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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 04 – Cap. 02 – Conexões Perdidas, a Prequela

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No dia seguinte, saí e carreguei meus braços com comida de uma das barracas antes de vagar um pouco pelos becos. Toda a comida era assada e espetada. Havia algumas vieiras semelhantes às que tínhamos no Japão, um peixe semelhante à cavalinha e algumas outras criaturas marinhas que não consegui identificar. O dono da barraca não esclareceu quais eram seus produtos, e as barracas de rua tinham uma variedade deles. Então decidi comprar o que fosse mais fácil de carregar.

Pensei demais nas coisas da última vez que o Deus Homem me deu conselhos. Assim como um cozinheiro amador adiciona ingredientes demais a um prato, pensar demais me fez cair em uma pilha de merda figurativa. Desta vez, seguiria seu conselho ao pé da letra. Iria seguir suas instruções sem nem pensar, comprar a comida que me disse para comprar e, então, da mesma forma, traçar meu rumo através de qualquer evento que iria acontecer em algum beco. Isso era interpretação de papéis. O que quer que ocorresse a partir do momento seria completamente não planejado. Não pensaria muito em nada; agiria da maneira mais simplória possível. Aquele idiota gostava de se divertir. Estava contando comigo para mais uma vez pensar demais nas coisas. Se eu não fizesse isso, ele não se divertiria.

Esses pensamentos me preocuparam enquanto vagava sem rumo por vários minutos antes de repentinamente perceber algo.

— Espera, isso é exatamente o que ele está esperando, não é?

Fui enganado! Ele me conduziu com sua impressionante conversa mole e agora eu estava prestes a fazer exatamente o que ele queria que eu fizesse. Quando percebi isso, fiquei irritado. Estava dançando bem na palma da sua mão.

Lembre-se de sua intenção original, disse a mim mesmo. Lembre-se de como você se sentiu na primeira vez que o encontrou. O Deus Homem não era alguém em quem poderia confiar.

Tudo bem então, seria a última vez que eu faria o que ele disse. Seguiria seu conselho e veria como as coisas acabariam desta vez, mas não o obedeceria nunca mais. De jeito nenhum me tornaria sua marionete e o deixaria me amarrar! Isso!

 

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Marchei pelos becos. Por minha vontade, é claro.

Afinal, por que eu precisava estar sozinho? Esse foi o principal detalhe de seu conselho. Devia ser algo que Ruijerd e Eris não aprovariam. Não, não pense demais, disse a mim mesmo. Se você quer pensar em algo, então pense em como ficará feliz se acabar sendo algo sexy.

Eu tinha dito a Ruijerd e Eris que ficaria sozinho durante o dia. Era perigoso deixar Eris por conta própria, então confiei sua proteção a Ruijerd. Talvez, no exato momento, os dois estivessem indo à praia.

— Espera… isso não é um encontro? — Em minha mente, vi os dois juntos na praia pouco antes de suas silhuetas desaparecerem atrás da sombra de uma grande rocha.

Não, não, não! Sem chances! S-só fique calmo, certo? É sobre Eris e Ruijerd que estamos falando, certo? Essa não é nenhuma fantasia sexual. Não é nada mais do que servir como babá. Babá!

Ah! Mas Ruijerd era muito forte, afinal, e Eris parecia respeitá-lo muito! E ultimamente, ela vinha me tratando como nada mais do que um Mestre do Canil.

Não, não, por que diabos você está entrando em pânico? Me repreendi. Respira fundo, está tudo bem. Senhor Ruijerd, você não a roubaria de mim, certo? Não tenho nada com que me preocupar, certo? Quando eu voltar, vocês dois não terão misteriosamente se aproximado, certo? C-confio em vocês, entendeu?!

Na minha cabeça, simulei uma luta com Ruijerd. Não havia como vencer em um combate de curta distância. Se eu quisesse lidar com ele, precisava começar em algum lugar fora do seu alcance de detecção. Então teria que usar a água para acabar com o homem. Afinal, foi ele que atrapalhou nossa diversão à beira-mar. Eu o atacaria com água como uma retribuição por isso. Se produzisse uma grande quantidade de água, poderia jogá-lo no oceano. Fim! Ele poderia ficar à deriva no mar até se afogar. Mwahaha!

Espere, não me entenda mal. Eu confiava em Ruijerd. É só que, bem, todo mundo sabe. O amor é um campo de batalha, certo?

 

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Os becos estavam silenciosos. Até mesmo a palavra “beco” evocava a imagem negativa de um grupo de personagens inescrupulosos reunidos em um só lugar. Na realidade, garotos delicados e inocentes como eu podiam ser sequestrados ao andar por um lugar como este. Neste mundo, o sequestro era uma das formas mais comuns de crime para se ganhar dinheiro. Claro, se alguém fosse estúpido o suficiente para me sequestrar, eu esmagaria seus braços e pernas para os torturar, então pegaria tudo de valor em suas casas antes de finalmente entregá-los às autoridades.

— Heh heh heh. Garotinha, se você vier comigo, vou te dar comida suficiente para te encher.

Como se aproveitando a deixa, uma voz flutuou por um dos becos. Eu rapidamente espiei em sua direção e vi um homem de aparência suspeita puxando a mão de uma garota que estava caída contra a lateral de uma construção.

Foi fácil deduzir o que estava acontecendo. Aquele que se movesse primeiro venceria, então preparei meu cajado. Depois criei um Canhão de Pedra modificado com a velocidade e a força de um jab de um pugilista e mirei nas costas do homem. No último ano fiquei muito bom em limitar o poder de meus feitiços.

— Owch!!

Quando ele olhou por cima do ombro, fiz outro disparo. Desta vez, foi um ligeiramente reforçado.

— Gah!

O feitiço atingiu sua cara com um baque violento, onde se quebrou e desmoronou no chão. O homem cambaleou e tropeçou antes de desmaiar. Eu tinha certeza de que ele não estava morto. Fiz um bom trabalho restringindo meu poder.

— Mocinha, você está bem? — Tentei parecer o mais legal e controlado possível enquanto estendia a mão para a garota que quase tinha sido sequestrada.

— S-sim… — Ela era jovem e vestia um traje de couro preto revelador: botas de cano alto, shorts curtinhos e um top tubinho. A pele pálida de sua clavícula, cintura fina, umbigo e coxas estava toda exposta. Além de tudo isso, ela tinha chifres de cabra e um cabelo roxo volumoso e ondulado.

Com apenas um olhar eu soube: era uma súcubo. E uma das jovens. Não havia dúvida de que ela era mais jovem do que eu. Talvez fosse a maneira de o Deus Homem me recompensar pelo meu trabalho árduo. Talvez, afinal de contas, o sujeito tivesse algum bom senso.

Não, espera, não era uma súcubo. Até onde eu sabia, não havia nenhuma delas entre as raças de demônios. Se bem me lembrava, as súcubos habitavam o Continente Begaritt. Paul estava com uma expressão estranhamente tensa no rosto quando me disse: “Nossa raça não tem chance contra elas.” Mesmo eu poderia ficar impotente diante de uma súcubo se realmente encontrasse alguma. Súcubos eram o inimigo natural da família Greyrat.

Deixando isso de lado, não havia monstros nos limites da cidade. Em outras palavras, ela não era uma súcubo. Era apenas uma criança demônio em roupas minúsculas.

 

 

 

— V-você… você aí, o que…? — Ela estava tremendo como uma corça. — E-este homem é… Ele é…! — Ela tinha uma expressão de total descrença no rosto. Um olhar de: Ai, minha nossa, senhor, o que você fez?!

— Ah, foi mal. Você o conhecia? — perguntei, inclinando minha cabeça. A expressão no rosto daquele homem de meia-idade não me deu a impressão de que conhecia essa criança. Se fosse descrevê-lo, teria algo como a aparência de um homem que já passou da flor da idade se sentindo excitado por uma garotinha. Olhe só para ele, o rosto corado estava contorcido em um sorriso, embora estivesse inconsciente. Eu não tinha dúvidas de que o sujeito a levaria para casa e forneceria uma refeição generosa e depois a colocaria na cama, mas em troca esperaria uma noite longa e quente.

— Minha barriga dói de tanta fome… e este homem ia me dar uma refeição. — Um estrondo ruidoso e gorgolejante pontuou sua frase, alto o suficiente para que pudesse ser o prenúncio de um terremoto. Quando o barulho parou, os joelhos da garota cederam e ela desabou.

— V-você está bem? — Ajoelhei-me e a levantei em meus braços. Ela não estava fugindo. Não me interpretem mal, porém, a única razão pela qual eu estava lá era para seguir o conselho do Deus Homem e a salvar. Eu não era da mesma espécie daquele pervertido de um momento atrás.

— Guh… urgh… já se passaram trezentos anos desde que eu revivi. Desmaiar em um lugar como este é inconcebível. Laplace nunca pode descobrir sobre isso.

Parecia que tinha tropeçado no set de filmagem de algum mini-drama. Este traje era realmente um cosplay ou algo assim?

— De qualquer forma, coma isso e recupere um pouco da sua força. — Enfiei três dos espetos que comprei em sua boca.

Munch, munch. No momento em que a comida entrou em sua boca, seus olhos se abriram e permaneceram assim enquanto ela devorava a carne em segundos. Então a garota tomou os outros espetos de mim. Eu tinha um total de doze, mas em um estalar de dedos ela já havia comido dez deles.

— U-uau! Delicioso! É a primeira coisa que como em um ano e é tão saborosa! — A garota parecia ter se recuperado. Ela saltou de sua posição de bruços, fazendo uma única rotação antes de cair de pé. Sua forma estava inesperadamente boa.

— Um ano? Não sei quais são as suas circunstâncias, mas isso é um pouco extremo. — Não era como se ela fosse um isópode gigante que poderia viver anos sem comer e não morrer de fome.

— Hm? Bem, não é como se eu tivesse contado o nascer e o pôr do sol, mas com o quão vazio meu estômago estava, deve ser mais ou menos isso.

Aham. Então ela provavelmente não comia há uns dois dias.

— Apesar de tudo, você me salvou! Você! Com certeza agora consigo suportar mais um ano! — A jovem finalmente encontrou meu olhar. Ela tinha olhos diferentes, um roxo e outro verde. Esse devia ser outro aspecto de seu cosplay. Não, lentes de contato coloridas não existiam neste mundo, então talvez essa fosse a cor natural de seus olhos.

— Ah? — Seu olho direito girou e ficou azul. E-eca!

— Uau! Opa! O que há de errado com você, você é terrivelmente nojento! O que é isso, o que é?! Ahahaha! Nunca vi algo assim antes! — gritou ela com muito entusiasmo enquanto olhava para o meu rosto.

Uh, sim, nem preciso dizer que foi um choque. Já fazia muito tempo desde a última vez que alguém me olhou no rosto e me chamou de nojento. Então, parando para pensar, achei a mesma coisa quando olhei para ela. Pelo visto, ao menos estávamos quites.

— Poderia ser isso? Você era um dos gêmeos no ventre, mas o outro morreu quando você nasceu, é isso?

Hein…? Do que ela estava falando?

— Não, não acho que nada parecido tenha acontecido.

— Você tem certeza?

— Sim.

— Mas sua reserva de mana… É maior que a de Laplace.

A minha o que era maior que a de quem? Eu não tinha ideia do que ela estava falando. Desde seu jeito estranho de falar até seus olhos esquisitos, essa criança era uma enorme decepção.

— Fora isso, diga seu nome!

— Rudeus Greyrat.

— Muito bom! Eu sou Kishirika Kishirisu! As pessoas me chamam de Grande Imperador do Mundo Demônio! — Ela orgulhosamente empurrou seus quadris para frente com as mãos apoiadas em sua cintura.

Suas coxas apareceram na minha frente tão de repente que passei minha língua sem nem pensar.

— Aaaaah! O que está fazendo?! Que nojento! — Ela virou os dedos dos pés para dentro e esfregou vigorosamente as coxas no local onde a lambi, antes de voltar a olhar para mim.

Ainda assim, agora eu entendi. O Grande Imperador do Mundo Demônio Kishirika Kishirisu era um nome que eu já tinha ouvido antes: o imortal Imperador Demônio que liderou os demônios na Grande Guerra Demônio Humano, apenas para se deparar com uma derrota esmagadora.

Ela era a coisa real? Afinal, fui ao local seguindo um conselho do Deus Homem. Havia uma possibilidade de que ela realmente fosse quem afirmava. Ainda assim, como a coisa real poderia estar em um beco de uma cidade nos limites do Continente Demônio, à beira da morte por inanição? Simplesmente não parecia provável, não importa quanto pensasse no assunto.

Ah, provavelmente é isso, percebi. As crianças deste continente adoravam fingir que eram alguns dos grandes heróis do passado. A mais popular dessas figuras era o Deus Demônio Laplace. Isso era nauseante para mim, já que sabia a verdade sobre ele, mas o sujeito era popular. Mesmo tendo perdido a guerra, subjugou com sucesso todas as tribos do continente e deu ao povo um lugar fixo para chamar de lar, trazendo assim a paz. Ele era considerado um dos maiores demônios da história. As crianças frequentemente contavam suas histórias, especialmente sobre o episódio em que lutou com um Rei Demônio imortal. Era o que eu tinha visto inúmeras vezes no caminho para Porto Vento.

Supus que o Grande Imperador do Mundo Demônio, Kishirika, era outra das grandes pessoas da história, mas nunca tinha visto nenhuma criança fingindo ser ela antes. Essa garota devia ser uma fã apaixonada do Grande Imperador. E ela não tinha amigos com quem brincar, era por isso que estava aqui, sozinha, em um beco como este. Era a maneira mais lógica de interpretar a situação.

Hm. Ficar sozinho era algo solitário. Então fiquei sem escolhas. Teria que participar da brincadeira.

— A-ah, sim! Que grosseria da minha parte, Vossa Majestade! — respondi a sua apresentação com grande exagero e me ajoelhei como se fosse um de seus criados.

— Oh? Aah, claro! Muito bom, muito bom! Esta é a reação que eu estava esperando! Os jovens de hoje em dia não têm mais educação, sabe! — Ela balançou a cabeça satisfeita.

É, eu sabia disso. Ela realmente queria alguém com quem brincar.

— Que tolo fui por não perceber que você tinha revivido. Por favor, perdoe-me por minhas maneiras precárias!

— Muito bem. Você salvou minha vida. Concederei qualquer um de seus desejos, mas apenas um.

Sua vida? Tudo o que fiz foi dar um pouco de comida porque ela estava com fome.

— Hum… que tal riqueza sem fim!

— Tolo! Você pode ver que estou sem um tostão!

Mas ela disse que eu poderia pedir qualquer coisa! Não, espera, talvez isso fosse parte da encenação. Talvez tenha havido algum episódio em que alguém pediu dinheiro ao Grande Imperador apenas para ela responder que não tinha nada.

— Tudo bem então, por favor, me dê metade do mundo.

— O quê?! Metade do mundo, você diz?! Isso é demais! E, bem, isso continua sem graça. Por que só metade?

— Ah, isso é porque não preciso dos homens. — Ah, merda, sem querer deixei meus verdadeiros sentimentos transparecerem. Isso não era algo que ela deveria ouvir.

— Entendo, então é isso. Você pode ser jovem, mas é um dos lascivos. Ainda assim, sinto muito. Não consegui tomar o mundo nem para mim.

É verdade que Kishirika havia perdido todas as batalhas em que liderou os demônios.

— Tudo bem, então fico satisfeito com o seu corpo. Por favor, pague-me com seu corpo.

— Ehh? Meu corpo? Por ser tão cheio de luxúria mesmo na sua idade, fico preocupada com o seu futuro.

— Ha ha, é claro que só estou brincando…

Enquanto tentava dizer que estava brincando, ela pegou em seu short colado.

— Ah, bem, acho que não há como evitar. Esta é a minha primeira vez desde que revivi, então seja gentil comigo, certo? — As bochechas de Kishirika brilharam enquanto ela lentamente começava a abaixar os shorts.

Hein? É sério? Eu só estava falando aquilo como uma piada. Não, espere! Agora era tarde demais para dizer que estava apenas brincando. Teria que apenas a observar se despindo e, depois de recusar, alegaria que era indigno de Sua Majestade.

— Ah, não, eu não devo fazer isso. — Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Kishirika se conteve. — Já tenho noivo. Sinto muito, mas não posso fazer isso. — A pele que ela expôs sumiu quando ela puxou a roupa para cima. Parecia que estava brincando com meu pobre e puro coração.

De qualquer forma, era um não ao dinheiro, ao mundo e ao corpo.

— Tudo bem, então o que você pode fazer? — perguntei.

— Tolo! Eu sou Kishirika, o Grande Imperador do Mundo Demônio! É óbvio o que posso te dar! Olhos demoníacos!

Então era isso. Bem, eu não era muito versado na mitologia heróica deste mundo. Pensando bem, Ghislaine também não tinha um olho demoníaco?

— Por “olhos demoníacos”, quer dizer olhos que podem ver a linha vital de alguém? Uma linha que, se cortada, vai com certeza absoluta matar a pessoa?

— Que horrível! O que no mundo é esse poder?! Não tenho nada tão assustador assim!

Então não era o caso. O único outro tipo de olho demoníaco que eu conhecia era o que transformava a pessoa para quem se olhava em pedra. Percebi que olhos que disparam raios ou lasers não poderiam ser considerados olhos demoníacos.

— Para você cobiçar um poder tão perigoso… Diga-me, guarda tanto rancor contra alguém? — perguntou ela.

— Não, não exatamente.

— Nada de bom vem com a vingança. Já fui morta duas vezes, mas agora não invejo aqueles que me mataram. O rancor é uma corrente que o pressiona. Foi isso que deu início à Grande Guerra Demônio Humano.

Eu estava levando um sermão de uma garotinha! Bem, não era como se eu tivesse planos de atacar algum vampiro em algum lugar e depois os erradicar.

— Para ser honesto, realmente não sei muito sobre olhos demoníacos — falei. — Que tipos existem?

— Hm, como só revivi recentemente, não possuo nada lá muito significativo, mas existem Olhos de Poder Mágico, Olhos de Identificação, Olhos de Visão de Raio-X, Olhos de Visão à Distância, Olhos de Previsão e Olhos de Absorção… São coisas assim.

Esses eram apenas os nomes.

— Você pode me explicar o que cada um deles faz?

— Hm? Quer dizer que não sabe? Sinceramente, os jovens de hoje em dia não dedicam tempo suficiente aos estudos… — Apesar dessas reclamações, ela começou a explicar: — Primeiro, os Olhos de Poder Mágico. Com eles, poderá ver a mana. São os mais comuns. Uma em cada dez mil pessoas possui um deles.

— Ah, então é o mais popular, hein.

— Olhos de Identificação. Você pode usá-los para identificar objetos e seus detalhes. No entanto, só podem fornecer informações que eu conheço. Qualquer coisa que não conheço será reportada como desconhecida.

— Entendi. Então é igual a um dicionário.

Ela continuou:

— Olhos de Visão de Raio-X. Eles podem ver através de objetos e paredes. Você não pode ver através de criaturas vivas ou lugares com alta concentração de mana, mas poderia se fartar vendo todas as garotas que quisesse nuas. Perfeito para um pervertido como você, não acha?

— Contanto que eu não acabe vendo apenas os ossos — falei mantendo um humor impassível.

— Olhos da Visão à Distância. Podem ver as coisas a uma grande distância. Mas acaba sendo difícil manter a concentração. Embora você possa ver as coisas de longe, na verdade não pode fazer nada para influenciar o que está acontecendo, então eu não te recomendaria isso.

— Não adianta olhar se não puder tocar — concordei.

— Olhos de Previsão. Podem ver coisas que acontecerão alguns momentos antes. Também é difícil manter o foco, mas esse eu recomendo.

— As empresas que gostam de estar um passo à frente adorariam algo assim.

— Olhos de Absorção. Esses olhos podem consumir mana. Isso inclui a mana que você usa, então eu realmente não os recomendo.

— Algo como jogar água e passar o pano, eh?

Kishirika era muito experiente. Devia ter aprendido todas essas coisas em algum lugar. Talvez seus pais fossem bem instruídos. Ou talvez houvesse um livro sobre todos os tipos de olhos demoníacos por aí.

— Tudo bem, então vou querer dois, para que meus dois olhos possam ser olhos demoníacos.

— Você quer dois desde o início? — perguntou ela. — Você é mais ganancioso do que parece.

— Vamos, vou te dar outro espeto de carne.

Estendi meus dois últimos espetos e ela os pegou com um enorme sorriso.

— Ebaa! Nom, nom… Sabe, eu não me importo em te dar dois olhos demoníacos, mas não recomendo.

— Por que não? — perguntei.

— Você não vai querer os usar o tempo todo. A maioria das pessoas geralmente cobre o olho do demônio com um tapa-olho. Se tiver dois deles, não será capaz de ver nada.

— Ahh, agora que você mencionou, eu conheço alguém que usa um tapa-olho. — Ghislaine, minha mestra da espada, usava um. Mais tarde descobri que não era porque havia perdido um olho, mas porque tinha um olho demoníaco.

— Além disso, uma pessoa que vive várias centenas de anos pode ser capaz de controlar dois olhos demoníacos ao mesmo tempo, mas uma criança como você ficaria louca tentando.

Ficaria louca? Portanto, usá-los devia ter um impacto no cérebro. Assustador.

— Certo, então não vou querer os dois.

— É melhor assim. Bem, qual vai querer? Recomendo o Olho de Previsão.

Olhos demoníacos, hein? Se eu realmente obtivesse um, qual preferiria? Pensei muito em cada um deles, mas todos tinham sua utilidade. O Olho do Poder Mágico parecia ser um desperdício. Poderia ser útil, mas, novamente, muita gente parecia tê-los. Se eu fosse comprar um, iria querer um que parecesse mais único.

Realmente não precisava de um Olho de Identificação. Não saber o que eram as coisas não parecia um grande inconveniente. Além disso, de qualquer forma, qualquer coisa que o Grande Imperador Demônio não soubesse seria listado como desconhecido. Eu poderia imaginar algo assim sendo inútil apenas quando realmente precisasse.

E também não precisava de um Olho de Visão de Raio-X. Demoraria um pouco até que pudesse controlá-lo adequadamente, e imaginei que seria obrigado a ver Ruijerd nu o tempo todo.

O Olho da Visão à Distância podia ser útil, mas no momento não precisava de algo do tipo. Eu já podia adivinhar o que Ruijerd e Eris estavam fazendo sem um Olho de Visão à Distância, mas se tivesse um, provavelmente veria ela ameaçando alguém enquanto ele tentava a impedir.

Quanto ao Olho da Previsão, certamente consegui ver o motivo para ela o recomendar. Era verdade que eu não poderia atualmente derrotar Eris ou Ruijerd no combate corpo a corpo. Afinal, as criaturas (e pessoas) deste mundo eram rápidas. Ser capaz de ver o futuro mesmo com poucos segundos de diferença seria uma grande vantagem para mim.

O Olho da Absorção estava completamente fora de questão. Isso acabaria com as vantagens que eu tinha como mago. Ainda assim, era bom saber que esse olho demoníaco existia. Caso contrário, teria entrado em pânico se encontrasse alguém que pudesse tornar minha magia completamente ineficaz.

Bem, não importa qual eu escolhesse. De qualquer maneira, estávamos apenas brincando.

— Tudo bem, dê-me aquele que você recomendou, o Olho da Previsão.

— Tem certeza? A maioria das pessoas ignora minhas recomendações e escolhe algo diferente para si mesmas, dizendo “o que é tão bom em ser capaz de ver alguns momentos do futuro?”

— Se você pode ver pelo menos um segundo do futuro, pode controlar o mundo. — Mesmo assim, os espadachins deste mundo eram rápidos. Eu poderia não ser capaz de vencê-los, mesmo com o poder da previsão. Afinal, havia a Espada Longa da Luz.

— Então não vai querer o Olho da Visão de Raio-X, hein? Não quer ver o corpo nu de todas as garotas que desejar?

Essa garotinha com certeza não entendeu, não é? Claro, eu poderia ver o corpo nu de qualquer garota ou mulher bonita que passasse na rua e isso provavelmente me excitaria. Mas era só isso. Logo ficaria farto. De qualquer forma, o processo de imaginá-las se despindo era o que eu mais gostava.

— Entendo, entendo. Tudo bem, traga seu rosto aqui.

— Certo.

— E lá vai! — Squelch. Ela enfiou o dedo no meu olho direito.

Uma forte onda de dor passou por mim.

— Gyaaah!

Instintivamente tentei recuar, mas Kishirika me segurou. Eu não podia me mover. Ela era mais forte do que eu esperava.

Isso machuca, isso machuca, isso machuca, gritava o meu cérebro.

— Gaaaah! O que diabos você está fazendo, sua pirralha?!

— Ah, cala a boca. Você é um homem, não é? Aguente ao menos um pouco de dor! — Ela apertou os dedos em volta da órbita do meu olho como se estivesse mexendo nele, depois os puxou para fora com um pop! Fiquei completamente cego daquele olho.

— A íris do Olho da Previsão é um pouco diferente da sua cor normal, mas de longe as pessoas não serão capazes de dizer a diferença.

— Sua idiota! Há uma diferença enorme entre o que é e o que não é bom fazer quando se está brincando!

— Eu sou o Grande Imperador do Mundo Demônio. Não iria “brincar” sobre lhe dar um olho demoníaco.

Droga, meu olho… Meu olho está… Aaaaaaah… espera, o quê? Fiz uma pausa em meio à confusão. Eu conseguia ver. Mas tudo parecia em dobro…? O que diabos estava acontecendo? Isso era nauseante.

 

 

 

— Dependendo de como você fornecer mana a ele, deve ser capaz de tornar tudo o mais fino possível. Bem, faça o seu melhor para aprender como usá-lo.

— Hã? O quê? Do que você está falando?

— Estou dizendo que tudo depende de você. — Kishirika parecia satisfeita consigo mesma, não importa o quão confuso suas palavras me deixassem. Eu vi uma pós-imagem dela assentindo, e dentro dessa pós-imagem havia uma sombra espessa. O que era isso?

— Muito bom… então no final das contas você consegue ver isso. Pois bem, vou embora. Preciso procurar Badigadi. Muito obrigada pela comida.

Assim que ela terminou de falar, saltou no ar e pousou no telhado com um baque.

— Até mais, Rudeus! Bwahahaha! Bwahahahah… gah!

Houve um efeito doppler quando ela partiu, o som de sua risada alta foi gradualmente desaparecendo. Ouvi aquilo espantado.

— Espera… Ela era a real?

E foi assim que obtive o Olho da Previsão.

 


 

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