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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 04 – Cap. 05 – O Demônio no Armazém

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O layout da cidade de Porto Zant era semelhante ao de Porto Vento.

Havia várias colinas onduladas ao seu redor e um porto que era mais animado do que a própria cidade. A Guilda dos Aventureiros ficava, da mesma forma, mais perto do porto do que do centro da cidade.

Dito isso, existiam alguns contrastes. Evidentemente, havia muito mais prédios de madeira neste lugar do que em Porto Vento. Eles também eram pintados com cores fortes, talvez para proteger o material da maresia. Árvores ladeavam a estrada e era possível ver uma floresta além da orla da cidade.

Havia verde por toda parte. Era um contraste enorme com o Continente Demônio, que era todo branco, cinza e marrom. Um oceano era tudo o que separava os dois continentes e, no entanto, eram como mundos diferentes.

Eu já deveria esperar por isso, afinal, este era o Continente Millis, mas as pessoas que vagavam pelas ruas não eram a mesma mistura estranha de diferentes tribos de demônios que eu tinha visto antes. Em vez disso, havia gente-fera, elfos, anões e hobbits – raças de pessoas que se assemelhavam muito aos humanos.

Antes de irmos encontrar uma pousada, tive que verificar o estado de nossas finanças. Na moeda do Continente Demônio, tínhamos duas moedas de minério verde, dezoito moedas de ferro, cinco moedas de sucata e três moedas de pedra. Era isso. Quando as trocamos, recebemos três moedas de ouro Millis, sete moedas de cobre grande Millis e duas moedas de cobre Millis. Menos do que presumi que conseguiríamos, mas suspeitei que fosse por causa das taxas de transação. Se tivéssemos usado uma casa de câmbio que não tivesse sido licenciada pela guilda, certamente teriam cobrado mais. Isso ainda estava dentro de uma faixa aceitável.

— Devíamos ficar em uma pousada perto da guilda, não?

— Sim, precisamos pegar algumas missões — concordou Eris.

Isso dependia de como as coisas aconteceriam durante a noite. Supondo que tudo corresse bem, estaríamos trabalhando em serviços para a guilda e, ao mesmo tempo, espalhando o bom nome do Fim da Linha. Até o momento, parecia que o nome não era amplamente conhecido pelo Continente Millis. O dia em que esse nome perderia todas as suas terríveis associações poderia em breve estar sobre nós.

Com isso em mente, começamos a procurar uma pousada perto da guilda. Misteriosamente, todas as com preços decentes estavam lotadas. Foi a primeira vez que passei por isso. Claro, em outras ocasiões já tínhamos sido recusados por as pousadas estarem cheias, mas nunca imaginei que quase todos estariam assim.

Havia algum tipo de festival ou coisa semelhante acontecendo? Quando perguntei, um dos proprietários da pousada respondeu: “A estação das chuvas está quase chegando. Quase todas as boas pousadas vão estar lotadas.”

A estação das chuvas era um fenômeno climático peculiar da Grande Floresta, uma chuva contínua que durava três meses inteiros. O dilúvio tornava a Grande Floresta, assim como a rodovia, intransitáveis. Como resultado, muitos hóspedes fizeram reservas para longas estadias nas pousadas.

A maioria das pessoas normalmente evitaria ficar presa em um lugar como este durante a estação das chuvas, mas pelo visto certos monstros só apareceriam durante essa época, graças às chuvas que os levaram em direção à cidade. Os materiais pegos desses monstros eram vendidos por muitas moedas, então muitos aventureiros iriam para a cidade e permaneceriam durante esta temporada.

Quando ouvi isso, decidi mudar meus planos. Se passássemos os próximos três meses arrecadando dinheiro diligentemente, poderíamos arcar com todas as nossas despesas pelo resto da viagem. E ao mesmo tempo também poderíamos divulgar o nome de Ruijerd. Decidir um plano de ação tornaria o resto de nossa viagem no Continente Millis suave e relaxante.

Ainda assim, seria melhor não contar com os ovos dentro das galinhas, certo? Não tínhamos muito dinheiro e também não conseguimos encontrar uma pousada para nos hospedar. Os únicos lugares com quartos disponíveis estavam fora do nosso orçamento ou eram extremamente ruins.

Seria impossível pagar com o dinheiro que não tínhamos, então só nos restava uma opção: ficar em um lugar desagradável e permanecer no que era, francamente, uma favela. Uma noite custava três moedas de cobre grande e não havia outros serviços inclusos, incluindo refeições. Mas, apenas para dormir, parecia barato e decente. De volta ao Continente Demônio, tínhamos ficado em lugares muito piores. Mas valeria à pena ir para outro lugar assim que conseguíssemos economizar algumas moedas.

— Hmm, acho que não é tão ruim! — Eris era filha de uma família nobre, mas não tinha escrúpulos quanto ao estado dilapidado do edifício ou sua falta de serviços.

Na verdade, eu era o único reclamando.

— Pessoalmente, gostaria de acomodações mais agradáveis.

— Você está agindo como um bebezão.

Por mais que eu quisesse responder: “Ah, é? Olha só quem fala”, não consegui. Tomando cuidado e relembrando, percebi que essa jovem “nobre” garota costumava dormir profundamente sobre um fardo de feno em um estábulo infestado de baratas que cheirava a esterco de cavalo. Nós não éramos iguais. Eu ainda ansiava pelo calor de uma boa cama, mesmo depois de ter reencarnado.

Decidi não “agir como um bebezão”. Tudo o que pude fazer foi usar magia para criar um vento quente que aniquilaria todos os ácaros da poeira e, em seguida, daria uma limpada rápida no quarto. Eu não tinha mania de limpeza. Honestamente, até gostava que as coisas ficassem um pouco bagunçadas, mas, às vezes, em pousadas como essa, as pessoas que pernoitavam esqueciam algumas de suas coisas.  Poderia haver alguma moeda deixada debaixo da cama ou um pequeno anel que caiu de uma bolsa. Podíamos embolsar qualquer dinheiro que encontrássemos, mas, às vezes, se houvesse um anel ou algo semelhante deixado para trás, poderia haver um pedido de busca na guilda. Isso poderia nos render uma recompensa em dinheiro, independentemente do rank do pedido. Normalmente, seria algo pequeno, mas poderia acontecer de render uma grande quantia. Foi por isso que cuidadosamente limpei o quarto.

Nesse meio tempo, Eris pegou alguns trocados emprestados para cuidar da limpeza das roupas. Em seguida, rapidamente realizou os cuidados de rotina do seu equipamento. Quando terminamos, o sol estava começando a se pôr.

— Eris, está na hora de pegarmos Ruijerd. — Imediatamente decorei onde nossa pousada estava localizada. As favelas eram próximas umas das outras, então a segurança pública não seria garantida.

Uma vez, ficamos em uma pousada perto das favelas. Um ladrão entrou em nosso quarto enquanto estávamos trabalhando. Ruijerd havia seguido os rastros do bandido e os puniu severamente, mas as mercadorias que roubaram de nós já haviam sido repassadas para outra pessoa e nunca as recuperamos. Na época, aquelas coisas não eram lá muito importantes.

Entretanto, eu não tinha planos de deixar nada precioso no quarto de hotel enquanto estivéssemos fora. Mesmo assim, parecia prudente implementar algumas medidas de prevenção ao crime. Também me deu um bom pretexto para não levar Eris comigo.

— Eris, você fica aqui e cuida da nossa bagagem.

— Você vai me deixar aqui? Não posso ir junto?

— Não é assim, é só que esta não é uma área realmente segura.

— Ótimo; não é como se alguma dessas coisas fosse particularmente importante.

Fiquei chocado. Eris não percebeu a importância da prevenção ao crime. Estaríamos em apuros se nossas coisas diariamente usadas fossem roubadas, pois não tínhamos dinheiro para substituí-las. Eu precisava usar essa oportunidade para ensiná-la a importância de se proteger contra possíveis ladrões.

— Você não entende? Alguém pode roubar a roupa de baixo que você acabou de lavar.

— A única pessoa que roubaria algo assim é você! — Após esse corte eu gemi por dentro.

Mas, sabe, Eris, eu nunca tentei roubar sua calcinha depois que você a lavou… Nem uma vez.

 

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Durante a noite, andei sozinho pela cidade. Levou algum tempo para persuadir Eris. Entretanto, a prevenção ao crime era realmente importante.

Fomos instruídos a realizar nosso trabalho à noite, mas nosso empregador nunca especificou a hora. Qualquer hora depois do pôr do sol serviria, contanto que resgatássemos os cativos. Éramos livres para operar em nosso próprio tempo. No entanto, com a estação das chuvas quase chegando, os contrabandistas estariam ansiosos para mover seu navio o mais rápido possível, então não podíamos perder tempo.

No momento, Ruijerd estava sendo tratado como escravo. Fariam o esforço mínimo para mantê-lo vivo, mas ele poderia ter recebido um tratamento ruim na última semana. Certamente não o alimentaram com nada decente. O homem provavelmente estava com fome. E quando as pessoas ficavam com fome, ficavam com raiva. Foi por isso que tive que me apressar.

Com a lança de Ruijerd em uma das mãos, fiz meu caminho até o cais e, em seguida, até a orla. Lá estavam quatro grandes armazéns de madeira. Deslizei para dentro daquele rotulado como “Armazém Três”.

Dentro havia um único homem, limpando tudo em silêncio. Ele tinha um dos penteados mais comuns da virada do século: um moicano. Fui até ele e perguntei:

— Yo, Steve. Como está Jane, sabe, aquela que mora perto da praia? — Essa era a nossa senha.

O Moicano me lançou um olhar interrogativo.

— Ei garoto, o que você está fazendo aqui?

Ah, merda, fiz errado? Não, não era isso – talvez ele simplesmente não acreditasse em mim, já que eu era criança.

— Eu estou em uma missão para meu mestre. Estou aqui para pegar uma carga.

O homem pareceu entender quando eu disse isso. Ele acenou com a cabeça calmamente e disse:

— Siga-me. — Então se dirigiu mais para dentro no armazém.

Eu o segui em silêncio. No fundo do armazém havia uma caixa de madeira grande o suficiente para caber talvez cinco pessoas dentro. O Moicano pegou uma tocha e moveu a caixa. Um conjunto de escadas apareceu abaixo dele, e o homem apontou com o queixo em direção a elas, como se me dizendo para descer.

Quando fiz isso, percebi que estávamos em uma caverna úmida. O Moicano apareceu atrás de mim com sua tocha acesa e continuou em frente. Eu o segui, tomando cuidado onde pisava para não escorregar.

Continuamos caminhando por quase uma hora. Finalmente, saímos da caverna e nos encontramos no meio da floresta. Pelo visto, agora estávamos fora da cidade. Continuamos a andar até encontrar um grande edifício escondido entre fileiras de árvores. Não parecia nada com um armazém, mas sim com a villa de um homem rico.

Então essa era a área de espera deles.

— Tenho certeza de que você já sabe disso, mas é melhor manter este lugar em segredo. Se não…

— Sim, eu sei. — Acenei com força. Se eu contasse a alguém, iriam me caçar e me matar, certo? Gallus já havia me dito isso lá em Porto Vento. Seria melhor se tivessem me forçado a assinar algo com sangue do que a fazer promessas com palavras vazias. Então, por que não? Porque havia raças que não tinham pontas de dedos. Além disso, era provável que ninguém quisesse assinar algo assim. Isso deixaria apenas evidências de seus erros.

O Moicano bateu na porta da frente. Bang, bang. Bang, bang. Devia haver algum ritmo combinado para abrirem a porta.

Depois de um tempo, um homem de cabelos brancos e uniforme de mordomo apareceu lá de dentro. Ele verificou nossos rostos antes de dizer secamente:

— Entrem.

Então entramos. À nossa frente, um lance de escadas conduzia ao segundo andar. Em cada lado havia outro conjunto de escadas que levava ao porão. Havia portas à nossa direita e à esquerda. Falando francamente, parecia o saguão de uma mansão. Em um canto, alguns homens de aparência sombria estavam com os cotovelos dobrados sobre uma mesa redonda.

Comecei a ficar nervoso.

Foi então que o mordomo de cabelos brancos olhou para mim, com suspeita em seus olhos e perguntou:

— E quem o indicou?

— Ditz. — Esse era o nome que Gallus nos disse para usar.

— Ele, hein? Ainda assim, eu não esperava que ele usasse uma criança para isso. Com certeza é um homem cauteloso.

— Isso é graças à natureza das mercadorias que manuseamos.

— Hm, de fato. Então faça isso logo. É assustador e está além do nosso poder. — O mordomo tirou um molho de chaves do bolso da camisa e passou uma para o Moicano. — Quarto 202.

O Moicano assentiu em silêncio e começamos a andar.

Eu podia ouvir o barulho do chão sob seus pés, bem como o som de alguém gemendo em algum lugar do prédio. O cheiro de algum animal também ocasionalmente surgia. Foi quando percebi que havia uma sala adjacente à área principal, cercada por barras de ferro. Espiei lá para dentro. Mesmo sob a luz fraca, pude ver um círculo mágico no chão. Contida dentro de seus limites estava uma grande besta que estava acorrentada e estatelada. Estava muito escuro para ter certeza, mas eu nunca tinha visto aquele tipo de criatura no Continente Demônio. Devia ser algo nativo do Continente Millis.

Onde estavam os escravos que foram levados cativos? Disseram-nos para libertá-los, mas não nos contaram onde estavam localizados. Talvez Ruijerd soubesse.

O Moicano desceu as escadas localizadas nas profundezas da mansão. O mordomo mencionara o quarto 202, então presumi que fosse no andar de cima, mas parecia que ficava no porão.

— Então fica no subsolo, hein?

— O segundo andar é só para enganar as pessoas.

Isso significava que os itens do segundo andar não eram motivo para preocupação, caso alguém os encontrasse. Bens que eram altamente tributados ou que, de outra forma, seriam condenados a duras penas se contrabandeados, seriam mantidos no andar de baixo.

— Isso aí. — O Moicano parou em frente a uma porta com uma placa que dizia “202”. Quando olhei para dentro, vi Ruijerd com as mãos algemadas atrás das costas, cheio de ramos de cabelo esmeralda começando a brotar em sua cabeça. Não foi nenhuma surpresa que agora tivesse algum cabelo nascendo em sua cabeça, já que foi deixado assim por uma semana.

— Agradeço a sua ajuda.

O Moicano acenou com a cabeça e assumiu seu posto do lado de fora da porta da frente. Um vigia, presumi.

— Não tire suas algemas aqui. Não há nada que possamos fazer para impedir um Superd se ele ficar fora de controle. — O homem parecia um pouco pálido ao dizer isso.

Pelo visto, mesmo o pouco cabelo de cor esmeralda na cabeça de Ruijerd já era eficaz. O Moicano ficaria ainda mais apavorado se eu removesse as amarras do Superd e começasse a comandá-lo. Nah, não havia necessidade de fazer alguma coisa do tipo – pretendendo ser um gênio do mal fracote capaz de controlar um monstro.

Agora, onde coloquei a chave para suas algemas? Procurei no bolso da camisa, mas não estava em lugar nenhum. Talvez tivesse deixado na estalagem. Me preocupar seria muito incômodo, então decidi apenas usar minha magia. Quando me aproximei de Ruijerd, percebi uma expressão sombria em seu rosto.

Sim, eu sabia disso. As pessoas ficam irritadas quando estão com fome, pensei. Espere um pouco mais e vamos pegar um pouco de comida para…

— Rudeus, traga seu ouvido aqui perto — sussurrou Ruijerd.

— O que foi?

Quando coloquei meu rosto mais perto, o Moicano pareceu entrar em pânico e disse:

— E-ei! Pare com isso! Ele vai morder!

Nah, não esquenta. É de Ruijerd que estamos falando, ele vai no máximo fingir que me mordeu, pensei enquanto me inclinava para mais perto.

— Eles sequestraram crianças. Sete delas.

Hein? Mais do que eu esperava.

— Crianças do povo-fera. Tomadas contra a sua vontade. Mesmo daqui consegui escutar elas chorando.

— Hm, talvez sejam elas que devemos resgatar?

— Não sei. Mas parece que não há mais ninguém por aqui.

Crianças. Escravas, presumi. Entre elas estava a pessoa que Gallus disse que causaria problemas no futuro. Ou talvez fosse outra pessoa, alguém importante.

— Nós vamos salvá-las, é claro. Certo?

— Bem, esse é o trabalho que aceitamos — respondi.

De qualquer forma, poderíamos verificar cada quarto para ter certeza. Restava apenas um problema.

— Há guarda-costas por todo este prédio.

— Eu sei — respondeu o homem.

— Então, o que vamos fazer quanto a eles?

Mesmo que fosse de Ruijerd que estávamos falando, ainda seria difícil passar despercebido e libertar todos aqueles escravos.

— Matar todos.

Assustador!

— Matar todos eles, hein…?

— Eles sequestraram crianças. — O Superd tinha uma expressão de descrença no rosto. Como se tivesse sido traído.

Mas não era como se eu tivesse me oposto. Gallus nunca especificou quais métodos poderíamos ou não usar. A julgar pela maneira como ele falava, provavelmente presumiu que eu deixaria Ruijerd massacrar todos. Mas originalmente planejei libertá-lo e partir, para depois me infiltrar furtivamente e libertar os cativos. Parecia que meus planos foram muito ingênuos. Matar todos poderia não refletir de maneira honrosa o nome da tribo de Ruijerd, pelo menos na minha opinião, mas dessa vez não tínhamos escolha.

— Cuide para não deixar nenhum vivo.

Não disse isso para parecer cruel ou implacável. Uma organização de contrabando pagaria a um cliente que os traíra enviando assassinos que criaram desde o nascimento. A única coisa que esperava os traidores seria uma morte impiedosa.

Eu não tinha certeza do que Gallus faria depois disso. Ele poderia enviar assassinos atrás de nós para manter nossas bocas fechadas. Enquanto Ruijerd estivesse conosco, não precisávamos ter medo de assassinos, mas não conseguiríamos dormir em paz. Também não havia garantia de que o Superd ficaria conosco o tempo todo.

— Sim, deixe isso comigo.

Eita, eita, é a resposta que eu esperava, Ruijerd! Foram palavras reconfortantes.

— Não vou deixar ninguém vivo. Nem uma única pessoa.

Assustador. Uma veia azulada apareceu em sua testa. Ultimamente, achei que ele tinha amolecido um pouco, mas o homem acabou revelando sua sede de sangue. O que esses contrabandistas fizeram para irritá-lo tanto?

— Posso perguntar o que fizeram com aquelas crianças?

— Você saberá quando as vir. — Isso realmente não esclarecia nada. — Não se preocupe. Você não tem que sujar as mãos — disse Ruijerd, entendendo mal o meu comportamento.

Meu corpo congelou e eu disse:

— Não. — Suas palavras foram como um espinho que acertou meu coração. — Eu… também vou.

É verdade que, no último ano, evitei tirar a vida de alguém. Matei bestas sem questionar, mesmo aquelas que eram humanóides. Eu, entretanto, não cometi assassinato. Em parte, porque não precisava, mas também havia muitos motivos para não o fazer. Também nunca havia sentido o impulso de matar alguém antes.

Este mundo era implacável. Era um mundo onde as pessoas travavam batalhas de vida ou morte todos os dias. Eu, eventualmente, teria que matar alguém. Essa era uma situação que algum dia teria de enfrentar. Achei que tinha me preparado mentalmente para isso, mas o que fiz não foi uma preparação mental. Tudo o que fiz foi reduzir a força do meu Canhão de Pedra a um nível em que não seria capaz de matar ninguém.

No final, hesitei em tirar a vida de alguém. Eu poderia alegar o contrário, se quisesse, mas a verdade é que não queria quebrar o tabu do assassinato. Não tinha me preparado, não conseguia me preparar. Ruijerd percebeu isso. É especificamente por isso que disse o que disse. Ele estava tomando conta de mim.

— Não faça essa cara. Suas mãos são para proteger Eris.

Ah, bem. Eu acho que ele estava certo. Não havia sentido em me forçar a matar. Decidi deixar todo o trabalho para Ruijerd. Se ele podia fazer isso sozinho, então seria melhor confiar nele. Se isso me tornava um covarde, tudo bem. Era melhor me concentrar no que era capaz de fazer do que no que não era.

— Então vamos lá. Vou libertar as crianças. Você sabe onde elas estão?

— Na porta ao lado.

— Então vamos lá. Tente reunir os cadáveres. Depois vamos queimar todos eles.

— Entendido.

Sem falar mais nada, tirei suas algemas. A porta rangeu quando Ruijerd se levantou lentamente.

— Ei, você! Como diabos conseguiu se livrar das algemas?! — O Moicano entrou em pânico.

— Não se preocupe. Ele vai ouvir o que eu digo.

— S-sério? — O homem pareceu um pouco aliviado ao me ouvir dizer isso.

Passei a lança de Ruijerd para ele.

— Mas, de qualquer forma, vai ficar furioso.

— Hã…?

O Moicano foi a primeira vítima. Ruijerd o matou sem fazer qualquer barulho. Então ele silenciossamente correu em direção às escadas. Fui na direção oposta à sala onde as crianças estavam presas.

— Gaaaaah!

— Um S-Superd! Ele está sem algemas!

— Merda! Ele está segurando uma lança!

— É um demônio! Aaaah, é um demônio, aaah!

Os gritos do andar de baixo começaram assim que cheguei à porta.

 


 

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