Dark?

Matador de Goblins – Vol. 09 – Cap. 08.1 – Matador de Goblins, no Turbilhão

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Não houve nenhuma razão especial para o goblin decidir ir até o poço.

Sim, ele estava com sede, mas principalmente, ele estava cansado daquele ogro presunçoso e cuspidor. Só porque ele era um pouco mais forte do que o resto deles, pensou que poderia mandar em todos ao redor. Ele os fez fazer todo o trabalho! Eles não puderam nem se divertir. Apenas trabalho, trabalho e trabalho, era o pior.

Os outros idiotas estavam todos se entregando ao trabalho sem pensar duas vezes, então ele suspeitou que poderia sair para descansar um pouco. Inferno, relaxando na sombra por alguns minutos, murmurando com raiva, não era nada que os outros já não estivessem fazendo. Não foi uma coisa tão horrível de se fazer…

Portanto, quando encontrou o balde do poço mais pesado do que esperava, não conseguiu pensar em nenhuma razão especial para isso; ele simplesmente amaldiçoou os deuses.

— ?!

Em breve, ele parou de pensar quando uma mão deslizou para fora da água, agarrou-o pela garganta e fez sua consciência afundar na escuridão com um som de estalo. Até o momento de sua morte, ele nunca acreditou que fosse sua própria culpa.

O cadáver do goblin foi puxado para dentro do poço, desaparecendo debaixo d’água com nada mais do que um respingo silencioso. Vaqueira soltou um pequeno grito quando o corpo veio caindo, mas ele estava focado em estudar seus arredores.

Ele estava sendo Matador de Goblins.

— Bom. Suba.

Ele havia escalado para fora do poço e ficou lá pingando, observando seu ambiente silencioso. Ele chamou Vaqueira com uma voz suave; ela deu um pequeno aceno de cabeça, então nervosamente pegou a corda e começou a escalar a parede. Apesar dos apoios para as mãos, a lateral do poço estava escorregadia e ela não conseguia se livrar da rigidez que a acompanhava em sua ansiedade e medo. Quando ela pensou que suas mãos não se moveriam mais, uma mão enluvada a alcançou e a segurou, puxando-a o resto do caminho para cima.

— O……… obrigada.

— Sim.

Ele não disse mais nada, mas se agachou e começou a andar rapidamente. Não falou, mas Vaqueira viu a instrução implícita para segui-lo e o fez. Em qualquer caso, ela não queria contemplar o que poderia acontecer se eles se separassem. Isso a tornou muito obediente.

Houve um alvoroço tremendo vindo de uma aldeia, não muito longe, mas não tão perto. Era obviamente aquele monstro, gritando com seus goblins. Eles não tinham muito tempo.

Vaqueira viu que ele estava se afastando da direção do som, então ela pensou que eles poderiam estar antecipando uma pequena retirada. Era uma expectativa que ela sabia que seria traída, ele nunca deixaria nenhum goblin vivo. Ele não tinha dito isso a ela não muito tempo atrás?

— ……O lago…?

— Isso mesmo.

Eles estavam de volta ao lago congelado que haviam visitado antes. Ele se agachou, puxou a faca e usando-a como um picador de gelo, a cravou no gelo. Vaqueira, sem saber o que mais fazer, sentou-se pesadamente ao lado dele. Seu corpo ensopado começou a tremer, embora ela achasse que o anel deveria evitar que sentisse frio.

Ah sim. Eu tenho que me secar.

Isso foi outra coisa que ele disse antes. Ela teria queimaduras de frio.

Ainda assim, ela estava com vergonha de tirar a roupa aqui, então fez o que pôde torcendo a bainha e as mangas de suas roupas ensopadas. Produziu uma grande quantidade de água. Suas roupas grudavam desconfortavelmente em sua pele e seu cabelo molhado estava tremendamente pesado.

— …Você está bem? — ela perguntou.

— O que quer dizer?

— Não secar seu corpo.

— Sim — ele respondeu distraidamente, com um leve aceno de cabeça — Eu logo me esquentarei. Estou bem — disse ele. Em seguida, acrescentou — Em breve.

— Sim…? — havia muitas coisas que ela não entendia completamente sobre o que ele havia dito.

Vaqueira abraçou os joelhos, enrolando-se em uma bola, sacudindo levemente o corpo para afastar o frio. Não… não tanto pelo frio, principalmente pelo medo.

Apesar de suas roupas encharcadas, ela podia sentir apenas uma sugestão do calor de seu próprio corpo, mas dificilmente parecia haver o suficiente para ficar confortável.

— Ei…

É por isso que, finalmente, hesitante, ela o chamou. Não havia mais nada que ela pudesse fazer.

— O que? — sua voz estava baixa; suas mãos trabalharam incessantemente e ele não se virou para olhar para ela.

Vaqueira olhou para o espaço, na esperança de encontrar palavras para o que ela nem tinha certeza se deveria perguntar, mas finalmente enterrou a testa nos joelhos e disse — Aquele monstro… Ele disse algo sobre você ter matado o irmão dele…

— Sim.

Vaqueira engoliu em seco.

— É verdade? — ela perguntou em voz baixa.

Sua resposta foi curta.

— Não me lembro.

— Portanto, pode ser um… um mal-entendido. Ele pode ter se confundido de pessoa…?

— Ele também não se lembra de quem matou.

Ela esperava por algo, por mais distante que fosse, com sua pergunta, mas ele minou essa esperança.

— Não faz diferença para mim.

— Entendo — o murmúrio era suave nos lábios de Vaqueira — Claro, claro que não.

Por fim, ele pegou o gelo que havia esculpido e esculpiu ainda mais com a faca, depois o jogou para ela.

— Eep! — Vaqueira exclamou como estava frio, mas então ele também passou a ela um pano relativamente seco.

— Faça o polimento.

— N-nesta coisa?

— Vou fazer vários mais.

— Uh, claro, certo…

E depois? Ela engoliu a pergunta e começou a polir. Ele voltou a cortar silenciosamente o gelo.

Ela não sabia quanto tempo eles passaram assim. Tinha acabado de colocar outro pedaço de gelo quando ele finalmente olhou para cima.

— Parece que a tempestade diminuiu.

— Agora que você mencionou… — Vaqueira piscou e olhou para o céu. Além das nuvens brancas acima deles, era possível ver o sol.

— Eu não contaria com os dados dos deuses rolando a nosso favor, mas…

Esta é uma boa chance — depois que o sussurro deixou sua boca, ele pegou os pedaços de gelo que Vaqueira tinha polido.

— Estou indo — disse ele bruscamente — Você, saia da aldeia.

— O que…? — Vaqueira piscou. A geada em suas sobrancelhas formigou.

— Vou fazer uma distração. Eles vão se concentrar em mim. Com qualquer outro ninho, alguns podem ser capazes de fugir, mas… — ele ajustou seu aperto no gelo escorregadio, murmurou algo sobre o terreno da aldeia e, então, finalmente continuou desapaixonado — Felizmente, é improvável que aquele seja lá o que for vá permitir isso. Você deve ser capaz de escapar.

Ela poderia ter previsto que ele diria isso. Escapar… era por isso que eles estavam correndo todo esse tempo. E agora ele iria para matar.

Como sempre.

— …Ok — então Vaqueira não discutiu, apenas acenou com a cabeça. Como ela sempre fazia — Eu vou para casa então… tenho que fazer uma refeição quente e gostosa para você, afinal.

— Sim — ele disse brevemente e então começou a caminhar lentamente pelo caminho de neve. Para sua surpresa, ela não conseguia ouvir seus passos.

Por alguns momentos, Vaqueira o observou atentamente enquanto ele se afastava dela. Ela abriu a boca, depois fechou novamente. O que ela poderia dizer? Algo que não fosse um fardo para ele. Faça o seu melhor? Ele sempre deu o melhor de si.

Havia coisas que ela queria perguntar, coisas que ela gostaria que ele dissesse. Após um momento de hesitação, Vaqueira disse, em uma voz que ameaçava ser varrida pelo vento.

— Você vai voltar para casa, não é?

Ele não parou. Ele apenas continuou em silêncio.

De jeito nenhum ele a ouviu. Bem, nesse caso, não havia outra escolha. Vaqueira esfregou os olhos, balançou a cabeça e se virou lentamente. Ela tinha que sair dali rapidamente e encontrar uma vila em algum lugar, contar a eles o que estava acontecendo, conseguir ajuda.

Assim que ela começou a correr para longe, algo a alcançou.

— Não pretendo perder.

Algumas palavras breves em voz baixa, ditas desapaixonadamente. Suas palavras, sua voz.

Isso mesmo: ele sempre foi assim.

Argh, ele não tem ideia de como eu me sinto.

Ela soltou um suspiro, suavemente, em seguida, endireitou o rosto e começou a andar na neve.

 

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Mesmo depois de montarem acampamento na aldeia, mesmo com as cativas e suas tropas por perto, o ogro ainda não sentia nada além de raiva.

— GOROGB!

— GGOBOGGGR!!

Os goblins riram horrivelmente enquanto se divertiam com uma prisioneira. Eles não tinham senso de restrição; eles continuariam até que a luz desaparecesse de seus olhos e eles a matassem.

Era exatamente a mesma coisa agora. Os monstros estavam cacarejando e brandindo uma espada para ela, então ele olhou para eles para calá-los.

Argh, goblins só são bons como buchas de canhão para a batalha.

Eles não mostravam nenhuma inclinação para seguir ordens de qualquer tipo, mas deixassem-nos verem um pouco de raiva e eles imediatamente entrariam na linha. Mesmo assim, eles provavelmente estavam mentalmente colocando a língua para fora para ele. Aquilo eram goblins para você.

Kobolds dariam melhores servos!

Mesmo enquanto ele secretamente continuava a caluniar os goblins e os homens-fera simultaneamente, o ogro olhou para seu exército com profunda raiva. Esses habitantes das cavernas eram inerentemente quase não qualificados para o trabalho na superfície, mas eram tudo o que o ogro possuía, outro fato que o irritava.

— Tão lentos…! Eu dei a eles um prazo e está quase estourando…! — ele olhou para cima; ele podia ver o odioso sol no céu embranquecido pelas nuvens, queimando seus olhos. Ele não sabia o que aqueles gigantes idiotas e aquela Bruxa do Gelo na montanha estavam fazendo, mas a nevasca parecia ter parado.

Isso deixou o ogro com raiva também, seu assento rangendo embaixo dele.

Cada um deles… todos tão incompetentes…!

— GOBGR! GOOBOGR!

— Ah, fique quieto!

Um goblin se aproximou dele, inclinando a cabeça em súplica. Estava lá para saber como ele estava se sentindo, talvez. O ogro o deixou saber chutando-o para longe. Então pegou a jarra que o goblin estava segurando, que veio rolando em sua direção. Era uma jarra de vinho lacrada com argila. Aquilo espirrou quando ele o sacudiu; ainda havia algo lá.

O ogro puxou a rolha e bebeu em um só gole.

— Ainda está vindo atrás de mim, aventureiro…?!

— …GOBBG.

— Do que você tem medo…? — ele ignorou a obediência indiferente do goblin e o olhar de desprezo, jogando de lado o recipiente vazio. Se era isso que aconteceria, então que fosse. Isso só servia para mostrar que o aventureiro era um trapaceiro, um covarde e um fraco. O ogro iria terminar as coisas aqui, então atacar a cidade, encontrá-lo, submetê-lo a todas as humilhações imagináveis ​​e, finalmente, matá-lo. Ele iria assassinar a família inteira do aventureiro diante de seus olhos, estuprá-los, comê-los e fazê-lo implorar para morrer antes de se entregarem a eles.

Ou talvez ele quebrasse todos os ossos do corpo do homem. Os gritos do homem de “Me salvem!” se transformaria em um lamentável choramingar de “Me mate” rapidamente.

O ogro lambeu algumas gotas de vinho dos lábios, pegou seu martelo de guerra e se levantou.

— Parece que vocês foram abandonadas — disse ele às mulheres nas cruzes, mas a resposta foi muda. Apenas um quieto “Ah” ou “Ugh” e um leve arrepio por causa do frio, mas o ogro percebeu: a mais leve centelha nos olhos escuros e opacos das mulheres.

Isso era o máximo que você poderia esperar dos humanos. Eles podem querer morrer, podem querer desistir de tudo, mas isso não iria acontecer. O ogro bufou e pegou o martelo com as duas mãos.

— Vou lhes fazer um favor — disse ele — Vocês podem me dizer qual de vocês quer morrer primeiro.

Ele não quis dizer uma morte rápida ou indolor, é claro. As mulheres apenas conseguiram se entreolhar.

Cada uma delas desejava morrer rapidamente, mas elas não queriam morrer. Deixe outra pessoa ir primeiro, entretanto não queriam dizer isso.

— Qual é o problema? Não conseguem decidir? — o ogro bufou novamente, então gesticulou para seus goblins com um movimento brusco de seu queixo.

— GBOORG!

— GBG! GOORGB!

Onde estava aquele desprezo de alguns minutos atrás? Os goblins sorriram seus sorrisos monstruosos e enxamearam as mulheres. Gritos de “Nããão!” estouraram quando elas sentiram as criaturas se aglomerando a seus pés.

— Apressem-se e escolham ou vou deixá-los lidar com isso. Pensem em como aquele aventureiro vai se arrepender de ver seus corpos…

Shff. Ouviu-se o som de neve sendo jogada para o lado, passos.

— ……?!

Os goblins não pararam, mas o ogro viu. As mulheres também ergueram a cabeça debilmente.

Era uma sombra escura.

Ele emergiu de entre as casas destruídas e em ruínas e se dirigiu em sua direção.

Caminhando em direção a eles com indiferença, quase vagaroso, estava um aventureiro de aparência patética. Ele usava uma armadura de couro suja, um capacete de metal de aparência barata. Em seu quadril estava uma espada de um comprimento estranho e em seu braço um pequeno escudo redondo.

Meu irmão foi morto por um cara desses? E eu tinha certeza de que eles disseram que havia uma garota com ele…

Bem, tanto faz. Foi um relatório goblin, você não podia confiar neles.

O ogro ergueu a mão para parar os goblins e, obviamente satisfeito, disse:

— Estou impressionado que você tenha chegado aqui sozinho. Um pouco tarde, mas… bem, eu vou te perdoar.

O homem não disse nada. Ele parecia estar parado ali, o capacete imóvel. Ele estava com medo? O ogro bufou. Tudo bem, se ele estava, então tudo bem.

— Eu não sou como você, se usasse meus reféns como escudos, seria uma questão trivial eliminá-lo, mas então não teria sentido — o ogro ergueu seu martelo lentamente, apontando para o aventureiro com um gesto altivo — Em vez disso, vou lhe dar uma chance de lutar. Esta é uma vingança para meu irmão e quero que sua morte seja… elaborada.

— Não me importo por que você está errado, mas você está errado — o homem disse suavemente — É você quem vai morrer e sou eu quem vai te matar.

— Como um cachorro latindo, seu aventureiro!!

Por ordem do ogro, os goblins gritaram e avançaram.

Matador de Goblins desembainhou sua espada e avançou contra o redemoinho.

A batalha começou.

 

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— Hraah!!

— GOROGB?!

O brilho da espada do Matador de Goblins cortou o nariz do goblin. Sangue negro explodiu contra seu visor enquanto ele chutava o goblin para longe e avançava.

— GOROOOGB!

— Hmph…! — quando o próximo oponente saltou, ele o encontrou com o escudo em seu braço esquerdo.

— GORGGB?! GOOORGB?!

A lâmina afiada atingiu os olhos do monstro; o goblin cambaleou para trás gritando e caiu na neve. O primeiro e este segundo, podem ainda estarem vivos, mas a vida não valeria muito para eles. Se é que a vida de um goblin pudesse valer muito…

— … — Matador de Goblins sacudiu o sangue que escorria de suas armas, então olhou lentamente ao redor.

— GOROO…!

— GBGR… GBBG!

Os goblins rosnaram, recuando um ou dois passos.

Isso não deveria ser possível. Seu inimigo era apenas um homem. Eles eram muitos. E atrás deles estava aquele bruto desajeitado, gritando e ameaçando-os.

Sendo esse o caso, o aventureiro deveria ter se assustado ou atacado desesperadamente; qualquer aventureiro teria feito isso. Afinal, eles eram tão estúpidos. No que dizia respeito aos goblins, todos, menos eles próprios, eram idiotas completos, todos eles pensavam assim.

Foi isso que os deixou com raiva, isso que os assustou. Não deveria haver ninguém além deles que não eram estúpidos.

Um círculo instável estava se formando com Matador de Goblins em seu centro. Cada um dos goblins estava confiante, embora não tivessem provas, de que ele próprio e apenas ele, não teria um destino cruel. Essa confiança infundada lentamente se transformou em medo: ele queria estar sozinho para evitar esse destino. Em todo o mundo, não existe um bravo goblin que não sinta medo, cada um pensa apenas em seus próprios ganhos, em triunfo, em se gabar de seu oponente. Caso contrário, por que eles atacariam as pessoas? Por que eles tentariam roubar das pessoas?

— GOORGBB?!

Matador de Goblins nem mesmo se virou na tentativa de emboscada; ele simplesmente pegou sua espada em um aperto reverso e a cravou no estômago da criatura. O goblin cujas entranhas estavam agora tão violentamente perturbadas desabou, uivando de dor, suas entranhas derramando-se no chão. Matador de Goblins deu um passo à frente e todos os goblins à sua frente deram um passo para trás.

A neve havia parado de cair, o vento parou de soprar, o cobertor branco sobre a aldeia em ruínas estava manchado de sangue e não seria mais coberto.

— GOBR…

— GBBBRG…

Os goblins se entreolharam, incertos. Isso não era o que eles esperavam. Devem todos atacar de uma vez? Mas quem daria o primeiro passo? Eles trabalharam seus pequenos cérebros desagradáveis ​​em uma luta pelo controle. Era o segundo ou terceiro goblin a agir que tinha mais a ganhar. Ninguém queria ser o primeiro. Mas…

— Do que vocês têm tanto medo, seus desleixados…?!

Um dos monstros parados na borda externa do ringue foi repentinamente varrido por um grito e um martelo de guerra. Era, desnecessário dizer, que era pertencente ao ogro. Ele deu um golpe frustrado de seu martelo para sacudir o sangue, então mostrou os dentes, enfurecido.

— Se vocês não podem nem mesmo me servir de escaramuça*, então me sirvam de aquecimento!

*(NT: Breve luta preliminar durante investida militar ou entre pequenos grupos de soldados).

Seu sangue estava fervendo com a perspectiva de vingança. Seus olhos brilharam, fazendo com que os goblins tremessem.

— GGORG!!

— GOR! GGOOBOG!

Com inimigos na frente e atrás, os goblins começaram a chorar. Se eles não apressassem o idiota, então tudo o que os esperava era a morte. E eles não queriam morrer, ninguém queria. Isso era tudo culpa do aventureiro, eles tinham certeza…

“Aquele aventureiro” não perdeu o instante de oportunidade que isso lhe proporcionou.

— Tolos — Matador de Goblins cuspiu, então atacou a borda do ringue, golpeando os inimigos com seu escudo. Seu tamanho e seu equipamento lhe davam tamanha vantagem de peso sobre os goblins que um ou dois deles nunca iriam pará-lo.

— GOOBG?! — ele derrubou um goblin, pisando nele enquanto ele passava, quebrando dois ou três ossos de seu inimigo, mas nunca diminuindo a velocidade.

— GRGG?! GBGO?!

— GOOROGOGO!

Os goblins não podiam suportar isso; eles enxamearam para a frente, tantos deles quanto puderam, usando seus aliados como escudos. Estaria tudo bem: os ataques do aventureiro atingiriam outra pessoa. Eles só precisariam matá-lo enquanto ele estava distraído…!

— 1…!

— GOOBG?!

Eles pensaram de forma correta, a espada do Matador de Goblins esfaqueou o primeiro goblin a alcançá-lo pela garganta; pior para ele. O segundo e o terceiro goblins voaram para o Matador de Goblins, mesmo enquanto riam sobre a forma como seu companheiro estava se afogando em seu próprio sangue.

— GOR?!

— GBBGR?!

Contudo…

Quando o que estava na frente ergueu seu porrete, ele o ergueu tanto que deu um tapa na cabeça de seu companheiro atrás dele; seu companheiro então lhe deu um chute raivoso.

O golpe da espada larga por trás, entretanto, atingiu o ombro do companheiro da frente; ele começou a uivar e se debater de dor.

— Hmph!

— GOOBOGR?!

Enquanto eles estavam brigando, Matador de Goblins trabalhou seu caminho mais perto da borda externa do círculo. Ele balançou uma espada que ainda tinha um cadáver, largou-a e matou mais dois ou três goblins com ela. Ele saltou no espaço que havia criado, socando um goblin no rosto com a mão direita livre.

A criatura uivou e cambaleou para trás, então ele agarrou a espada de sua cintura e a arremessou em um goblin mais adiante.

— GRGB?!

— Dois!

O goblin caiu para trás com uma espada brotando de sua garganta. Matador de Goblins o usou como um trampolim e correu.

Pise no corpo, dê o pontapé inicial. Altura, não muito alta. Tempo de espera, não muito longo. Enquanto está no ar, você não conseguiria se mover facilmente; você estaria indefeso.

— GOOG?!

— Isso dá três!

Ele pousou em um goblin ao atingir o chão, quebrando sua espinha, mas não acabou. Os goblins continuaram a pressionar em torno dele. Eles retiniram suas armas, cuspiram e gritaram uns com os outros. Matador de Goblins varreu com uma perna de uma postura baixa.

— GOBGR?!

Um goblin, infelizmente para ele, caiu para frente e, claro, havia outro atrás dele. Então, o que aconteceu?

— GR! GOROOGB?!

— GOBB?!

Ele estava esmagado, naturalmente. E aquele que o esmagou perdeu o equilíbrio. E o que está atrás dele?

— GOROG?!

— GOOBGGG?!

Tropeçar, pisar, se debater, lutar, ser sugado e cair; aconteceu com vários goblins em uma fileira.

Matador de Goblins, ainda em sua postura baixa, conseguiu superar a confusão em um instante.

— GOOB?!

Ele também não deixou de pegar emprestado um porrete de um dos goblins que se contorcia enquanto passava.

— Malditos goblins idiotas…! Como podem ter tantos de vocês e ainda serem tão inúteis?! — o outro monstro, seja lá o que for ele, estava muito zangado; Matador de Goblins o ouviu à distância enquanto ele próprio abria o crânio de um quarto goblin.

— GOBBG?!

Quatro. Ele trouxe o porrete de volta, ergueu-o para interceptar o próximo golpe e usou o impulso para atacar novamente. O goblin, momentaneamente confuso por ter sua arma rebatida, logo se viu atirado de volta em seus companheiros. Houve algumas provocações e ele parou de se mover. Matador de Goblins agarrou a lança de mão que o goblin havia deixado cair, jogando-a no grupo e confiando que acertaria algo.

— GOBBGRRG?!

Um goblin que agora tinha uma lança alojada em seu peito caiu para trás, levando alguns de seus companheiros com ele. Enquanto empurravam o corpo para longe, eles foram brevemente imobilizados novamente.

Matador de Goblins pegou todas as armas que eles largaram e começou a arremessá-las em todas as direções.

Era tudo apenas repetição. Deuses, onde quer que ele olhasse, eram goblins, goblins e mais goblins. Ele poderia balançar sua arma aleatoriamente e mataria algo.

Uma coisa que Matador de Goblins não poderia fazer: enfrentar um exército inteiro em um campo aberto e prevalecer. Felizmente, os goblins não tinham o conceito de táticas agrupadas adequadas. Pelo menos enquanto não houvesse um Lorde Goblin entre eles!

— GOOGG?!

— Isso dá doze! — Matador de Goblins disse, obviamente controlando seu ódio.

Fogo amigo, frustração, medo, raiva. O caos se espalhou como dominó caindo. E o tempo todo, Matador de Goblins trabalhava na rede cada vez mais esfarrapada.

— Aventureeiroooo!!

Esperando por ele estava aquele monstro enorme, Matador de Goblins manteve os olhos fixos na criatura, correndo em linha reta como uma das flechas de Alta Elfa Arqueira.

Lá estava aquele martelo enorme que deve ter tirado tantas vidas. O metal brilhou fracamente na luz refletida da neve, um golpe disso provavelmente seria crítico. Assim como naquela luta há muito tempo, ele não podia presumir que sobreviveria a tal golpe.

E o que ele tinha? Um porrete, um escudo e um punhado de itens diversos em sua bolsa.

Sem problemas.

Matador de Goblins estava tão baixo no chão que estava praticamente deitado, mas continuou a ganhar velocidade.

— Mooooorraaaa!! — o martelo de guerra desceu, produziu um vento uivante ao tentar esmagar seu crânio e estilhaçar sua espinha com um único golpe. Naquele instante, Matador de Goblins bateu com as duas mãos no chão, lama e neve acastanhada saltaram como um borrifo de uma poça.

A força do martelo causou isso ou ele estava apenas tentando parar com pressa? Apesar de tudo, o efeito foi o mesmo e imediato. Na hora exata e por um fio de cabelo, o brilho do martelo de guerra foi enterrado na frente do Matador de Goblins.

Suave!

Enquanto o ogro tentava desalojar seu martelo da lama, Matador de Goblins entrou em ação. Seu caminho mudou, como uma das flechas de Alta Elfa Arqueira.

— Ngrrrr!! — o ogro rugiu. O odiado aventureiro estava usando seu valioso martelo como plataforma de lançamento, um banquinho para ficar acima dele. Foi profundamente vergonhoso para o ogro. Ele mudou o aperto no martelo, preparando-se para desferir um golpe no aventureiro em seu lamentável equipamento.

Mas Matador de Goblins não poderia se importar menos com os sentimentos de um monstro cujo nome ele nem sabia. Claro que não. No momento em que atingiu o solo, ele rolou para neutralizar o impacto, então se levantou e continuou avançando. Ele estava se movendo, não em direção ao monstro, nem mesmo em direção a um goblin.

— Oh…

— Você está viva.

Sua voz era tão suave e a resposta de Matador de Goblins tão curta. A mulher pregada na cruz piscou. Atrás dele veio o uivo do ogro e seus goblins, o tempo nem foi curto; tampouco inexistente, Matador de Goblins usou seus escassos segundos para dizer algo à mulher.

— Isso vai doer, mas então vai acabar.

— …Ergh — a mulher assentiu fracamente. Com um movimento cruelmente mecânico, Matador de Goblins arrancou a mulher de sua cruz — Wah, ahh…?!

A mulher convulsionou quando as unhas rasgaram sua carne. Matador de Goblins colocou-a por cima do ombro. Havia outra, ele saltou para o lado, deslizando pela neve para se mover em direção a ela.

— Sua imundície!! Juntar-se com prisioneiras, parece que você tem todo o tempo do mundo, hein!! — o ogro bateu com o martelo no chão, parecendo que poderia matar com um olhar, com um sorriso brutal.

— Nada de especial — enquanto ele dava essa resposta silenciosa, Matador de Goblins varreu com uma mão que estava em sua bolsa de itens.

— Grah?! — houve um seco clack quando algo ricocheteou no rosto do ogro e manchas vermelhas se espalharam como flocos de neve. O monstro gritou e levou a mão ao rosto, cambaleando para trás.

Era uma casca de ovo, cheia de pimenta e outros agentes cegantes. Não importa o monstro, olhos e narizes sempre foram alvos convenientes.

— O que é isso, alguma… pegadinha infantil?!

O ogro o subestimou, o considerou muito levianamente. Assim como os goblins faziam com aqueles que pensavam serem mais fracos do que eles. O ogro estava vendo vermelho, literal e figurativamente, e deu um grande e descuidado golpe de seu martelo.

— GOROOGB?!

— GOB?! GOGR?!

Ele sentiu carne ser esmagada e dilacerada, mas eram apenas goblins, substituindo Matador de Goblins. O aventureiro, que usou seu escudo para empurrar os goblins na direção do ogro, continuou a se dirigir à próxima cativa. Ele não foi rápido, pois já tinha uma ex-prisioneira por cima do ombro. Ele estava, entretanto, fora do círculo. Ao lado do ogro, gritando com raiva e jogando sua arma ao redor. Os goblins só podiam assistir à distância e Matador de Goblins aproveitou ao máximo.

— Aqui vamos nós.

— Ok… — esta mulher respondeu com força em sua voz e quando ele a arrancou de sua cruz, ela mordeu o lábio e aguentou.

Agora as prisioneiras estavam livres, carregando-as como barris no ombro, Matador de Goblins se virou para enfrentar seus inimigos.

Seus movimentos seriam lentos agora. Ele tinha apenas uma mão livre, duvidava que pudesse usar uma arma. Se houvesse uma luta, ele provavelmente perderia.

Ele não precisava salvá-las, poderia tê-las abandonado, contudo esse pensamento nunca passou por sua mente. Se fosse Fazer ou Não fazer, então ele faria. Essa foi uma das primeiras coisas que ele aprendeu.

— Aventureiro imbecil… É assim que você deseja morrer? — o ogro, tendo finalmente limpado o pó cegante de seus olhos, torceu os lábios em um sorriso de tubarão.

Os humanos eram todos tolos: foi o que os goblins disseram e, pela primeira vez, eles estavam certos. Eles perderiam tempo resgatando reféns, fosse por alguma preocupação sobre o que as pessoas pensariam deles, ou por causa de seus próprios corações moles terminais, não importava. Havia alguns que teriam abandonado os cativos, mas gente como eles logo cairiam do caminho da Ordem de qualquer maneira.

Quanto à categoria em que esse aventureiro se enquadrava, estava claro para ver. E enviar seu tipo às profundezas do desespero, essa era a maior alegria dos seres Não-Propensos à Crença.

— Muito bem, como quiser, vou matá-lo enquanto aquelas garotas assistem. O azar delas é que seu suposto salvador seja um idiota…  — o ogro começou a se mover pesadamente para frente. Matador de Goblins não respondeu, apenas olhou para o céu. Além da brancura das nuvens, o sol podia ser visto brilhando, já havia passado de seu zênite. Estava brilhando mais forte do que nunca nesta temporada.

Este é o momento que estou esperando.

— GGBBOOR?! — um goblin deu um grito confuso. Vários outros, seguindo-o, olharam para o céu.

Era fumaça. A fumaça estava subindo. Eles podiam sentir o calor do vento. Línguas vermelhas lambiam os céus.

Incêndio. Uma conflagração*.

*(NT: Um grande incêndio).

— GROG?!

— GGOOBOR?!

— O qu…?! — o ogro estava quase sem palavras. Incêndios irromperam em toda a aldeia. Ele ignorou os goblins, que estavam ocupados, cada um tentando impor aos outros a responsabilidade de lidar com os incêndios. O cabo do martelo rangeu em sua mão.

Esse bastardo tinha reforços?!

Enquanto o ogro arregalava os olhos de espanto, Matador de Goblins cuspiu:

— Quem teria uma luta justa com gente como você?

A fumaça que soprava com o vento já começava a envolver a praça da aldeia. Os fios finos e cheios de tinta bloquearam a visão até mesmo daqueles que podiam enxergar no escuro. Ele sentiu o calor. Se ele pudesse bloquear sua visão com a fumaça aquecida pelo fogo, sua vantagem seria anulada.

O ogro não poderia saber.

Ele não poderia ter imaginado que Matador de Goblins havia pego os pedaços de gelo que ele havia cortado e Vaqueira polido e os colocado em vários locais ao redor da vila. Que enquanto esperava acampado pelo aparecimento de Matador de Goblins, o aventureiro estava calmamente preparando uma armadilha. Ou que a luz do sol focalizada através de um pedaço de gelo pode atingir temperaturas altas o suficiente para iniciar um incêndio. Ou que a madeira seca dessas casas, junto com pedaços de madeira e galhos enterrados, poderiam queimar perfeitamente bem apesar da neve. Ou que este homem conhecia mil e uma maneiras de interferir na habilidade dos goblins de enxergar no escuro.

— Eu não me importo com que tipo de monstro você é.

Os goblins estavam em alvoroço, apavorados; o ogro segurava seu martelo de guerra com os punhos trêmulos. A fumaça subiu, fuligem e brasas dançando. Meio obscurecido pela cortina de cinzas, o aventureiro falou com calma, sem paixão. Sua voz nunca falhou ou aumentou, quase mecânica.

— Mas eu vou matar todos os goblins.

 

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Matador de Goblins correu através das ondas de fumaça e espirais de fogo, as mulheres ainda penduradas em seus ombros.

— GOORGB!

— GB! GOR!

Ao redor deles havia o hediondo tagarelar dos goblins, mas embora os monstros pudessem ver no escuro, a fumaça ainda os cegava. Fez o mesmo com o ogro, que podia ser ouvido enfurecido e destruindo os prédios já destruídos ao seu redor. As mulheres estremeciam de medo a cada estalo e rugido, mas Matador de Goblins não ligava para eles. Cada segundo, cada instante era precioso, já estavam em menor número, eles absolutamente não devem perder a iniciativa.

Matador de Goblins largou os corpos das mulheres por uma fração de segundo, vasculhando sua bolsa de itens. Ele retirou um punhado de pequenas pedras afiadas e espalhou-as no chão atrás de si.

— GOORGB?!

— GGBB?!

Os goblins que os perseguiam, Matador de Goblins simplesmente presumiu que eles estavam lá, gritaram de dor. Os ferimentos nos pés os retardariam, tornando mais difícil para eles atravessarem ou contornarem as fogueiras.

Isso acabará com alguns deles.

Em seguida, ele jogou uma pedra em uma direção aleatória. Ela colidiu em algo de metal, ricocheteando.

— GGOBR!

— GORB! GGBRO!

Vários goblins puderam ser ouvidos gritando e correndo na direção da pedra. Sem hesitar, Matador de Goblins arremessou sua adaga na direção deles.

— GOOBRG?!

Um grito, provavelmente com um novo piercing na garganta. A altura correta estava gravada em sua memória, ele estava acostumado a lutar sem ser capaz de ver, mas não é assim com os goblins. Nenhum goblin imaginou que poderia se encontrar em tal situação.

Não há razão para não reduzir a vantagem do inimigo.

Foi isso que Matador de Goblins determinou e ele ficou satisfeito com os resultados.

Então, enquanto os goblins estavam ocupados sendo confundidos, Matador de Goblins foi para um poço que ele avistou.

— Vou colocá-las aqui agora.

— …O q…?

Uma voz assustada. Goblin Slayer* silenciosamente as assegurou que as coisas ficariam bem, então colocou anéis nas mãos enfaixadas das mulheres.

— Vocês serão capazes de respirar. É improvável que eles encontrem vocês. Até que as coisas se acalmem, escondam-se aqui e esperem.

— …Ah… Mmm…

Ele viu os leves acenos das mulheres, então as sentou no balde no poço e as abaixou. Ouviu-se um som pesado de algo batendo na água, depois um segundo. Os goblins ao redor, entretanto, não estavam prestando atenção em tais coisas. Eles provavelmente nem perceberam.

Isso vai servir.

Se sua velha amiga conseguisse alertar alguém, então aventureiros estariam chegando. Considerando a situação, eles não mandariam ninguém sem instrução suficiente para não procurar por sobreviventes. Ele poderia ter certeza de que mesmo se ele morresse aqui, aquelas garotas seriam salvas…

— ………Mmm.

Quando seus pensamentos chegaram a esse ponto, Matador de Goblins grunhiu baixinho. Ele pode morrer. Era apropriado planejar tal acontecimento e não era nada que ele pudesse reclamar agora. E ainda, de repente, ele encontrou pensamentos de Vaqueira e Sacerdotisa, Garota da Guilda, todos os seus amigos e companheiros, passando por sua mente.

Eles ficariam tristes? Provavelmente. Outros também, mas era perfeitamente comum que um aventureiro morresse. Ele tinha certeza de que beberiam um pouco de vinho, começariam a conversar e rir e, um dia, poderiam voltar à sua vida normal.

Perfeito — ele sussurrou. Ele não poderia desejar mais, para ser tratado como um aventureiro!

— Mas pode não ser hoje.

Matador de Goblins deixou de lado sua imaginação feliz, voltando à realidade. Morte… a própria morte era algo a se aceitar, mas ele não pretendia morrer. As duas coisas eram muito diferentes uma da outra.

— Agora, então…

Ele verificou sua arma e equipamento, revisou o mapa mental da vila que ele teve o cuidado de fazer.

— GGBORB!

— GOROOBG!

Os goblins gritaram de todas as direções. Não significou muito, mas ele também podia ouvir o ogro zurrando.

— Perdeu a coragem, aventureiro?! Você e seus truques… Isso é tudo que te deu a vitória sobre meu irmão!!

— Eu concordo — Matador de Goblins não sabia quem era esse irmão, mas ele sempre usava truques, então tinha certeza de que o ogro estava falando a verdade.

Ele pegou um pouco da lama e da neve derretida a seus pés e jogou na direção dos gritos. Isso foi um tapa molhado e o ogro rugiu.

— Ai está você!!

— Aqui estou eu — Matador de Goblins murmurou e então girou nos calcanhares e correu.

Corra, corra, corra, corra. Corra como uma espada cortando a fumaça, corra para um lugar.

Era óbvio que os goblins, e mesmo o que quer que fosse aquilo que os liderava, não conheciam a geografia desta aldeia.

Sabia que eles eram idiotas.

O monstro o seguia cegamente, sem nenhuma ideia para onde sua presa o estava levando.

Um momento depois, a fumaça se dissipou abruptamente. Eles haviam chegado a um espaço aberto o suficiente para que houvesse algum lugar para onde ir. O ogro piscou para tirar o resto da fumaça dos olhos e deu um passo tremendo para a frente. Lá estava, finalmente, o aventureiro. Sua armadura de couro encardida, seu capacete de metal de aparência barata, aquela espada de comprimento estranho, aquele escudo redondo em seu braço. Um homem patético; um novato teria um equipamento melhor.

— Perdeu as mulheres, aventureiro?!

Matador de Goblins não respondeu, mas lentamente deslizou para trás, passo a passo, medindo sua distância.

O ogro interpretou isso como medo e riu como se tivesse encontrado uma nova presa para devorar.

— Eu sei o que aconteceu! Você as abandonou quando elas ficaram muito pesadas! As jogou fora como dois sacos de farinha, seu desgraçado!

Atrás de seu visor, Matador de Goblins grunhiu baixinho. Goblins estavam saindo por trás do ogro. Havia ainda mais deles do que ele pensava. Sobreviventes desagradáveis ​​e espertos que abriram caminho através do fogo e da fumaça, passando pelos trapos de seu mestre, para estar aqui agora.

Então Matador de Goblins deu mais um passo para trás. O ogro diminuiu a distância e os goblins o seguiram.

— GOOBORG!

— GGBRG!

Os goblins se entreolharam com risadas sussurradas. Esse aventureiro estava praticamente morto, isso iria funcionar, eles sobreviveram, eles seriam recompensados. Não havia dúvida. Tudo isso era a coisa mais óbvia do mundo para os goblins, nunca duvidaram de que suas proezas e capacidades eram claras para todos e que receberiam uma compensação proporcional a todo o trabalho que haviam feito.

Mais uma razão para trazer dor para aquele aventureiro. A cabeça seria ideal, mas pelo menos um dedo ou dois. Eles precisavam de uma prova de que ele estava morto, de que o trabalho estava feito.

No mínimo, eles sempre podiam roubar os troféus do desleixado que havia feito o trabalho.

Batendo uns nos outros, olhando uns aos outros com desconfiança, a multidão de goblins cercou o aventureiro.

— ……

Matador de Goblins não disse nada, apenas segurou sua espada em sua mão, olhando para eles. Ele girou em um círculo, mantendo os monstros à distância. Se todos eles viessem para ele de uma vez, estaria acabado. Ele sabia disso muito bem.

Mantendo um olho atento na distância cada vez menor entre ele e seus inimigos, Matador de Goblins deu mais um passo para trás.

Então o ogro rompeu facilmente o anel em torno de Matador de Goblins, aproximando-se dele. Em suas mãos estava o enorme martelo de guerra, sem dúvida capaz de esmagar qualquer pessoa infeliz o suficiente para estar debaixo dele quando desabasse. O ogro deu um grande golpe no ar, provocando o aventureiro.

— Uma mancha viva e patética de aventureiro como você… Arrependa-se e depois vá para a morte, batido como um prego de caixão!

— Quero perguntar uma coisa — Matador de Goblins disse. Ele olhou através de sua bolsa de itens, pegando algo em sua mão — Este seu irmão… ele também era capaz de nada além de balançar sua arma?

— …?! — o ogro prendeu a respiração; ele não viu exatamente o que a pergunta estava pedindo, mas a nota de desprezo era muito óbvia.

Se sim, então talvez eu me lembre — continuou o aventureiro — Havia um goblin enorme sob a cidade aquática.

— Mas — Matador de Goblins disse, perplexo — Você não parece ser um goblin.

— Seu miserável, chorão, sujo…!! — o martelo desceu com um golpe reverberante, espalhando neve e gelo. Matador de Goblins saltou para trás, quase rolando para longe. O ogro praguejou e cuspiu enquanto limpava o gelo de sua arma.

— Achei que meu martelo fosse o suficiente para esmagar um inseto como você, mas…! — ele apontou com a mão estendida. Matador de Goblins viu a luz se formando na ponta de seu dedo — Carbunculus… Crescunt…!

A magia começou a girar, esquentando o ar enquanto as palavras do feitiço explodiam. A luz mudou para chama; a chama se fundiu em uma esfera, aumentando de intensidade, secando o ar, brilhando intensamente. Finalmente, no seu estado mais quente absoluto, ardendo em vermelho, azul e até branco, iluminou todo o campo, sob as nuvens.

A neve vaporizou, transformando-se em vapor. Matador de Goblins caiu em uma postura baixa. Por mais brilhante que pudesse ser, não era nada comparado com a luz dela.

Iacta?! — naquele momento, quando sua bola de fogo disparou para longe dele…  — O quê… O quê…?! — seus pés escorregaram. Ou melhor, eles afundaram. Sua bola de fogo disparou em uma direção aleatória e depois afundou também, causando uma explosão de vapor quente.

Isso era impossível. O ogro piscou e olhou em volta. A visão bizarra não parou com o que estava sob seus pés.

— GBOORGB?!

— GOBR?! GOORGB?!

Os goblins estavam se afogando. Primeiro, seus pés afundaram, depois afundaram até o peito, depois até a cabeça, até que apenas seus braços agitados ainda estivessem visíveis acima da superfície da… terra.

A Terra?

Pela primeira vez, o ogro percebeu o frio perfurante e cortante.

Isso não era terra. Não era terra! Isso era… era água!

— A-aventureiro…!! — ele procurou por seu arqui-inimigo como se para encontrar uma resposta, mas o aventureiro foi embora sem deixar vestígios — Maldito seja vocêêêê!!

O martelo do ogro, no qual ele colocara tanto estoque, agora o arrastava para baixo com seu peso. Na água escura, onde o ogro foi engolido por goblins sufocados.

Matador de Goblins assistia tudo isso atentamente de perto. Ele havia se jogado em um dos buracos no gelo que havia cavado antes. Cintilando em sua mão estava um anel de respiração. A faísca gotejante era sua tábua de salvação.

Não importava se alguém pudesse usar magia ou ter um grande martelo de guerra: desferiu um golpe violento na superfície de um lago congelado e era isso que acontecera. Se alguém soubesse que isso aconteceria, poderia pular na água primeiro. Então não haveria agitação, nem afogamento.

E isso eliminou todos os goblins de uma só vez, ou talvez não; ainda pode haver sobreviventes na aldeia. Puxando-se para cima pela grama na costa, ele lançou seu corpo encharcado para a terra. De quatro, ele cuspiu um suspiro, depois caiu de costas e inalou agradecido.

Seu corpo parecia estranhamente pesado. Era fadiga? Sem dúvida. Frio também. Ele estava terrivelmente cansado.

— ……

Duas, três vezes ele inspirou e expirou, depois se levantou com dificuldade. Não queria dar nem mesmo um único passo, mas ele tinha que se mover. Pois bem, ele se moveria, tudo era uma questão de Fazer ou Não fazer, não havia Tentar. Não era uma questão de poder ou não poder.

Não era hora de contar. E ele não tinha ideia de quantos goblins poderiam ter sido deixados na aldeia, mas Matador de Goblins precisava acabar com eles.

— …Hora de ir.

Ele olhou na direção da aldeia: a fumaça ainda subia das casas; gritos de goblin ainda podiam ser ouvidos. As mulheres ainda estavam escondidas; elas não foram encontradas, mas ele não queria deixá-las esperando. Aquela garota, sua velha amiga, ele sempre a fazia esperar. Hoje, pelo menos, ele poderia se apressar.

— Como se chamava…?

Esse monstro?

Matador de Goblins pensou por um momento, mas o cansaço impediu que a palavra viesse à sua mente.

Que seja, em vez de pensar mais, ele se virou em direção ao lago e suspirou.

— Eu tenho goblins para…

— Aven… turei… rooooo!!!!

Um gêiser de água explodiu para cima. Cortando e tossindo, o gigante veio voando alto para o céu antes de pousar no chão com todo o seu peso.

É difícil dizer se Matador de Goblins entendeu imediatamente o que aconteceu. Se ele percebeu que o ogro, em vez de largar o martelo, havia afundado deliberadamente, que ele havia chutado com força do fundo do lago.

Independentemente disso, Matador de Goblins moveu seus braços e pernas pesadas, preparando seu escudo, segurando sua espada, preparado para receber seu atacante.

Ele podia ver o monstro se aproximando, a força fatal fechando-se sobre ele, e ele… ele…

 

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Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda tua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão!

 

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Houve um flash de luz, tão brilhante e tão intenso que parecia que o sol estava caindo sobre a terra.

— Nrraghh?! — o ogro, temporariamente cego, tropeçou. Ele não sabia mais onde estava batendo o martelo. Matador de Goblins, quase incapaz de acreditar no que estava acontecendo, deu um pontapé no chão e saltou para trás.

Por um fio de cabelo. O martelo bateu forte, lançando um jato de neve e gelo, e água também.

Não deveria ser possível. Matador de Goblins ficou de pé, prendendo a respiração.

Ele tinha ouvido uma voz que nunca deveria ter sido capaz de ouvir, mas era isso.

— Matador de Goblins, senhor! — a voz traiu muita ansiedade misturada com uma alegria ainda maior. Ele podia ouvir a garota chamando da borda da montanha. Matador de Goblins se virou para ela.

Lá.

Lá estava ela, ela e seus companheiros, andando em um trenó. Sacerdotisa estava à frente do grupo, seu cajado erguido bem alto. O vento açoitou seu cabelo dourado em suas bochechas e testa, mas seus olhos nunca vacilaram e a pele de seu rosto estava vermelha.

— Desta vez… nós conseguimos…!

Matador de Goblins sorriu. Dentro de seu capacete, seus lábios se curvaram levemente, nada mais.

— Um trenó de pano?

— Sim, de fato — Anão Xamã riu, deslizando pela neve e pulando ao lado do Matador de Goblins — Esta garota aqui, disse para molhar um cobertor na água e, em seguida, usar Clima para congelá-lo.

— Ha-ha-ha-ha-ha, ela realmente absorveu os ensinamentos de Milorde Matador de Goblins.

— Ensinamentos? Mais como a loucura! Orcbolg está corrompendo nossa jovem, eu lhes digo!

Lagarto Sacerdote, balançando levemente, e Alta Elfa Arqueira vieram em seguida; Sacerdotisa corou ainda mais.

Ela tentou oferecer um mínimo de objeção — Bem, eu…

Mas Matador de Goblins balançou a cabeça.

— Foi uma boa ideia — ele disse brevemente, tentando manter sua voz calma — Obrigado.

— …Sim senhor! — seu sorriso era tão brilhante que rivalizava com o milagre de um momento atrás — Mas não deveria haver mais alguém aqui…?

Ela queria dizer Vaqueira, provavelmente. Ela parecia tão atenciosa. Matador de Goblins assentiu.

— Ela está segura — disse ele e então, talvez pensando que não era o suficiente, acrescentou — Eu a fiz fugir.

— Graças a Deus… — Sacerdotisa colocou a mão em seu peito.

— Imaginei isso — Alta Elfa Arqueira, uma flecha na mão, agilmente pousou no chão ao lado de Sacerdotisa — Tenho de dizer que podemos ver você de muito longe — ela parecia completamente entediada enquanto observava o enorme monstro se levantar, apoiando-se no martelo — E acabou sendo um ogro, de todas as coisas. Aqui, de todos os lugares…

— Ogro — Matador de Goblins ecoou distraidamente — Então é assim que se chama.

— Você poderia pelo menos se lembrar disso! — Alta Elfa Arqueira ergueu os olhos para o céu — Nós lutamos contra um em nossa primeira aventura!

— Aventura… — Matador de Goblins olhou para o ogro, pensando naquelas ruínas. Então era isso, aquilo foi uma aventura — …Vou me lembrar disso.

O capacete balançou a cabeça lentamente, resultando em um satisfeito “Tudo bem!” de Alta Elfa Arqueira.

— Nesse caso, suponho que se possa chamar isso de revanche. Uma esplêndida oportunidade de reparar a humilhação de nosso último encontro — Lagarto Sacerdote sorriu alegremente, isto é, assustadoramente.

Anão Xamã tomou um gole de vinho de fogo.

— Então, qual é o plano, Corta Barbas? Acabamos de terminar nossa própria aventura e estamos nos sentindo um pouco abatidos.

— …Eu tenho um plano — Matador de Goblins respondeu. Ele sempre tinha uma carta na manga, por assim dizer. Com todos eles reunidos, haviam vários planos — Vamos fazer isso.

— Sim, vamos lá…!

O grupo se moveu como um só, Matador de Goblins caiu em uma postura baixa, espada e escudo em punho. Lagarto Sacerdote estava ao lado dele com uma garrespada polida. Alta Elfa Arqueira puxou a corda do arco, enquanto ao lado de Sacerdotisa com seu cajado, Anão Xamã estava alcançando sua bolsa de catalisadores.

Era uma formação que eles usaram muitas e muitas vezes. Um estratagema familiar para enfrentar qualquer monstro.

O ogro, com o martelo na mão, olhou de soslaio para a cena.

— Eu entendo agora…!

Aventureiros.

Eles eram aventureiros.

— Entendo o que você é!!

— Eu concordo — Matador de Goblins repetiu — Eu acho que você entendeu!

E então, apesar de todo o cansaço, ele se lançou para frente.

 

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— Nrrragghhh!!

O rugido foi acompanhado pelo estrondo de um martelo, mas cada um dos aventureiros se esquivou com agilidade. Um golpe seria fatal: isso, pelo menos, não era diferente de antes.

Alta Elfa Arqueira franziu a testa, fixando a mira enquanto gritava.

— O que estamos fazendo, Orcbolg?!

— A queda — Matador de Goblins disse brevemente.

— Você já não fez isso?! — suas flechas vieram ainda mais rápido do que suas palavras, alojando-se no peito do ogro, uma após a outra, mas ele quebrou as flechas com um grande golpe de seu martelo, o dano nem mesmo o perturbou.

— Um pobre show, elfo!!

— Caramba! — Alta Elfa Arqueira saltou para longe do martelo que veio para ela em resposta. Esse enorme pedaço de metal não era brincadeira. Se acertasse, ela teria sorte se ainda tivesse um membro para atirar. Quando se imaginou sendo esmagada como um inseto sob a palma da mão de alguém, o sangue foi drenado de seu rosto delicado.

Julgando diligentemente sua distância, no entanto, Matador de Goblins disse, como se fosse completamente natural — Faremos de novo.

— Aw, para…! — Tudo bem. Alta Elfa Arqueira sorriu como se eles não estivessem em apuros, correndo tão levemente que mal deixou uma pegada na neve.

Matador de Goblins olhou para sua arqueira, olhando para seu disparo, mas sua pergunta era para Anão Xamã.

— Feitiços?

— Acho que consigo mais um ou dois.

— Guarde um para mim.

— Vou guardar!

Finalmente, Matador de Goblins olhou para Sacerdotisa. Ela estava preparando sua funda. Havia determinação em sua expressão, mas suas bochechas estavam pálidas de cansaço. Podia até não ter sobrado o suficiente para pedir por outro milagre.

— Não…

— …faça nenhuma loucura? Não farei — Sacerdotisa respondeu com firmeza, com um sorriso conhecedor — Se loucura ou exagero podem me ajudar a vencer, então não é problema nenhum.

— Bom — Matador de Goblins assentiu. Então olhou para trás, para a competição entre o ogro e Alta Elfa Arqueira. Alta Elfa Arqueira atirou, correu, saltou, forçando a mão do ogro. O martelo bateu no tronco de uma árvore, quebrando um galho, mas ela tremeluziu como um raio de sol e de repente ela estava no próximo galho. A floresta poderia estar morta e seca, mas ainda era uma floresta. A elfa era como um peixe na água. Ela seria capaz de resistir por um tempo ainda.

— O que você acha? — perguntou Matador de Goblins.

— Talvez você tenha ouvido a música cantada há muito tempo e em um lugar muito distante? — Lagarto Sacerdote deu um tapa no ombro do Matador de Goblins com o rabo, revirando os olhos com alegria genuína — Dizem que um gigante, por maior que seja, não pode correr da gravidade. E quando alguém anda com apenas dois pés…

— Está resolvido, então — Matador de Goblins puxou um gancho de sua bolsa de itens, jogando a ponta do gancho para Lagarto Sacerdote — Puxe com força.

— E amarre-o na árvore mais resistente que puder encontrar, tenho certeza. Entendido!

Apenas esse punhado de palavras foi o suficiente e duas figuras saíram correndo pela neve. Assim que Alta Elfa Arqueira os viu, ela soube qual era o plano deles. Ela agarrou um galho e subiu no topo de uma árvore, tão levemente que parecia não pesar nada.

— Trabalhe comigo!

— Ok!

Ouvindo a voz de seu temível companheiro, Sacerdotisa mirou com uma pedra em sua funda. Ela a mandou voando com um zumbido e, talvez porque seu alvo fosse tão grande, ou talvez graças a todo seu treino, ela acertou o ogro no rosto.

— Boa tentativa! Acha que uma pedra atirada por uma garotinha vai fazer alguma coisa comigo?

— Que tal isso, então? Tenho mais do que apenas flechas para você desta vez…! — Alta Elfa Arqueira pegou uma flecha de sua aljava, mordeu-a com força com seus pequenos dentes brancos e a prendeu em seu arco. A corda do arco cantou, quase musicalmente, quando ela a lançou. Formava uma linha reta perfeita em direção ao ogro…

— Gragh?!

Assim que atingiu seu globo ocular, quebrou e estilhaçou. O ogro parecia chocado.

— Heh — Alta Elfa Arqueira fungou com orgulho, balançando-se para outro ponto de vantagem — Você apenas puxou minhas outras flechas e se curou delas, então pensei em tentar algo diferente. Elfos são famosos por sua inteligência, sabe?!

Não teria tanta certeza sobre isso — as orelhas compridas de Alta Elfa Arqueira se contraíram ao ouvir o comentário resmungado do Anão Xamã. Ela queria atirar em algo de volta, mas eles estavam no meio de uma batalha. Ela manteve sua calma.

— Agora ou nunca, Orcbolg!

Matador de Goblins não respondeu. Lagarto Sacerdote terminou de amarrar a corda em torno de um tronco de árvore.

— Pronto, Milorde Matador de Goblins!

Matador de Goblins se abaixou ao redor dos pés do ogro, uma, depois duas vezes. Uma armadilha de gancho poderia fazer com que até os goblins se espatifarem no chão. Não havia nenhuma maneira de que uma criatura tão grande falhasse em cair.

— Groohhh…!!

Ele puxou a corda com força; lutou contra o peso do ogro. Se forçou a não escorregar na neve. Cerrou os dentes, o cansaço endurecendo seus músculos.

— Nrrrragghhh…! Pensar que um truque tão infantil poderia…!!

O mesmo acontecia com o ogro. Ele se enraizou, tentando fazer seu corpo cambaleante ficar ereto enquanto tentava tirar os estilhaços de seus olhos. Ele estava colocando um fim nisso, esqueça sobre atormentá-los; ele simplesmente massacraria todos eles.

Carbunculus… Crescunt

Ele apontou o dedo novamente, palavras de verdadeiro poder saindo de sua boca. A luz mágica brilhou nas pontas de seus dedos. Lagarto Sacerdote, empurrando o tronco da árvore para evitar que caísse, arregalou os olhos. Eles precisavam dele, o maior do grupo, para manter o gancho preso na posição.

— Feitiço de bola de fogo iminente…!!

— Já ouvimos isso antes! — Alta Elfa Arqueira franziu o cenho. Foi o anão quem fez isso daquela vez?

— …Aqui… vai…! — a menor figura de todas, a de Sacerdotisa, moveu-se para enfrentar a tempestade de magia. Ela ergueu seu cajado com as duas mãos, como se se agarrasse a ele; com determinação em seu coração e seus olhos fechados, ela proclamou as palavras de seu encantamento.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda tua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão…!!

O milagre da Luz Sagrada já havia sido usado uma vez, não muito antes. Se o inimigo sabia que estava chegando, bastava fechar os olhos por um instante contra o clarão. Era bastante eficaz para cegar os oponentes, mas também não era nada mais do que isso.

Então o ogro, reconhecendo o que estava acontecendo, desviou o olhar de Sacerdotisa…

— …?!

…e então seus olhos se arregalaram quando nada aconteceu.

Quando Sacerdotisa viu sua expressão, um sorriso ousado e inesperado cruzou seu rosto ainda jovem e manchado de suor.

Não estou surpresa. Ela apontou seu cajado diretamente para o ogro, seu pequeno peito explodindo de orgulho. Eu só disse as palavras da oração!

— Agora! — ela exclamou.

— Entendido!! — Anão Xamã, com a boca cheia de vinho de fogo já pronto para ir, gravou um símbolo no ar com os dedos — Pixies, pixies, depressa, rápido! Nada de doces para vocês, só preciso de travessuras!

E fadas adoravam travessuras, se houvesse um trabalho a ser feito às pressas, elas viriam correndo de bom grado. Pequenas criaturas aladas risonhas colocaram os pés do ogro em um nó.

Agora, apenas uma coisa poderia acontecer.

— Gaaaaaahhhhh?! — o ogro perdeu a concentração, suas palavras de verdadeiro poder sumindo no ar, a luz sumindo de seus dedos. Incapaz de colocar os pés, ele caiu desamparado para trás, rolando no lago.

— Yaaah…! — quando um gêiser espirrou no ar, Matador de Goblins saltou. Um grito e ele estava voando, mirou no peito do ogro afundando, sua espada em um punho reverso — Corte a corda…!

— Então cortarei! — Lagarto Sacerdote uivou e então cortou a corda com suas garras afiadas. A corda saltou e o ogro, sem mais nada em que se agarrar, deslizou direto para a água.

Mesmo enquanto o ogro se debatia e afundava, Matador de Goblins enfiou sua lâmina na garganta do monstro e torceu.

— Gragh?! A-aventureiro…!! — assolado pela dor e sufocando com sangue, os olhos do ogro ainda brilhavam.

 

 

 

Ah, a criatura estava avariada, mas não foi um golpe crítico. Este aventureiro, com sua pobre lâmina, não poderia esperar privar um ogro de sua vida com um ataque decisivo. Ele era um mágico de um truque só, pensou o ogro. Ele simplesmente afundaria novamente e voltaria a subir. Embora usar o mesmo truque duas vezes fosse um sinal de desespero…

— Aquela garotinha e sua amiga elfa também… vou brincar com elas enquanto você assiste…!! — o ogro cuspiu. Matador de Goblins olhou desapaixonadamente em seu rosto. Um único olho vermelho, brilhando como fogo, olhou para o ogro.

E então ele falou. Com calma, mecanicamente, em uma voz tão fria como o vento soprando em um vale.

Hmm...

— O q…?

— E estamos de pé!! — antes que o ogro pudesse compreender o que ele queria dizer, Anão Xamã estava gritando. Seus dedos grossos formaram um sigilo após o outro no ar — Saiam, seus gnomos, e deixem ir! Aí vem, olhem abaixo! Virem esses baldes de cabeça para baixo; esvaziem tudo no chão!

O ogro, sentindo-se tão pesado e lento como se estivesse acorrentado, afundou na água gelada.

— O qu… Por que… Seu fedor… Av… ventureiroooo…!! — a água escura encheu sua boca, seu nariz. Ele tossiu e tossiu até não conseguir mais falar.

Matador de Goblins chutou o peito do ogro, saltando para a margem. Quanto à sua espada, ele a deixou na garganta do monstro.

O ogro tentou observá-lo, manter o foco nele, mas a água escura já estava se fechando em torno dele e ele não conseguia ver nada. A água agarrou-se a ele como se fosse lamacenta, mas não importava o quanto ele lutasse e nadasse, não conseguia encontrar nada em que se segurar. Ele estava sendo forçado a cair. Muito, muito devagar.

Você acha que ele já percebeu que era obra de Controle de Queda?

O ogro queria pular para a terra. Ele gostaria de poder despedaçar os aventureiros, não queria uma morte patética como essa, não queria se afogar. Não, mas seu grito se transformou em bolhas, estourando e desaparecendo antes que alcançassem a superfície do lago.

E esse foi o seu fim.

— …Então acabou — Matador de Goblins se ergueu na costa e rolou, claramente exausto. Seu corpo parecia ainda mais pesado do que antes. Era como se todo o seu ser fosse feito de chumbo. Até mesmo respirar estava difícil e ele sentiu um impulso de tirar o capacete. Não, ele não deve, ainda haviam goblins. Ainda haviam goblins. Ele não conseguiu tirar, ainda haviam…

— Matador de Goblins, senhor, aqui.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma oferta galante de uma garrafa ao lado dele. Ele olhou e viu Sacerdotisa, obviamente cansada, olhando através de seu visor e segurando uma poção de resistência.

— Ah — Matador de Goblins disse, sua voz arranhando — …Obrigado, isso ajuda.

— Não precisa agradecer — Sacerdotisa respondeu, corando timidamente e olhando para baixo — Você está sempre me ajudando.

É assim mesmo? Matador de Goblins bebeu a poção.

Isso mesmo. Sacerdotisa se sentou pesadamente ao lado dele.

Matador de Goblins foi finalmente capaz de respirar profundamente.

— Cara, acabamos de pegar um ogro de cabeça erguida — disse Alta Elfa Arqueira, como se não pudesse acreditar. Ela olhou para a água, sua superfície ainda perturbada por pequenas ondulações. Então ela deu um aceno triunfante de suas orelhas e se virou para o grupo com um largo sorriso — Isso não nos torna tão bons quanto aventureiros de rank Ouro?!

— Não comece — Anão Xamã disse com um aceno de mão desdenhoso — Depois de se tornar Ouro, você se envolve em política e isso tudo é muito perigo e nenhum lucro.

— Ah, sim, acho que sim — Alta Elfa Arqueira respondeu, parecendo desapontada. Ela parecia ter esquecido completamente sua pequena discussão com o anão no meio da batalha.

Tão simples, Anão Xamã riu para si mesmo, acariciando sua barba e tomando um gole de vinho.

— Ainda assim, alguém pode ter a força de um ouro, mas para evitar todo o incômodo, continua sendo prata. Bem, usar um rank menor é ​​o melhor — Lagarto Sacerdote, libertando o gancho de onde estava alojado na árvore, revirou os olhos feliz. A corda foi cortada, mas o próprio gancho ainda estava bom. Os verdadeiros aventureiros sabiam da importância de reutilizar materiais sempre que possível, até mesmo pequenas coisas como essa.

— Isso é de alta qualidade — acrescentou ele, erguendo o martelo de guerra que o ogro havia largado durante suas lutas. Homens-lagarto, por tradição, lutavam apenas com suas presas e garras e não usavam armas, mas mesmo assim, eles tinham um olho aguçado para artefatos de metal valiosos. Não era uma caveira ou coração, mas daria um belo troféu.

— O saque é importante… Agora, Milorde Matador de Goblins, presumo que a limpeza venha a seguir.

— Sim — Matador de Goblins deu um pequeno aceno de cabeça e olhou para a aldeia em ruínas, de onde a fumaça ainda subia. Ainda haviam goblins por aí e as mulheres anteriormente cativas permaneceram no poço, esperando a batalha terminar. Agora que a verdadeira luta havia acabado, eles tinham que amarrar as pontas soltas. Reduzir o número de goblins no mundo.

Havia uma montanha de coisas que ainda precisavam ser feitas e, portanto, não era seu dia de morrer.

— Então… Um ogro, não é? — Matador de Goblins sentiu sua força voltando graças à poção; ele se levantou, cambaleou ligeiramente e Sacerdotisa o apoiou com uma mão delicada. Matador de Goblins falou novamente — Goblins são muito mais assustadores.

Eu entendi o porquê de colocar “O assassino de goblin, ou O matador de goblin”, mas como a frase ainda está se referindo ao Matador de Goblins eu prefiro manter o Goblin Slayer padrão, para também não confundir

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Sonny

 

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Vol. 09 – Cap. 08