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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 06 – Cap. 13 – A Resolução da Jovem Senhorita

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Quando a reunião terminou, o sol já havia se posto. Voltei para o meu quarto. Ele estava mobiliado só com o essencial, e minha bagagem estava ali. Embora fosse necessário organizar as coisas, não senti motivação para tal. Em vez disso, sentei na minha cama. Meu corpo afundou no colchão duro. Eu parecia estar mais exausto do que tinha imaginado.

— Uff…

Não era como se tivesse feito algo particularmente exaustivo durante o dia. Ainda assim, o cansaço agarrou-se ao meu corpo. Será que era isso que as pessoas chamavam de exaustão mental? Não, não era isso. Eu tinha acabado de passar por um grande choque.

Sauros, Phillip e Hilda – nunca tive uma conversa particularmente íntima com nenhum deles. Mesmo assim, quando fechei os olhos, lembrei de ter saído para um longo passeio com Sauros, inspecionando as plantações da região enquanto ele perguntava como Eris estava. Lembrei de Philip com aquele sorriso horrível no rosto ao propor que assumíssemos a casa Boreas juntos. Lembrei de como Hilda me implorou para me casar com sua filha e me tornar parte de sua família.

Mas todos se foram. Nem mesmo sua casa ficou para trás. Aquela vasta mansão, através da qual vozes estrondosas sempre ecoavam, havia sumido. O salão de recepção onde Eris e eu dançamos, a torre onde o velho tinhas seus encontros amorosos, a biblioteca repleta de documentação relacionada à região… tudo tinha sumido.

E não foi apenas a mansão. Buena Village também se foi; mas não é como se eu tivesse ido conferir pessoalmente. Aquela árvore em nosso jardim que Zenith tanto valorizava, aquela que foi carbonizada por um raio quando Roxy estava me ensinando a usar magia de água de nível Santo, e a grande árvore sob a qual eu e Sylphie brincávamos… todas tinham sumido junto.

Espere… por que as árvores foram a única coisa que me veio à mente quando tentei me lembrar de Buena Village? Bem, tanto faz. Elas sumiram. Eu entendi isso logicamente após Paul mencionar as coisas, mas ver tudo pessoalmente resultou em um choque ainda maior que o esperado.

— Uff…

Assim que deixei escapar outro suspiro, uma batida forte foi à minha porta.

— Entre. — Mandei que entrasse.

Era Eris.

— Boa noite, Rudeus.

— Eris, agora você está melhor?

— Estou bem — disse ela, parando diante de mim, assumindo sua pose usual. Não parecia estar deprimida. Impressionante como sempre. Sua família foi completamente exterminada e ela ainda continuava muito mais forte do que eu. Na verdade, a garota geralmente nem batia à porta, só a arrombava com o pé. Talvez estivesse um pouco deprimida. — Bem, achei que era assim que as coisas acabariam.

— Ah, sério…?

Eris falou como se isso não a incomodasse em nada. Como ela já tinha dito, parecia que já havia se preparado. Mais especificamente, para a possibilidade de sua família estar morta. Não consegui reunir coragem para fazer o mesmo. Mesmo nesse momento, sem notícias de Zenith, eu ainda queria acreditar que ela estava viva. Era muito mais provável que estivesse morta, e intelectualmente eu entendia isso, mas não conseguia me forçar a aceitar.

— Eris, o que você vai fazer depois disso?

— Como assim?

— Um, você ouviu o Senhor Alphonse comentando sobre as coisas, certo?

— Ouvi. Mas quem se importa com tudo isso?

— Quem se importa…? — repeti.

Eris estava olhando diretamente para mim. De repente, percebi – embora um pouco tarde – que sua roupa estava diferente. Ela estava vestida com uma peça única preta que não usava desde que a comprou em Millishion. Combinava tão bem com seu cabelo ruivo que parecia quase um vestido. Eu podia ver seus seios empurrando o tecido fino.

Hein? Espera, ela não está usando sutiã? Após uma inspeção mais detalhada, percebi que seu cabelo estava um pouco úmido. Eu também podia sentir o cheiro de sabonete, algo que só percebia logo após ela tomar banho. E isso não era tudo.

Normalmente, Eris não exalava nenhum cheiro em particular, mas eu estava sentindo uma fragrância doce e leve. Perfume?

— Rudeus, agora eu estou sozinha.

Sozinha – isso era verdade. Ela não tinha família. Tinha irmãos de sangue, mas eles não eram sua família.

— E, além disso, recentemente fiz quinze anos.

No momento em que a ouvi dizer quinze, entrei em pânico. Quando? Quando foi que seu aniversário passou? O meu chegaria em um ou dois meses, então o dela não devia ter passado a mais de um mês. Eu não lembrei.

— Um, desculpe por não ter lembrado.

Que dia que foi o seu aniversário? Não conseguia me lembrar dela nem mesmo dando uma dica sobre isso. Eu tinha pensado que Eris faria muito barulho ao completar quinze anos. Mas realmente não fez nada? Não houve um dia sequer em que indicasse que era seu aniversário?

— Você pode não ter percebido, mas foi no dia em que Ruijerd me disse que eu era uma adulta.

— Ahh. — Então era isso. Finalmente as coisas fizeram sentido.

Que merda. Sério, não percebi, pensei.

— Uhhh, você quer que eu te dê algo? Qualquer coisa?

— Sim, há uma coisa que eu quero — disse ela.

— O que seria?

— Uma família.

Fiquei sem palavras quando Eris disse isso. Era uma coisa que eu não poderia dar para ela. Não poderia trazer as pessoas de volta à vida.

— Rudeus, torne-se minha família.

— Hein? — Quando de repente olhei para ela, pude dizer que, apesar da escuridão do quarto, seu rosto estava brilhando de tão vermelho. Isso foi… bem, você sabe… uma proposta? — Quer dizer tipo irmão e irmã?

— Não me importa como você queira chamar. — Ela estava vermelha até as orelhas, mas ainda não desviou o olhar. — E-então, basicamente, o que estou dizendo é, um… vamos dormir juntos.

Eu não fazia ideia do que ela estava falando, é sério!

Acalme-se e vamos pensar no significado de suas palavras, disse a mim mesmo. Eu poderia supor, com base em sua proposta de que devíamos dormir juntos, que ela também estava chocada com tudo o que acontecera. Eris provavelmente queria estar comigo para curar as feridas infligidas em seu coração.

Uma família. Ou, neste caso, uma família de mentira, suponho?

Mas…

— Estou me sentindo um pouco solitário hoje, então posso acabar fazendo algo pervertido com você.

Para ser honesto, eu não tinha confiança em mim mesmo. Quer dizer, não estava confiante de que poderia ir para a cama com ela, sentir o calor de seu corpo e ainda ser capaz de me conter. Até Eris devia saber disso. Entretanto…

— H-hoje você pode fazer isso.

— Eu já falei, se eu fizer isso não vai ser só “um pouquinho” — avisei.

— Eu lembro. E estou dizendo que você pode fazer o que quiser comigo.

Depois de ouvir sua resposta, olhei fixamente para o rosto de Eris. O que diabos você está dizendo?  Me peguei pensando. Digo, qual é. Depois de ouvir isso, meu homenzinho se preparou para ficar de pé e glorificar.

— P-por que você está dizendo tudo isso de repente? — perguntei.

— Prometi que faríamos isso quando eu fizesse quinze anos, certo?

— Não era quando eu fizesse quinze?

— Não me importo mais com isso — disse ela.

Eu me importo.

Isso era estranho. Algo estava estranho. Vamos, pense, o que era que estava estranho? Ah, já sei! Em outras palavras, Eris estava se sentindo desolada. Então, talvez estivesse sendo um pouco autodestrutiva. Eu tinha visto inúmeras cenas como essa em jogos eróticos. As pessoas buscavam consolo para enfrentar a perda de alguém. E, por conforto, quero dizer colocar dois corpos fisicamente juntos. Certo, tá, saquei.

Ainda assim, o que isso diria sobre mim se eu colocasse minhas mãos sobre ela nesse tipo de situação? Era quase como se estivesse me aproveitando dela enquanto a garota estava fraca. Mas, claro, eu queria fazer isso, sabe? A pior parte foi minha alegria: Vamos jogar nossas virgindades fora!

Mas isso não era algo que deveria fazer em circunstâncias mais normais? Nós dois estávamos sentindo dor e, se nos deixássemos levar pelo momento, nos arrependeríamos mais tarde, eu tinha certeza.

Ahh, mas poderia não ter outra chance com uma permissão tão clara assim. Se ela repentinamente decidisse partir e ficar com Pilemon, nossa promessa iria por água abaixo.

Não, esqueça isso. Eu realmente não queria que a primeira vez de Eris fosse roubada por outra pessoa. Eu é que faria isso. Eu. Mas tive a sensação de que não deveríamos.

Antes eu zombava de todos os protagonistas indecisos daquelas histórias com harém. Os chamava de covardes por não conseguirem reunir coragem nos momentos mais necessários. E agora que era a minha vez de passar pela mesma situação, e também hesitando.

O que deveria fazer? O que quer que decidisse, parecia que me arrependeria depois. Eu só pararia de me arrepender após dois anos, quando, em meu décimo quinto aniversário, Eris apareceria com uma fita de presente enrolada ao seu corpo. “Aqui está seu presente de aniversário. Já que eu poderia acidentalmente te dar um soco, também amarrei as minhas mãos. Sinta-se à vontade para fazer o que quiser comigo”, diria ela enquanto se sentava em minha cama.

Ahh, não. Espera. Quase morri recentemente. No que pensei serem meus momentos finais de vida, fiquei muito arrependido. Ainda havia coisas que eu queria fazer, e não havia nenhuma garantia de que algo semelhante não aconteceria nos dois anos que faltavam para meu aniversário de quinze anos. Não era como se eu pudesse escapar por um triz da morte para sempre. Será que devia me livrar da minha virgindade logo, antes que qualquer problema semelhante surgisse no futuro?

Não, calma, espera aí…

— Nossa!

Eris deve ter ficado frustrada com minha indecisão. Ela limpou a garganta e se sentou suavemente no meu colo. Se posicionou de lado para que pudesse envolver meu pescoço com seus braços, apresentando-me a vista de seus seios bronzeados e seu belo rosto. Ela abriu a boca como se fosse falar, então de repente percebeu que algo estava pressionando contra sua coxa. Seu rosto ficou ainda mais vermelho.

— O que diabos é isso…?

— Isso é por você ser tão fofa.

Eris só murmurou em resposta, e então apertou as coxas contra a cabeça do meu homenzinho. Foi uma sensação suave e agradável. Meu homenzinho ficou muito feliz, e seu pai (eu) estava ficando sem fôlego.

— Então isso significa que agora você está preparado? — perguntou ela.

— Sim.

— Então você não desgosta de mim, certo?

— Não.

— Você está preocupado com meu pai e meu avô?

— Sim.

— Rudeus, esse tempo todo você ficou me olhando de um jeito travesso.

— Sim.

— Mas você ainda vai me recusar?

— Sim… — Finalmente balancei a cabeça.

Meu olhar estava preso à base de seu pescoço, em seu peito. Ela já tinha conquistado meu corpo com suas coxas macias, a sensação de seu peito pressionado contra mim e seu cheiro, que enchia meus pulmões enquanto eu inalava. Eu era como um cachorro abanando o rabo. Mas convoquei os últimos fios de razão que permaneceram dentro de mim e disse:

— Uma promessa é uma promessa, não é? Dissemos que esperaríamos até eu completar quinze anos.

No momento, falando francamente, essa promessa era minha última esperança. Mesmo eu não tinha certeza de por que estava me segurando.

Em resposta às minhas palavras, Eris apenas bufou. Sua respiração chegou até minha bochecha.

— Ei, Rudeus. Minha mãe me ensinou isso, mas como é constrangedor e estou proibida de fazer mais vezes, só vou dizer uma vez — disse, respirando fundo. Ela aproximou o rosto do meu ouvido.

Então vieram algumas palavras, em um tom tão suave e doce, era como se um selo proibido tivesse sido desfeito.

— Rudeus, eu quero ser sua gatinha. Mew ✰

Essas palavras passaram direto pelo meu ouvido e se enfiaram em meu cérebro simplório, apagando os últimos fios da razão que me impediam de ceder. Eris era uma fera e, em resposta a essas palavras, eu também me tornei uma fera. Uma criatura com os instinto à flor da pele que a empurrou para a cama.

 

 

 

 

 

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Naquela noite, Eris e eu subimos os degraus para a vida adulta juntos. Durante aquele tempo, esqueci tudo sobre os outros assuntos complicados que pesavam sobre nós. Tudo em que eu conseguia pensar era no tanto que queria estar com ela. Não falei muito, mas acho que a amava. Queria protegê-la para sempre. Não me importava quais fossem as circunstâncias.

O próprio Paul disse isso, não foi? Quem se importava com os deveres de um nobre? Eu não precisava pensar em coisas assim. Faria qualquer coisa para ajudá-la. Enquanto estivéssemos nisso, três filhos já bastariam, mas eu tinha certeza de que conseguiríamos mais do que isso.

Fiquei exultante. Nem mesmo passou pela minha cabeça imaginar o que Eris poderia estar pensando.

 

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Ponto de Vista de Eris

 

Meu nome é Eris Boreas Greyrat.

Naquele dia, tornei-me adulta. Rudeus me deu o presente que eu queria por meu aniversário de quinze anos. Foi um pouco diferente do que prometemos, mas nos grudamos do mesmo jeito.

Eu amava Rudeus. Quando foi que comecei a perceber meus sentimentos? Isso mesmo – foi em seu décimo aniversário. Eu estava dormindo quando minha mãe me acordou de repente, me vestiu com uma camisola vermelha brilhante e, com uma expressão séria no rosto, disse: “Vá para a cama de Rudeus e entregue seu corpo a ele.”

Eu não tinha nada contra fazer sexo, mas fiquei confusa. Minha mãe e Edna me explicaram e fizeram com que entendesse que isso algum dia aconteceria. Ainda assim, não estava preparada. Pensei que isso seria algo mais para o futuro.

Independentemente de Rudeus saber da minha apreensão, ele tocou meu corpo como queria. Ele e meu pai ficaram acordados até tarde conversando, então talvez já tivesse ouvido falar sobre isso. Enquanto eu considerava tudo, outro pensamento surgiu em minha cabeça.

Talvez ele não me ame de verdade.

Talvez só estivesse fazendo isso porque meu pai mandou. Mesmo naquela época, Rudeus era uma pessoa incrível. Ele sabia de tudo e podia fazer qualquer coisa, mas isso não diminuía seu desejo de continuar aprendendo. Ele continuava avançando sem parar.

E eu tinha certeza de que ele me servia. No entanto, quando sua respiração ficou mais irregular, fiquei preocupada em ser apenas uma recompensa dada por meu pai. Quando percebi que não estava de acordo com isso, empurrei-o para longe e corri. Comecei a voltar para o meu quarto, mas fiquei com medo. Talvez tivesse acabado de tomar uma decisão na qual jamais poderia voltar atrás. Talvez tivesse perdido minha última chance. Me encontrei com as outras crianças de famílias nobres inúmeras vezes, mas nenhuma delas tinha tanta coragem quanto Rudeus.

E ele estava interessado no meu corpo desde que nos conhecemos. Já tinha tentado espiar pela minha saia, puxar minha calcinha e até sentir os meus peitos. E, em cada tentativa, eu o socava até que se afastasse. Quando eu ainda frequentava a escola, socava meninos que zombavam de mim e eles nunca mais falavam nada arrogante para mim. Mas isso não funcionou com Rudeus. Sinceramente, senti, com cada fibra do meu ser, que quando minha mãe disse que Rudeus era único, ela estava certa.

Quem se importa se sou apenas uma recompensa? pensei. Pelo menos podemos ficar juntos. Então, voltei para o quarto dele.

Mas quando Rudeus me viu, ele se ajoelhou no chão e se curvou igual um sapo. Pediu desculpas e disse que estava errado. Em resposta, apenas olhei para ele e disse para esperar mais cinco anos. Na época, achei que isso bastava. Rudeus era adulto o suficiente para esperar por mim.

Foi quando comecei a me apaixonar por ele.

No entanto, as coisas logo mudaram. Fomos transportados para deus sabe onde e, quando acordamos, havia um Superd parado diante de nós. Achei que estava sendo punida. Sempre que eu era muito egoísta, minha mãe me avisava que o Superd viria e me devoraria.

Então gritei e covardemente me encolhi no chão. E a pessoa que apareceu ao meu socorro não foi meu avô nem Ghislaine – foi Rudeus. Ele resolveu tudo com o Superd. Mesmo com ele próprio sendo dominado pela ansiedade, mesmo eu sendo a mais velha, foi ele quem me acalmou e abrandou. Devia ser necessária muita coragem para fazer aquilo. Então voltei a me apaixonar.

Depois daquilo, mesmo com o rosto pálido, ele lidou com o povo demônio. Rudeus não comia muito. E escondeu o fato de que não estava se sentindo bem fisicamente. Eu tinha certeza de que ele estava guardando seu sofrimento para si mesmo porque não queria me preocupar, então decidi também me conter. Reprimi a vontade de gritar e socar as pessoas, e no lugar disso deixei que Rudeus cuidasse de tudo. Tentei agir da mesma forma que sempre fiz, mas houve momentos em que simplesmente não conseguia me conter – quando a ansiedade fervia dentro de mim e se recusava a se acalmar.

Mas Rudeus não ficou com raiva. Ele simplesmente continuou ao meu lado. Não fazia comentários cortantes – só acariciava minha cabeça, passava o braço ao redor de meus ombros e me confortava. Durante aqueles tempos, ele nunca cruzou os limites. Vivia obviamente excitado quando me via, mas, durante esses momentos, nunca tocou em nada além do que podia.

Eu queria ficar mais forte. Pelo menos forte o suficiente para não ser um fardo para ele. A única coisa que poderia fazer melhor do que Rudeus era empunhar minha espada, e mesmo nesse aspecto, não poderia me comparar ao nosso companheiro, Ruijerd. E embora eu pudesse ter uma chance em uma luta de espadas, não conseguia derrotar Rudeus quando ele usava magia.

Apesar de tudo isso, Rudeus me deixou ganhar experiência lutando com eles. Eu tinha certeza que o grupo teria tido mais facilidade em matar monstros e viajar por terra se fossem apenas os dois. E só de pensar nisso eu sentia vontade de chorar. Temia que Rudeus pudesse perceber que eu os estava atrapalhando e me odiasse. Temia que ele me deixasse para trás, então trabalhei desesperadamente para ficar mais forte.

E solicitei que Ruijerd me treinasse. Ele me derrotou várias vezes. Cada vez que Ruijerd me perguntava: “Você entendeu?”, em cada uma das vezes eu me lembrava das palavras de Ghislaine e balançava a cabeça. Racionalidade – isso mesmo, racionalidade. Havia uma racionalidade na maneira como um especialista se movia. Ao treinar com alguém mais forte do que eu, a primeira coisa a se fazer era observar.

Ruijerd era forte. Provavelmente mais forte até do que Ghislaine. E então, eu observei. Observei seus movimentos atentamente e os imitei sempre que pude. Ruijerd me ajudou em minha busca para ficar mais forte. No meio da noite, depois que Rudeus finalmente adormecia, exausto, Ruijerd se juntava a mim para treinar sem fazer qualquer barulho. Claro, ele ainda me derrubava em todas nossas lutas. Talvez fosse difícil para ele me derrubar daquele jeito, tendo em vista o quanto amava as crianças, mas eu me senti confiante ao chamá-lo de “Mestre.”

Um ano se passou desde que começamos nossa jornada. Pensei que tinha ficado mais forte. E dessa vez era diferente de antes, quando Ghislaine basicamente me dizia: “Racionalidade, racionalidade!” Por meio do meu treinamento com Ruijerd, finalmente entendi o verdadeiro significado da palavra. Antes, não tinha visto nenhum problema com movimentos desleixados em batalhas, mas agora entendia que cada movimento tinha um significado.

Então, um dia, consegui derrotar Ruijerd. Parando para pensar, daquela vez ele parecia estar prestando atenção em alguma outra coisa. Ainda assim, não me importei em fazer proveito de uma distração que resultou em uma abertura. Finalmente consegui derrotá-lo. Não seria mais só um obstáculo. Poderia andar lado a lado com Rudeus.

Mas, claro, acabei me deixando levar.

Rudeus facilmente me colocou no meu lugar. Ele de repente conseguiu um olho demoníaco e não teve problemas em usá-lo para me derrotar. Perdi para ele em uma luta física sem uso de magia. Foi um choque. Era trapaça, pensei – jogo sujo. De uma só vez, ele me ultrapassou em uma estrada que trilhei por anos.

Eu, como sempre, continuava sendo um obstáculo.

Chorei em segredo. Na manhã seguinte, fui à praia e chorei enquanto brandia minha espada. Ruijerd me disse para não me preocupar com isso. Rudeus era simplesmente compatível demais com o olho demoníaco que conseguiu. Ele me disse que, se eu treinasse, ficaria mais forte. Que eu tinha talento e não devia desistir.

Mas, qual talento? Tudo que Ghislaine e Ruijerd fizeram foi mentir para mim. Naquela época, Rudeus me parecia tão grandioso. Ele brilhava tanto que eu não conseguia nem olhar direito em sua direção. Poderia colocá-lo em um pedestal. Eu queria alcançá-lo, mas em algum momento desisti, pensando que seria inútil.

Mas isso mudou após chegarmos ao Continente Millis. Foi quando conhecemos Gyes e aprendi que existiam técnicas de combate além da luta com espadas e magia. Eu queria tentar aprender, mas ele se recusou a ensinar. Na época, me perguntei o motivo. Não pude aceitar.

Em seguida, passamos pelos eventos em Millishion. Eu queria provar que podia fazer coisas sozinha, então fui matar a mais simples das criaturas – goblins. Foi então que tive o primeiro vislumbre do meu próprio talento. Lutei contra aqueles estranhos assassinos e os derrotei. Em algum momento, comecei a crescer.

Mas quando voltei para a pousada, Rudeus estava deprimido. Quando o pressionei para conseguir detalhes, descobri que Paul estava na cidade e que ele e Rudeus tinham entrado em conflito. Embora Rudeus não estivesse chorando, quando vi a extensão de sua depressão, finalmente lembrei que ele era dois anos mais novo do que eu. No entanto, apesar de sua idade, se tornou o tutor domiciliar de alguém tão egoísta quanto eu. Teve que comemorar seu décimo aniversário longe da família e foi forçado a viajar pelo Continente Demônio enquanto carregava um fardo como eu. Então seu pai o afastou.

Eu definitivamente não poderia perdoar isso. Como alguém cujo nome estava listado entre a nobreza de Asura, prometi a mim mesma que iria fatiar Paul Greyrat. Eu já tinha ouvido meu próprio pai falando da força de Paul. Ele era um gênio espadachim que alcançou o nível Avançado no Estilo Deus da Espada, Estilo Deus da Água e Estilo Deus do Norte. E também era o pai de Rudeus. Mesmo assim, eu não tinha dúvidas de que poderia vencer. Ghislaine me ensinou a esgrima, mas Ruijerd me ensinou o combate. Se eu combinasse as duas coisas, não teria como perder para um bruto daqueles.

No entanto, Ruijerd me parou. Quando perguntei o motivo, ele me disse que era uma briga entre pai e filho. Eu sabia que Ruijerd se arrependia do que aconteceu com seu próprio filho, então decidi escutar.

No final, Rudeus e Paul se reconciliaram. Foi exatamente como Ruijerd havia dito. Mas vou repetir: Não pude aceitar. Não conseguia entender por que Rudeus perdoou seu pai. Eu jamais perdoaria alguém que fizesse aquilo. Rudeus não falava muito sobre isso e Ruijerd também não me dizia nada. Ambos eram adultos.

De lá, cruzamos para o Continente Central. Foi quando Rudeus começou a comer muito mais, talvez porque recuperou seu espírito. E, como sempre, ele era incrível. Em um único dia, conseguiu fazer amizade com o Terceiro Príncipe e salvar sua família.

Quanto a mim, a única coisa que pude fazer foi entrar em uma confusão com Ruijerd. Como resultado, ajudamos a salvar Rudeus, mas o fizemos sem qualquer planejamento. Depois, Rudeus disse coisas como “Eu não fiz nada” e “Vocês realmente me ajudaram”, mas a julgar pelo que aconteceu, ele poderia ter lidado com tudo sozinho.

Rudeus era tão incrível. Tão grandioso. E naquele dia que nos encontramos com o Deus Dragão, tornou-se alguém ainda maior. Durante o confronto com Orsted, Ruijerd e eu ficamos apavorados com o que vimos como a personificação do medo diante de nós. Só Rudeus continuou agindo normalmente.

Ele até conseguiu acertar um ataque em Orsted – um oponente contra o qual Ruijerd se provou indefeso. Meus olhos não puderam seguir a magia que ele desencadeou naquela época. Quando Rudeus realmente ficava sério em batalha, era incrível. Ele até mesmo conseguiu lutar contra o homem considerado o mais forte do mundo, o Deus Dragão.

Mas assim que pensei isso, me deparei com ele mortalmente ferido, com um pé na cova. Até então, pensava que a morte era algo irrelevante para nós. Rudeus era forte. Não havia como ele morrer, e enquanto eu o tivesse me protegendo, também não morreria. Também tínhamos Ruijerd conosco, então estávamos seguros. Foi o que pensei.

Estava errada.

Se aquela garota que acompanhava o Deus Dragão não tivesse feito um pedido por puro capricho, ou se o Deus Dragão não fosse capaz de usar magia de cura, Rudeus teria partido. Fiquei com tanto medo. Aquele evento renovou meu medo de ser um fardo.

Agora, Rudeus estava se tornando um ser divino. Mesmo ficando à beira da morte, ele ficou completamente indiferente a isso. Apenas três dias depois de quase morrer, estava antecipando um futuro encontro com o Deus Dragão e praticando uma nova magia para se preparar para isso. Fui incapaz de compreender. Não conseguia, e estava com medo, então só fiquei ao seu lado. Senti que se não ficasse ali, ele iria desaparecer e me deixar para trás.

Então nos separamos de Ruijerd. Ruijerd disse que derrotar o Deus Dragão era impossível, mas, no momento final, me ensinou algo. Ele me lembrou da técnica que o Deus Dragão havia usado. Aquilo estava gravado em minha mente, aquela maneira como ele desviou de meu ataque.

Havia um método por trás daquilo. O Deus Dragão não era um monstro desconhecido. Ele era um mestre, mas estava usando técnicas conhecidas pelo homem.

E, por fim, chegamos em casa e descobri que não havia mais nada. Meu pai, meu avô e minha mãe estavam mortos. Fiquei com o coração partido. Depois de tudo que sofri para retornar, minha casa e minha família se foram. Ghislaine e Alphonse estavam lá, mas pareciam distantes e formais, como se fossem pessoas diferentes.

Tudo que me restava era Rudeus, e eu queria que nos tornássemos uma família. Fiquei impaciente. Seu contrato como meu tutor tinha uma duração de cinco anos, e já tínhamos passado desse período há muito tempo. Seu dever chegou ao fim ao me escoltar até em casa. E nem todos de sua família tinham sido encontrados. Eu tinha certeza de que ele partiria imediatamente e me deixaria para trás. Eu sabia disso.

Usei meu corpo para mantê-lo por perto. No início ele hesitou, então fiquei preocupada com a possibilidade de não ser aceita. Rudeus nunca tinha me espiado enquanto eu estava tomando banho. Mesmo no navio viajando para o Continente Millis, quando teve inúmeras oportunidades para me tocar, não fez isso. Fiquei preocupada com a possibilidade de ele não estar interessado no meu corpo. Passei todo o meu tempo treinando e perdi a feminilidade que as outras garotas tinham.

Mas esse não era o caso. Rudeus ficou excitado ao me ver, e vê-lo assim também me excitou.

Então, conectamos nossos corpos. Eu nunca tinha feito isso antes, então no começo foi estranho, mas gradualmente comecei a me sentir bem. Em comparação, Rudeus parecia estar gostando desde o início. E ainda, no meio do caminho ele ficou fraco e mole, como se fosse quebrar. Foi então que percebi, mais uma vez, que Rudeus era menor do que eu. Ele era bem robusto lá embaixo, mas era mais baixo e mais franzino do que eu.

Ele era tão jovem, mas sempre me protegia. Passou a viagem de navio inteira cuidando de meu enjôo e se demonstrou extremamente cansado quando desembarcamos. Comparado a isso, o que eu era? Fiquei mais poderosa. Tinha me tornado bastante boa na esgrima. Mas fiquei tão envolvida em minha imagem da magnificência de Rudeus que ignorei o quão pequeno ele realmente era. No final, usei minha ansiedade por perder minha família como desculpa para me impor a ele e o tratei mal na busca por meu próprio desejo.

Direi novamente. Eu amava Rudeus. Mas não estava qualificada para estar com ele. Não passaria de um fardo. Tínhamos nos tornado uma família, mas não poderíamos ser mais do que isso. Não podíamos ser marido e mulher. Mesmo se estivéssemos juntos, eu continuaria simplesmente o atrapalhando.

Por enquanto, seria melhor passarmos algum tempo separados. Este pensamento passou por minha cabeça. Enquanto eu estivesse com ele, tiraria vantagem de sua bondade. As doces sensações da noite que passamos juntos ainda permaneciam em meu corpo, tanto que eu esperava por mais. Isso era característico da família Greyrat, embora, inesperadamente, Rudeus pudesse não compartilhar tanto dessas inclinações. Ele estava tentando o seu melhor para me acompanhar, mas nesse ritmo, a ferocidade do meu desejo poderia confundi-lo. Eu não podia fazer isso com ele.

Eu não tinha nenhuma intenção de fazer o que Alphonse sugeriu e me casar com outro homem. Era tarde demais para me dizerem para viver como filha de uma família nobre. Receber ordens de fazer sacrifícios pelos cidadãos da região quando eu nem mesmo conhecia esses cidadãos, não fazia sentido algum. Meu avô, meu pai e minha mãe haviam morrido. A Região de Fittoa havia desaparecido. Qual era o propósito?

Eu descartaria o nome Boreas. Mas continuaria sendo a neta de Sauros e filha de meus pais, então continuaria vivendo com uma vontade de ferro.

Vou ficar mais forte, me decidi.

Iria me separar de Rudeus e continuaria treinando. Não iria parar até que pudesse ficar lado a lado com ele. Não precisava ser capaz de derrotá-lo. Mas, no mínimo, queria me tornar uma mulher que estivesse à sua altura. Uma que não teria pessoas sussurrando pelas costas quando se aproximasse dele.

Eu não tinha a astúcia de Rudeus, então, em vez disso, sairia em busca do poder. Ghislaine, Ruijerd e Gyes disseram que eu tinha talento com a espada, e eu confiava em suas palavras. Seguiria a recomendação de Ghislaine e iria para o Santuário a Espada. Lá, me tornaria uma espadachim poderosa e precisa.

Uma espadachim (eu) e um mago (Rudeus). Tradicionalmente seria o inverso, mas nós dois estávamos de acordo com isso. Nós cresceríamos, ficaríamos mais fortes e voltaríamos a nos encontrar. Então daríamos o próximo passo em nossa família e nos tornaríamos marido e mulher. Eu teria seus filhos e viveríamos felizes para sempre.

Então, como deveria dar meu adeus? Rudeus era uma pessoa eloquente. Não importa o que eu tentasse dizer, ele poderia me impedir. Poderia tentar partir comigo por ficar preocupado comigo saindo sozinha por aí.

Será que devia deixar um recado…? Mas, me conhecendo, provavelmente deixaria algum tipo de rastro para trás quando o fizesse. Ele poderia usar isso para me rastrear, e acabaria virando tudo uma bagunça. Rudeus precisava seguir em frente. Eu não queria segurá-lo.

Em momentos como este, seria melhor agir como os espadachins de todas as histórias e ir embora em silêncio. Mas Rudeus estava sempre falando incessantemente sobre relatórios, comunicação e discussão. Eu não queria que ele me odiasse.

Tudo certo. Deixaria algo breve. Então Rudeus com certeza entenderia.

 

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Ponto de Vista de Rudeus

Bom dia para todo mundo! Sim, bom dia a todos os virgens mundo afora, é um ótimo dia! Dizem que só é aceitável que seja virgem enquanto está no ensino fundamental, então como andam as coisas por aí? Ahh, comigo? Eu não sou tudo isso. Ha ha, ainda estou para fazer treze anos. Se convertermos isso em anos escolares, isso significa que já estou no ginásio. Ha ha!

Além disso, olá a todos os não virgens! A partir de hoje, sou um de vocês! Em outras palavras, agora sou um “normie”! Nunca pensei que iria me juntar a vocês, mas espero ser bem-vindo, já que sou apenas um iniciante. Como se costuma dizer, os ricos se preocupam com o lucro e lutar só traz perdas, então sejamos amigos!

Eu tinha ouvido falar que um masturbador era muito melhor do que o corpo de uma mulher real, mas isso era uma grande mentira. Além disso, faltava várias coisas em um masturbador, como lábios de verdade e uma língua. Visão, audição, tato, paladar, olfato – havia algo no sexo que satisfazia todos os cinco sentidos.

No meu velho mundo existia um ditado: “Não aja como se fosse o namorado dela só porque transaram uma vez.” Eu entendia o que as pessoas queriam dizer com isso, mas – e realmente não tenho certeza de como dizer isso – quando passei meus braços em volta de sua cintura e a puxei para perto, ela deslizou os dela pelas minhas costas e retribuiu o abraço. Eu podia ouvir sua respiração irregular em meu ouvido, e quando olhei para seu rosto, nossos olhos se encontraram. Se eu beijasse perto de sua boca, ela colocaria a língua para fora, e isso era como dizer que estava tudo bem.

Em momentos assim as pessoas realmente sentem que pertencem uma a outra. Não é só fisicamente, mas mentalmente satisfatório, sabe? Querer um ao outro e entregar-se também? Aqueles com muito mais experiência provavelmente estão pensando: “Não se empolgue só porque você fez isso uma vez.” Mas eu não pude evitar. Queria agir como se fosse seu namorado. Eris provavelmente também queria agir como se fosse minha namorada.

Opa, foi mal por isso. Essas coisas provavelmente são estimulantes demais para virgens. Que rude da minha parte. Com base em meu próprio senso de tempo, fiquei com sede por quarenta e sete anos, então estava um pouco animado quando finalmente consegui o que queria. Ou será que seria melhor dizer que eu perdi o que queria perder?

Há muito tempo, pensei em tentar manter a calma mesmo enquanto perdia a virgindade. Opa! Parece que não consegui. Minha nossa, já é tarde demais? Foi mal, tenho um encontro com minha namorada, vamos conversar na cama nesta manhã. Tenho certeza de que ainda estaremos sentindo todo o calor da noite. Talvez até pudéssemos nos divertir de tarde também!

Vamos, Eris, já é de manhã! Acorde. Se você não acordar, vou te pregar uma peça, pensei de brincadeira.

Mas ela não estava lá. O espaço na cama estava vazio. Bem, ela tendia a acordar cedo. Que pena. Tanto para a tradicional conversa de travesseiro matinal quanto para o subsequente intervalo para o café.

— Ai!

Eu me levantei. Senti uma agradável exaustão na área dos quadris. Era uma garantia de que o que aconteceu na noite anterior não foi apenas um sonho. Uma sensação verdadeiramente deliciosa.

Encontrei minha calça, mas minha cueca tinha sumido. Ah, bem. Resolvi colocar minhas calças sem elas e, como a calcinha de Eris estava ao lado da cama, a guardei no bolso. Então vesti uma jaqueta e soltei um grande bocejo.

— Hmm, isso é bom. — Nunca antes tinha visto uma manhã tão linda.

Só então, percebi que algo estava jogado no chão. Havia algo vermelho jogado por toda parte.

— Hã…?

Era cabelo. Havia um monte de cabelo vermelho jogado no chão.

— O que… diabos é isso…? — Peguei uma mecha de cabelo e tentei cheirá-la. Era o mesmo cheiro que tanto senti na noite passada – o cheiro de Eris. — O qu…?

Confuso, olhei para a minha frente e vi um único pedaço de papel. O agarrei e li as palavras rabiscadas nele.

Nós dois não estamos muito bem balanceados. Estou partindo.

Digeri essas palavras com cuidado.

Um segundo. Dois. Três.

Voei porta afora.

Procurei no quarto de Eris. Sua bagagem havia sumido. Saí e entrei na sede, onde encontrei Alphonse.

— Ei, Senhor Alphonse, onde Eris está?!

— Ela partiu em uma viagem com Ghislaine.

— P-para onde?!

Alphonse me olhou com fria indiferença nos olhos. Então, disse lentamente:

— Disseram-me para manter isso em segredo de você.

— Ah… então é isso…?

Hã?

Por quê?

Eu não entendi.

Hã??

Por que ela terminou comigo?

Não, ela me abandonou?

Ela me deixou para trás?

Hã?

Família…?

O que??

 

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Passei uma semana inteira sentado sem poder fazer nada, totalmente estupefato. Ocasionalmente, Alphonse aparecia e me importunava para conseguir um emprego ou coisa do tipo. Não achei que tivesse sobrado nada na Região de Fittoa, mas vilarejos pequenos e em desenvolvimento estavam gradualmente sendo construídos a uma curta distância do campo de refugiados. As pessoas estavam até começando a cultivar trigo.

Seguindo as instruções de Alphonse, usei magia da terra para construir uma parede defensiva ao redor do acampamento. O rio ameaçou inundar com a erosão do aterro, então criei um dique. O progresso foi gradual, mas a restauração prosseguia. Pelo visto, esforços sinceros na reconstrução começariam depois que um grande número de pessoas de Millishion terminassem de migrar.

Eris escolheu a morte para si mesma.

A pessoa conhecida como Eris Boreas Greyrat não existia mais. Em seu lugar, havia simplesmente Eris. Alphonse disse que sua decisão causaria várias complicações, então qualquer anúncio oficial de seu destino seria adiado por alguns anos. Ele provavelmente estava agindo por ordem de Darius. Mas não era como se eu me importasse.

Mesmo com Eris sumindo de repente, a expressão facial do mordomo não mostrou nenhuma indicação de que estava incomodado. Meio que brincando, eu disse a ele: “É uma pena que Eris tenha partido”, mas Alphonse apenas se esquivou, dizendo: “Apesar de tudo, tenho que trabalhar na recuperação da Região de Fittoa.”

Eu precisava fazer mais perguntas para lidar melhor com a situação. No entanto, com a partida de Eris, me senti mais ou menos apático com todas as coisas. Se os nobres queriam lutar por autoridade ou qualquer outra coisa, podiam fazer isso.

Pensei profundamente nos motivos para Eris ter ido embora. Refleti sobre minhas palavras e ações naquela noite. No entanto, não importa o quanto tentava voltar atrás, a única coisa que ficou em minha mente foi a nossa relação sexual. Foi como se aquele momento abafasse todos os outros detalhes daquela noite.

Será que meu desempenho tinha sido ruim? Só segui meus desejos quando assumi a liderança, então será que ela tinha se sentido desiludida com a forma como as coisas aconteceram? Não, isso seria estranho. Fui eu que aceitei, mas foi ela quem me convidou.

Não, não era isso. Seu carinho por mim tinha acabado. Ao recordar os últimos três anos, percebi que nossa viagem estava repleta de fracassos. No final chegamos ao nosso destino, mas isso foi em maior parte graças a Ruijerd. Eris devia ter odiado a ideia de ser seguida pelo responsável por todas aquelas falhas durante mais dois anos. Foi por isso que cumpriu sua promessa antes da hora e disse adeus.

Eu não fazia ideia de por que ela agia como se houvesse um significado mais profundo por trás de suas ações, mas, no momento, essa foi a conclusão a que cheguei. No final, eu não tinha realmente crescido. Não era de se admirar que seus sentimentos por mim tivessem desaparecido.

Foi então que de repente me lembrei que ainda tinha uma outra missão.

— Ah, é mesmo. Preciso procurar por Zenith…

E foi assim que parti para a parte norte do Continente Central.

 


 

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