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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 10 – Cap. 04 – Dramático

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Reino de Ranoa, a Cidade Mágica de Sharia.

Em uma área desta cidade – densamente povoada por estudantes – havia uma velha mansão com vários problemas. Um único degrau pela calçada levava a um jardim mal cuidado e, logo adiante, a uma porta quebrada. As paredes e tetos foram danificados pela água e o telhado mostrava vazamentos sempre que chovia. Havia uma lareira que podia não estar mais funcionando, e as paredes externas estavam cobertas por musgo e videiras murchas. Em suma, estava menos para uma casa e mais para uma ruína abandonada.

Quer mais? A casa era assombrada.

Mas, surpreendentemente, havia um homem chamado Rudeus Greyrat pensando em se mudar para lá. O ex-aventureiro de rank A e atual aluno da Universidade de Magia, Rudeus, comprou a casa para ele e sua futura esposa ocuparem. Gosto peculiar, com certeza. Muitas pessoas não escolheriam um lugar desses para começar a vida de recém-casado.

Um homem atendeu ao pedido deste cliente: Balda do Largo Vazio, um artesão e renovador, e um arquiteto especialista afiliado à Guilda dos Magos do Ducado de Basherant. Ele tinha trinta anos de experiência em uma área que abrangia tudo, desde o projeto de criação de um edifício até a sua construção. Tendo adquirido as suas habilidades no País Sagrado de Millis, ele possuía uma notável série de realizações em seu currículo, como a construção de um prédio escolar independente para a Universidade de Magia.

Balda era um homem meio teimoso, mas também um homem cujas habilidades eram inegáveis. Ele sempre estava com seu martelo ao seu lado, e se encontrava algo de que não gostava, mesmo que fosse a casa de um estranho, a derrubava e reconstruía. Esse era um temperamento digno de um artesão. Ele batia em qualquer coisa com o seu martelo, fossem edifícios ou até mesmo as suas próprias pupilas. Foi assim que adquiriu outro apelido: Balda, o Martelo.

— Aha. Aqui estamos. Você deve ser o Atoleiro! Ouvi dizer que vai se casar!

Quem deu as boas-vindas ao artesão foi o próprio cliente, um homem conhecido nas ruas como “Rudeus Atoleiro”, embora mais carinhosamente chamado de “Atoleiro”, inclusive pelo artesão.

— Sim. Estou em suas mãos, Senhor Balda.

Balda conhecia Rudeus. Talhand era seu velho amigo, e tinha ouvido falar de Rudeus através da companheira dele, Elinalise.

— Fico feliz por ter comprado uma casa para a minha nova esposa, mas, como pode ver, ela precisa de alguns reparos.

— Bem, por que não me deixa dar uma olhada?

— Fique à vontade.

Assim que começaram a entrar na casa, o artesão franziu as sobrancelhas.

— Ei, o que é isso aqui? Esta porta está em mau estado. Parece até que foi arrancada das dobradiças.

— Ela não encaixa direito e não dava nem para abrir, então não tivemos escolhas a não ser quebrar — explicou Rudeus.

— Tsk, honestamente — resmungou o anão. — Vocês, crianças, gostam mesmo é de quebrar tudo. Não mostram respeito nenhum pelas coisas.

— Concordo plenamente.

O cliente ignorou as palavras raivosas do artesão com a maior facilidade do mundo. Ele falou como se não tivesse nada a ver com a destruição da porta. O artesão não se importava muito com esse tipo de atitude, mas resolveu conter os seus comentários. Ele tinha ouvido que Rudeus Atoleiro era, quando provocado, um indivíduo aterrorizante.

— Então, o que você quer fazer com a porta?

— Como assim? — perguntou ele.

— A qualidade dos materiais, design e coisas do tipo. Se não tiver preferência, seguirei a minha própria vontade — explicou Balda.

— Não tenho nenhuma preferência no que diz respeito aos materiais, mas gostaria que fosse uma porta resistente. Além disso, adicione uma aldraba.

— Fechado. Afinal, é a porta da frente.

Depois disso, os dois foram para dentro, onde o artesão mais uma vez demonstrou uma expressão de emoções mistas.

— Isso aqui está uma baderna mesmo.

— E-está?

— O piso é estranhamente bem feito, mas as paredes e o teto, se comparados, são um trabalho de qualidade duvidosa. É quase como se o porão fosse a parte mais importante da casa e o resto todo só um bônus.

— Você pode dizer isso tudo só de relance?

—  Claro que posso.

Os olhos de Balda podiam facilmente dizer o que era ou não era bem feito. O chão, as escadas, o segundo andar, a sala de jantar, a cozinha e a lareira eram todos trabalhos sólidos. Ele poderia dizer que um construtor talentoso havia colocado tanto suas habilidades mágicas quanto arquitetônicas à prova para criar isso há cem anos. Mas uma outra pessoa havia feito reformas nas paredes e no teto. Foi aí que começou o problema.

— Bem, dá para consertar isso bem rápido.

As palavras do artesão foram reconfortantes. Aliviado, o cliente o conduziu a uma ampla sala de jantar.

— Uma sala grande, hein? E a luz do sol até que não está ruim — disse Balda.

— E quanto à lareira?

— Vejamos. — Os olhos do anão brilharam ao se deparar com a lareira que poderia ser ou não utilizável. — Esta é uma bela lareira. Um pouco velha, mas deve ser melhor nem mexer nela.

— Tem certeza?

— Aqui, olha essa marca cinzelada aqui. — Balda apontou para o emblema que Rudeus tinha certeza que já havia visto em algum outro lugar. — Esta é a marca de um artesão gênio. Seu nome se perdeu no tempo, mas, no Reino Asura, os implementos mágicos com esta marca são bem caros. Mas a maioria deles são aparelhos menores. Quem pensaria que a mesma pessoa teria criado uma lareira toda em um lugar como este?

O cliente voltou a pensar na marca do diário que encontrara nesta casa há poucos dias, finalmente percebendo quão semelhante era ela com esta. O dono original da casa parecia ter construído tudo sozinho.

— Então, o que quer fazer com este cômodo grande? — perguntou Balda.

— Essa é uma boa pergunta. O que você normalmente faz com um destes?

— Bem, é uma grande área. Coloque uma mesa grande e poderá usá-la para festas. Mantenha a outra ala da casa livre. Se algo acontecer e você não puder usar este cômodo, então poderá usar aquele.

— Então ficaria a maior parte do tempo sem usar?

— Normalmente não, não. Então, veja bem, para a maioria de nós, que vivemos vidas normais, uma sala grande é mais que o suficiente.

— Suponho que você esteja certo. Então vamos usar o cômodo da outra ala como um saguão.

— Aye.

O artesão e seu cliente continuaram a conversa enquanto se moviam para o próximo cômodo.

— Você também tem duas cozinhas. Embora uma delas não tenha forno.

— Então devo presumir que ela nunca foi usada? — perguntou Rudeus.

— Tem um cano de drenagem, então provavelmente era usada para lavar e banhar.

— Ah, então é um banheiro!

O artesão olhou para a cozinha e depois para a área de lavagem. Ele verificou se havia deterioração e entupimentos no encanamento e, depois, concordou.

— Este lugar está bom, não precisa de nenhum reparo. Está bem limpo, e deve ter sido bem usado. Embora no começo possa não ter sido tão utilizado.

— Há algo que eu gostaria de pedir — disse o cliente, seguindo a sua deixa.

Os olhos do artesão brilharam.

— Você parece achar que algumas dessas coisas seriam interessantes. Mas não tenho os materiais para isso, então pode custar caro.

— Vou criar essas coisas com a minha magia.

— Tudo planejado, eh? Muito bem. Vamos ver o que podemos fazer.

E assim o cliente confiou a sua ideia ao artesão.

 

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No dia seguinte, dez subordinados de Balda se reuniram e as reformas começaram.

 

PARTE 1: PORTA

De manhã bem cedo, uma enorme porta de madeira cara e ajustada para caber no portal foi preparada. Do lado de fora da robusta placa de madeira havia uma aldraba em forma de leão, com um círculo mágico desenhado na borda da porta, sendo uma medida de segurança.

— Não é muito, mas se alguém tentar arrombar a porta, um barulho bem alto irá ecoar por toda a casa — disse o anão. — Também pode servir como um alarme.

O cliente audaciosamente riu da ideia do artesão.

 

PARTE 2: ÁREA DE LAVAGEM

Sob os cuidados qualificados do artesão, esta área estava passando por uma grande mudança. Primeiro, foi colocada uma partição para dividir a área em duas. O piso de pedra foi substituído por ladrilhos, que foram inclinados em direção a um ralo em um canto do cômodo. Em outro canto, foi instalada uma caixa de pedra grande o suficiente para que três pessoas deitassem nela. A parte baixa foi ligeiramente ajustada para que a caixa pudesse ser ali colocada. Em seguida, foi instalada uma janela bem perto do teto. Para exatamente o que serviria esse cômodo?

 

PARTE 3: PORÃO

O cliente e o artesão fizeram uma pausa no porão escuro.

— Esta é uma boa área para um porão. Da forma como foi construído, será difícil ver ratos por aqui.

— Sim. Bem, a respeito desta porta escondida. Atrás dela, gostaria que você criasse um cômodo bem assim…

— Por que você quer algo tão estranho… ah, deixa pra lá. Não vou falar é nada. Sou um bom seguidor de Millis, mas parece que você não é.

Máquinas e materiais foram levados para o porão, tudo para atender aos desejos do cliente, e as manchas nos cantos da porta escondida foram completamente removidas.

 

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Duas semanas depois, quando as reformas foram finalmente concluídas, o cliente apareceu com a sua esposa.

— Ah, me pergunto o que é que você quer me mostrar. Estou tão curiosa!

— Você parece estar lendo essas coisas em um pedaço de papel, Sylphie. Você por acaso saiu reunindo informações e já descobriu tudo?

— Eh? O que você quer dizer? Não faço ideia do que você está falando.

Rudeus flertou com a sua esposa enquanto ela continuava fingindo estar surpresa e emocionada, e os dois caminhavam pela neve.

— Parece que, enquanto eu não olhava, a garotinha honesta que eu conhecia aprendeu a mentir. Agora que penso nisso, eu talvez devesse estar feliz. Mas se você continuar mentindo com essa ousadia toda, fico preocupado que volte a mentir para mim no futuro.

— Isso também é culpa sua, Rudy. Se você usar o nome da Princesa Ariel, é óbvio que eu vou descobrir.

— Sinto muito.

— Eu fico ansiosa quando você não me conta nada, sabe. Digo, você é tão bonito… — Sylphie se interrompeu.

— Acha que eu iria te trair? Isso é perturbador.

— Não, digo… hm, você sabe. Não sou muito… digo, meus peitos. Eles são meio pequenos.

No momento em que o homem viu o olhar ansioso no rosto da sua esposa, um sorriso se espalhou pelo seu.

— Como assim, você está preocupada com o tamanho do seu peito? Não se preocupe, este velhote aqui acredita na igualdade. Não faço discriminações. Ha ha ha!

— Velhote? Ah, ei, não comece a me tocar assim do nada! As pessoas estão vendo!

— Sim, madame. Sinto muito.

Quando chegaram à casa, o homem estava quieto, igual um cachorro com o rabo enfiado entre as pernas. Sua esposa ajeitou os óculos escuros que usava e resmungou, frustrada.

— Considere a hora e o lugar. Deixe essas coisas para a noite, no quarto! Entendeu?

— Sim, Senhorita Sylphiette. Nunca mais farei isso novamente.

— Ah, m-mas se você realmente não conseguir se segurar… então, hmm…

— Oho? Você vai ter que falar, garota, os ouvidos deste velhote aqui não são mais como costumavam ser.

Os dois deram uma olhada em sua nova casa.

 

ANTES

O musgo tampava as pedras e a hera serpenteava por todo o exterior da casa. As janelas estavam quebradas e a porta da frente arrombada, fora do portal. A propriedade de Rudeus exalava uma atmosfera misteriosa, como se fosse a morada de uma bruxa.

 

AGORA

As pedras cobertas de musgo foram todas limpas e polidas, e uma nova camada de tinta completamente branca foi aplicada nas paredes externas. O telhado, antes tão fosco que não dava para saber qual era a sua tonalidade original, adotava agora uma coloração verde brilhante. Portas duplas acastanhadas e robustas foram instaladas na entrada. As portas tinham aldrabas em forma de leão, feitas com um ouro cintilante, e pareciam quase cães de guarda.

Vendo isso, a esposa cobriu a boca.

— O que você acha?

— Hm, uh, o que eu acho?

— Escolhi uma cor parecida com a sua cor de cabelo original para o telhado. Você podia não gostar do seu cabelo, mas eu realmente gostava.

— Hein? Ah, entendo. Aah… — Ela manteve a mão à boca, seus olhos cheios de admiração enquanto olhava para a casa.

— Venha, vamos entrar e ver o resto.

Os dois entraram. Havia um tapete na entrada da frente, onde poderiam limpar os pés – uma representação dos sentimentos do cliente à cultura deste mundo de usar sapatos dentro de casa.

— À direita está a sala de jantar. À esquerda está a sala de estar. Qual você prefere ver primeiro?

— Hm, que tal a de “jantar” primeiro?

— Então você prefere a sala de jantar! Muito bom. Tenho certeza de que, assim que ver, gostará ainda mais deste lugar. Por aqui. — O nervosismo do cliente estava transparecendo em sua fala, como se ele fosse um tipo de vendedor de carros.

Os dois caminharam do vestíbulo até um cômodo à esquerda. O lugar anteriormente grande e vazio havia passado por uma grande transformação. Primeiro, foi adicionada uma enorme mesa. Estava vazia no momento, mas parecia capaz de acomodar dez pessoas. As paredes foram revestidas com papel de parede branco e, no canto, havia um vasinho com um arranjo de flores. A grande lareira havia sido reparada com tijolos vermelhos novos, capazes de realçar o resto do ambiente.

— Whoa, isso é incrível.

— Podemos comer aqui ou na sala de estar — disse o homem.

— O que vamos fazer com uma mesa tão grande?

— Tenho certeza de que a usaremos quando tivermos convidados.

— Ah, agora faz sentido. Você está certo. Receberemos convidados. — A garota tirou os óculos escuros e coçou a parte de trás das orelhas.

Ele estendeu a mão e afagou a cabeça dela, sempre com um olhar afetuoso em seu rosto. O cliente, sem dúvidas, estava pensando não apenas nos convidados em potencial, mas também em ocupar as cadeiras da mesa com os seus filhos.

— Então tá! Para a sala de estar.

Eles foram para a sala de estar. Exposto diante deles estava um enorme espaço acolhedor, voltado para a família. Sofás foram colocados ao redor da lareira. Havia uma mesa próxima com uma jarra e alguns copos descansando em cima dela. O artesão demonstrou magnífica engenhosidade ao concretizar o desejo por uma casa naturalmente relaxante do cliente.

— Isso é incrível. Posso sentar?

— É claro que pode! Ah, mas por favor, não precisa mencionar que as almofadas são duras, já sei disso. Mas me disseram que elas vão ficar mais fofas com o uso.

— Eu ainda nem sentei. Na verdade, Rudy, faz um tempo que você está falando de um jeito estranho.

— Só estou um pouco nervoso.

Sua esposa cautelosamente se sentou no sofá.

— Não tem nada de duro.

O cliente se acomodou ao lado de sua esposa. Ele então passou um braço ao redor do seu ombro e os dois se encararam, seus olhares se conectando. Sua esposa suavemente fechou os olhos e…

Ele a levantou de novo.

— Por que não vamos ver o próximo cômodo? É a cozinha. A Propriedade Rudeus possui uma fantástica área para a preparação de refeições; venha conferir!

— Uh, tá!

Além do forno de pedra existente, a cozinha também contava com uma variedade dos mais novos equipamentos de cozinha. Havia um balcão grande o suficiente para carnear um javali inteiro, além de um fogão com uma panela gigantesca. Havia também tonéis, potes e recipientes de barro para fins de armazenamento.

— Isso é tão normal.

— Com certeza é.

Quando a expressão do seu marido se tornou solene, a esposa, por sua vez, deu seu próprio aceno solene. Depois disso, foram para a próxima área – a área de lavagem. Caminharam pelo corredor e entraram pela porta de entrada. Quando o fizeram, a esposa inclinou a cabeça.

— Eh? Isso é bem pequeno.

Havia um enorme balde e uma tábua de lavar ali, e nada além disso. Era espaço mais do que suficiente para lavar roupa, mas o que chamou a sua atenção foi a porta mais ao fundo.

— Dê uma olhada. — O cliente conduziu a sua esposa pela porta.

A visão que a esperava era a de uma enorme banheira.

ANTES

Não era nada além de um cômodo simples sem um forno de pedra, grande demais para ser usado só para lavar roupas. Uma segunda área de cozinha deserta.

AGORA

O chão foi substituído por ladrilhos e, na extremidade do cômodo, havia uma enorme banheira cheia de água morna. O ângulo fora preparado de tal forma que a água escorria suavemente pelo ralo que fora instalado. O cômodo que antes tinha um piso de pedra era agora um banheiro elegante.

— Hm, será que isso é… uma banheira? — perguntou a sua esposa.

— Eu devia ter imaginado que você adivinharia. Então você sabe o que é uma banheira?

— Ah, sim. Tive um pouco de experiência com elas enquanto morava no palácio real. Mas é a primeira vez que vejo uma tão grande. É isso que chamam de fonte termal?

— É um pouco diferente de uma fonte termal.

Ela não conseguiu esconder a sua surpresa. O cliente a observou com uma expressão de curiosidade. Era quase possível ouvir sua sinistra voz interior dizendo: “Estou ansioso para tomarmos banho juntos, heh heh heh”, só pela expressão em seu rosto.

— Coloquei água só para te mostrar, mas normalmente vou deixar vazia.

— Certo. Depois você pode me ensinar como usá-la. Ahh!

Ele de repente jogou os braços ao seu redor. Parecia que fora dominado pela emoção das suas palavras.

— Nossa, o que é isso? — demandou ela.

— Fiquei preocupado com como faria você tomar banho comigo. Então, quando te ouvi dizendo isso, simplesmente não pude evitar — disse o cliente.

— Você estava mesmo preocupado com isso? Uma banheira não é algo que você usa sozinho, é? A Princesa está sempre com os seus acompanhantes. Eu já até ajudei ela a se lavar.

— Em algumas tribos há um costume onde a esposa e o marido lavam os corpos um do outro. Já ouviu falar disso?

— Não ouvi. Isso me parece meio constrangedor, mas vou me esforçar.

Assim que a conversa acabou, subiram as escadas e chegaram ao segundo andar. O teto foi lindamente restaurado com painéis brilhantes de madeira, eliminando todas as preocupações que poderiam existir com goteiras que surgiriam com a chuva. O cliente levou a sua esposa direto para a porta mais distante.

— No momento, este é o único cômodo do segundo andar que eu remodelei.

— Ah, ficou incrível. — Sua esposa arregalou os olhos, surpresa, assim que entrou. A coisa mais notável no quarto era, é claro, a enorme cama, grande o suficiente para três pessoas dormirem confortavelmente. Havia apenas um travesseiro ali: o favorito do cliente. — Por que uma cama tão grande?

— Isso é óbvio, é claro. É para que possamos nos divertir de verdade quando estivermos sozinhos.

— Ah, então é isso. Acho que faz sentido. Hee hee hee.

Ambos mostraram sorrisos de orelha a orelha.

 

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E então apresentei a nossa nova casa a Syphie, assim como seria feito em um documentário.

Ela sentou na cama e se aninhou a mim. Estava de bom humor, com um enorme sorriso no rosto. Fiquei feliz por ela ter gostado do lugar. Eu queria empurrá-la para baixo e ir direto para o negócio de marido e mulher, mas havia um outro assunto sobre o qual eu queria conversar.

 

 

 

— Sylphie, já fazem aproximadamente três semanas desde que anunciei o nosso noivado. Sei que não faz muito tempo, mas precisamos tirar um tempo para discutir o assunto.

— S-sim.

A razão pela qual eu estava falando de forma tão rígida era por se tratar de uma conversa séria.

Sylphie também percebeu isso, já que se endireitou.

— Embora eu tenha dito que nos casaríamos, para ser sincero, não sei o que devo fazer. Fui em frente e comprei esta casa, mas, honestamente, não posso deixar de sentir que estou apressando as coisas.

— N-não acho isso. Estou muito feliz com tudo o que você fez. Na verdade, sou eu que me pergunto se não há problema em morar em um lugar tão luxuoso.

— Sério? Fico feliz em saber que você não acha isso problemático, mas gostaria de discutir o que acontecerá no futuro.

O futuro. Quando falei isso, seu rosto ficou vermelho e ela, por algum motivo, começou a ficar inquieta.

— Hm, estou bem com quantos você quiser. Mas o sangue élfico que corre nas minhas veias é forte, então pode ser um pouco difícil de me engravidar.

— S-sim.

Isso foi incrivelmente sexy de se ouvir. Afinal, esse não era o Japão moderno. Eu ficaria desapontado se soubesse que ela pretendia adiar a gravidez por razões financeiras, embora tivéssemos acabado de nos casar. Isso mesmo. Eu era leal aos meus instintos. E, com isso, falo a respeito do instinto animal de se reproduzir. Em outras palavras, fazer bebês.

Mesmo assim, eu pretendia ser compreensivo com a sua carreira.

— Mas o que você vai fazer a respeito do seu trabalho para a Princesa Ariel?

Eu não sabia o que a Princesa pensava a respeito disso tudo, mas não via como Sylphie poderia continuar com o seu trabalho de guarda-costas no caso de engravidar. Suponho que eu ou outra pessoa poderíamos assumir o seu lugar em uma batalha, mas esse não era o único serviço de um guarda-costas.

— Como assim? — perguntou ela.

— Não seria difícil fazer as duas coisas ao mesmo tempo?

— Já discuti a respeito disso com a Princesa. — Huh. Fazia sentido. — Planejamos ficar neste país por no mínimo mais dois anos e, mesmo assim, não é como se fôssemos marchar para o Reino Asura assim que nos formarmos. Vamos esperar pelo menos mais uns cinco anos. Então, hm…

Parecia que Sylphie não tinha a menor intenção de abandonar o seu trabalho de guarda-costas. O fato de a desistência nunca ter sido mencionada dizia muito sobre a força de seu vínculo com Luke e Ariel. Me perguntei o que a velha Sylphie, aquela que era totalmente dependente de mim, diria. Ela talvez se ofereceria para abandonar tudo e me seguir. Isso também me deixaria feliz, mas…

— Desculpa. Agora que penso nisso, é meio injusto com você, não é? Você me deu uma casa tão magnífica, mas não poderei passar muito tempo nela, tudo por causa do meu compromisso com Ariel. Acho que não mereço nem ser a sua esposa, mereço? — Ela abaixou a cabeça, o rosto cheio de tristeza.

Neste mundo não havia nenhuma lei estabelecida de que o homem trabalharia enquanto a mulher ficaria em casa, talvez porque não houvesse tanta diferença no poder social entre homens e mulheres. Ainda assim, isso costumava ser o normal.

— Será que não sou boa o suficiente? — perguntou Sylphie, seus olhos marejados de lágrimas.

Me senti meio que culpado. Passei dois anos em abstinência. Uma vez que a minha libido foi restaurada, a emoção incandescente que foi reprimida por aqueles dois – não, três anos – veio à tona, e o único pensamento em minha cabeça era: Sylphie = alguém com quem vou conseguir transar.

Não acho que isso fosse algo necessariamente ruim. Afinal de contas, foi Sylphie quem começou com isso, até mesmo me dando um afrodisíaco e me deixando fazer o que quisesse com ela, mesmo sendo a sua primeira vez. Mesmo comigo sendo um viciado em sexo que irritava até mesmo o povo-fera. Se ela me achava assustador, não deu qualquer sinal disso. Quando acordei na manhã seguinte, ela olhou para mim e sorriu.

Se não fosse agora, quando seria? Se não fosse Sylphie, quem seria? Se eu voltasse a hesitar e ela acabasse se casando com outra pessoa, tinha certeza de que me arrependeria pelo resto da vida. Se ela fosse tirada de mim – espera, era isso mesmo. Sylphie já me pertencia.

— Você é minha, Sylphie.

— Eh?! Uh, sim. Sou sua, Rudy.

— Então, por favor; case comigo.

Pensando bem, podia ser a primeira vez que eu pedia isso diretamente.

— Sim… — Suas bochechas esquentaram enquanto ela respondia. Soltei um breve suspiro de alívio.

— Por favor, não se preocupe com o seu trabalho de guarda-costas. Eu vou cuidar da casa. Você só precisa fazer o que precisar fazer.

— Sim.

— Bem, eu gostaria que, se possível, você de vez em quando dormisse comigo.

— Hein?

Ooops. Meus desejos sexuais estavam escapando.

— Por dormir, você quer dizer aquilo? — perguntou ela.

— Não, não, só se você quiser, é claro. Se não estiver preparada para isso, posso só apalpar os seus seios e já está bom.

— Hm, vou tentar o meu melhor, tá? Não quero que você se contenha por minha causa, sabe?

— Sim, mas também não precisa se forçar. Quando estiver cansada, precisa se recuperar. Se me deixar te tocar um pouco antes de irmos para a cama ou depois de acordarmos, eu mesmo cuidarei de tudo.

Meus desejos estavam simplesmente vazando pela minha boca. Então, parando para pensar, de qualquer forma, não havia nenhum motivo para fingir calma para a Sylphie. Isso era o que eu era.

— Você gosta tanto assim dos meus seios?

— Eu amo eles — falei.

— Mas Luke disse que não há nada de atraente neles.

— Não confie em nada que um jovem de conversa mole como aquele diz.

Quanto mais jovem era o cara, mais obcecado era por seios maiores ou menores. Mas essa não era a parte importante. Era o coração. Não é, eremita amante de seios?

— Mas o meu peito não é só um pouco diferente do seu?

— Isso não é verdade. O meu peitoral é todo esculpido, os seus são pequenos e lindos seios. Eles são totalmente diferentes. Se não acredita em mim, por que não tenta tocar no meu?

— Certo, tá bom.

Estufei o meu peito e Sylphie gentilmente estendeu a mão para sentir.

— É verdade, são completamente diferentes. Os seus são meio duros.

— Hmph! — resmunguei.

— Whoa!

Flexionei o peito, levando Sylphie a entrar em pânico e afastar a mão.

— Esses peitorais são seus, então você está livre para tocar sempre que quiser.

— O-os meus também são seus, mas pense bem na hora e lugar em que vai tocá-los.

— Que tal agora?

— M-mas estamos tendo uma conversa i-importante, não estamos?

Ah, sim. Tínhamos desviado um pouco do assunto.

— Certo… de volta ao que eu queria falar. Vamos nos comunicar abertamente um com o outro sempre que precisarmos ou quando estivermos insatisfeitos com algo, certo? Isso manterá a nossa vida de casados pacífica — resumi às pressas.

Sylphie acenou com a cabeça.

— Sim, concordo.

— E, aproveitando, há algo que você também queira me dizer?

Sylphie pensou por um momento, então baixou os olhos. Com uma expressão triste no rosto, sorriu e disse:

— Só não desapareça do nada, tá?

— Sim. — Isso mesmo. Quando alguém sumia de repente era de partir o coração. — Entendo. Não vou desaparecer do nada.

Eu tinha dolorosamente descoberto o quanto doía quando alguém que você ama de repente te abandonava.

Com isso, nossa conversa importante meio que acabou. Provavelmente ainda havia uma e outra coisa que precisávamos conversar e resolver, mas, no momento, isso já era o suficiente.

— Bem, então, posso?

— V-vá em frente. — Havia uma expressão de nervosismo em seu rosto enquanto ela empurrava o peito em minha direção.

Estendi a mão para tocá-los, mas me contive. Da última vez, avancei igual um animal. Desta vez, queria priorizar a gentileza com ela acima dos meus próprios desejos. Então a tomei suavemente em meus braços e, com calma, a empurrei para a cama.

— V-você não vai apalpar?

— Isso é para a manhã e para a noite.

— C-certo.

Olhamos um para o outro, nossos rostos próximos um do outro. Eu podia ver o meu rosto refletido em seus olhos úmidos. Ela os fechou suavemente. Afaguei a sua cabeça e lhe dei um beijo estranho.

 

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Naquela noite, arrastei o meu corpo letárgico até o porão. Não havia nada na área de armazenamento subterrâneo, já que tínhamos acabado de nos mudar. Estava vazia, exceto por algumas prateleiras que tinham sido instaladas. Fui ainda mais fundo e coloquei minha mão na porta escondida que havia sido restaurada pelo artesão anão.

 

ANTES

Era uma porta barulhenta que rangia e fazia barulho sempre que abria ou fechava. Apesar de chamar de porta oculta, as bordas costumavam estar tão sujas que dava para perceber mesmo de relance.

 

AGORA

O dispositivo que abria e fechava a porta tinha sido substituído, com uma ampla aplicação de óleo para garantir que não faria qualquer som. Os painéis nas paredes do porão também tinham sido completamente restaurados. Ninguém faria ideia de que havia uma porta escondida no local.

Eu silenciosamente abri a porta. Escondido lá dentro estava um pequeno santuário de madeira não envernizado. Era lá, dentro de um altar construído com uma pedra negra e lustrosa, que minha relíquia sagrada estava. A velha sala de pesquisa empoeirada foi completamente limpa e transformada em um espaço de adoração. Lá, no silêncio da noite, enquanto tudo o mais dormia, ofereci uma prece ao meu deus nesta nova terra sagrada.

 


 

Tradução: Taipan

Revisão: PcWolf

 

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