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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 09 – Cap. 11 – O Empurrão Final

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Levou três dias para eu e Rudy voltarmos para a cidade de Sharia. Depois disso, conversamos sobre todos os tipos de coisas. Um dos tópicos principais da conversa era o que Rudy havia feito nos últimos anos. Ele parecia ter sido abandonado por uma jovem senhorita chamada Eris, o que o deixou meio traumatizado. Desde então, esteve passando para apresentar algum “desempenho” diante das mulheres.

Eu, na verdade, cheguei até a ouvir alguns rumores sobre essa Eris Boreas Greyrat na corte real. As pessoas diziam que era incontrolável e violenta, que era mais uma fera do que uma garota de uma boa família. Mas, pelo que Rudy me disse, ela provavelmente não era tão ruim quanto imaginei… mas, ainda assim. Ele a escoltou do Continente Demônio até Asura, e então ela o deixou de lado porque ele não era bom o bastante? Isso era simplesmente inacreditável. Eu disse ao Rudy que se a encontrasse, colocaria um pouco de juízo na mente dela. Mas ele ficou branco feito papel e me disse que essa era uma péssima ideia. Contou que Eris era uma espadachim altamente qualificada.

Não poderia dizer que saber disso me deixou muito feliz. No final das contas, porém, foi só por Eris ter largado Rudy que nós tínhamos nos reunido. Havia ao menos uma coisa boa nisso tudo.

Mas Rudy estava mesmo na universidade só por causa da sua condição…? Ele não estava investigando o Incidente de Deslocamento? Bem, talvez estivesse apenas perseguindo dois objetivos ao mesmo tempo.

Por fim, chegamos aos portões da Universidade. Nesse ponto, eu já estava de volta aos meus trajes habituais – os que usava quando estava como “Fitz”.

— Então tá bom — falei. — Acho que vou reportar à Princesa Ariel.

— Claro — disse Rudy, sorrindo e parecendo um pouco envergonhado. — Eu… te vejo depois, certo?

Levei um momento para descobrir exatamente o que ele quis dizer com isso. Então juntei todas as peças e o meu rosto ficou bem quente. Até as minhas orelhas estavam voltando a corar.

— Sim… é claro!

Nós dois estávamos agora oficialmente namorando, não é?

Isso me fez muito feliz. Meu corpo parecia estar quase flutuando. Nunca soube o que as pessoas queriam dizer quando mencionavam “andar pelo ar”, mas agora entendia. Fui direto para a sala do conselho estudantil para dar uma atualização do caso à Princesa Ariel. Estava na hora do almoço, então era quase certeza de que ela estaria por lá.

Pensei em todo tipo de coisa enquanto caminhava. Eu sempre quis fazer tantas coisas com o Rudy. Tipo… fazer compras juntos na cidade, por exemplo. Mas, para isso, eu teria que estar vestido como garoto. As pessoas poderiam direcionar alguns olhares engraçados ao Rudy.

A-ainda assim, isso não importava, certo? Não enquanto nós nos amássemos.

Então, mais uma vez… os garotos tinham a tendência de pensar no amor de uma forma bem física, não é? Luke sempre dizia: “Se vocês não dormirem juntos, então acabarão se separando.”

Mas Rudy não parecia tão interessado assim no meu corpo… O-o que eu devia fazer a respeito disso?

 

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Quando entrei na sala do conselho estudantil, a Princesa Ariel deu uma olhada no meu rosto e suspirou.

— Vejo que parece não ter funcionado.

— Huh? Uhm, Princesa Ariel…?

— No início me parecia um plano perfeito, mas, parando para pensar… mesmo que houvesse o risco de você congelar até a morte, esperar que ele rasgasse a roupa de um amigo era bobagem.

Ela parecia por algum motivo ter tomado uma conclusão precipitada. Essa parte na verdade tinha corrido muito bem…

— Está tudo bem, Sylphie — interrompeu Luke. — Basta nos dizer exatamente o que aconteceu, mantenha o máximo de calma possível.

— Uh, certo. Princesa Ariel, o plano que você elaborou funcionou muito bem.

A Princesa Ariel ergueu uma sobrancelha, surpresa, mas conseguiu manter a voz firme.

— É mesmo? Então devo dizer que você não parece lá tão feliz.

— Uhm, sim. Quanto a isso…

— Sinto muito. Você pode explicar isso mais tarde. Comece o seu relatório, por favor.

— Ah, certo.

Tentando manter a calma, descrevi o passo a passo e o resultado da nossa operação. As coisas correram exatamente como o planejado, quase do começo ao fim. Nos abrigamos na caverna e dissemos o que sentíamos um ao outro enquanto ficávamos perto da fogueira. Parando para pensar, parecia algo saído de um sonho. Eu poderia inclusive dizer que estava voltando a corar.

Entretanto, a Princesa Ariel me encarava cada vez mais confusa. Ela devia estar se perguntando qual era o problema.

— Então, uh… Rudy ficou um pouco deprimido depois disso. E, na verdade, disse que veio para a Universidade para encontrar uma cura para a sua condição.

— Espera, o quê?

— Huh? Uh, você sabe. Ele estava procurando uma maneira de curar a sua, uh, impotência.

— Entendo. Perdão. Fiquei um pouco assustada, isso é tudo.

A Princesa Ariel pressionou a mão contra a boca, havia uma expressão de descrença em seu rosto. Eu podia dizer o que ela estava pensando: Eu tinha escutado os boatos, mas nunca pensei que poderiam ser verdadeiros. Por que alguém se matricularia na Universidade de Magia por um motivo desses? Este é um lugar para aprender magia, não um centro médico.

— Devo dizer que estou um pouco desapontada com este Rudeus. Um homem precisa mostrar um bom desempenho quando isso é exigido, não é? Achei que ele só era desatento, mas não esperava que fosse constranger uma moça desse jeito. Especialmente uma que foi corajosa o suficiente para dar o primeiro passo.

As Palavras da Princesa Ariel foram ríspidas, mas ela provavelmente estava só tentando manter a calma e o controle. Ela sabia que eu ficaria com raiva; e assim que isso acontecesse, poderia assumir um tom calmante e apologético e levar a conversa adiante sem revelar a sua própria confusão. Era um truque que ela usava com bastante frequência.

Mas, para a minha surpresa, Luke interveio para objetar antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Princesa Ariel, acho que você está sendo muito injusta. Às vezes, um homem simplesmente não consegue evitar essas coisas; Rudeus não fez uma escolha consciente de rejeitar Sylphie. Na verdade, acho que isso explica por que ele tem estado tão hesitante até agora.

— L-Luke…?

— Sempre me perguntei por que ele parecia tão inseguro. Pobre homem. Deve ter vindo aqui por puro desespero, sem nenhuma ideia de onde buscar por ajuda…

Luke às vezes podia ser rude e até mesmo frívolo, mas quase nunca respondia à Princesa Ariel. Às vezes dava alguns conselhos, mas não era do tipo que rejeitava as opiniões de sua soberana tão categoricamente assim. Eu, na verdade, não conseguia me lembrar dele falando com ela com tanta firmeza assim em nenhum momento.

A princesa pareceu um pouco surpresa.

— Peço perdão… Acho que fui longe demais.

— Está tudo bem, Princesa Ariel. Eu não esperaria que uma mulher entendesse essas coisas. — Com um pequeno aceno de cabeça, Luke se virou para mim. — Sylphie, você quer curar a condição de Rudeus?

— Huh? Uhm, é claro que sim. — Eu mesma fiquei o tempo todo preocupada com isso. Mas, pensando bem, Rudy estava obviamente deprimido com a situação. Ele começou a falar comigo de um jeito bem formal, e eu vi algo parecido com medo no fundo dos seus olhos. Suas mãos tremiam, e não era de frio. — Rudy levou o que aconteceu muito a sério. Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, farei.

— Mesmo que seja difícil?

— C-claro. Farei tudo o que for preciso. — Há muito tempo, Rudy me resgatou de uma situação realmente deplorável. Se possível, queria retribuir aquele favor na mesma moeda.

— Muito bem então. Espere aqui, sim? Preciso te entregar uma coisa. Por favor, me dê licença por um momento, Princesa Ariel. — Sem mais explicações, Luke saiu rapidamente da sala do conselho estudantil.

A Princesa franziu um pouco a testa enquanto o observava partir.

— Sinto muito, Sylphie. Eu não deveria ter dito aquilo sobre Rudeus.

— Está tudo bem, não estou chateada. Na verdade estou um pouco surpresa por Luke ter discordado de você desse jeito.

— Ele não faz isso com muita frequência.

Além disso, eu não esperava que Luke defendesse Rudy. Eu tinha a impressão de que ele não gostava muito dele, e não parecia ser o tipo de pessoa que ficaria ao lado de outra só por causa da situação.

— De qualquer forma, isso soa como um obstáculo bastante sério.

— Sim. O que devo fazer, Princesa Ariel…?

— Bem, Luke parece ter algum tipo de plano em mente… mas eu conheço algumas curas para a impotência, se precisar.

— Sério?

— De fato. É aquele tipo de coisa que todo membro da família real aprende.

Isso fazia sentido. Quando uma princesa se casava com alguém, ter filhos era muito importante para ela. Mesmo se o marido tivesse algum problema parecido ao de Rudy, ainda precisariam encontrar uma forma de fazer as coisas acontecerem.

— Aprendi isso quando era bem jovem e, infelizmente, não prestei muita atenção. Mas ainda lembro de algumas coisas. Em geral, deve começar as coisas deixando-o bêbado.

— Sério? Hmm… — Me peguei lembrando do que tinha visto no outro dia que fui ao refeitório. Rudy, Zanoba e o Rei Badigadi estavam bebendo juntos e estavam todos de muito bom humor. Eu não tinha muita experiência com o álcool, mas sabia que isso tornava mais fácil para as pessoas se comportarem com mais ousadia do que o normal. Resumindo, isso colocava a pessoa em um estado alterado… mas se a condição de Rudy já era anormal, então isso não o tornaria “normal”?

A Princesa Ariel começou a listar vários métodos específicos para seduzir um homem. Em vez de curar a impotência física, a maioria das suas dicas parecia sobre despertar o interesse do alvo. Ainda assim, não duvidei de que seriam eficazes. A família real de Asura se certificava de que todos os seus membros aprendessem muito bem todos os tipos de coisas.

— Depois disso, você diz que está com calor e desliza o vestido pelo ombro…

— Isso funcionaria mesmo?

— Ah, imagino que sim. Afinal, você é extremamente fofa. Quando o clima estiver bom, tudo o que precisa é de uma boa linha de chegada…

Quando Luke voltou, já tínhamos preparado toda a base do plano. Ele nos ouviu em silêncio por alguns segundos, depois abruptamente nos interrompeu.

— Que tipo de idiota reclama do calor neste tempo frio? Olha, essa abordagem está toda errada. Sylphie não tem curvas o suficiente para tentar um homem com o seu corpo.

— Ah…

Fiquei sem palavras, e a Princesa Ariel lançou um olhar de desaprovação para Luke.

— Você precisava ser tão direto assim, Luke? A pobre garota está muito preocupada com isso.

— Princesa Ariel, os homens da família Notos Greyrat são tradicionalmente atraídos por mulheres com seios grandes… Para exemplificar, eu mesmo não sinto atração alguma por Sylphie.

Os Notos Greyrats adoravam garotas peitudas. Isso era conhecimento comum entre qualquer um que se associava à nobreza Asurana, assim como o amor anormal da família Boreas pelo povo-fera.

— E-então você está dizendo que não vou conseguir seduzi-lo com o meu corpo?

— Você pode tentar: Mas isso não vai funcionar.

Devo admitir, ouvir isso machucou um pouco. Os insultos de Luke costumavam não incomodar, mas no momento eu não estava muito confiante na minha atratividade.

— Entretanto… se você convencê-lo a tomar isso, terá uma chance.

Luke me entregou um frasquinho que cabia perfeitamente na palma da minha mão. Olhei para aquilo, confusa.

— Que coisa é essa, Luke?

— Um afrodisíaco poderoso que revigora e excita quem o bebe.

— Um afrodisíaco?!

Luke assentiu profundamente.

— Foi feito anos atrás, na Região de Fittoa, com pétalas da flor Vatirus. O seu método de fabricação era conhecido apenas pelo prefeito de Roa, que acabou monopolizando a venda. Após o desaparecimento da Região de Fittoa, a produção toda foi interrompida. Receio que ninguém mais saiba como fazer isso. Em outras palavras, é uma coisa muito rara. O atual preço disso passa das cem moedas de ouro por frasco.

Na época em que Luke comprou uma unidade dele, ela custava cerca de quinze moedas de ouro Asurano. Na época comprou cinco, e já tinha usado duas. O efeito era supostamente incrível.

— Pensei em guardar isso para os dias chuvosos e vender para o caso de precisar urgentemente de dinheiro. Mas vou te dar, Sylphie.

— O quê? Você vai me dar uma coisa tão valiosa assim?

— Isso mesmo.

Com um breve aceno de cabeça, Luke começou a listar as várias coisas das quais eu precisava estar ciente. Uma vez que um homem tomava isso, sua libido basicamente chegava ao ápice. Se eu não conseguisse o acompanhar, então era melhor também tomar um pouco.

Além disso, se nós dois usássemos, a nossa primeira vez podia não ser a ocasião gentil e romântica que eu poderia ter em mente.

— Luke… muito obrigada.

— Não precisa disso, Sylphie. Você já salvou a minha vida em várias ocasiões.

Nós tínhamos formado um tipo de amizade estranha ao longo dos anos. Eu estava agora profundamente grata por isso.

Entretanto, havia uma outra pessoa na sala, e ela não gostava de ser deixada de fora de nada.

— Vocês dois se dão tão bem, não é? Suponho que também devo contribuir.

Sorrindo como uma santa, a Princesa Ariel me entregou duas moedas de ouro Asurano. Podia até não parecer muito, mas era o suficiente para comprar quase tudo o que eu quisesse na cidade.

— Mas, Princesa Ariel! Este é o seu dinheiro pessoal, não é?

— Isso mesmo. Tudo o que ganhei neste mês.

Desde que chegamos à Universidade de Magia, tínhamos nos esforçado muito para garantir recursos financeiros e já tínhamos boas reservas financeiras. Mas esses eram os nossos fundos para a guerra, reservados para os nossos planos futuros. Nós mantínhamos isso separado do dinheiro para gastos do dia-a-dia. A Princesa Ariel estava bem ciente do tanto que ela e Luke costumavam ser descuidados com seus gastos, então concordou em colocar um acesso restrito aos nossos fundos.

— Agora que as coisas chegaram a este ponto, é o máximo que posso fazer para ajudá-la.

— Você já fez muito, Princesa Ariel… Sinto muito por todos os problemas.

— Heh. Tão benevolente como sempre, vossa Alteza.

Parando para pensar, nós três acabamos nos empolgando um pouco. Estávamos todos muito orgulhosos de nós mesmos por colocar a nossa amizade em primeiro lugar. Ainda assim, esse episódio serviu para nos aproximar. Isso tem que servir para algo, não é? Nós três nos unimos para enfrentar um inimigo em comum: a disfunção erétil do meu novo namorado.

— Boa sorte por lá, Sylphie.

— Muito obrigada! Eu vou conseguir!

Energizada pela longa batalha pela frente, saí da sala do conselho estudantil cheia de confiança. Estava indo direto para o distrito comercial de Sharia. Até uma loja de bebidas, para ser mais exata.

 

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A noite tinha caído e eu estava em um corredor, levando duas garrafas de um licor caro na minha bolsa. Para ser bem honesta, eu não sabia muita coisa sobre álcool. Para começar, nunca tinha bebido. E não fazia ideia do que Rudy gostava. Eu, entretanto, estava confiante de que coisas tão caras assim não poderiam ser tão ruins.

E também coloquei um conjunto de roupas íntimas novinho em folha. Estava usando o conjunto que a Princesa Ariel tinha escolhido para mim há algum tempo. Parecia uma boa hora para dar uma noite de folga ao meu Corselet.

Claro, eu também tinha um frasquinho no bolso do meu uniforme.

— Certo… — Tudo pronto. Eu ficaria bem.

Ainda assim, tive que tomar um minuto para respirar longa e profundamente. Mamãe e Papai… me deem a sua bênção, por favor. Esta noite vou me tornar uma mulher…

Depois que finalmente preparei os meus nervos, estendi a mão e bati na porta à minha frente. Havia alguma chance de Rudy ainda estar com Zanoba a essa hora da noite? Não, não, isso ia dar certo. Ele disse que tiraria a noite para descansar.

— Sim…? Ah, Syl… Mestre Fitz. Entre.

Quando Rudy abriu a porta, pareceu surpreso ao se deparar comigo. A seu convite, entrei no seu quarto. Também tomei a liberdade de fechar e trancar a porta atrás de mim.

— Qual o problema? — perguntou Rudy com uma voz gentil.

Nós dois concordamos que seria melhor tirar a noite para se recuperar da nossa viagem, mas aqui estava eu, mesmo assim.

— Uhm… Na verdade vim para passar a noite.

— Oh… C-certo! Bem, então por que não se senta?

Tive a impressão de que Rudy queria fazer um comentário sobre isso, mas guardou só para si e apenas me ofereceu uma cadeira. Sua expressão parecia realmente… um pouco desencorajada. Eu não estava atrapalhando nada, estava? Isso iria funcionar, certo?

Me sentei sem pressa, tirei os óculos escuros e peguei as duas garrafas de bebida da bolsa. As coloquei na mesa, ao lado de um lanche que preparei – algumas nozes misturadas com um tempero picante. Também peguei um pouco de carne defumada, para o caso de Rudy não gostar de nada.

— O que é isso tudo?

— Bem, pensei que poderíamos… comemorar o nosso reencontro ou algo assim, sabe?

— Certo, claro… Sim, realmente deveríamos comemorar a ocasião, hein? — Coçando a bochecha, Rudy também se sentou.

Nesse ponto, percebi que não tínhamos copos. Isso era meio problemático, a menos que começássemos a tomar direto da garrafa. Preciso voltar e pegar alguns?

— Não se preocupe, tenho alguns copos. Tenho algumas coisas, sabe. — De alguma forma lendo a minha mente, Rudy se levantou com um sorriso torto e pegou um par de copos em uma prateleira que estava no quarto.

Eles eram cinzentos e tinham a superfície completamente lisa. Será que eram feitos de algum tipo de rocha? Pareciam um pouco pesados. Tirando o peso, pareciam algo que um nobre Asurano gostaria de ter.

— Isso parece caro.

— Na verdade, eu mesmo que fiz, usando magia da Terra. Acho que isso torna o preço deles inestimável.

— Sério mesmo? Uau, isso é incrível. — Mas fazia sentido. Ele era realmente bom com esse tipo de coisa, não era?

Abri a primeira garrafa e derramei um pouco do líquido âmbar em nossos copos. Rudy cerrou um pouco os olhos enquanto observava.

— Isso parece ser bem forte.

— Sim. Não sei muito sobre bebidas, mas peguei algumas bem caras.

— Tem certeza de que isso é uma boa ideia?

— Hm? Ah, está tudo bem. Afinal, esta é uma ocasião especial.

Ele estava preocupado com o quanto eu gastei? Então teria que guardar segredo de que foi a Princesa Ariel quem deu o dinheiro para isso. Conhecendo Rudy, ele provavelmente sentiria que devia algo a ela.

De qualquer forma, servi as bebidas e peguei os nossos lanches. Tudo bem até aí. O afrodisíaco… deveria fazer a sua aparição depois. Certo.

— Bem, então vamos fazer um brinde. Pelo reencontro de dois velhos amigos de Buena Village!

— E para o nosso futuro juntos, Sylphie…

— V-viva!

N-nosso futuro juntos…? Sério, às vezes o Rudy do nada falava umas coisas bem embaraçosas. Sentindo que estava corando de novo, tomei um enorme gole do meu copo…

E na mesma hora me engasguei.

O que foi isso? Minha garganta estava pegando fogo!

— Você está bem? Acho que talvez devíamos ter diluído um pouco.

— Diluído… um pouco…?

— Quando estão bebendo algo tão forte, as pessoas costumam diluir um pouco para deixar mais fácil de beber.

Espera, sério? Ninguém se incomodou em me contar isso. Rudy tinha um sorriso ligeiramente travesso no rosto, e isso me irritou um pouco.

— Bem, como eu iria adivinhar? Nunca tentei beber esse tipo de coisa antes.

— Ei, eu não estou rindo de você nem nada. Espera um pouco, tá? — Rudy colocou a maior parte do conteúdo do meu copo no dele, depois convocou um pouco de água quente e fumegante no meu. — Vá em frente, pode tentar.

Um pouco relutante, tomei um gole hesitante. O cheiro dolorosamente forte que permaneceu na parte de trás do meu nariz foi lavado, substituído por um aroma mais suave e agradável. Isso era na verdade muito bom.

— Aliás… esse truque com água quente foi a razão para eu começar a aprender magia com você, não foi?

— Hmm. Foi?

— O que, se esqueceu? Um daqueles valentões jogou água em mim enquanto eu estava passando, e depois você lavou tudo.

Isso realmente despertou algumas memórias. Mesmo quando criança, Rudy podia lançar magia combinada não verbal, sem nem mesmo pensar duas vezes. Eu ainda não conseguia fazer igual ele; precisava usar feitiços diferentes e sucessivos para produzir um efeito parecido.

— Ah, claro. Nossa, isso desperta algumas memórias…

— Aham.

E assim começamos a lembrar dos bons e velhos tempos. Minhas memórias de Buena Village estavam começando a ficar um pouco confusas, mas quando começamos a conversar sobre o assunto, lembrei de muitas coisas.

Jamais poderíamos voltar àquele período das nossas vidas. Por um lado, Buena Village se foi para sempre. Aquela colina em que brincávamos ainda estava lá, mas até a árvore tinha sumido. Mas tinham sido bons tempos. Passava os meus dias brincando e praticando magia sem me preocupar com o mundo, e o progresso que eu fazia sempre me deixava muito feliz. Quando eu conseguia melhorar as minhas habilidades ou aprender algo novo, ainda ficava animada, mas, atualmente, costumava pensar em como poderia usar o feitiço em uma batalha.

— Realmente sinto falta daqueles dias… — Quanto mais conversávamos, mais tonta eu me sentia. Era essa a sensação de ficar bêbada? Hmm. — Ah! Espera. Antes que eu esqueça…

Deixando a minha nostalgia de lado, peguei o frasquinho no bolso da camisa e lentamente o coloquei sobre a mesa.

Rudy inclinou a cabeça interrogativamente.

— O que é isso?

— Uhm, bem… é um tipo especial de remédio. Para o seu problema.

Eu estava realmente insegura a respeito da melhor maneira de fazer Rudy tomar o afrodisíaco. Poderia ter misturado isso na sua bebida sem que ele percebesse, mas me parecia um truque muito desagradável para pregar em alguém que me importava. Então, mais uma vez, assumir e admitir que estava com um afrodisíaco poderia fazer com que ele interpretasse algumas coisas mal. Eu também não gostava muito dessa ideia. Então decidi chamar de “remédio”. Isso não era bem uma mentira.

— Sério…? Hmm. Sinto que já vi isso em algum lugar.

— Sim, é sério. Uhm, eu esperava que você provasse, Rudy.

Ele revelou um sorriso meio triste. Era óbvio que não estava sendo otimista. Provavelmente tinha tentado todo tipo de suposta cura, mas nenhuma tinha funcionado. Ainda assim, tomou um gole do frasco sem falar nada, engolindo dois terços do conteúdo de uma só vez. Fiquei um pouco surpresa com a rapidez que ele engoliu todo aquele líquido rosado com aparência perigosa só por eu ter sugerido. E se fosse veneno ou algo assim?

Oh. Eu tinha esquecido de dizer quanto devia tomar.

— Não tem problemas tomar isso com álcool, né? — perguntou Rudy.

— Uhm, disseram que era melhor se misturasse com alguma bebida. A-além disso, uh… pelo que ouvi falar, isso tem um efeito bem rápido.

Já comecei a tirar a minha capa conforme falava isso. Isso me deixou vestindo nada além da minha camisa e sutiã na parte de cima do corpo. Sinceramente, senti até um pouco de frio. De acordo com Luke, eu não precisava me preocupar em mostrar o meu ombro, desde que ele pudesse ver o meu pescoço e meus seios com clareza.

— Se começar a funcionar, bem… você não precisa se conter, tá?

Rudy contraiu as sobrancelhas diante disso. Seu olhar estava fixo na parte superior do meu corpo. Quando ele me olhava de um jeito tão claro era meio constrangedor. Mas acho que eu estava… o seduzindo, não é? Esperançosamente não estava parecendo uma garota vergonhosa… Vai ficar tudo bem, certo? Ele não se importaria, não é?

Senti que eu estava ficando mais nervosa do que ele. Para ser sincera, eu esperava que o álcool me desse um pouco mais de coragem do que isso.

Talvez precisasse me comprometer um pouco mais.

E-então tá… Com um pequeno aceno de cabeça, peguei o frasquinho de afrodisíaco.

— O quê? Você também vai tomar um pouco, Sylphie? — perguntou Rudy, compreensivelmente confuso.

Em vez de responder, drenei todo o líquido rosa que restou lá dentro. Era espesso e ligeiramente amargo, mas misturei com um pouco de álcool e mandei tudo para dentro.

Quase na mesma hora, pude sentir um calor estranho aumentando na boca do meu estômago. Tentando me distrair, peguei a tigela de nozes. Depois de comer três punhados, tomei outro gole de licor. Agora meu primeiro copo estava vazio.

— Você não deve beber muito rápido, Sylphie. Pode acabar passando mal.

— É, eu sei. Só estou um pouco nervosa, é só isso.

— Ah, é mesmo. Acho que é a sua primeira vez bebendo…

Rudy tomou um enorme gole da sua própria bebida enquanto conversávamos. Ele não tinha colocado água no seu copo, então não estava bebendo igual eu. Depois de alguns instantes, pegou a garrafa e me serviu um pouco mais, diluindo o conteúdo em água quente de novo.

Por algum tempo após isso, comemos e bebemos em silêncio. A carne defumada acabou estando salgada demais e não muito boa, mas, por algum motivo, eu não conseguia parar de dar algumas mordidinhas. Depois de um tempo, todo o meu corpo começou a ficar quente. A área logo acima das minhas coxas, em particular, estava praticamente latejando. As coisas com certeza pareciam estar funcionando.

Mas estava fazendo alguma coisa por Rudy?

Ele parecia o mesmo de sempre. Tão bonito quanto sempre. Talvez, na verdade, mais bonito do que nunca.

Meus olhos continuaram buscando por partes dele nas quais eu normalmente não prestava muita atenção. Seu pescoço, sua boca… Eu estava começando a ficar meio travessa. Era só a minha imaginação ou o rosto de Rudy estava ficando mais vermelho?

Nossos olhos se encontraram. Ele estava olhando diretamente para mim. Era um olhar bem intenso. Dessa vez ele ficou algum tempo sem desviar os olhos dos meus. Eu podia ouvi-lo respirando com dificuldade.

Espera, não. Essa era eu, não era? Que embaraçoso. Mas não era culpa exatamente minha, era? Eu tinha tomado aquele afrodisíaco e minha cabeça estava girando por causa da bebida. Isso significava que a culpa não era minha.

Isso aí. A culpa não era minha.

Eu estava com tanto calor.

Soltei o botão de cima da minha camisa, expondo ainda mais pele. No começo achei que estava meio frio, mas agora eu estava queimando. Rudy agora estava olhando para os meus seios, mas não senti vergonha nenhuma.

Tomei outro gole do meu copo. O líquido quente desceu até o meu estômago, espalhando ainda mais calor por todo o meu corpo. Eu tinha acabado o meu segundo copo. Peguei a garrafa… só para ser impedida.

— Ah… — Rudy estendeu a mão e agarrou a minha. Seu aperto era forte o suficiente para que eu soubesse que ele não planejava me soltar. Não que eu tivesse qualquer intenção de fugir dele, é claro. — Sylphie…

Olhando para mim com os olhos injetados de sangue, ele se levantou. Rudy deu a volta na mesa para ficar ao meu lado, ainda segurando a minha mão. E então, um pouco hesitante, me puxou para cima dele. Eu o deixei me puxar para fora da minha cadeira, sem fazer nenhum esforço para resistir.

— Você, uh… não consegue se conter, hein?

Rudy assentiu silenciosamente. Ele deslizou a mão em volta da minha cintura e acariciou a minha bunda, depois, puxou meu corpo com força contra o dele. Algo muito duro estava pressionando contra mim.

Deu certo. Ah, nossa. Deu certo.

O momento finalmente chegou. Era hora de fazer a última coisa que eu e a Princesa Ariel tínhamos planejado.

— E-então tá. Vá em frente e me devore, Rudy…

No instante em que essas palavras deixaram a minha boca, ele me empurrou para a cama. E então…

 

 

 

Rudeus

 

Abri os olhos e, enquanto estava na parte de cima, olhei para a parte de baixo do beliche. Eu estava no meu quarto. Me lembrava muito bem de todos os eventos da noite anterior.

Não muito tempo depois de começarmos a beber, de repente fiquei tão excitado que não conseguia nem me controlar. Praticamente me joguei em cima da Sylphie. Aquele “remédio” que ela trouxe foi incrivelmente eficaz. Nunca imaginei que uma coisa dessas existia, mas não conseguia afastar a sensação de que já tinha visto a coisa em algum outro lugar.

Ah, certo… Era aquele afrodisíaco que eu tinha visto um comerciante vendendo na cidade de Roa, não era?

Foi a primeira vez que experimentei o produto, mas era incrivelmente potente. Meu homenzinho saiu da reclusão em frenesi, pronto para mostrar toda a sua fúria. Quando a loucura finalmente passou, eu estava tão cansado que parecia poder derreter e formar uma poça. Estava claro que havia uma razão para que aquelas coisas custassem dez moedas de ouro naquela época.

Por mais impressionado que eu estivesse, entretanto, também me encontrei lutando para conter uma onda de medo e ansiedade. Agi feito um louco na noite passada, sim. Mas me lembrava de tudo o que fiz. Para ser honesto, eu tinha sido muito duro com Sylphie. Ela fez de tudo para me acompanhar, mas estava claro que teve um ou dois momentos de desconforto no começo. Afinal, era a primeira vez dela.

E não reclamou nenhuma vez, nem pediu para ir mais devagar. Era óbvio que ela estava se esforçando, mas continuava dizendo estou bem, eu te amo, isso é muito bom, e começou a repetir as mesmas coisas. E o jeito como ela sussurrava ao meu ouvido me deixava ainda mais excitado. Eu não tinha pegado nada leve com ela.

E foi só a segunda vez em minha longa vida que dormi com alguém. Eu não estava nem um pouco confiante de que havia feito um bom trabalho. Na verdade, estava convencido de que me comportara ainda pior do que na primeira vez. Ainda pior do que me comportei naquela noite.

E na manhã seguinte… Eris não estava deitada ao meu lado. Lentamente, olhei para o lado. Meus olhos encontraram os de outra pessoa.

— Bom dia, Rudy.

Sylphie estava lá. Sorrindo timidamente para mim.

Estendi a mão lentamente e toquei seu cabelo para confirmar que ela não era só uma alucinação. Sylphie fechou os olhos e me deixou acariciar sua cabeça com um olhar de prazer em seu rosto. Seu cabelo era curto, mas também maravilhosamente sedoso.

Deixei a minha mão continuar se movendo – primeiro, descendo por seu pescoço e seus ombros finos. Toda vez que eu os tocava pareciam tão delicados.

Mas não parei por aí, é claro. Levei uma mão até os seus seios e apertei.

— Hyaah! O q… Rudy! — Sylphie se encolheu de surpresa e me lançou um olhar de protesto. Entretanto, não se afastou de mim. Seu rosto ficou vermelho, mas ela me deixou continuar.

O peito dela era bem modesto. Não havia muito o que apertar. Ainda assim, definitivamente havia uma suavidade bem distinta envolvida pela minha palma. Por um momento, vi a imagem fantasmagórica de um velho me levantando o polegar e gritando algumas sábias palavras “Todos os seios são iguais!” para mim.

Obrigado, Velho Sábio Eremita. Quanto tempo sem nos vermos.

Muito bem, Sylphie estava deitada ao meu lado. Sem dúvidas quanto a isso. E graças à suavidade do seu corpo, meu monólito estava mais uma vez subindo em direção aos céus. Imponente e viril, elevava-se acima de seus arredores, como devia ter sempre feito.

Olhando admirado para baixo, eu estava convencido de algo muito importante.

— Estou curado.

Abracei Sylphie. E a abracei com força. E comecei a chorar… mas só um pouco.

— Uhm, Rudy…? O que você acha? Meu corpo é… bom, certo?

Talvez um pouco confusa com meu drama repentino, Sylphie hesitantemente pediu uma explicação. Mas se ela tinha alguma lembrança da noite passada, tinha que saber que essa pergunta não precisava ser respondida.

— Obrigado. — Em vez de dizer algo que ela já sabia, apenas expressei a minha gratidão. Era a única coisa que eu podia fazer naquele momento. Minha mente estava cheia de felicidade e vergonha. Tive medo de que, se tentasse falar, diria algo extremamente idiota. Em vez disso, apenas a abracei com força, querendo expressar a minha gratidão.

Minha luta finalmente chegou ao fim.

 


 

Tradução: Pimpolho

Revisão: PcWolf

 

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