Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 02 – Cap. 02 – Tudo de Acordo com o Plano?

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Quando abri os olhos, encontrei-me em um depósito sujo. A luz do sol entrava por uma janela com grades de ferro.

Eu sentia dor, mas até onde sabia, nenhum de meus ossos estava quebrado, então murmurei um feitiço de cura para me recuperar.

— E lá vamos nós.

Eu fiquei completamente recuperado… Minhas roupas sequer rasgaram. Isso estava indo conforme havia planejado.

Meu plano para enganar a Jovem Senhora era exatamente o seguinte:

 

  • 01 – Ir até uma loja de roupas da cidade com ela;
  • 02 – Deixar sua natureza feroz fazer seu trabalho e encaminhar tudo para que queira sair sozinha;
  • 03 – Pedir a Ghislaine para que a acompanhe, assim como de costume, e depois “acidentalmente” desviar o olhar por um segundo, permitindo que a Jovem Senhora fugisse;
  • 04 – Segui-la, mas fazer pouco caso sobre o que ela estivesse fazendo, já que não se importava comigo;
  • 05 – Eu seria tratado como um lacaio e seria arrastado para os limites da cidade (já que ela aparentemente tinha um enorme interesse nos aventureiros);
  • 06 – Esperar até que o conhecido da família Greyrat aparecesse;
  • 07 – Deixar que nos nocauteassem, nos pegassem e nos confinassem em algum lugar da cidade vizinha;
  • 08 – Usar magia para encenar uma fuga;
  • 09 – Quando fugíssemos, diria que achava que estávamos na cidade vizinha;
  • 10 – Usaria o dinheiro que escondi em minha cueca para contratar uma diligência;
  • 11 – Chegaríamos em casa em total segurança e ficaria de queixo erguido enquanto educasse a Jovem Senhora.

 

No momento, meu plano já tinha avançado até o passo sete sem qualquer problema. Tudo o que faltava era usar minha magia, conhecimento, sabedoria e coragem para traçar uma fuga magnífica. Para tornar tudo mais realista, improvisaria um pouco. Fiquei até meio nervoso com o quão bem as coisas estavam indo.

— Hm…?

Entretanto, as coisas estavam um pouco diferentes do que eu havia planejado. O depósito estava todo empoeirado e, em um dos cantos, havia uma cadeira quebrada e uma armadura toda destruída e abandonada. Meu plano era ficar em um lugar um pouco mais limpo que esse.

Por outro lado, concordamos em deixar tudo o mais realista possível, então isso devia ser inevitável.

— Mm.. uungh…?

A Jovem Senhora acordou alguns momentos depois. Ela abriu os olhos, não reconheceu o local e tentou ficar de pé. Mas, desde que suas mãos estavam atadas às costas, caiu e ficou se contorcendo como uma lagarta.

Ela perdeu a calma no mesmo momento em que percebeu que não podia se mover.

— Mas que inferno é esse?! Pare de brincar! Quem pensa que eu sou?! Me desamarre agora mesmo!

Sua voz soou insuportavelmente alta. Notei isso lá na mansão também. Ela realmente não tentou se conter nem em um lugar tão apertado. Pensei que talvez falasse alto por a mansão ser enorme, e que quisesse que todas as pessoas a ouvissem em todos os cantos da residência sempre que falasse.

Mas não, ela era neta de seu avô. Sauros também era do tipo que gritava o tempo todo, mesmo quando falando com sua adorável neta, e ela devia ter visto como ele era capaz de intimidar Philip e todos os outros criados. Crianças gostam de imitar o que veem, principalmente quando é algo ruim ou errado.

— Cale a boca, sua pirralha estúpida! — Um homem abriu a porta e entrou no depósito, provavelmente por causa dos gritos.

Suas roupas eram todas esfarrapadas e um mau cheiro exalava dele. Sua cabeça era careca e também não tinha barba. Eu não ficaria surpreso se ele pegasse um cartão de visitas que dizia: “Olá, eu sou um bandido!”

Ótima escolha, pensei. Agora ela nunca vai descobrir que organizamos isso tudo.

— Eww! Você fede! Não ouse chegar perto de mim! Que carniça! Quem diabos você pensa que eu sou?! A qualquer momento, Ghislaine vai aparecer aqui e te cortar em dois… gah!

Whack! O som do tapão que ela levou foi bem alto. Um grito saiu de sua boca quando bateu na parede que estava mais atrás.

— Pirralha maldita! Pense antes de falar comigo, huh?! Já sabemos que você é neta do lorde suserano! — O homem não se segurou quando começou a bater na Jovem Senhora, cujas mãos ainda estavam amarradas.

I-isso está indo um pouco longe demais, não?

— I-isso machuca… Pare… guh! Pare, agh… Pare com isso…

— Puh! — Ele continuou chutando-a por algum tempo. Quando parou, cuspiu no rosto dela e olhou para mim. Virei minha cabeça, buscando evitar seu olhar, e um chute veio com tudo em direção ao meu rosto.

— Argh…!

Doeu! Podíamos até estar atuando, mas ele podia ter se segurado um pouco. Eu falei que era capaz de usar magia de cura, mas…

— Tsk! Isso é por ter olhado torto para mim! — E depois saiu do cômodo. Eu podia ouvir algumas vozes além da porta.

— Calaram a boca?

— Sim.

— Você não matou eles, matou? Se estragar muito a mercadoria ela pode acabar perdendo o valor.

Havia algo de estranho na conversa. Era realista demais… o que seria bom, se fosse só encenação… O problema era que não parecia ser. Talvez, só talvez, essa coisa fosse real.

— Oi? Tenho certeza que está tudo bem. No pior dos casos, deve dar certo enquanto tivermos o garoto.

Nada bom.

Depois que as vozes pararam, contei até trezentos, então queimei as cordas amarrando minhas mãos. Fui até onde a Jovem Senhora estava caída. Sangue escorria de seu nariz. Ela olhou para mim, totalmente inexpressiva, enquanto murmurava algo para si mesma.

Notei que estava resmungando algo como: “Você não vai se safar dessa” e “Vou contar para o meu avô”, além de algumas outras coisas evidentemente perigosas, as quais eu não suportava ouvir.

Por enquanto, precisava ao menos examinar seus ferimentos.

— Eek! — Parece que doeu, já que ela levantou a cabeça e me encarou, revelando o medo evidente em seu olhar.

Coloquei um dedo nos lábios e monitorei suas reações enquanto examinava. Dois de seus ossos estavam quebrados.

— Ó, deusa da maternal afeição, feche as feridas e restaure o vigor de seu corpo – Cura-X! — Entoei o feitiço de cura de nível Intermediário em voz baixa, restaurando o corpo da Jovem Senhora a um estado mais saudável. Infelizmente, apenas usar mais energia mágica não tornaria os feitiços de cura mais eficazes. Felizmente, o que fiz foi o bastante para ao menos curar suas feridas. Ela ficaria bem, desde que seus ossos se prendessem da maneira correta.

— H-hein? A dor está…? — Ela olhou para o próprio corpo, intrigada.

Sussurrei em seu ouvido:

— Shh, fique quieta. Quebraram seus ossos, então usei magia de cura. Jovem Senhora, parece que fomos sequestrados por pessoas que guardam rancor pelo lorde suserano. Então…

Ela não estava ouvindo.

— Ghislaine! Ghislaine, socorro! Eles vão me matar! Me salve, agora! — Seu berro ecoou por todo o depósito.

Na mesma hora escondi a corda que amarrava minhas mãos sob minhas roupas, corri para o canto em que estava antes e deixei minhas mãos entre as costas e a parede, fingindo que ainda estava preso.

O poder da voz da Jovem Senhora foi o bastante para que o homem voltasse, e ele abriu a porta violentamente.

— Cala a boca! — Desta vez, ele a chutou bem mais do que antes.

Ela realmente não aprende, pensei.

— Sua merdinha, da próxima vez que gritar, você morre!

E, claro, eu também levei um chute.

Não fiz nada, então por que levei um chute?! Que vontade de chorar, pensei ao voltar ao lado da Jovem Senhora.

— Guhuh, guhuh…

Que problemático. Eu não tinha certeza se sua costela estava quebrada, mas ela estava vomitando sangue. Um de seus órgãos internos provavelmente foi furado. Seus braços e pernas também estavam quebrados. Não conhecia muitos tratamentos médicos, mas esses ferimentos pareciam graves o suficiente para que pudesse morrer se continuasse assim.

— Que esse poder divino seja de nutrição satisfatória, dando a quem perdeu suas forças a força para se reerguer – Cura! — Por enquanto, decidi usar um feitiço de cura básico, só para prover uma ligeira recuperação.

O sangue parou de escorrer por sua boca. Agora pelo menos não morreria… eu acho.

— Guhuh… a-ainda está doendo. C-cure… logo.

— Não. Se eu te curar, ele vai vir te chutar de novo não vai? Use sua própria magia

— N-não posso… fazer isso.

— Poderia se tivesse aprendido.

Com isso, fui até a entrada do lugar e pressionei meu ouvido na porta. Queria ouvir mais um pouco da conversa de nossos sequestradores. Isso era completamente diferente do meu plano. Não importa o motivo, foram longe demais.

— Então, vamos vender aqueles moleques?

— Não, vamos pedir um resgate por eles.

— Não vão nos caçar?

— Tanto faz. Se isso acontecer, podemos fugir para algum país vizinho.

Então eles realmente pretendiam nos vender. Pensei que tínhamos confiado o esquema do sequestro a alguns conhecidos da família, mas no final das contas estávamos lidando com sequestradores reais.

Gostaria de saber o que foi que deu de errado no plano. Foi o momento do sequestro? Ou Philip estava realmente tentando vender a própria filha? Não, essa segunda opção era improvável. Ah, certo. De qualquer forma, meu trabalho continuava sendo o mesmo. Isso significava que não tínhamos mais segurança alguma.

— Vamos conseguir mais dinheiro com um resgate do que com a venda, não é?

— Vamos decidir isso hoje à noite.

— Sim, venda ou resgate.

Pareciam estar discordando sobre nos vender ou exigir um resgate para o lorde suserano. De qualquer forma, decidiriam durante a noite. Teríamos que nos mover enquanto ainda havia luz do sol.

— Tudo bem. — O que deveria fazer?

Poderia destruir a porta e subjugar nossos sequestradores com magia. Se ela me visse derrotando os caras que a espancaram sem qualquer motivo, talvez a Jovem Senhora começasse a me respeitar…

Não, isso era bem improvável. Ela era o tipo de pessoa que pensaria ser capaz de fazer o mesmo se não estivesse toda detonada. Além disso, essas ações só serviriam para mostrar que a violência também alcança resultados. Precisava ensiná-la que a violência não leva a nada, caso contrário continuaria me socando sempre. Não queria que ela sentisse que isso era o mesmo que ter poder.

Também não havia garantia de que poderia derrotar os sequestradores, percebi. Se eles fossem tão fortes quanto Paul ou Ghislaine, tinha certeza de que seria derrotado. E se eu fosse derrotado, definitivamente estaríamos mortos.

Certo, então vamos sair daqui sem mexer com eles.

Olhei para trás, querendo verificar a situação da Jovem Senhora. Nossa. Ela estava olhando para mim com olhos cheios de raiva.

Hmmm.

Hora de colocar o plano em ação.

Primeiro, usei magia de terra e fogo para tampar as rachaduras da porta. Derreti a maçaneta para que não pudesse ser girada. Agora era apenas uma porta que não poderia ser aberta. Claro, isso não significaria nada se a arrombassem. Ainda assim, compraria algum tempo.

Em seguida, a janela. Era só um buraquinho com algumas barras de metal. Considerei focar minha magia de fogo em um único ponto para derreter o ferro, mas isso exigiria temperaturas altas demais, então não seria algo prático. No final, usei magia de água para afrouxar os tijolos ao redor das barras. Uma vez que as removi com sucesso, o que sobrou foi um buraco grande o suficiente para uma criança passar.

Agora já tínhamos uma rota de fuga.

— Jovem Senhora. Parece que as pessoas que nos sequestraram têm algum rancor com o lorde suserano. E seus amigos chegarão esta noite. Estavam falando sobre como vão nos bater até morrermos.

— I-isso só pode ser mentira…

Claro que era. Mas o rosto da Jovem Senhora, de qualquer maneira, ficou pálido.

— Não quero morrer, então… tchau.

Me agarrei às bordas da janela e me suspendi. Ao mesmo tempo, soou uma voz além da porta:

— Ei, isso não está abrindo! Mas que inferno!

Bang, bang! Bateram na porta.

A Jovem Senhora olhou para mim e depois para a porta, em completo desespero.

— N-não me deixe para trás… socorro.

Ah, nossa. Cedeu mais rápido do que o esperado. Acho que a situação era aterrorizante demais até mesmo para ela.

Me soltei no chão, cheguei perto dela e sussurrei:

— Promete ouvir tudo o que eu disser até voltarmos para casa?

— V-vou ouvir, com certeza.

— Também promete que não vai gritar? Ghislaine não está aqui, entendeu?

Ela balançou a cabeça vigorosamente.

— E-eu prometo. Então, anda logo… ou eles virão… Eles virão!

Seu comportamento mudou completamente se comparado a quando me socou. Agora estava transbordando medo e desconforto. Bem, ao menos ela tinha entendido.

Tentei parecer um cara calmo e legal.

— Se quebrar a sua promessa, vou deixar você para trás.

Reforcei a porta usando magia da terra. Então usei um pouco de fogo para desamarrá-la e cura para estabelecer seu estado de plena saúde.

Por fim, saí pela janela e puxei a Jovem Senhora comigo.

 

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Assim que escapamos do lugar, nos deparamos em uma cidade desconhecida. Não havia qualquer muralha de castelo. Não era Roa. Não era pequena o suficiente para ser uma vila, mas era uma cidade bem pequena. Eu tinha que pensar rápido, ou seríamos encontrados.

— Hmph, já estamos longe o bastante! — declarou a Jovem Senhora em voz alta. Ela parecia pensar que já tínhamos nos livrado dos sequestradores.

— Você prometeu que não gritaria até chegarmos em casa.

— Hmph! Por que tenho que manter uma promessa que fiz a você? — disse, como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Que pirralha!

— Sério? Então nos separamos aqui. Tchau.

— Hmph! — Ela bufou e começou a se afastar, mas então ouvimos alguns gritos raivosos.

— Aqueles moleques malditos! Para onde eles foram?!

Deviam ter arrombado a porta ou percebido que as barras da janela foram removidas. De qualquer forma, descobriram que tínhamos fugido e estavam procurando por nós.

— Eek…! — A Jovem Senhora soltou um gritinho e correu na minha direção. — Era mentira. Não vou mais gritar. Agora me leve para casa!

— Não sou seu criado, nem seu escravo. — falei, irritado com o modo que facilmente mudava de ideia.

— O que você está falando? Você não é meu tutor?

— Não, não sou.

— Hã?

— Você disse que não queria, então não fui contratado.

— B-bem, eu te contrato então — disse relutantemente.

Eu precisava de algo mais promissor dessa vez.

— Mais uma vez com promessas. Quando voltarmos à mansão, você vai quebrar ela exatamente como fez alguns segundos atrás, não é? — falei, esperando parecer tranquilo e indiferente, mas confiante de que ela não cumpriria com sua palavra.

— N-não vou quebrar minha promessa, então… exijo… não, digo… me ajuda.

— Você pode vir comigo, desde que cumpra com sua promessa, não grite e escute o que eu digo.

— Entendido. — Ela concordou docilmente.

Muito bem, pensei. Agora, ao próximo passo.

Primeiro, peguei as cinco moedas de cobre grande que enfiei em minha cueca. Era todo o dinheiro que eu tinha. Dez moedas de cobre grande eram o mesmo que uma moeda de prata; então, não era muito dinheiro, mas seria o suficiente para o que precisávamos.

— Agora, venha comigo, por favor.

Fomos em direção à entrada da cidade, ficando distantes dos gritos raivosos. Um guarda sonolento estava de plantão. Passei uma de minhas moedas para ele.

— Se alguém perguntar se nos viu, diga que deixamos a cidade, por favor.

— Hã? O quê? Crianças? Ah, tá bom. Vocês estão brincando de esconde-esconde ou coisa do tipo? Isso é bastante dinheiro. Caramba, de que família rica vocês são…?

— Por favor, fale o que eu disse.

— Tá, entendi. — A resposta soou rude, mas não podíamos perder tempo.

Em seguida, fui até a área de espera de diligências. A tarifa e os termos de uso estavam escritos na parede, mas eu já tinha lido essas mesmas informações há alguns dias. Na verdade, queria saber onde ficava essa cidade.

— Parece que estamos a duas cidades de Roa, em uma chamada Wieden — sussurrei para a Jovem Senhora.

Mantendo sua promessa, ela respondeu em voz baixa:

— Como sabe?

— Está escrito bem ali.

— Eu não sei ler.

E aqui vamos nós, pensei.

— Ser capaz de ler é realmente bom. O modo de funcionamento da diligência também está escrito aqui.

Ainda assim, era incrível o lugar para onde nos levaram em apenas um dia. Isso me deixou nervoso, já que fui parar em uma cidade desconhecida, era quase como estar revivendo um trauma passado.

Não, não, pensei. Isso é completamente diferente daquele momento, eu não sabia chegar nem a uma Agência de Empregos.

Enquanto ficava perdido em pensamentos, o som de gritos foi se aproximando.

— Merda! Onde diabos eles se esconderam?! Apareçam!

— Se esconda! — Peguei a Jovem Senhorita e entrei em um banheiro, trancando a porta atrás de nós. Do lado de fora o barulho de passos pesados soou.

— Onde diabos eles estão?!

— Não ousem pensar que se safaram da gente!

Uau, que assustador.

Ah, parem com isso. Agindo todo raivosos enquanto nos caça…. Vocês deviam ao menos usar uma voz doce como a de um dono tentando chamar o gato. Talvez assim tivessem alguma chance de nos enganar e saíssemos. Não daria certo, claro, mas pelo menos existiria a chance.

— Droga, eles não estão aqui!

Em pouco tempo suas vozes se distanciaram. Tivemos um momento para relaxar um pouco, embora fosse cedo demais para baixar a guarda. Afinal, quando as pessoas entram em pânico, tendem a ficar circulando e procurando no mesmo lugar várias vezes.

— E-estamos seguros? — Ela mantinha uma mão trêmula sobre a boca.

— Bem, se eles nos encontrarem, podemos ao menos lutar.

— C-certo… Tudo bem!

— Mas eu duvido que vamos vencer.

— S-sério…?

Falei isso porque ela parecia estar recuperando seu espírito de luta. Não queria voltar a ser atacado por aqueles caras.

— Estava olhando o preço da diligência, e parece que vamos precisar pegar duas para poder voltar.

— Pegar duas? — Ela parecia confusa com o significado disso.

— Só saem cinco diligências por dia daqui, uma a cada duas horas, começando às oito da manhã. É igual a qualquer outra cidade. E leva três horas para chegar à próxima cidade. Se partirmos agora, vamos pegar a quarta diligência do dia. Em outras palavras…

— Em outras palavras…?

— Quando chegarmos à cidade vizinha, a última diligência já vai ter saído para Roa. Então, teremos que passar uma noite lá antes de podermos ir embora.

— Não, espe… A-ah, entendi. Hum. — Por um momento pareceu que ela gritaria, mas conseguiu se conter. Sim, por favor, tente conter essa sua voz alta.

— Ainda tenho quatro cobres grandes, mas temos que ir para a cidade vizinha, passar uma noite e só depois ir para Roa. Vamos passar aperto.

— Passar aperto… Mas vai ser o bastante, certo?

— Sim. — Ela pareceu ficar aliviada, mas ainda era cedo demais para relaxarmos. — Desde que ninguém tente nos enganar, claro.

— Nos enganar…? — Ela fez uma careta, parecia que não sabia do que eu estava falando. Talvez nunca tivesse usado dinheiro por si mesma antes.

— Quando os dirigentes de pousadas ou diligências virem que somos crianças, provavelmente vão pensar que não sabemos calcular valores, certo? Isso significa que podem tentar nos enganar, cobrando mais ou dando menos troco. Agora, se falar que o valor está errado, irão ajustar as coisas. Mas se não souber calcular, então…

— Então o quê?

— Então não teremos o suficiente para a última diligência. E aqueles caras de antes vão nos pegar.

Ela começou a tremer, como se estivesse prestes a fazer xixi nas calças.

— O banheiro fica ali.

— E-eu sei.

— Certo, então eu vou ficar cuidando do lado de fora.

Quando tentei sair, ela agarrou a barra da minha camisa.

— N-não vá — disse.

Então eu deixei ela ir fazer xixi antes de voltarmos para fora.

Parecia que nossos dois perseguidores tinham ido embora, mas eu não tinha certeza sobre onde estavam procurando: dentro ou fora da cidade. Quando chegou a hora de partir, entreguei o dinheiro ao cocheiro e embarcamos.

 

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Chegamos à cidade vizinha sem enfrentar nenhum problema.

Para a estadia noturna, escolhi uma cabana em ruínas, já que queria ensinar à Jovem Senhora uma lição de como o mundo poder ser duro. Nossas camas foram apenas um amontoado de palha.

A Jovem Senhora estava tão tensa que sequer conseguia dormir. Toda vez que ouvia algum barulho, se assustava e olhava para a entrada do lugar. Quando não aparecia nada de errado, soltava um suspiro de alívio. Ela fez isso várias vezes.

Na manhã seguinte, pegamos a primeira diligência para Roa. A Jovem Senhora não devia ter dormido muito, já que seus olhos estavam vermelhos. Entretanto, ela não parecia nada cansada. Na verdade, até continuou vigiando a parte de trás da diligência, procurando possíveis perseguidores. Vários cavaleiros passaram em suas montarias, mas nenhum deles era algum de nossos sequestradores.

Tínhamos percorrido uma boa distância, então talvez tivessem desistido.

Ou assim, ingenuamente, pensei.

Passaram-se várias horas. Chegamos em Roa sem qualquer problema. Depois que passamos por aquelas muralhas robustas e vimos a mansão do lorde suserano lá longe, uma sensação de segurança se estabeleceu. Inconscientemente, baixei a guarda, pensando que já estávamos seguros após chegar tão longe.

Desembarcamos e seguimos em direção à mansão a pé. Nossos passos pareciam até mesmo leves. Após andar em uma diligência por horas, após dormir no feno pela primeira vez, fiquei exausto.

Então, como se estivessem esperando pelo exato momento, dois homens agarraram a Jovem Senhora e a puxaram para um beco.

— O quê?! — Eu baixei a guarda; demorei dois segundos para perceber. Naqueles dois segundos em que desviei o olhar, ela sumiu. Pensei que talvez estivesse apenas perdida. Mas pelo canto do olho, notei roupas que combinavam com as que a Jovem Senhora vestia pouco antes de ser arrastada para um beco.

Na mesma hora comecei minha perseguição. Quando entrei no beco, avistei os dois homens, um dos quais carregava a Jovem Senhora nos braços, tentando fugir.

Rapidamente usei um feitiço de terra para criar uma parede. A magia disparou das pontas dos meus dedos e uma barreira surgiu na frente deles. O caminho foi fechado tão repentinamente que os homens não conseguiram parar a tempo.

— O quê?!

— Nggh! — A Jovem Senhora estava amordaçada, com várias lágrimas nos olhos.

Incrível… conseguiram amordaçá-la em apenas alguns segundos? Devem ter muita prática, pensei. Também parecia que tinham dado um soco nela, já que sua bochecha estava vermelha e inchada.

Meus oponentes eram os dois que nos sequestraram. Um deles era aquele violento que me chutou, o outro provavelmente era o homem que escutei falando através da porta. Os dois pareciam bandidos, e cada um tinha uma espada.

— Aha, então foi esse pirralho. Sabe, você poderia ter voltado para casa em segurança se não resolvesse meter o nariz onde não deve. — Apesar de terem sido pegos de surpresa pelo repentino aparecimento de minha parede de terra, sorriram quando viram que eu seria o oponente.

O mais violento veio em minha direção, com a guarda baixa. O outro ficou segurando a Jovem Senhora. Me perguntei se tinham outros camaradas por perto. Independentemente disso, conjurei uma pequena bola de fogo na ponta dos dedos, querendo intimidá-los.

— Hngh! Desgraçado! — No momento em que viu isso, o homem violento desembainhou sua espada.

O outro homem levantou a guarda e posicionou sua espada contra o pescoço da Jovem Senhora e começou a recuar na mesma hora.

— Você… seu pirralho maldito! Bem que pensei que estava muito calmo! Parece que é um guarda-costas, hein? Não é por acaso que escapou tão facilmente. Merda, fui enganado pela sua aparência! Você é um demônio!

— Não sou um guarda-costas. Ainda não fui contratado — falei. Também não era um demônio, mas não havia necessidade de corrigir esse ponto.

— O quê? Então por que diabos está atrapalhando?!

— Bem, planejam me contratar em breve, então…

— Huh, então você está atrás de dinheiro?

Atrás de dinheiro, hein? Ele não estava exatamente errado. Eu estava fazendo isso para ganhar dinheiro o bastante para que pudesse ir para a universidade com Sylphie.

— Não vou negar.

Assim que falei isso, ele elevou os cantos de seus lábios.

— Então junte-se a nós. Tenho contatos com um nobre pervertido que pagará uma boa nota por uma garotinha de uma família nobre. E ouvi falar que o lorde suserano ama a neta, então podemos pedir até por um resgate. Bem, de qualquer forma, vamos conseguir uma tonelada de dinheiro.

— Oho. — Soltei um sonzinho fingindo que estava impressionando com a proposta, e a Jovem Senhora virou-se para olhar para mim, seu rosto estava pálido. Talvez ela soubesse que eu estava procurando um emprego para pagar pelas mensalidades da universidade. — E seria exatamente quanto dinheiro?

— Não estamos falando de coisas medíocres como uma ou duas moedas por mês — disse o homem, sorrindo satisfeito. — Devemos conseguir ao menos cem moedas de ouro.

Era quase como se ele não tivesse uma real noção de economia e estivesse tentando se gabar como um moleque na escola, dizendo: “É tipo um milhão de ienes! Acredita nisso?!”

E então ele perguntou:

— E quanto a você? Parece uma criança, mas aposto que é muito mais velho do que parece.

— Por que acha isso?

— Por causa dessa magia que acabou de usar e de como está agindo? É óbvio. Sei que existem demônios assim. Aposto que você passou por problemas graças à sua aparência, não é? Então sabe a importância do dinheiro, certo?

— Entendo.

Então existia essa perspectiva? Bem, certamente era verdade que eu tinha mais de quarenta anos.

Ta-da! Parabéns, você acertou! Bom trabalho.

— Você está correto. Depois de viver tanto tempo, qualquer um acaba descobrindo o valor do dinheiro. Sei como é ser jogado em um mundo sobre o qual não conhece muito, sem dinheiro e apenas com as roupas do corpo.

— Heh, sim, você nos entende, hein?

Muito, porque até aquele momento nunca tinha me preocupado com dinheiro. No lugar disso, passei quase vinte anos como um recluso. Metade da minha vista foi gasta com nada além de simuladores de encontros eróticos e jogos online. Aprendi algo com tudo isso. Sabia o que significaria uma traição neste momento, bem o que aconteceria se eu a ajudasse.

— É exatamente por isso que sei que existem coisas mais importantes do que dinheiro.

— Não comece a cuspir palavras bonitinhas na gente!

— Não são palavras bonitinhas. Você não pode comprar nenhum “dere” com dinheiro. — Merda, meu nerd interno acabou escapando. Não era como se esses homens soubessem o que é uma tsundere.

Dere? O que diabos é isso? — O homem violento parecia pasmo, mas pelo menos entendeu que a negociação falhou. Seu sorriso assustador foi substituído por um olhar sombrio assim que ele colocou a espada no pescoço da Jovem Senhora.

— Então ela será nossa refém! Primeiro, jogue a bola de fogo no ar.

— Você quer que eu jogue no ar?

— Isso aí. É melhor não apontar na nossa direção, nem mesmo por acidente. Não importa o quão rápido você seja, cortaremos a garganta dessa pirralha e a usaremos como escudo humano antes que você possa nos atingir.

Não seria melhor pedir para dispersar a magia? Espera, talvez ele não soubesse disso. Fazia sentido: um feitiço entoado precisava ser lançado. Se a pessoa não aprendesse magia direito, não saberia a diferença entre usar ou não um encantamento.

— Entendi. — Antes de me livrar da bola de fogo na ponta dos dedos, usei magia para inserir mais uma bola de fogo, uma especial, dentro da primeira. Então as lancei no ar.

Ela fez um barulho enorme assim que foi disparada. E uma explosão ridícula brilhou acima de nós.

— Huh!

— Whoa?!

— Ngh?!

O estrondo foi alto o suficiente para estourar os tímpanos. A luz também foi cegante. O calor emitido era quente o bastante até mesmo para queimar.

Enquanto todos olhavam para o céu, eu corri para frente. Conjurei magia enquanto corria. Por hábito, convoquei dois feitiços diferentes. Na minha mão direita tinha magia de vento de nível Intermediário, Estrondo Sônico. Na esquerda, tinha uma magia da terra de nível Intermediário, Canhão de Pedra. Lancei um feitiço em cada um dos dois homens.

— Gyaaaah!

Estrondo Sônico rasgou o braço do homem violento, que estava distraído com a explosão. Peguei a Jovem Senhora confortavelmente em meus braços, como se fosse uma princesa, enquanto ela soltava um grito engasgado.

— Tch! Não será tão fácil!

Olhei para o outro bandido e percebi que ele cortou meu Canhão de Pedra em dois com sua espada.

— Ugh… — Isso era ruim. Ele realmente conseguiu cortar aquilo. Eu não sabia qual escola de artes da espada estava usando, mas isso não era bom. Se esse cara fosse tão forte quanto Paul, estaríamos com problemas. Poderia ser alguém de quem eu não poderia vencer.

— Wah, wah, wah!

Usei uma mistura de magia de vento e fogo para criar uma explosão que me impulsionou para o ar. A força foi tão violenta que pensei até que tinha quebrado alguma coisa.

A espada caiu um momento tarde demais, me errando por muito pouco. Ele cortou o ar bem na frente do meu nariz, o som do corte até mesmo soou em meus ouvidos.

Foi por pouco.

Mas ele não era tão rápido quanto Paul, o que significava que não precisava entrar em pânico. Já havia praticado vários exercícios contra adversários armados antes. Desde que me saísse tão bem quanto de costume, poderia fugir.

Preparei meu próximo ataque mágico enquanto pairava no ar. Primeiro, joguei uma bola de fogo direto no rosto dele. Ela disparou lentamente em sua direção.

— Isso é tudo! — Ele estudou a trajetória, depois preparou sua espada para se defender. Enquanto o homem esperava pela Bola de Fogo, usei magia de água e de terra para transformar o chão abaixo dele em um monte de lama.

Quando o sujeito tentou cortar minha Bola de Fogo, caiu de joelhos na lama pegajosa e escorregadia. Agora não poderia se mover.

— O quê?!

Sim, eu ganhei! Tinha certeza absoluta disso. Ele não poderia mais correr. Podia até ter desviado da minha Bola de Fogo, mas já estávamos fora do alcance de seus ataques. Com a Jovem Senhora em meus braços, tudo o que precisava fazer era desaparecer no meio da multidão confusa e estaríamos a salvo. Ou, se precisasse, poderia gritar por socorro.

Assim que pensei nisso…

— Como se eu fosse deixar você fugir! — Ele atirou sua espada em nossa direção.

Foi então que lembrei do que Paul tinha me ensinado. No Estilo Deus do Norte, mesmo se cortasse a perna do oponente, ele ainda teria uma técnica de arremesso de espada.

A lâmina voou em minha direção a uma velocidade incrível, mas a vi como se estivesse em câmera lenta. Estava apontada direto para a minha cabeça.

Morte.

Bem quando essa palavra surgiu em minha mente, um borrão marrom apareceu na minha frente. Ouvi um som como o de porcelana quebrando, então a espada caiu.

— Hã?

Alguém apareceu entre mim e os bandidos. Só vi suas costas largas e robustas. Reconheci aquelas orelhas na parte de trás de sua cabeça. Era Ghislaine Dedoldia. Ela olhou para mim e balançou a cabeça.

— Deixe o resto comigo — disse.

No momento em que ela tocou a espada em sua cintura, a ponta cortou o ar deixando um rastro de luz vermelha.

 

— Huh…?

A cabeça do homem atolado na lama caiu de seu pescoço. Mesmo com a distância considerável entre ele e Ghislaine, que estava longe demais para alcançá-lo com a espada.

— Ei, de onde você…

Sua cauda balançou e, no momento seguinte, a cabeça do outro homem também foi abaixo. Imaginei ouvir o som dela batendo no chão.

Meu cérebro não conseguia acompanhar os acontecimentos. Tudo o que pude fazer foi assistir, pasmo, os dois corpos caindo no chão ao mesmo tempo, a alguns metros de onde estávamos. Não parecia algo real. Eu não tinha ideia do que aconteceu. Huh? Eles morreram? Foi tudo o que me veio à mente.

— Hm. Rudeus, esses dois eram os únicos oponentes?

Em um momento voltei a si.

— Uh, sim. Obrigado. Senhorita… Ghislaine?

— Esqueça o senhorita, me chame apenas de Ghislaine. — Ela olhou para trás e balançou a cabeça. — Vi uma explosão no céu, então vim verificar as coisas. Parece que fiz a escolha certa.

— S-sim, você foi bem rápida. Digo, derrotou eles em um segundo. — Não passou nem um minuto desde que disparei aquele feitiço. Ela chegou muito rápido, não importa como visse isso.

— Eu estava por perto. Além disso, não fui tão rápida. Qualquer guerreiro da família Dedoldia pode matar uma pessoa em segundos. Aliás, Rudeus, foi a primeira vez que lutou com alguém que usa o Estilo Deus do Norte?

— Foi a minha primeira vez em uma batalha de vida ou morte — respondi.

— Então, deixe-me dizer, esse tipo de pessoa não desiste até que um dos lados esteja morto. Tome cuidado.

Até que um lado esteja morto…

Isso mesmo, eu quase morri. Tremi ao lembrar de como a espada do bandido voou em minha direção. Era uma batalha de vida ou morte. Uma verdadeira batalha de vida ou morte.

— V-vamos para casa.

Se eu tivesse cometido um único erro, estaria morto. Este realmente era um mundo diferente. Um mundo de magia e espadas.

O que aconteceria se eu morresse dessa vez?

Um calafrio sem igual percorreu a minha espinha.

 

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— Ufa…

Quando finalmente chegamos à mansão, a Jovem Senhora desabou no chão, completamente exausta. Suas pernas deviam ter cedido, agora que seus nervos acalmaram.

As empregadas apareceram aos montes ao seu redor. Quando tentaram ajudá-la, ela as afastou com as mãos e se levantou sozinha. Suas pernas ainda tremiam como se fossem as de um cervo recém-nascido.

Ela ficou ali, imponente, com os braços cruzados sobre o peito. Talvez tivesse recuperado o ânimo agora que estava em casa. Ao vê-la assim, as empregadas notaram que algo estava estranho e começaram a se afastar.

A Jovem Senhora apontou um dedo para mim e berrou:

— Mantive minha promessa, agora estamos de volta em casa! Então posso falar, certo?!

— Ah, sim. Agora você pode falar. — Ouvindo o quão alto ela estava gritando, percebi que não havia funcionado. Tudo pelo que passamos obviamente não foi o bastante para mudar essa garota egoísta e violenta. Na verdade, ela devia ter adivinhado que senti medo durante a batalha. Talvez fosse apontar para o quão altivo e poderoso agi, apesar de ser tão fraco.

— Vou lhe conceder o privilégio especial de me chamar pelo meu nome, Eris!

Suas palavras me pegaram de surpresa.

— Hã?

— Não é todo mundo que pode fazer isso, entendeu?!

Então, isso significa.. que passei? Que poderei trabalhar como tutor dela? Uau! Sério? Então eu consegui?! Sim!

— Obrigado! Senhora Eris!

— Esqueça o Senhora! Me chame apenas de Eris! — Ela estava imitando Ghislaine. Assim que terminou de falar, colapsou.

Foi assim que me tornei o tutor de Eris Boreas Greyrat.

 

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NOME: Eris Boreas Greyrat. Eris
OCUPAÇÃO: Neta do lorde suserano de Fittoa.
PERSONALIDADE: Feroz.
NÃO FAZ: Escutar o que as pessoas dizem.
LEITURA/ESCRITA: É capaz de escrever o próprio nome.
ARITMÉTICA: Pode fazer somas de um dígito.
MAGIA: Sem interesse.
ESGRIMA: Estilo Deus da Espada – Nível Iniciante.
ETIQUETA: Pode fazer a saudação ao estilo Boreas.
PESSOAS DE QUEM GOSTA: Avô, Ghislaine.

 


 

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Vol. 02 – Cap. 02