Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 06 – Cap. 05 – O Terceiro Príncipe

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Olá! Meu nome é Rudeus e eu costumava ser um recluso.

Atualmente, estou verificando um apartamento grátis no Reino Shirone. Não precisei pagar por nada adiantado, e nem tem aluguel. É um apartamento de um cômodo que não oferece refeições e não possui muita iluminação natural. Não disponibilizam nenhuma cama, e a ausência de um banheiro indica que é necessário recorrer ao recurso emergencial que é mijar nas calças, então ficar aqui por muito tempo com certeza desencadeará doenças graves. Mas ao menos é grátis!

E a construção também é reconfortantemente segura. Olha só, mas que barreira mais durável! Enquanto estiver dentro dela, toda magia será anulada e jamais será capaz de sair! Mesmo se um aventureiro de rank A como eu bater com tanta força quanto consiga, a barreira não será liberada. Não importa se for um mestre das fugas – não há como fugir deste lugar.

Certo, já é a segunda vez que uso a mesma piada, chega dela.

Não posso sair daqui. Alguém me salve. Ruijerd, anda logo e me salva! Rui, socoroooo!

Me senti como a Princesa Peach esperando que o Mario aparecesse.

Passei um dia inteiro tentando remover a barreira. Já que não podia usar magia enquanto estava nela, não havia basicamente nada que pudesse fazer. Minhas tentativas, na maioria das vezes, consistiam em bater naquela parede invisível, tentar estragar o círculo no chão ou pular na direção do teto, que estava a quatro metros acima de mim. Fiz tudo o que pude, mas resultou em basicamente nada.

Se ao menos estivesse com meu cajado, poderia ter sido capaz de bater no teto com ele. Infelizmente, dei todas as minhas coisas para Ginger antes de entrar na sala.

Quanto à magia, tentei vários feitiços, mas todos foram dissipados antes que pudessem fazer qualquer coisa. Como um protagonista shounen, decidi que se essa barreira podia absorver mana, liberaria o máximo que pudesse e a destruiria dessa forma! Mas isso pareceu não surtir nenhum efeito. Eu poderia até produzir a mana, mas ela não tomava forma. Não poderia a usar para provocar qualquer mudança que fosse ao meu redor. Parecia que poderia, mas não consegui. Era como usar um isqueiro a céu aberto enquanto estava ventando forte, ele sempre apagaria assim que fosse acendido. O gás estaria lá, assim como a fagulha, mas o fogo nunca daria as caras. Ou seria melhor dizer que o fogo aparecia, mas era apagado na mesma hora.

Ele tinha dito que esta era uma barreira mágica de nível Rei, certo? Isso era incrível.

Minha impaciência aumentou quando percebi que não poderia escapar sozinho. Se o pior acontecesse e Roxy realmente aparecesse para me ajudar, eventualmente caindo na armadilha de Pax, não haveria nada que poderia fazer para a salvar. Tudo que seria capaz de fazer era gritar para que me deixasse para trás. E se Eris fosse capturada, eu também não seria capaz de fazer nada para ajudar. Mais uma vez, só poderia gritar para que me deixasse para trás. E se Pax, ao me capturar, mudasse de ideia e concluísse que não precisava de outros reféns, assim resolvendo matar Lilia?

Eu queria acreditar que ficaria tudo bem, mas não tinha seguido o conselho do Deus Homem da mais perfeita das formas. Talvez já estivesse em um caminho sem volta. Entretanto, era do Deus Homem que estávamos falando. Ele talvez tivesse previsto isso. Mas, de acordo com o que dissera, apenas Aisha e Lilia seriam salvas. Aquele cara não mencionou nenhuma outra pessoa.

Mas, não… ele me deu esse conselho para ganhar minha confiança. Seria difícil acreditar que bolou tudo cuidadosamente para me enganar. Mas, mesmo assim… Pensamentos negativos continuaram surgindo e girando em minha cabeça.

Droga, pensei. Preciso me apressar e dar o fora daqui.

Queria saber quanto tempo já tinha passado. Estava me sentindo exausto. Foi a primeira vez em muito tempo que usei tanta mana.

— Nossa… talvez seja melhor descansar um pouco.

Não tinha nenhum relógio e eu não podia ver nem o sol, então só tinha uma breve noção do tempo. Meu estômago também estava vazio e já fazia algum tempo que tinha começado a roncar. Será que o príncipe tinha esquecido até das minhas refeições? Não, esse talvez fosse o ponto. Talvez quisesse diminuir meu consumo de comida e me enfraquecer até que eu ficasse tão delicado e quebradiço quanto um galho seco. Isso o deixaria ainda mais excitado, mostrando para Roxy o que eu tinha me tornado. Só uma refeição por dia, hein? Isso seria terrivelmente desagradável, visto que meu corpo ainda estava em fase de crescimento.

E eu não poderia escapar usando só força bruta. Talvez precisasse pensar um pouco mais nisso. Como que as pessoas do meu outro mundo fugiam da prisão? Fingiam que estavam doentes ou mortas, não é? Talvez desativassem a barreira para deixar que um médico ou um curandeiro entrasse. Não – também era possível que simplesmente me deixassem morrer. Afinal, já tinham outro refém. Se eu fosse uma estrela de Hollywood, poderia simplesmente atacar quando o guarda passasse pela minha cela, deixá-lo inconsciente e roubar suas chaves. Mas, infelizmente isso não seria possível.

Que outras alternativas sobravam? Sério, eu só precisava dar o fora. Talvez pudesse fingir que estava disposto a jurar lealdade para Pax.

“A verdade é que Roxy já vinha me dando nos nervos faz tempo, chefe. Heh heh heh! E, na verdade, eu sei onde os pais dela vivem! O que acha de fazer aquelas coisas na frente deles, hein, chefe?”

Se eu dissesse essas coisas, ele podia acabar caindo na minha lábia, certo? Afinal, parecia ser um grande idiota.

Nah, esquece. Isso não seria possível, nem mesmo para mim. Era Roxy. Eu poderia virar a cara até para a última gota do meu próprio orgulho, mas a única coisa que não poderia fazer era dizer algo ruim sobre ela.

Thump… Thump…

Enquanto me preocupava com o que faria, de repente ouvi algo. Passos. Estavam se aproximando. Provavelmente era Pax querendo ver como eu estava.

Thump…

Os passos pararam logo acima de mim. Então passaram pela sala e pude ouvi-los no topo da escada.

— Aha, assim como Ginger me disse.

O homem que desceu os degraus era alguém que eu nunca antes tinha visto. Poderia dizer com um simples olhar que provavelmente fazia parte da família real, principalmente por causa de como suas roupas pareciam pomposas. Sua vestimenta era preta com bordados dourados, e dava para notar de primeira que era algo bem caro. Ele parecia ter cerca de vinte anos. Seu rosto lembrava o de Pax, mas adotava um formato oval, com os óculos descansando acima de suas salientes maçãs do rosto, e ele era bem mais alto e magro. Em outras palavras, era um típico personagem de anime, um nerd com óculos fundo de garrafa.

— Sou o Terceiro Príncipe do Reino Shirone, Zanoba Shirone — disse ele com um olhar rígido.

Terceiro Príncipe? Então, isso significava que era o irmão mais velho de Pax.

— É um prazer conhecê-lo — respondi. — Sou Rudeus Greyrat.

— Hm.

— E o que lhe traz aqui hoje?

— Hm.

Ele balançou a cabeça de um jeito exagerado e ergueu uma bolsa que estava em suas mãos. Era uma que eu já tinha visto antes. Não, espera – era a minha bolsa! Ele cuidadosamente a colocou no chão e tirou algo de dentro. Era uma estatueta de um homem empunhando uma lança – a estatueta de Ruijerd.

— Onde você conseguiu essa estatueta de demônio? — perguntou enquanto a colocava além da barreira. — Conte-me. Ouvi Ginger falando que foi você quem trouxe isso aqui. — Seu tom era bem exigente.

Uma estatueta de demônio. Não tinha pensado muito para trazê-la comigo, mas talvez carregar uma dessas por aí fosse como carregar um ídolo falso. A estatueta de Roxy não tinha características demoníacas distinguíveis, mas a de Ruijerd seria imediatamente identificada por causa da joia em sua testa.

Como deveria responder a esta pergunta? Deveria, no mínimo, ter certeza de que não iria declarar que o criador do item era eu.

— Encontrei ela enquanto estava viajando pelo Continente Demônio.

— Aha! Eu sabia que devia ser um demônio que fez isso! Certo, e exatamente onde a comprou? Qual era a aparência da pessoa que estava vendendo? Sabe quem fez isso?!

Rapaz, ele realmente estava focado nisso. Seus olhos estavam brilhando.

— Q-quem sabe? — falei. — Vi isso e gostei, então quis comprar. Não sei nada de específico sobre…

— O quêê?! — Um brilho de luz perigoso foi refletido em seus óculos. Havia algo seriamente intimidador nele. Eram os olhos de alguém que já tinha matado outra pessoa.

— Ah, sim! O comerciante disse algo quando me vendeu isso. Ele disse que qualquer um que possuísse uma estatueta dessas escaparia em segurança do ataque de qualquer Superd. É só mostrar a estatueta para eles e dizer: “Ruijerd ama crianças”, “Ruijerd ama crianças”, e o Superd de repente vai começar a agir como se vocês fossem amigos de longa data. Vão te abraçar e dizer: “Ei, irmão!” E mais um monte de coisas do tipo.

— Oho, oho! Sim, é isso! O que mais?! O que mais ele te disse?!

— Uhh, você será abençoado com filhos e boa saúde. E-e também, vai ficar realmente bom em esgrima, eu acho.

— Não, não, isso não! O que você está me dizendo é que quem criou isso está profundamente envolvido com os Superds, não é?!

Eu não tinha certeza se essas duas coisas estavam relacionadas. O único Superd que eu conhecia era Ruijerd. Mas sobre estar profundamente envolvido, será? Muitos deste mundo não queriam laços com a tribo Superd, então, em comparação, sim, eu estava profundamente envolvido com eles.

— Hmm, parece que é bem possível que isso tenha sido feito pela mesma pessoa. — Zanoba estava resmungando, todo pensativo, enquanto girava a estatueta em sua mão. E, finalmente, a jogou no chão e enfiou a mão na bolsa. A única outra coisa que deveria estar lá dentro seria uma muda de roupas para emergências. — Então, me diga, você já viu isso?

O que ele tinha pego dessa vez era uma estatueta de Roxy.

Zanoba a colocou no chão e se sentou no piso para ficar olhando para ela.

 

 

 

— Descobri esta estatueta de demônio no mercado há cinco anos. — Ele colocou a mão no queixo e olhou afetuosamente para o item.

Quando tentei usar a de Ruijerd para converter as pessoas, descobri que as estatuetas de demônio eram proibidas devido à influência da organização religiosa Millis. Presumi que Zanoba estava tentando condenar a pessoa que as criou, embora não parecesse muito zangado.

— Foi meu irmão quem encontrou esta. Quando viu que parecia com Roxy, nossa maga da corte naqueles tempos, comprou diretamente do mercador.

— Sua maga da corte “naqueles tempos”? — Tentei esclarecer esse ponto enquanto via a conjugação verbal no passado.

— Hm? Sim. Parece que você não sabe, mas Roxy Migurdia já deixou este país. Ela fugiu depois de ser incapaz de tolerar os avanços sexuais indesejados do meu irmão.

Não, na verdade, eu já tinha ouvido Pax mencionando isso. Mas até que fazia sentido ela decidir partir após ser sexualmente assediada.

— E exatamente como o seu irmão tentou se aproximar dela?

— “Tentou se aproximar”…? Ele roubava a calcinha dela e a espiava no banho.

Sério? Que horrível. Pessoas assim merecem punições severas. Mereciam algo como ter seu computador sendo destruído na base da cacetada. Ele deveria ser forçado a viver sob o mesmo teto que uma jovem com um soco mortal, que poderia ceifar sua vida em um único golpe. Devia ser despido, jogado em uma cela e molhado com água fria. Não, eu estaria disposto até mesmo a conjurar uma Lança de Terra e acertar o traseiro dele. Uma bem grossa e com a forma de um cone de trânsito.

Enfim, sério. Ele realmente achava que não teria problemas por roubar a calcinha da Roxy e coisas do tipo? Não, isso era inaceitável. Imperdoável. Não importava se fosse um príncipe – ainda deveria saber diferenciar o certo do errado. Não era de se admirar que ela tenha ido embora.

Espera. Seguindo essa lógica, será que… Roxy deixou de ser minha tutora por causa das coisas que eu fiz?

— Mais importante, sobre a questão dessas estatuetas… — disse Zanoba, dando um tapinha no ombro da estatueta de Roxy.

Isso mesmo – seria melhor deixarmos essa conversa deprimente de lado. Balancei a cabeça, revelando um rosto solene.

— Tenho um fraco por estatuetas. Eu coleciono um monte delas — começou a dizer, como se fosse uma espécie de monólogo. — Mas o único artesão que não conheço, é o que fez essa. Sei que foi esculpida em pedra, mas é mais dura e pesada do que a pedra usada por anões. Ninguém no mundo possui a técnica para esculpir uma escultura tão elaborada em uma rocha tão dura. Olhe só esse cajado aqui, por exemplo… Mesmo para o anão mais hábil de todos, esculpir algo assim com tanta precisão em uma pedra seria extremamente difícil. — Ele apontou para o cajado que a estatueta segurava enquanto falava.

Peças complexas como cajados eram fáceis de se quebrar. Foram inúmeras tentativas seguidas por erro para conseguir superar essa fragilidade. Como recompensa pelos meus esforços, consegui criar algo muito resistente e durável. E usei o mesmo material para fazer a lança da estatueta de Ruijerd. Essas coisas exigiam um uso exaustivo de mana, concentração e tempo – mais especificamente, era necessário um dia inteiro para avançar em um único centímetro do trabalho. Eu já tinha me dedicado muito ao aperfeiçoamento da minha técnica, então fiquei bem feliz ao ouvir elogios.

— Algo tão incrível estava sendo vendido por apenas cinco moedas de ouro Asurano. Eu teria pago até mesmo cem moedas por isso. Fico incomodado ao ver que aqueles que vivem nas ruas são tão rudes e grosseiros que sequer conseguem apreciar o valor da arte. Mas sei que o preço devia ser baixo por se tratar especificamente de uma estatueta de um demônio. Se um dos Cavaleiros do Templo da crença Millis descobrisse sobre isso, poderia acabar sendo julgado por heresia, mesmo sendo um príncipe de Shirone. Então seria executado como um adorador do Deus Demônio. Pode haver até mesmo uma série de razões pelas quais isso estava sendo vendido por um preço tão baixo. — Zanoba passou a mão na testa e encolheu os ombros, parecia até mesmo exasperado.

Executado? Bem, pelo que parecia, os Cavaleiros do Templo eram verdadeiros fanáticos.

— Já saí por aí procurando o criador desta estatueta. Não me importo de acabar me envolvendo com um adorador do Deus Demônio, mas, ainda assim, quero falar com quem criou isso. E foi então que Lilia de repente apareceu na minha porta. Exatamente um dia após a partida de Roxy.

Hm. Então elas se desencontraram por puro azar.

— Lilia foi levada pelos soldados, e depois que as coisas finalmente se acalmaram, Pax tomou posse dela. E essa era uma das coisas que ela carregava — disse Zanoba enquanto enfiava a mão de volta na bolsa e pegava uma caixinha, que eu não me lembrava de já ter visto. Era do tamanho de um punho. — Ela estava carregando isso como se fosse algo muito precioso, então achei meio estranho. Olhe mais de perto. — Ele abriu para que eu pudesse ver o que estava lá dentro.

Havia algo aparentemente macio bem dobradinho, e ele puxou aquilo suavemente. Dentro havia um pingente esculpido em madeira. Senti como se já tivesse visto aquele tipo de madeira em algum lugar. Foi esculpido à mão, embora fosse possível dizer que não se tratava de mãos muito experientes.

— Um pingente?

— Hm, o pingente é irrelevante. — Ele o segurou com os dedos e o colocou na bolsa. Seus movimentos eram sempre graciosos. Ainda assim, o que quis dizer com “irrelevante”?

Foi então que reconheci o pano que estava envolvendo o pingente.

— Agora então, sobre essa calcinha… — Zanoba apertou o tecido entre os dedos e o esticou. Era branco e tinha o formato de um campo de beisebol na parte inferior. Na mesma hora eu soube que pertencia a Deus (Roxy), não restava dúvida.

Aquela calcinha era o objeto da minha adoração.

— Lilia disse que queria te enviar isso como presente pelo seu décimo aniversário.

Então, o pingente era apenas uma camuflagem. Zanoba já havia deduzido que o verdadeiro tesouro era o pano enrolado em volta dele. Lilia talvez tivesse pensado em enviar apenas a calcinha antes, mas devia ter percebido que seria bizarro me mandar roupas de baixo como presente, então adicionou o pingente.

Infelizmente, meu objeto de adoração (a calcinha de Roxy) foi lavada. O azeite de oliva extra virgem de Roxy tinha sido removido, então ela já havia perdido sua divindade. Deus não possuía mais aquela calcinha. Em seu lugar residia apenas a sinceridade de Lilia.

— E-então, o que tem a calcinha? — perguntei, tentando esconder o tremor em minha voz.

Zanoba cantarolou e acenou com a cabeça, inclinando-se para a frente e ficando de quatro.

— Antes de falarmos sobre a calcinha, deixe-me falar um pouco mais sobre esta estatueta. — E assim, recomeçou a falar. As palavras surgiram como a maré, sem fim, e ele revelava uma expressão de êxtase no rosto durante todo o tempo.

“Primeiro, olhe para a frente. Um único relance indicará que se trata de uma maga normal empunhando um cajado. Veja como a roupa parece enrugada. A maneira como cobre as pernas, como ela empunha e segura o cajado com força. É um momento capturado de uma forma tão vívida. Então, olhe para a bainha e as mangas do robe, seus pulsos e os tornozelos! A ligeira exposição de pele. É tudo muito leve, mas, de alguma forma, transmite uma sensação erótica. E com só isso você já consegue perceber que essa garota é magra, que sua silhueta esguia está escondida por esse robe. As roupas dela são largas, e qualquer um pode dizer isso!

“Em seguida, vamos olhar para ela por trás. Normalmente, você não pode ver o contorno do corpo em roupas largas. Mas, ao colocar a perna na frente, a roupa fica esticada o suficiente para que você possa ver um breve contorno por sua bunda. Uma bundinha. Mas vendo isso na vida real provavelmente não pareceria nada sexy. Mas o destaque deste robe largo é exatamente o que torna isso tão sexy! É a forma como a bunda é revelada que faz qualquer um querer mais. E, na verdade, você pode fazer exatamente isso. Se soltar a parte que segura o robe bem aqui, poderá ver sua inocente forma usando apenas roupas de baixo. Ah, e não para por aí, essa garota não está usando nem sutiã. É uma boa decisão para alguém como a Roxy, já que ela tem tão pouco peito.

“Agora, se você virar a estatueta de novo, verá que o braço esquerdo dela está cobrindo os seios. Estranho, qualquer um pensaria, porque sua mão esquerda estava segurando seu cajado há apenas um momento. Mas se você olhar para o robe que acabou de tirar, vai perceber que a mão esquerda estava presa a ele. Isso mesmo. Esta estatueta tem três braços. Colocaram um para quando o robe fosse colocado e outro para quando ela ficasse só com as roupas de baixo. E, com este simples truque, é como se fossem duas estatuetas em uma. Verdadeiramente genial. O normal seria fazer uma estatueta com roupas removíveis e forçar uma pose estática, mas esconder um membro extra dentro das roupas dá uma sensação de liberdade e mudança de poses.

“E isso ainda não é tudo. Agora, vamos olhar para ela de lado. Quando está usando o robe, a linha de suas costas forma uma curva e sua perna fica esticada para a frente. Mas quando tira a roupa, por algum motivo, ela se curva para a frente, parece até que está tentando esconder seu peito, seu corpo. Agora que você já viu tudo isso, olhe para o rosto dela. Quando estava vestida, parecia digna. Agora parece que está desesperada para esconder toda a sua timidez, não é?

“Quem fez isso sabia que a impressão do rosto da estatueta dependeria da situação. E é por isso que sabia que poderia deixar a mesma expressão para ambas as situações. Este é um item de altíssima qualidade. Claro, existem aspectos nele que não poderiam ser comparados às habilidades diferenciadas dos anões. Na melhor das hipóteses poderíamos chamar o criador de amador. Entretanto, esta estatueta por si só está muito além de algo que aqueles anões rudes são capazes de fazer!”

Não deixei uma única palavra dele passar despercebida. A maioria das pessoas ficaria pasma com seu discurso, mas eu era o criador do objeto. Digeri tudo o que foi dito e fiquei bastante satisfeito com sua crítica final. Isso era certo, é claro; nunca antes tinha ouvido alguém falar sobre algo que fiz com tanto ânimo. Claro que ele estava certo. Usei todas as habilidades que tinha naquela época para criar esta estatueta. Mesmo ainda sendo o trabalho de um amador, qualquer pessoa que prestasse um pouquinho de atenção poderia perceber seu potencial. Fiquei feliz por Zanoba ter visto até os mínimos detalhes em que trabalhei para aperfeiçoar. Só faltava uma coisa. Era a razão pela qual eu fiz que ela escondesse os seios com a mão.

— Hein? — Acabei falando em voz alta. — A pinta sob a axila sumiu.

— Hm? — respondeu Zanoba, voltando a virar a estatueta de Roxy. — Aah, a mancha escura debaixo do braço? Pensei que ela diminuía a beleza do item, então raspei — disse sem fazer cerimônia.

Congelei ao ouvir suas palavras. Arregalei meus olhos e meu corpo parou.

— V-você raspou?

— Sim, e o fato de você saber disso significa que sabe algo sobre esta estatueta, não é?

O ignorei.

— Vire um pouco a estatueta.

— Primeiro responda a minha pergunta.

— Disse para virar — falei friamente, surpreendendo até a mim mesmo.

Zanoba soltou um gemido e se encolheu, mas fez o que eu disse e girou o objeto.

— Pare aí. Agora olhe de novo. — Fiz que olhasse para um ponto da estatueta onde as pessoas mal conseguiriam ver, exatamente onde a pinta deveria estar. — Veja onde a mão está posicionada.

— Do que você está falando?

— Não pergunte, apenas olhe.

Percebi que Zanoba ficou aborrecido com os tons ásperos que adotei. Mesmo assim, obedeceu e olhou para o lugar que indiquei. Ele fazia o tipo sério.

— Você pode dizer que ela está cobrindo tudo?

— Hm…?

E continuei:

— Pode dizer que a mão dela não está alcançando algo?

— Ah — disse Zanoba em voz baixa. Ele finalmente entendeu porque ela estava escondendo o peito com a mão. Entendeu por que, em um mundo em que o conceito de “18+” não existe, optei por não revelar os modestos e adoráveis seios de Roxy.

— Agora entende por que ela está escondendo os seios, mas não aquela pinta?

— De jeito nenhum… não pode ser…! — Zanoba estava tremendo.

Isso mesmo. Era exatamente essa a razão pela qual eu tinha focado em sua pinta. Já que não poderia ver seus mamilos, a primeira coisa que se destacaria seria sua pinta, e eu enfatizei o constrangimento por não conseguir esconder ambas as coisas. Em outras palavras, o aspecto mais sexy daquela estatueta era a própria pinta.

— E-eu não… não sabia de nada… e corrompi… essa criação…! — Seus olhos ficaram brancos e seu corpo começou a convulsionar. Espuma começou a escorrer de sua boca. Essa não era uma resposta meio exagerada?

— Bem, é só uma pinta. É bem fácil criar ela de novo. Mas, de qualquer forma, e quanto à calcinha?

— A-a calcinha é… igual à da estatueta…

Meu olhar voou entre o tecido em suas mãos e a estatueta. A roupa de baixo do objeto era exatamente igual ao meu antigo objeto de adoração. Fazia sentido. Usei a calcinha com a qual mais estava familiarizado como referência em minha criação. Seria bom destacar que Roxy tinha outros quatro modelos de calcinha na época, mas os detalhes variavam um pouco entre um e outro. Ela sabia bastante sobre moda.

— Então é por isso. Tudo bem, então o que você quer que eu diga sobre a estatueta? — Não adiantava continuar escondendo. Se ele estava tratando o objeto com tanto cuidado, então provavelmente não iria me entregar aos Cavaleiros do Templo.

— Aaaah! — Zanoba de repente caiu no chão, fazendo um baque. Isso me chocou. — Então você, meu lorde, foi você quem criou esta estatueta!

E agora estava rastejando na minha frente? Eu não tinha ideia do que estava acontecendo. A única coisa que eu sabia era como Roxy era magnífica.

— Não esperaria menos de um aluno da Maga Rei da Água Roxy! Você fez esta estatueta usando magia, não foi?!

Como ele ousava usar o nome dela sem um título adequado. Para você é Senhorita Roxy!

— Meu lorde, eu admiro sua criação todos os dias. Cada vez que a vejo, descubro algo novo, e meu respeito por você só aumenta. Por favor, permita-me chamá-lo de “mestre”! — Ele rastejou pelo chão como se fosse um inseto falante, tentando beijar meus sapatos, só para ser repelido, gritando, pela barreira. Parecia até com um daqueles fãs obcecados que ficavam competindo pelo último lançamento no terceiro dia do festival da Comiket.

— Gaaaah! Por que essa barreira está aqui?! Quem se atreveu a colocar isso aqui?! Mestre! Permita-me prestar homenagem às suas mãos divinas! Porfaaaaaaaaaaaarh!

E foi assim que consegui um discípulo um pouco assustador.

Tinha conhecido pessoas parecidas na minha vida anterior. A maioria delas eram pessoas que conheci online – pessoas que não conseguia chamar de amigas. Agora tinha entendido – essa era a cara que aquelas pessoas faziam enquanto estavam atrás de suas telas. Devia ser isso que o Deus Homem tinha previsto que aconteceria. Eu deveria ser levado para dentro do castelo e encontraria esse cara, criaríamos uma relação e ele me emprestaria seu poder para me ajudar a escapar. Muito bem! O final estava à vista!

Coloquei minha melhor cara lisa e disse:

— Meu pupilo. Deve haver um cristal mágico que mantém esta barreira escondido em algum lugar deste cômodo. Encontre e destrua-o!

— Entendido, Mestre. Depois de fazer isso, por favor, imploro que me transmita seu conhecimento sobre o artesanato de estatuetas!

— Você será excomungado se não cumprir com as condições. Nunca mais permitirei que volte a me chamar de “mestre” — falei.

— Sim, é claro! — respondeu Zanoba, cheio de energia. Ele começou a vasculhar o interior do cômodo, depois a sala de cima, deslizando pelo chão como se fosse uma barata.

Uma hora se passou e a única coisa que Zanoba encontrou foi um buraco do tamanho de uma carta, bem no teto, com uma tampa removível. Pelo visto, era por aquilo que Pax pretendia jogar comida para mim. Isso parecia muito bom, mas como o príncipe pretendia lidar com os excrementos caso eu ficasse doente por causa deles? Talvez pretendesse usar algo para me fazer dormir e removeria a barreira enquanto eu estava indisposto para fazer qualquer coisa.

Não, vamos ser honestos, ele provavelmente não tinha pensado nisso. Pax era o tipo de cara que pensava que cuidar de um animal de estimação consistia apenas em colocar comida em um pote, e nada mais.

De qualquer forma, eu poderia encontrar uma maneira de escapar se removêssemos a tampa que cobria o buraco. O cômodo tinha um teto alto, mas eu provavelmente poderia sair se alguém jogasse uma corda. Infelizmente, a laje de pedra que servia como tampa era muito pesada e estava firmemente plantada no buraco, era quase como se tivesse sido soldada lá. Removê-la seria difícil. Pelo visto, também havia outro círculo mágico desenhado acima dela. Pareciam formar um conjunto.

— Vossa alteza, não há ninguém sob seu comando que saiba um pouco sobre barreiras? — perguntei.

— Não tenho ninguém sob meu comando!

— Sério, não tem? Mas até o Pax tinha sua própria guarda imperial.

— Eu troquei meu último subordinado pela estatueta de Roxy! Ahh, e que negócio maravilhoso que foi!

Então esse cara também era um idiota. Além disso, o que diabos havia de errado com este país, já que permitia que trocassem os guardas assim?

— Tudo bem… agora eu entendi.

— Aah, entendeu? Exatamente o que eu esperava de você, Mestre!

— Sim. Parece que no final das contas você será excomungado.

— O quêêêêê?!

Meu discípulozinho assustador seria excomungado em tempo recorde… Não, na verdade não. Eu não pretendia perder um ajudante que caiu do céu. Alterei minha declaração.

— Irei mudar minhas exigências. Contanto que me ajude a sair daqui, farei de você meu pupilo assim que estiver livre.

— Sim! Isso é completamente bom para mim! Só um segundo, espere só um momento! Vou quebrar o teto com meu punho!

— Não seja irracional. — Me apressei para parar Zanoba enquanto ele olhava para o teto, formando um punho com sua mão. O olhar em seu rosto parecia convencido. Seu rosto dizia que continuaria socando a tampa até que os ossos de sua mão ficassem em pedaços.

Zanoba se moveu um pouco antes de repentinamente erguer os olhos, como se tivesse percebido algo.

— Mestre, quem foi que criou essa barreira?

— Uhh, a julgar pela nossa conversa, tenho certeza que foi o Sétimo Príncipe, Pax.

— Hm, agora que você mencionou, Ginger disse algo parecido…

— Quer dizer que você não ouviu os detalhes? — perguntei, apenas para ter certeza.

— Um pouco. Estava muito ocupado pensando em estatuetas.

— Ah — falei —, então tá.

De qualquer forma, parecia que esse príncipe estava em contato com Ginger. Ela devia ter feito seus próprios movimentos por baixo dos panos – o que significava que tinha seus próprios problemas com Pax. Zanoba disse que apareceu após a cavaleira comentar com ele sobre mim. Isso significava que Ginger queria que nós dois nos encontrássemos. Ela devia ter visto a estatueta de Ruijerd e pensado que tínhamos interesses semelhantes. Mas qual era seu objetivo ao tentar conquistar uma pessoa não confiável como o Terceiro Príncipe?

Zanoba falou:

— Então, Mestre, isso significa que eu só tenho que fazer algo quanto ao Pax, certo?

— Hm? Sim, isso resolveria tudo.

Zanoba pensou por um momento e então falou em uma voz tão baixa que a empolgação que havia acabado de exibir parecia até mentira:

— Muito bem. Por favor, mantenha a paciência.

— Uhh, antes de fazer qualquer coisa, por favor, peça a opinião de alguém. Como a da Senhorita Ginger, por exemplo. Ou a minha.

— Ha ha ha! Mestre, você realmente é um brincalhão! Descanse à vontade, pode deixar tudo comigo.

— Ei, espera aí! Aonde você vai? Me escuta! O que você vai fazer?!

Zanoba apenas riu enquanto voltava a subir as escadas e partia.

— Isso é sério…? — Tive a nítida sensação de que estava tudo arruinado. Forçar esse príncipe – que aparentemente não tinha nenhum servo – a fazer um movimento, parecia o equivalente a enfiar um pedaço de pau em um ninho de vespas. Uma tremenda sensação ruim tomou conta de mim.

Eu devia ter simplesmente pedido um pouco de comida.

Porém, como logo descobriria, estava completamente enganado. Tinha interpretado mal o homem conhecido como Zanoba Shirone. Olhando para trás, para o que havia acontecido, viria a perceber que o curso dos eventos provavelmente foi decidido no momento em que ele descobriu que eu era o criador daquela estatueta.

 


 

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