao fim, o Professor Samson delicadamente recomeçou a aula. Roxy ficou o tempo todo ao lado dele, parecendo extremamente desconfortável.
Joguei um beijo para ela, o que me rendeu uma risadinha, seguida por uma carranca de desaprovação.
Durante o resto do tempo, minha vida prosseguiu ao longo dos velhos hábitos familiares.
Eu visitava Zanoba e Cliff regularmente, aparecia para ajudar Nanahoshi com sua pesquisa e usava meu tempo livre para trabalhar em meu livro ou estudar as pedras que absorvem magia que consegui durante minha última viagem. Como sempre, eu tinha muito com que ocupar meu tempo. Sentia uma certa saudade dos dias em que podia dedicar meu dia todo a uma única tarefa, ou talvez duas.
Uma coisa que mudou foi a forma como eu usava meu tempo logo após o término das aulas. Antes, ajudava Norn com seus estudos, mas agora eu a estava treinando para o uso da espada.
Eu fiquei um pouco preocupado com a possibilidade de essa mudança ter um efeito negativo nos seus resultados acadêmicos, mas ela jurou que trabalharia duro para permanecer no caminho certo, então eu estava disposto a dar uma chance. Parecia que seria melhor deixá-la perseguir as coisas pelas quais era apaixonada enquanto estava motivada.
No momento, não irei me aprofundar muito em nada disso.
Assim que estivesse pronto para deixar o campus, eu encontraria Sylphie e Roxy e iríamos juntos para casa.
Quando Sylphie tinha o turno noturno, ficávamos apenas eu e Roxy. E quando Roxy tinha uma reunião noturna do corpo docente, ficava só eu. Às vezes, Norn também aparecia.
Certa noite, me vi voltando apenas com Sylphie. Demos as mãos enquanto caminhávamos e conversávamos, principalmente sobre os eventos recentes na Universidade de Magia. Pelo visto, o conselho estudantil irá aceitar/ irá abrir vagas para um ou dois novos membros neste semestre.
— Você devia se juntar, Rudy!
— Não acho que tenho tempo livre, foi mal.
Não foi muita conversa, mas estávamos desfrutando da companhia um do outro. Não muito descaradamente, é claro. Estávamos em público.
— Chegamos.
No momento em que entrei pela porta, Aisha saltou para frente e jogou os braços ao meu redor.
— Bem-vindo de volta, Rudeus! Quer jantar? Ou banhar? Ou talvez… eu?!
Onde ela aprendeu isso? Que clichê. Ah, espera, fui eu quem ensinou isso? Não… eu lembrava de ter ensinado isso para Sylphie, mas não para minha própria irmãzinha.
Declarando “Sua…!”, comecei a fazer cócegas nas axilas de Aisha, sem qualquer piedade, até que ela fugiu, gargalhando, e levou um golpe de Lilia na cabeça.
Depois desse pequeno interlúdio, fui direto para o banho.
Aisha o incluiu em sua lista de opções, mas não estava pronto e à minha espera nem nada assim. Ainda deviam estar trabalhando no jantar. Em outras palavras, “Ela” era a única opção realmente disponível.
Ah, bom, que seja. Felizmente, Aisha sempre limpava a banheira durante o dia, então tudo que eu precisava fazer era colocar água.
Eu não costumava tomar muitos banhos sozinho. Em algum momento, começamos a usar o lugar aos pares. Já era quase uma regra tácita. Eu nunca tinha ouvido falar de um costume assim antes, mas, que seja.
Neste dia, Aisha me acompanhou até o banho. A garota já tinha onze anos, mas ainda não parecia ter nenhum senso de vergonha. Se ela alguma vez conversasse com um garoto com os hormônios em alta, o pobre garoto provavelmente teria a ideia errada em questão de minutos.
— Sempre digo para você se cobrir com uma toalha quando for entrar no banho, Aisha.
— Por quê?
— Por educação.
— Tuuudo bem.
Nesse aspecto, ao menos, eu estava começando a desejar que ela pudesse aprender com a irmã.
Ainda assim, era bom ter uma irmãzinha. Ela gostava de se contorcer por entre minhas pernas e exigir que eu lavasse suas costas ou enxaguasse sua cabeça, e era sempre muito fofa. Que bom que ela era minha irmã – e também apenas uma garotinha magricela – ou eu poderia acabar com outra esposa em minhas mãos.
Se Sylphie ou Roxy tentassem a mesma façanha, eu tinha certeza de que perderia qualquer autocontrole em segundos. Não que eu realmente precisasse me controlar caso fosse a situação.
Enfim. Me acomodei para desfrutar de alguns momentos agradáveis de vínculo familiar com minha irmã. Nos lavamos enquanto Aisha me contava os acontecimentos do dia. Na maioria das vezes, eram apenas coisas triviais. Lucie tinha feito algo adorável, Zenith tinha ajudado na remoção de ervas daninhas, Lilia tinha cochilado perto de uma janela, ela plantou algo novo em nosso jardim… esse tipo de coisa.
Ah, é mesmo. Eu confiei aquelas sementes de arroz que consegui a Aisha e pedi a ela para ver se conseguia cultivar. Ela me prometeu fazer uma tentativa assim que o tempo esquentasse um pouco. A garota era um gênio, então fiquei otimista de que logo teria meu próprio suprimento particular de arroz. Fiquei realmente ansioso por isso.
Quando saímos do banho, Roxy estava chegando em casa, então fomos direto para o jantar.
Desta vez comemos um ensopado de peixe de água doce, pão, feijão e batata. Mais ou menos o mesmo de sempre.
Após a refeição, observei atentamente enquanto Lucie mamava furiosamente no seio de Sylphie. Considerando o quão quieto nosso bebê estava, ela com certeza tinha muito apetite. Era difícil imaginar a filha de Sylphie crescendo bem gordinha, mas eu teria que me certificar de que ela faria algum exercício quando ficasse grande o suficiente.
Por um tempo, após o jantar, relaxamos como uma família. Ensinei um pouco de magia para Aisha e Roxy subiu para o quarto dela para preparar suas aulas do dia seguinte.
Sylphie estava ocupada cuidando de Lucie, mas às vezes arrumava tempo para praticar um pouco de magia.
Tu, nosso tatu de estimação, foi até mim, então dei um pouco de atenção a ele.
Aliás, Aisha era responsável por cuidar dele. Ela o treinou por completo, e ele estava começando a agir igual a um cão de guarda leal.
— Então tá bom, acho que está na hora de irmos para a cama. Boa noite a todos.
Lilia e Zenith costumavam ser as primeiras a ir se deitar.
— Boa noite!
Aisha também ia para a cama cedo. Uma vez que eu terminava sua sessão de tutoria, ela costumava ir direto para a cama.
— Bem, agora… Você está pronta, Sylphie?
E depois que a casa ficou em silêncio, convidei minha esposa para o nosso quarto.
— Sim — respondeu ela, corando e segurando a manga da minha camisa.
Naturalmente, isso era mais do que suficiente para me estimular a entrar em ação. Pegando-a no colo, a carreguei como se fosse uma princesa até a cama.
Depois disso, bem… apreciamos nosso tempo privado.
Mentalmente e fisicamente realizado, caí em um sono profundo com minha esposa em meus braços.
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Apenas alguns minutos antes disso, porém, escorreguei silenciosamente para fora da cama, tomando cuidado para não acordar Sylphie.
Desci até o porão na ponta dos pés, o mais silenciosamente que pude. Uma vez lá, olhei para trás várias vezes, cauteloso, antes de abrir uma certa porta escondida.
Lá dentro, preparei um pequeno altar. Meus ídolos sagrados estavam lá.
Para os não iniciados, podiam parecer nada mais do que pequenos pacotes de tecido. Mas eu sabia que os espíritos divinos de Roxy e Sylphie habitam neles.
Esta noite, como em todas as outras, ofereci minhas preces de gratidão.
Lendas da Universidade #2: O Chefe pode fazer seus olhos brilharem.
Tradução: Taipan
Revisão: Guilherme
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