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Matador de Goblins – Vol. 10 – Cap. 03 – Masmorra

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Ela se perguntou o porquê, quando lhe foi perguntado: “Você vem?”. Ela respondeu instantaneamente: “Vou!” Agora, andando por uma rua lateral escura e com cheiro estranho, Sacerdotisa sentiu uma leve pontada de arrependimento.

Caminhando à sua frente estava uma armadura silenciosa e deselegante. Embora ele tenha sido gentil o suficiente para acompanhar seu passo, Sacerdotisa de alguma forma se viu correndo para acompanhá-lo, agarrando seu cajado na frente de seu peito, onde seu coração batia implacavelmente.

Ela morava nesta cidade há anos, mas nunca tinha imaginado que havia um lugar como este. Favelas, pode-se chamá-las dessa forma. Embora a cidade fronteiriça fosse uma espécie de posto avançado pioneiro, usava a infraestrutura de uma cidade que já havia existido lá. Agora Sacerdotisa arregalou os olhos com a profusão de prédios em ruínas ao seu redor. Nunca em sua vida se aventurou na expansão desordenada que se estendia da periferia da cidade.

Ela era, é claro, uma clériga da Mãe Terra. Não sentia repulsa por aqueles que estavam sentados no chão, olhando para o nada, ou murmurando para si mesmos, abraçando seus trapos ao redor deles. É verdade que às vezes se sentia desconfortável perto deles, teria que admitir, mas se algum deles tivesse pedido ajuda, ela teria ajudado.

Então, também havia se livrado de um pouco da ingenuidade que uma vez poderia tê-la obrigado a estender a mão para todas as pessoas desafortunadas que passavam. Ainda assim…

Não posso deixar de me perguntar se realmente deveria ter vindo com ele.

Ela acelerou o passo novamente para alcançar aquele dorso blindado, que havia se adiantado enquanto ela pensava.

Quer que eu vá com você? — Alta Elfa Arqueira perguntou na Guilda dos Aventureiros.

— Vou procurar ajuda — dissera ele. — Vocês todos devem ficar e guardar o templo.

Eles ainda não sabiam o que seus inimigos, se é que havia inimigos, queriam ou como agiriam. Tinham que estar preparados.

Entendo, ela percebeu, refletindo sobre a recente aventura. Sempre foi possível que aquelas criaturas mortas-vivas ou goblins ou o que quer que fossem, pudessem ter como alvo o Templo da Mãe Terra. Era por isso que Matador de Goblins estava dedicando tempo e esforço para responder a essa situação. Isso por si só fez seu coração bater mais forte. Refletindo agora, pensou que talvez fosse esse o motivo. A razão quando ele disse “Você vem?”, sem nem pedir sua opinião ou dar qualquer informação, e ela respondeu: “Vou!”

Então, pensou ela; não se lembrava tão claramente, que havia dito algo a Alta Elfa Arqueira sobre estar preocupada com seu templo natal. Não era bem uma desculpa e ela teve a nítida impressão de que os outros tinham visto através dela.

Urrgh… Só de pensar nisso foi o suficiente para fazer seu rosto queimar de vergonha. E aqui estou eu, que já deveria ter dezessete anos.

Foi muito desanimador para Sacerdotisa ser confrontada com sua própria infantilidade.

Muitos aventureiros estavam entrando em ação. E (deixando de lado sua autoconsciência aguda) estavam fazendo isso por causa do Templo da Mãe Terra, por sua família. Parecia de alguma forma, realmente… adulto, pensou ela. Muito, muito mais do que ela era.

Quando ela falou, se esforçou para não deixar esses pensamentos vazarem em sua voz.

— D-diga, uh, Matador de Goblins, senhor…

— O que é?

— Você falou sobre a-ajudantes… Você conhece alguém por aqui?

A ideia a surpreendeu muito. No entanto, ao mesmo tempo, parecia completamente razoável. Ela estava com ele há muito tempo agora. Enquanto ele ia da fazenda para a Guilda, para a caverna e voltava, ele naturalmente faria conhecidos por toda a cidade. Apesar de sua aparência, muitas vezes ela o viu conversando facilmente com pessoas que ele não conhecia.

Ele era um veterano agora. Era realmente bem natural que conhecesse pessoas em todos os lugares.

Já se passaram três anos e ainda assim…

E, no entanto, ela ainda não tinha descoberto tudo sobre ele. O pensamento deixou Sacerdotisa um pouco triste, mas ao mesmo tempo feliz. Como um livro que ela se emocionou em ler e que ainda tinha muitas páginas.

— Alguém que eu conheço, sim, mas não alguém que eu seja familiarizado  — disse ele depois de um daqueles grunhidos suaves. A cabeça de Sacerdotisa começou a se encher de pontos de interrogação.

— O que isso significa…?

— Venha comigo e vai descobrir.

Bem, o que Sacerdotisa poderia dizer sobre isso?

Matador de Goblins andava pelas favelas olhando de um lado para outro, como se procurasse por algo. Sacerdotisa o seguiu com toda a doçura, e toda a luta, de um passarinho, mas sem ideia do que ele estava procurando.

Talvez ele tenha sentido a intensidade dela, porque depois de um tempo disse em seu tom desapaixonado habitual: — Um sinal. — As palavras foram contundentes. — Um que meu professor me ensinou.

— Um sinal…

— Eles deixam sua marca. Nas portas.

— Ah… ah.

Por fim, ele parou na frente de um prédio em particular. Uma pequena estrutura, bem na orla da cidade…

— Um armazém…? — Sacerdotisa perguntou, olhando para a placa pendurada por algumas correntes acima deles. Era este o sinal que ele queria dizer? Não, não poderia ser; Matador de Goblins havia dito algo sobre portas. — Hmm — disse ela, colocando o dedo nos lábios enquanto deixava seus olhos vagarem pela cena.

Procurando por qualquer coisa que pudesse se encaixar na descrição, notou um pequeno arranhão em um canto da porta. Quase parecia ter sido inscrito com giz, mas não lhe pareceu algo único ou especial.

— Nós vamos entrar.

— Ah, c-certo!

Enquanto Sacerdotisa estava lá tentando entender tudo, ele empurrou a porta e entrou; ela o seguiu com pressa.

Está escuro… e apertado.

Essas foram suas primeiras impressões. Uma lamparina enferrujada queimava embora fosse dia, assando os pequenos insetos que se aglomeravam nela. A luz laranja oleosa que produzia fazia as sombras da sala parecerem dançar. Sacerdotisa piscou, sentindo uma onda de algo como tontura.

Havia prateleiras até o teto em todos os quatro lados, alinhadas com uma variedade de itens ostentando uma camada de poeira. Era óbvio à primeira vista que elas não estavam se movendo, que o tempo não foi gentil com elas. Este era um armazém que estava em seus últimos suspiros.

— U-um, Matador de Goblins, senhor…? — Sacerdotisa sussurrou.

— …E o que você poderia estar procurando, meu caro cliente?

Sacerdotisa congelou com um surpreso “Eep!”. Um homem diminuto e de olhos sonolentos estava sentado em um canto da loja, quase enterrado por seu estoque. Quando ele chegou? Ou estava lá o tempo todo? Sacerdotisa não sabia nem isso. Talvez ele fosse um rhea, ou um anão… Não, ela não podia descartar a possibilidade de que pudesse ser um humano. Sacerdotisa podia dizer que ele era um homem, mas sua idade e raça eram completamente desconhecidos para ela.

Talvez fosse o jeito que seu lenço, uma coisa cinza desbotada que parecia uma raposa, escondia seu rosto.

— Uma lanterna de latão — respondeu Matador de Goblins, soando como se estivesse recitando de cor. — E óleo.

— Você deve ser um aventureiro, bom senhor.

Huh? Os olhos de Sacerdotisa se arregalaram ligeiramente. Ela pensou ter detectado uma ligeira mudança no tom irritado do lojista. Talvez fosse a experiência acumulada dela falando, ou talvez…

— Posso perguntar o que tem em mente para fazer a seguir? — E dois olhos perscrutadores os espiaram por baixo do lenço. O olhar era penetrante. Sem realmente querer, Sacerdotisa segurou seu cajado na frente dela como se tentasse se esconder atrás dele.

Matador de Goblins apenas assentiu. — Vou matar a serpente.

— …E que você tenha boa sorte fazendo isso.

Então o lojista se moveu, balançando suavemente, quase deslizando. Sacerdotisa fez outro som de surpresa.

Isso foi magia? A parede atrás do lojista havia desaparecido. O espaço escancarado revelou uma porta pesada e brilhante que parecia completamente deslocada na loja claustrofóbica.

— Heh — disse o lojista quando viu a expressão de Sacerdotisa. Ela pensou que ele parecia ser um rhea, mas essa impressão passageira foi rapidamente apagada.

— Bem-vinda, mocinha e senhor Matador de Goblins, à Guilda dos Ladinos.

 

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— Não é como se estivéssemos colocando cartazes de recrutamento para as escórias na terra, mas soa mais apropriado quando vocês mesmos se chamam de guilda. Até porquê, não somos muito diferentes de sua Guilda de Aventureiros de certa maneira. — O lojista riu baixinho enquanto conduzia os dois pela passagem estreita. Todo esse espaço realmente existia atrás daquela pequena loja? Sacerdotisa estava perdida.

Havia outra coisa que a deixou perplexa também: este lojista. Ela poderia facilmente tomá-lo por um rhea, mas também por um elfo, um anão ou um humano. Às vezes ela pensava que poderia haver orelhas de besta sob aquele lenço cinza ou que vislumbrou as escamas de um homem-lagarto sob sua camisa.

Deve ser magia, Sacerdotisa pensou mais uma vez, mas sentiu que não era algo que deveria perguntar. Algumas coisas neste mundo eram melhores quando deixadas obscuras. E ela tinha tantas outras perguntas.

— Assim como a Guilda dos Aventureiros…? Com missões e tudo…? — Perguntou hesitante. Ela estava falando com Matador de Goblins ao lado dela, mas foi o lojista quem respondeu.

— Bem, os fodidos conversam com mediadores que encontram batedores para eles; eles têm muito em comum. — A maneira como o lojista deslizou para frente, os únicos passos que ecoaram no corredor foram os dela e os de Matador de Goblins. E por falar nisso, apesar de seu passo ousado, os passos de Matador de Goblins eram notavelmente suaves. Sacerdotisa se viu encolhendo-se de vergonha com cada batida de suas botas e tilintar de seu cajado. — Mas também somos o lar daqueles que não sentem que podem confiar na Guilda dos Aventureiros.

— Não podem confiar em nós? — A pergunta brusca veio, inesperadamente, de Matador de Goblins.

— Mmm — disse o lojista com uma gargalhada. — Uma questão de… crédito, pode-se dizer.

Hmm — resmungou Matador de Goblins.

— Vamos aos fatos; isso é apenas etiqueta apropriada. Você mesmo se deixou ser enganado, a culpa é sua.

— Entendo.

— Para falar a verdade, o principal problema é que os batedores voltam chorando toda vez que algo dá errado, são ridículos! Implorando para que outra pessoa limpe suas bundas por eles… — O lojista parecia muito sério, bufando como se desprezasse toda essa ideia. — Sei que isso só me faz parecer um velho saudosista reclamando desses “jovens hoje em dia”, mas estou dizendo, tudo o que eles fazem é reclamar.

Provavelmente era, pensou Sacerdotisa distraidamente, uma questão de como viviam suas vidas.

Ela tinha ouvido os rumores. Sussurros daqueles que corriam pelas sombras das grandes cidades, trabalhando no submundo. Praticantes de um ofício em que não havia ninguém para protegê-los, nada com que contar além de sua própria inteligência e habilidades. Era aterrorizante a liberdade que essas pessoas desfrutavam e talvez fosse por isso que os outros questionavam o modo como viviam.

Sacerdotisa estremeceu com a pura incerteza e precariedade de tudo isso. Para ela, primeiro o Templo da Mãe Terra e agora a Guilda dos Aventureiros foram uma espécie de escudo. Ir voluntariamente onde essas coisas não existiam e não contavam para nada era mais do que podia imaginar.

— Claro, nós não saímos do nosso caminho para trabalhar com traidores… — O lojista parecia ter notado ela tremendo e aparentemente estava tentando tranquilizá-la. — Por um lado, ainda estamos gratos ao bom senhor pelo serviço que ele nos prestou no festival da colheita há dois anos. Longe de nós fazer-lhe qualquer injustiça.

— Ah… — Sacerdotisa nunca esteve mais grata por estar escondida pela escuridão. Ela não conseguia pensar em quem aquele homem de lenço cinza poderia ser, compreensivelmente, considerando que ela não poderia ver seu rosto, mas agora pensou que talvez ele a tivesse visto dançando com seu cajado no festival da colheita.

— Eu me lembro daquela noite — murmurou Matador de Goblins, mas Sacerdotisa tinha algo em sua mente além do que aconteceu com Matador de Goblins durante o festival. Ela agradeceu novamente pela escuridão que escondia seu rosto corado.

O lojista mal pareceu notar a reação dela quando abriu uma porta no fim do túnel. De repente, Sacerdotisa teve que apertar os olhos contra a luz que inundava do outro lado. Queimou seus olhos, acostumados com a escuridão.

— …Uma taverna —, Matador de Goblins finalmente disse.

— Uma que ainda não abriu para hoje, mas sim.

Entre piscadelas, Sacerdotisa podia ver Matador de Goblins e o lojista conversando normalmente.

— Você consegue enxergar…? — A pergunta saiu antes que ela percebesse, a mesma pergunta que ela havia feito há muito tempo.

Matador de Goblins grunhiu baixinho, mas desta vez, ele acrescentou alguns conselhos. — Sempre que entrar em um espaço escuro, feche um olho. Se não for por muito tempo, você poderá se adaptar.

— S-sim, senhor…

Os olhos de Sacerdotisa, enquanto isso, finalmente começaram a se ajustar e agora ela podia ver o espaço em que estava. As únicas tavernas que ela conhecia eram a da Guilda e outras espalhadas pela cidade. Esta, por outro lado, parecia sombria.

Ou… quieta?

A reação dela poderia ter sido diferente se eles tivessem vindo à noite, mas eles estavam lá no meio do dia. O estabelecimento bem cuidado era um pequeno espaço com um punhado de assentos, além de lugares no balcão. Um pensamento passou por sua mente: Talvez isso costumava ser um arsenal.

Atrás do balcão, vestindo um colete preto e gravata borboleta, uma bela mulher estava polindo um copo. O som fraco da água alertou Sacerdotisa de que esta garçonete era uma “empregada” em mais de um sentido, sua metade inferior estava submersa em um barril de água. A garçonete tritão sorriu quando notou Sacerdotisa olhando para ela e Sacerdotisa corou novamente e desviou o olhar.

Isso a deixou olhando para alguns felpubros negros, tanto felinos quanto caninos, tocando instrumentos de cordas. Ao cair da noite, os trovadores fariam seus negócios, o vinho fluiria livremente e os batedores discutiriam missões na taverna. Era um mundo além da imaginação de Sacerdotisa.

— Clandestino? — perguntou Matador de Goblins.

— Chame isso de escolha estética. Não que não façamos negócios por baixo da mesa quando solicitados.

O lojista subiu em uma das banquetas e Matador de Goblins sentou-se ao lado dele. A cadeira rangeu em protesto sob o peso de sua armadura, mas o som levou Sacerdotisa a se apressar e se sentar também.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a garçonete silenciosamente deslizou um copo para Sacerdotisa. Ela se perguntou se poderia ser uma bebida alcoólica, mas em vez disso encontrou uma porção generosa de leite fresco e, hesitante, pegou. Ao mesmo tempo, os felpubros no canto tocaram uma melodia. O som, em algum lugar entre uma buzina e um gravador, era novo para ela, mas achou agradável aos seus ouvidos.

— Sua hospitalidade é muito escrupulosa — disse Matador de Goblins suavemente. Havia uma bebida em sua mão também. Uma cerveja de cevada fina, talvez. Parecia improvável que eles empurrassem álcool forte para alguém que tinha vindo para falar de negócios.

— Heh-heh —, o lojista riu timidamente. — Agora, então…

— Mm — disse Matador de Goblins brevemente e assentiu.

A conversa que se seguiu foi suficiente para deixar a cabeça de Sacerdotisa girando.

— Agora, bom senhor, por que não vai com calma? Divirta-se.

— Obrigado, eu irei. Já que me ofereceu uma cadeira e uma caneca, vou me apresentar. Por favor relaxe.

— Eu aprecio você se apresentar, mas certamente não precisa dessa sua máscara; por favor, relaxe.

— Como pode ver, isso é crucial para minha profissão, por favor, não se preocupe com isso.

— Não, não, devo insistir que você relaxe.

— Não, você relaxe.

— Bem, se você insiste, então eu irei, com gratidão. Espero que não se importe com o meu relaxamento primeiro.

— Você deve desculpar minha aparência incivilizada. Venho de uma cidade pioneira na fronteira ocidental; meu mestre era aquele que cavalga em barris, e minha profissão é matar goblins.

— Obrigado, obrigado. Devo me desculpar pelo chefe estar ausente em sua primeira visita, mas você terá que se contentar comigo, um tipo de raposa com um lenço cinza.

 — Obrigado por aceitar minha apresentação. Por favor, levante a cabeça.

— Claro, caro senhor, mas levante a cabeça primeiro.

— Isso seria problemático.

— Ao mesmo tempo, então.

— Isso é aceitável.

— O pedido é feito humildemente, então.

A troca, uma introdução quase ritualística de si mesmos e de suas origens, terminou no espaço de um longo suspiro. Sacerdotisa só conseguia pegar pedaços dele e aquilo soava para ela como encantamentos ou feitiços. Quando os dois terminaram de falar, ergueram suas cabeças abaixadas quase no mesmo instante, cada um soltando um suspiro.

Ela mal entendia a coisa que acabara de acontecer, mas parecia ser algo que os dois precisavam fazer. O lojista de lenço cinza sorriu, mostrando os dentes, e disse levemente: — Bem, meu bom senhor. O que você deseja?

 

 

 

— Informação. — A resposta de Matador de Goblins não poderia ter sido mais brusca. — Um comerciante de vinhos, da Cidade da Água. Quero saber o que ele tem feito ultimamente.

— O que…? — Sacerdotisa quase deixou cair o copo do qual estava prestes a tomar um gole delicado. Essa pessoa que ele mencionou, não era totalmente irrelevante para o que estava acontecendo, mas ainda assim. Sacerdotisa piscou, grunhiu baixinho quase do jeito que ele fez, mas então inclinou a cabeça quando não recebeu resposta.

— …Qual é a conexão dele com você?

— Eu não sei — respondeu Matador de Goblins, outra resposta brusca. — É por isso que estou investigando… Ou mandando investigá-lo. E então vou fazer a minha jogada.

— Aha — disse o lojista, acariciando o queixo no que poderia ter sido admiração. — Entendi agora… — E então ele circulou um de seus dedos curtos e gordos no ar, como um fio de tecelagem de aranha. — E quanto, por esta informação?

— Quanto você quer?

Sacerdotisa soltou um suspiro. Huh, eu deveria saber que ele não se incomodaria em negociar.

Foi quando os olhos sob o lenço se estreitaram. A voz ficou baixa, como uma adaga na mão. — Pretende dar um tapa na nossa cara com dinheiro?

— Isso mesmo — respondeu Matador de Goblins, como se não fosse nada incomum. — Este é um pedido importante. Se for demais para você, tudo bem.

— Está sugerindo que não podemos lidar com isso?

— Você pode?

Um par de olhos avaliadores olhou por baixo do lenço cinza, para o capacete de metal de aparência barata. Sacerdotisa descobriu que estava se agarrando cada vez mais ao seu cajado sem perceber, por um reconhecimento subconsciente de que algo, ela não sabia o que, estava prestes a acontecer. Não foi a cautela, é claro, que a fez agarrar o cajado, ou o desejo de ser capaz de reagir instantaneamente, foi o simples medo.

Este não era o tipo de aventura a que ela estava acostumada, o tipo que acontecia no campo. Isso era uma aventura urbana, uma aventura na cidade. Uma situação que ela não sabia absolutamente nada, percebeu tardiamente. Pensou que tinha aprendido uma coisa ou duas nos últimos dois anos, e agora… isso.

— …

O ar estava tenso e Sacerdotisa percebeu que não podia mais ouvir os acordes da música do canto. Ela engoliu em seco, sentindo que o som deveria ser audível por todo o bar; ela mal conseguia respirar.

Não tinha ideia de quanto tempo havia se passado, provavelmente menos do que ela pensava, quando o lojista levantou três dedos. Matador de Goblins, vendo-o, vasculhou indiferentemente sua bolsa de itens, tirou quatro pequenas bolsas de moedas de ouro e as deslizou. Elas tilintavam enquanto corriam ao longo da bancada.

Por fim, o lojista soltou um suspiro. — …Você não é um grande negociador, bom senhor. Há uma linha tênue entre ser generoso e ser um alvo.

— Você e eu não somos amigos nem companheiros — disse Matador de Goblins suavemente, uma respiração áspera por baixo de seu capacete. — Mas estou pedindo para fazer o que eu não posso. É justo que você tenha seu preço por isso.

O lojista em seu lenço cinza estudou o capacete de aparência barata com uma mistura de seriedade e exasperação. Finalmente ele disse: — Todos esses anos e nem um pio de você, pensei que tinha lavado as mãos de nós. Então, finalmente você aparece e é isso que você faz… Juro, só nosso querido Ladrão poderia produzir um aluno como você.

Isso foi aborrecimento ou admiração que Sacerdotisa detectou no sussurro? Ela não tinha certeza. Então, novamente, as palavras e a maneira como ele as disse, soaram muito parecidas com a maneira como ela mesma costumava falar de Matador de Goblins.

O lojista balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro, pegou as pequenas bolsas e as enfiou em uma sacola. Então seu olhar se voltou para ela.

— Melhor prestar atenção, mocinha. Ele pode não parecer muito, mas é um aventureiro de rank Prata. Vai ser uma boa ajuda para você muito em breve, ele será.

Pela primeira vez desde que chegou, a expressão de Sacerdotisa suavizou e ela riu. — Sim — disse ela. — Ela sabia disso.

— Bom, bom — respondeu o homem do lenço cinza, batendo no peito, que agora estava cheio de moedas. — Um pedido deste mestre aqui, vamos tentar o nosso melhor para atender.

Matador de Goblins também fez algo pela primeira vez desde que eles chegaram, se mexeu desconfortavelmente. — …Não me chame de mestre.

Apenas pelo som de sua voz, Sacerdotisa sabia.

Ele estava envergonhado.

 

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— Ufa…

Lá fora, o céu estava tão claro e azul como quando você acorda de um sonho ou irrompe na superfície da água. Sacerdotisa se viu emitindo um som de alívio e tomando goladas de ar agradecida. Tinha sido tão sufocante lá dentro, quase literalmente, não apenas o espaço, mas a conversa. Ela sabia fervorosamente que tal lugar não era seu lugar. Não era repulsa que ela sentia, mas alienação. Não era um lugar ao qual ela pertencia, uma verdade que ela compreendia completamente, mesmo que não racionalmente.

— O que… Que lugar era aquele? — Ela olhou para trás e não viu nada além de um armazém aconchegante. Isso era tudo, mas nunca mais seria o mesmo para ela.

— Um ponto de encontro para batedores. Aventureiros do submundo. — As palavras de Matador de Goblins foram desinteressadas e impiedosamente breves. Ele não olhou para trás, apenas seguiu em frente em seu passo ousado, deixando Sacerdotisa correndo para alcançá-lo.

— Submundo… —, ela engasgou. — Você quer dizer que eles não se registraram na Guilda?

— Sim.

Sacerdotisa realmente não entendia nada sobre isso. Isso significava que eles ficaram sem a prova de identidade oferecida pela Guilda dos Aventureiros, sem as garantias sobre as missões, sem nada. Nada além de si mesmos, uma posição precária de fato.

— É por isso que eles usam esses sinais e rituais, para verificar quem você é e para se protegerem. — Ele ainda soava desapaixonado, mas parecia ter lido sua mente.

Viver em total liberdade, desapegado de qualquer coisa, era também estar completamente desprotegido de qualquer coisa. O direito de simplesmente vagar significava a obrigação de aceitar que você poderia morrer no deserto sem ninguém para encontrá-lo. Talvez fosse isso que tornava alguém um gatuno, um ladino.

— Tudo o que isso significa é que lugares como esse existem e algumas pessoas vivem dessa maneira. — Matador de Goblins parou na frente de Sacerdotisa, que ficou tensa como se estivesse com medo. Suas palavras eram tão desapaixonadas como sempre, mas ainda assim…

Não é um lugar que ele vem de boa vontade.

Isso, pensou Sacerdotisa, era o que ele realmente estava dizendo.

— Matar goblins — disse ele, e então ficou em silêncio por um momento. — Matar goblins sozinho não é aventura.

— Sim, senhor. — Foi tudo que Sacerdotisa conseguiu dizer.

Ela pensou que entendia, mesmo que distantemente, por que ele nunca tinha vindo a este lugar até agora. Andaram um pouco mais, até que Sacerdotisa finalmente sentiu que tinha se distanciado de verdade do armazém, então deu uma olhada para trás. Respirou fundo enquanto olhava para o prédio que se avultava à distância.

— Você acha… que são boas pessoas essas que estão lá? Ou… são más pessoas?

— Eles ganham dinheiro. Às vezes fazem coisas boas para isso, às vezes ruins. É assim que funciona.

Sacerdotisa descobriu que, ainda assim, esse modo de vida parecia incompreensivelmente estranho para ela.

— Entendo. — Ela não tinha certeza se o pequeno sussurro o alcançou enquanto ele estava de costas para ela. Ele começou a andar de novo, passo a passo, e ela correu para alcançá-lo.

— Então, agora nós vamos…?

— Reunir evidências. Foi o que o homem disse e é isso que vamos fazer.

— Evidências…?

— Sim — disse Matador de Goblins, mas então soltou um suspiro. Quase soou como se tivesse rido, muito baixinho. — É apenas algo que aprendi com meu mestre. Nunca tive nada a ver com eles.

— Sim senhor! — Sacerdotisa assentiu. Ela sentiu como se o peso em seu coração tivesse diminuído um pouco.

 

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— Acho que minha conversa foi muito precipitada.

Achei que reunir informações significava que iríamos visitar outro beco sujo. Não este lugar…

Sacerdotisa se mexeu, a pura surpresa a deixando desconfortável.

O quarto estava bem organizado e limpo. A mesa estava livre de poeira ou restos de comida. Sacerdotisa estava sentada em uma das cadeiras.

Saíram da cidade fronteiriça e desceram a estrada, entre o muro de pedra e a cerca, pelos pastos cheios de relva. Para a fazenda, a fazenda onde Matador de Goblins morava.

— É mesmo?

— É, é…

Matador de Goblins, sentado ao lado dela, conversava com um homem de meia-idade à sua frente, o proprietário da fazenda.

Claro, não é que Sacerdotisa nunca tivesse conhecido essa pessoa, ela já havia falado com ele antes e até teve motivos para visitar esta fazenda. Aquela primeira batalha de primavera depois que ela se tornou uma aventureira, mesmo agora permanecia viva em sua memória. Então esse homem não era um completo estranho, mas nunca havia se sentado com ele para uma conversa como essa.

Urrgh…

Seu olhar se deslocou inquieto, eventualmente encontrando o de Vaqueira, que também estava na mesa. Vaqueira ficou surpresa ao vê-lo voltar no meio do dia e ficou ainda mais surpresa ao ver Sacerdotisa com ele. A terceira surpresa foi quando ele disse que tinha algo a discutir com o proprietário; ela tinha ido para a casa principal, indicando que faria chá.

E assim ela fez, o derramou em uma xícara de chá, que agora estava diante de Sacerdotisa. Ela levou a xícara fumegante aos lábios e soltou um suspiro. Era estranho: tinha um gosto parecido com o chá que Garota da Guilda oferecia a eles na Guilda.

Talvez ela use as mesmas folhas.

Foi apenas um pensamento passageiro para Sacerdotisa, mas quando passou por sua mente, notou Vaqueira rindo. Ele está seriamente sem esperança, não é? ela parecia estar dizendo, isso fez Sacerdotisa se sentir ainda mais relaxada e começar a sorrir.

— Então a sugestão dele… foi que você se livrasse das pastagens e as transformasse em campos?

— Em outras palavras, sim. Arranque fora aquela cerca velha e aquele muro de pedra, ele disse. Construa algo novo, ele disse. — O proprietário parecia prestes a explodir. Ele não parecia se perguntar por que Matador de Goblins estava perguntando sobre isso. Talvez apenas parecesse normal para ele… Ou não? Sacerdotisa não sabia. — O preço que ele ofereceu não era ruim. E não sou mais um jovem. Se não contratar ajuda, não vejo como essa fazenda pode durar por muito tempo. — Então, eventualmente, terei que mudar as coisas, era o que ele parecia estar dizendo. Ele franziu a testa. — Mas eu sou um homem velho. Definido em meus caminhos. Para fazer algo completamente novo agora… não tenho coragem para isso.

— Entendo — disse Matador de Goblins gentilmente e olhou pela janela. Ou mais precisamente, Sacerdotisa achava que sim; ela nunca poderia dizer exatamente para onde ele estava olhando graças a seu capacete. Ela seguiu o olhar dele (ou presumiu que o fez), que observava o pasto se espalhando, as vacas mastigando a grama com satisfação. Não era de forma alguma uma grande fazenda, mas era um pedaço de terra bem cuidado, um lugar para se orgulhar, ela pensou.

Matador de Goblins parecia sentir o mesmo, pois quando voltou a falar, ainda parecia pensativo e educado. — E seria preciso muita ajuda para converter esta terra em campos de qualquer maneira.

— Admito que sim, parte disso é que eu pessoalmente não gosto da ideia. O comerciante disse que encontraria pessoas para fazer todo o trabalho.

O proprietário poderia simplesmente pegar o dinheiro, pegar a ajuda, obedientemente transformar seus pastos em campos e viver sua vida. Sim, sim, isso poderia ser uma existência muito fácil, de fato. Teria tantos assalariados que nem mesmo teria que trabalhar. Poderia simplesmente sentar e desfrutar de sua aposentadoria.

— Mas lhe digo que — disse ele — posso não parecer muito, mas sou um fazendeiro, um agricultor. — Um toque de orgulho em sua voz. Foi ele quem protegeu esta terra, quem cultivou esta terra; era a sua terra. Quer ele contratasse ajudantes ou transformasse todo o lugar em campos de cultivo, era ele quem tomava as decisões por sua terra.

— … — Sob seu capacete, Matador de Goblins respirou fundo, então respondeu. — Acredito em você.

Foram apenas essas três palavras, mas sua resposta pareceu satisfazer o proprietário, que assentiu lentamente. Então, com o rosto ainda severo, ele disse: — O velho cão até disse que tinha uma proposta de casamento para você…

— O que? — Alguém disse, acompanhado pelo barulho de uma xícara de chá, era Sacerdotisa ou Vaqueira? Vaqueira, no mínimo, levantou-se da cadeira. Seus olhos estavam arregalados e sua voz formigava com o que poderia ter sido perplexidade, ou confusão, ou mesmo simples ressentimento. — Que diabos? Não ouvi nada sobre isso.

— Porque eu recusei —, seu tio disse categoricamente. Ele pegou sua xícara de chá escuro e tomou um gole. — Nós não somos nobreza, aqui. Não pensamos nos outros baseando-se no que seria melhor para nossos negócios.

Talvez não fosse isso que Vaqueira queria ouvir. Ainda com o rosto vermelho, ela balançou os braços sem rumo, fazendo uma espécie de gemido. Sacerdotisa, agora muito desconfortável, manteve os olhos baixos, mas conseguiu dar uma olhada nele. Ela não podia ver sua expressão, o que ele estava pensando? Como ele se sentiu sobre isso?

— … — Matador de Goblins grunhiu baixinho, então caiu em um silêncio sombrio. Ela não o tinha visto pegar a xícara na frente dele, mas percebeu que estava vazia.

 

 

 

— Matador de Goblins, senhor…?

— Sim.

Foi a mais curta das respostas. Desapaixonado, calmo, o jeito que ele soava quando estava focando sua atenção em algo. Houve um barulho quando ele empurrou a cadeira para trás e se levantou com um movimento indiferente.

— Vou reunir meus pensamentos — disse para Vaqueira. — Posso deixá-la com você?

— Huh? Ah… — Vaqueira foi pega de surpresa, mas assentiu. — Sim, eu… eu não me importo.

— Perdão. — Matador de Goblins abaixou a cabeça. Sacerdotisa queria dizer alguma coisa, mas não conseguia formar as palavras e, no final, ficou em silêncio. Quanto a ele, varreu a sala com outro movimento do capacete, depois voltou-se mais uma vez para o proprietário da fazenda. — Obrigado. Você me ajudou.

— É assim que…? — Seu tom era ambíguo, não admitindo nenhuma emoção exata enquanto colocava a xícara na mesa. — Fico feliz se esse for o caso…

— Sim, senhor… Isso foi informativo. Muito. — E com isso, Matador de Goblins saiu corajosamente da sala sem nem mesmo olhar para trás. Abriu a porta da casa principal, depois a fechou ruidosamente.

— ………

— Ha ha…

Sacerdotisa e Vaqueira olharam para a porta, depois uma para a outra, e ambas deram de ombros, compartilhando uma expressão cansada.

 

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O alvo deles é a fazenda, concluiu Matador de Goblins, mas então rapidamente balançou a cabeça. E muito provavelmente, é apenas um meio para um fim.

O vento sussurrava na grama a seus pés, depois passou pelo muro de pedra e desceu a estrada. Matador de Goblins virou a cabeça, observando-o ir, então olhou para o céu. Ele podia ver pássaros voando pelo azul brilhante, bem acima. Apertou os olhos contra a luz que entrava pelo visor.

Tudo parecia girar em torno dele, para puxá-lo e atraí-lo atrás disso. Nunca tinha achado sua situação atual desagradável. Como ele poderia? Era apenas que…

Lutar contra goblins nos confins de uma caverna era mais simples. Ele se viu tendo o pensamento com mais frequência. Talvez, no final, ele realmente não fosse feito para isso.

Ele farejou aquela ideia superficial. Tudo era uma questão de fazer ou não fazer… Poder ou não poder não tem parte nisso. Isso era tudo.

Ele lutou para manter sua vigilância típica enquanto se dirigia para o pasto em um passo despreocupado. Enquanto caminhava, perdido em pensamentos, as vacas vagavam até a figura familiar de armadura. Dando a cada uma um tapinha no nariz, ele encontrou um lugar decente e se sentou. Apenas remoendo todo o problema não estava chegando a lugar nenhum, então era hora de organizar o que sabia. Matador de Goblins pegou um galho e começou a arranhar a terra.

Eles estavam atrás da fazenda. Por que isso?

Ele desenhou uma linha, então um círculo no final dela e então adicionou um círculo menor ao lado daquele. Ele desenhou a cidade e a estrada, a fazenda, e então linhas representando o muro de pedra e a cerca, o melhor que ele conseguia se lembrar de todos eles.

Destrua a cerca, desmonte o muro de pedra, aplaine os pastos; isso deixaria a fazenda nua, mas para que fim?

Seu alvo é a fazenda.

Disso, pelo menos, ele tinha certeza. Ficou claro que era algum tipo de estratagema para esse fim. Talvez parecesse um pouco paranóico, mas às vezes era preciso ter um pouco de paranóia. Muitos ladinos poderiam ter lhe contado como um excesso de cautela salvou suas vidas.

No entanto Matador de Goblins grunhiu baixinho. Ele não podia elaborar mais seu diagrama.

Não terminaria se ele protegesse a fazenda. Não terminaria se matasse os goblins. Nem terminaria se ele destruísse o ninho.

Aventurar-se é… bem difícil.

— Olhe só, se não é Matador de Goblins. Tendo uma pequena conversa agradável consigo mesmo?

A voz fria e clara veio sobre sua cabeça. Hrk, ele grunhiu e olhou para cima para descobrir o sorriso destemido de Cavaleira. Atrás dela estava Guerreiro de Armadura Pesada, parecendo desanimado, junto com seus outros membros de grupo, Garoto Batedor, Garota Druida e Guerreiro Meio-Elfo. Isso só poderia significar…

— Uma aventura?

— Er, nah, apenas indo para a Cidade da Água. Os outros vão nos encontrar e vamos todos juntos.

Matador de Goblins vasculhou suas lembranças e concluiu que “os outros” deveriam ser Lanceiro e Bruxa.

— Então, por que você está tão agitado? Ei, o que é isso?

— Um mapa — disse ele enquanto Cavaleira esticava o pescoço para ver. Ele cutucou um dos pequenos círculos com o galho na mão. — Não entendo por que o inimigo atacaria aqui — resmungou. — Mesmo que já tenha acontecido antes.

— Bem, obviamente, porque é um castelo filial. — Ela disse como se fosse tão simples. Cavaleira estufou seu peito coberto de armadura orgulhosamente, como se dissesse: Você nem sabe disso?

— Castelo filial.

— Uh-hum. Às vezes são chamados de castelos de apoio, mas o ponto é que é uma fortificação que ajuda a proteger o castelo principal. Às vezes eles constroem outros mais simples durante os cercos ao castelo.

— Hum. — Matador de Goblins fez um som de gratidão por essa perspectiva de um lugar inesperado. Castelo filial, era um termo fascinante. Uma expressão de um campo que ele não conhecia. Ele se concentrou em seus pensamentos.

Cavaleira, no entanto, não pareceu notar enquanto continuava a expor. — Você não pode simplesmente ignorar a filial e atacar as fortificações principais, ao mesmo tempo no entanto, quando tenta atacar o castelo filial, também se vê cercado pelo castelo principal.

— Uma proposta perigosa.

— Hmm — assentiu Cavaleira. — Assim, muitas estratégias representam a melhor maneira de se livrar de qualquer bastião de apoio.

Por exemplo, você pode oferecer paz em troca do desmantelamento de castelos de filiais…

Ela falava fluentemente de combates militares, de histórias extraídas de batalhas reais, o tipo de coisa que um cavaleiro deveria saber. Ele não sabia nada sobre o passado dela, mas um cavaleiro itinerante ou cavaleiro beduíno ainda era um cavaleiro.

— Entendo. — Foi tudo que Matador de Goblins disse enquanto assentiu e tentou forçar tudo isso em sua cabeça. Ele não teve a inteligência de se lembrar de tudo de uma vez, mas sempre poderia fazer um esforço para tentar se lembrar.

— …Não, eu sei o que é isso, é um mapa desta fazenda, não é?

— Hrgh?! — Cavaleira quase engasgou quando viu sua palestra interrompida por Guerreiro de Armadura Pesada, espiando por cima do ombro. Ela o encarou com um olhar fulminante enquanto dizia, ainda imperiosamente: — O que…? Mas… Ei! O que eu disse fazia sentido, não é?! Fez muito sentido!

— Ouça, não se empolgue…

— Não — disse Matador de Goblins. Sentiu respeito sincero e se esforçou para adotar um tom educado. — É um fato… Isso foi útil. Eu agradeço.

— Aí, viu?! — Cavaleira fungou vitoriosamente essa demonstração de apoio, enquanto Guerreiro de Armadura Pesada apenas suspirou. Ele parecia sentir que este era um problema contínuo com cavaleiros, ou talvez com esta cavaleira em particular.

Matador de Goblins olhou para os dois e seu grupo, e então, talvez achasse que era a coisa certa a fazer, inclinou a cabeça. — Perdoem-me. Não queria tomar seu tempo enquanto vocês estava indo.

— Ah, não se preocupe com isso. — Guerreiro de Armadura Pesada acenou com a mão enluvada e sorriu. — Tentar economizar tempo agindo como se você não tivesse nenhum, é quando você perde mais tempo.

— É esse o caso?

— Claro que é. Dependendo do tempo e da situação, é claro.

— Entendo.

E então, após essa breve conversa, Guerreiro de Armadura Pesada e seu grupo partiram para a estrada mais uma vez.

A viagem para a Cidade da Água. O número de dias que levaria para ir e voltar. O que seria feito lá? Matador de Goblins pensou em tudo isso.

O que ele deveria fazer? Como deveria agir?

Guerreiro de Armadura Pesada disse uma vez – quando foi? – que desejava ser rei. De fato, Matador de Goblins podia ver agora que posição difícil seria. Não era algo que pudesse ser resolvido simplesmente destruindo os goblins na sua frente. Você tinha que ver mais, saber mais, pensar mais e tomar decisões firmes.

— …Aventurar-se é difícil. — Enquanto Matador de Goblins se afastava em seu ritmo ousado, pensou no caso que estava em suas mãos.

Sua cabeça estava lá. Sempre. E com a mente focada, poderia elaborar um plano.

No momento, a maioria de seus planos não eram muito aventureiros.

Então o que ele deveria fazer?

Agir como um ladino, essa era resposta.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Kazuma

 

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