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Matador de Goblins – Vol. 09 – Cap. 05 – Na Caverna, A Sombra de Um Monstro

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Os aventureiros escolheram não esperar pelo anoitecer, mas escalar a montanha do norte imediatamente.

— Felizmente, gastamos apenas um feitiço — Lagarto Sacerdote disse tão calmamente como se estivesse falando sobre como preparar o jantar — Acredito que nossa melhor oportunidade seja atacar primeiro e encerrar logo o assunto.

Não houveram objeções. Assim que Clériga Aprendiz e Sacerdotisa terminaram de orar pelas almas que partiram do menino-lebre e dos pé-grandes, eles partiram. Felizmente, se é que se pode dizer isso, a dificuldade desse caminho foi muito menor do que os desafios que eles enfrentaram no caminho para a aldeia.

— Eles não dão a mínima para onde estão caminhando — Caçador Homem-Lebre reclamou do líder do grupo. E, de fato, os tremores pareciam ter simplesmente afastado as árvores enquanto avançavam. Isso pelo menos tornou o caminho plano e simples e tão claramente marcado que eles não poderiam se perder nem mesmo na nevasca.

Sacerdotisa soltou um suspiro de alívio, mas ela ainda não relaxou muito.

— A casa deles é muito longe?

— Nah — Caçador Homem-Lebre respondeu com um salto, apontando com um dedo peludo — Olhe, é bem ali.

Através da neve que soprava, um único ponto escuro destacou-se contra as fendas da montanha, espalhando-se como uma mancha.

— Uma caverna… Que típico — observou Alta Elfa Arqueira, olhando para a entrada e sacudindo as orelhas.

— Você pode ouvir alguma coisa? — Sacerdotisa perguntou.

— Hm… Isso é… música? — ela franziu o cenho — Tambores eu acho, apenas uma batida desafinada, como anões em uma festa com bebidas.

— Ah, pare. Melhor do que bebericar nosso vinho delicadamente como um bando de elfos — Anão Xamã deu um puxão irritado na barba e bebeu um pouco de vinho — Algo sobre isso me incomoda, no entanto.

— E o que é?

— Os espíritos. É muito bom para os espíritos do gelo e da neve dançarem, mas eles realmente se deixaram levar. Sem inibições.

— Bem, sim, é inverno — Alta Elfa Arqueira estufou o peito como se quisesse enfatizar que preocupação boba era essa, mas Anão Xamã olhou para ela como se ela fosse humana.

— …O que quero dizer é que eles não estão se preparando para receber os espíritos da primavera — ele suspirou e tomou outro gole. Então passou a jarra para Lagarto Sacerdote, que estava observando silenciosamente a entrada da caverna.

— Agradeço — disse o homem-lagarto, tomando um gole ruidoso — Então o que você está dizendo é que não tem a menor sensação de que a primavera está chegando?

— Não por aqui, de qualquer maneira.

— Mmm — Lagarto Sacerdote grunhiu sobriamente — Uma questão de vida ou morte, de fato.

— Então é por isso que aqueles pé-grandes estão tão à vontade — Alta Elfa Arqueira disse com uma carranca. Mesmo entre os elfos amantes das flores e apreciadores da natureza, ela tinha um espírito especialmente alegre. Ela naturalmente preferia a primavera e o verão ao inverno, mas ela não teria tentado mudar o ciclo da natureza para tê-los. Lutar era uma coisa, medidas inventivas para sobreviver à temporada, tudo bem também, mas não a destruição. Os elfos sabiam que ninguém, quem quer que fosse, poderia ou deveria controlar a natureza. Aqui nestas montanhas, uma semente do Caos estava florescendo, algo que um elfo não poderia suportar.

— …Eu acho que não podemos simplesmente procurar um atalho e cortar nosso caminho através disso — disse Sacerdotisa, preocupada. Abrir caminho através de uma horda de goblins já era difícil o suficiente. E muito mais com outros monstros.

— Mas escutem — disse Guerreiro Novato — Controlar as estações assim… é mesmo possível?

— Bem, em termos estritos, não é impossível… Não é impossível — Anão Xamã respondeu, tomando outro gole da jarra que Lagarto Sacerdote tinha devolvido para ele — Um usuário de espíritos especialmente poderoso pode conseguir, ou um dos feiticeiros mais famosos.

— Não parece que haja muita esperança para nós, então — Alta Elfa Arqueira disse com um encolher de ombros — Duvido que você consiga enfrentar “um dos feiticeiros mais famosos”, anão.

— Bigornas não falam.

— Ah o quê? É verdade, é?

A discussão começou. Enquanto ele ameaçava encalhar em seus tópicos normais, Sacerdotisa gentilmente pigarreou. Lagarto Sacerdote percebeu isso e Sacerdotisa enrubesceu.

— D-de qualquer maneira… Poderia ser outra coisa senão um lançador de feitiços?

— Deixe-me ver… — disse Anão Xamã sério — Pode ser um item mágico. Com um desses, qualquer um poderia fazer isso.

— Entendo, é por isso — murmurou Clériga Aprendiz, atraindo o olhar do grupo. Normalmente, ela poderia ter corado, mas agora ela estava perdida em pensamentos — O comunicado do Deus Supremo…

— Ei, disse para ir e “pegar” alguma coisa, não disse…? — Guerreiro Novato acrescentou e bateu palmas — É isso!

— Bem, agora temos um objetivo — Sacerdotisa assentiu. E ela não podia imaginar que os deuses olhariam de soslaio para eles por obedecerem a um comunicado divino.

— Nesse caso, a questão é enviar um batedor — disse Lagarto Sacerdote.

— Claro que não parece que eles estejam prestando muita atenção — brincou Alta Elfa Arqueira.

— Por que nos preocuparmos mais com isso, então?

Sacerdotisa, meio que ouvindo-os, de repente se viu dominada por uma sensação que fez com que os pelos de seu corpo se arrepiarem. Ela colocou a mão no pescoço e descobriu que o cabelo estava realmente arrepiado e ela suava.

O que no mundo…?

Ela não reconheceu esse sentimento, não sabia o que significava, mas parecia que estava esquecendo algo, como se estivesse em pânico por esquecer algo.

— Algo de errado? — disse Anão Xamã, dando tapinhas em sua cintura suavemente. Sacerdotisa saltou um pouco.

— N-não, nada… Só um pouco de frio.

— Tudo certo? — Anão Xamã coçou a barba, sorriu e deu uma risadinha desagradável — Bem, não deixe isso te afetar. Você quer que Corta Barbas tenha orgulho de você, certo?

— M-Matador de Goblins não tem…!

…nada a ver com isso. As palavras foram engolidas pelo vento e desapareceram.

 

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Alta Elfa Arqueira saltava como se ela própria fosse um coelho. Era tudo que Sacerdotisa podia fazer para acompanhar, ofegando enquanto caminhava. A única razão pela qual ela ainda estava próxima da batedora era porque Alta Elfa Arqueira parava ocasionalmente, suas orelhas compridas sacudindo.

— Você tem certeza disso? Dividir-se, quero dizer.

— Estou, não vamos… lutar, afinal… — Sacerdotisa enxugou o suor de sua testa, tentando recuperar o fôlego — Além disso, eu fiz eles virem comigo da última vez também.

As duas estavam em reconhecimento, haviam deixado para trás o lento Lagarto Sacerdote e Anão Xamã, enquanto Caçador Homem-Lebre vigiava a caverna. Naturalmente, elas fizeram com que Clériga Aprendiz e Guerreiro Novato também ficassem de fora; apenas as duas foram para a entrada. Caçador Homem-Lebre insistiu em se juntar à Sacerdotisa, mas…

— É muito perigoso sozinho e, honestamente, não me sinto confortável indo apenas eu e um novato — explicou Sacerdotisa.

— Huh — Alta Elfa Arqueira disse categoricamente, olhando para a caverna, que bocejava como as mandíbulas de uma besta — Bem, se você pensou bem, então tudo bem. Praticamente uma líder.

— Ah, pare com isso…

Agora elas estavam tão perto que mesmo sem as orelhas de um elfo, Sacerdotisa podia ouvir.

O inverno está aqui, o inverno está aqui,

nossa temporada chegou.

Ha, jogue suas cartas mágicas,

lance seus feitiços e eleve sua voz.

Dados não significam nada,

inteligência e força em nossos braços

nossos braços para lutar, agora vamos lutar.

A Bruxa do Gelo falou certo:

esses picos não precisam dos fracos.

O verão dos mortos acabou

aqui, orgulhosamente, a lótus negra floresce.

O inverno está aqui, o inverno está aqui,

nossa temporada chegou!

A canção dos pé-grandes reverberou pela caverna, acompanhada pelo bater de tambores primitivos, um som muito parecido com o de uma pessoa sendo atingida. Sacerdotisa estremeceu. O frio que ela sentiu antes não a deixou.

— Vamos lá.

— Ah, certo!

Alta Elfa Arqueira entrou calmamente na caverna, Sacerdotisa logo atrás.

Queria ter um pouco de luz… pensou a elfa.

A caverna estava sombria por dentro, algo raspando sob os pés com um terrível som seco a cada passo. O único ponto positivo de não ter luz era que ela não tinha certeza se estava mesmo pisando em ossos.

Obviamente, elas não podiam acender uma fogueira. Ao contrário de uma de suas expedições habituais de caça aos goblins, não poderiam se dar ao luxo de serem notadas agora.

Os cheiros persistentes e nauseantes eram todos odores que Sacerdotisa não reconhecia. Animais grandes e seus pelos, carne e órgãos apodrecendo e o fedor de sangue. Um conjunto completamente diferente de cheiro do fedor de goblins e sua sujeira.

Isto era completamente diferente, ela percebeu para seu desgosto. Um lembrete de que este era um antro de pé-grandes.

Sacerdotisa percebeu que os anéis em seu cajado estavam tilintando. Era por causa de suas mãos trêmulas.

— Oh, ah…!

Por quê? Esse foi o pensamento que a consumiu. Sacerdotisa forçou suas mãos a ficarem imóveis. Estou assustada.

Ela sentiu um terror que não experimentara nem mesmo ao enfrentar o pé-grande anteriormente. Ela estava em terreno desconhecido, caminhando de cabeça para o covil de monstros. Não era como se matar goblins não a assustasse, mas isso era uma aventura.

— Noman… de alguma forma, Noman matou meu irmão!!

O gemido ecoante fez Sacerdotisa congelar.

Shh — Alta Elfa Arqueira sussurrou com um dedo em seus lábios — Por aqui — ela puxou Sacerdotisa para as sombras. Sacerdotisa estava grata pelo calor de sua mão.

— Poupe-me de sua tolice! — essa voz era aguda, quase tilintante, vinda da sala logo à frente.

As orelhas de Alta Elfa Arqueira trabalharam para cima e para baixo e ela conduziu Sacerdotisa gentilmente pela mão. Parecia haver um fogo aceso na câmara ao lado e Sacerdotisa espiou trêmula, o mais discretamente que pôde.

— Se ninguém fez isso, você está confessando que fez isso sozinho?

Uma mulher, de pele e cabelos brancos. As poucas roupas que ela usava também eram brancas, assim como todas as suas joias. A única coisa que não era branca estava logo abaixo de seu cabelo amarrado: olhos que brilhavam vermelhos como sangue.

A mulher branca estava parada junto a um afloramento rochoso, rodeada de pé-grandes. O fogo parecia não estar ali para aquecer, mas simplesmente para fornecer luz. As sombras das tochas dançavam aqui e ali, brincando sobre o corpo da mulher. Os pé-grandes seguravam tambores estranhos.

Os olhos de Sacerdotisa foram atraídos para um em particular que parecia fora de lugar ao lado do altar primitivo. Ele brilhou fracamente à luz do fogo; ela poderia dizer que era feito de metal. Certamente não era algo que um bando de pé-grandes devoradores de homens deveria estar batendo em uma caverna.

É isso. Ela sabia instintivamente. Isso tinha que ser o que eles estavam procurando.

— Permaneçam firmes! Depois de tudo que fiz para adormecer os espíritos da primavera e roubar o pequeno tesouro dos coelhinhos!

Roubar o quê?

Do que ela poderia estar falando? Sacerdotisa considerou, então balançou a cabeça, não. Era mais importante ouvir do que pensar agora.

— Mas irmã, você acha que aquele demônio estava falando a verdade? — um dos pé-grandes perguntou, mordiscando ossos que poderiam ter sido um homem-lebre ou um humano; era impossível de saber — Que se o Lorde Demônio retornar, o mundo inteiro terá inverno para sempre?

— Só podemos esperar — a mulher branca respondeu e então bufou — Suponho que ele veja isso como uma excelente desculpa para nos usar para seus próprios fins, mas está tudo bem para mim.

— Er, quer dizer…?

— Nós simplesmente usá-lo também — um sorriso frio apareceu em seu rosto — Comemos os coelhos para aumentar as nossas forças e depois destruímos esses demônios.

— Boa ideia! Essa é a nossa irmã!

— Bem, se vocês acreditam em mim, então rufem os tambores! De nada valerá se a primavera voltar!

— Você entendeu!

E então as batidas aumentaram, o rugido foi quase esmagador, uma onda de som. Não, na verdade, era como estar preso em uma nevasca. Sacerdotisa piscou furiosamente, abraçando-se enquanto estremecia.

Com coisas assim…

…Podem funcionar.

Ela não sabia a que “tesouro” a mulher tinha se referido, mas considerando o que o grupo tinha à sua disposição, havia uma maneira. Era como as ruínas subterrâneas que eles visitaram uma vez. Estupor e Silêncio. Coloque-os para dormir, acalme todos os sons e então, de uma só vez…

Sacerdotisa sorriu amargamente para si mesma. Ela estava apenas copiando a estratégia de ataque dele.

Eu não pensava que confiava tanto nele…

— Ei, vamos…! — Alta Elfa Arqueira disse bruscamente, puxando a manga de Sacerdotisa. Suas orelhas estavam inclinadas para trás e, mesmo na escuridão, ela estava obviamente pálida.

— O que está errado? Estou tentando pensar em um plano…

— Esqueça o plano, vamos embora…!

Ela não iria tolerar nenhuma objeção, Alta Elfa Arqueira pegou Sacerdotisa pelo pulso e começou a conduzi-la direto para fora da caverna. Seu aperto era tão forte que doía e a voz de Sacerdotisa escapuliu.

— O-ow…! Apenas o que na terra é o problema?

 

 

 

 — Você não percebeu?

Percebeu o quê? Sacerdotisa inclinou a cabeça. Ela tinha perdido algo sobre a força de combate do inimigo, ou algum outro fator crucial?

— Aquela mulher… ela não projetou nenhuma sombra.

— Huh…? — Sacerdotisa, indo em direção à entrada em uma corrida rápida, olhou para trás. As batidas pareciam segui-la, embora estivesse mais silencioso agora. Esse frio sem nome desceu por seu pescoço novamente.

Uma mulher branca… a Bruxa de Gelo.

Na verdade, isso era totalmente diferente de caçar goblins.

 

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— Eu não sei quem ou o que a Bruxa de Gelo realmente é, mas o “tesouro” que ela mencionou, acho que provavelmente é uma flecha — as orelhas de Caçador Homem-Lebre balançaram quando ouviu a história. Mesmo de volta à fenda, os sons ainda podiam ser ouvidos. Os aventureiros se entreolharam quando ouviram o canto — A flecha do meu pai…

— Há algo de especial nisso? — Clériga Aprendiz perguntou.

— Uh-huh — Caçador Homem-Lebre assentiu — Há muito tempo, um mensageiro do Deus Supremo veio à nossa aldeia carregando uma flecha de prata e alguns medicamentos.

Nós mantivemos essas coisas por perto — Caçador Homem-Lebre disse sem rodeios.

Sacerdotisa mordeu o lábio, era fácil imaginar: o bravo caçador homem-lebre partindo com as heranças de seus ancestrais nas mãos para salvar a vila… e sendo destruído no processo.

Uma flecha de prata e medicamentos…

— Então a flecha está perdida agora… — disse Sacerdotisa.

— Não precisa ser necessariamente assim — Lagarto Sacerdote disse calmamente. Todos olharam para ele e ele continuou sombriamente — O que torna uma caça terrível tão difícil de caçar não é a matança, mas que você deve superar seu próprio medo para caçá-la.

— Significando… — Anão Xamã coçou a barba — …o que exatamente?

— O nome Bruxa de Gelo claramente implica que ela é uma lançadora de feitiços. Talvez ela tenha investigado e selado esta flecha.

— Então, pode ainda estar lá, afinal! — as orelhas de Caçador Homem-Lebre saltaram. Elas desceram rapidamente, no entanto — Ah, mas…

— O que é? — perguntou Guerreiro Novato — Há mais coisas nessa história?

— Não é apenas a flecha — disse o homem-lebre, baixando a cabeça — Papai também tomou os medicamentos…

— Eram algo raro? — Sacerdotisa perguntou.

— Sim — Caçador Homem-Lebre respondeu e depois esticando as patas peludas para fora — De acordo com a lenda, você precisa de um cabelo de bruxa e uma flor de lótus e então talvez você os misture com uma pérola negra ou algo assim…

— … “Ou algo assim” huh? — Clériga Aprendiz estufou as bochechas e fez uma careta. A própria Sacerdotisa provavelmente estava fazendo o mesmo. Afinal, a única bruxa por perto era aquela com quem eles estavam lutando; o mundo estava coberto de neve; a primavera parecia distante; e ainda por cima, eles estavam na encosta de uma montanha.

Caçador Homem-Lebre parecia desconsolado.

— Mas sem essas coisas, eles dizem que nunca seremos capazes de eliminar o mal…

— Parece um trabalho para um anão! — Alta Elfa Arqueira gorjeou, apontando para Anão Xamã.

— Escute aqui você — ele resmungou, mas mesmo assim começou a vasculhar sua bolsa de catalisadores com os dedos grossos — Não é como se eu carregasse tudo que existe no mundo aqui dentro. Vamos ver… — ele puxou um frasco de flores secas, uma joia preta brilhante e um longo fio preto — …Aqui, uma flor de lótus, uma pérola negra e o cabelo de uma bruxa. Se você não souber as proporções, podemos simplesmente jogá-los todos juntos.

— Ah, olhe só, você os tem — Alta Elfa Arqueira fungou e estufou o peito com orgulho.

— Hmm — Sacerdotisa adicionou, sorrindo desconfortavelmente — Esse cabelo… Não poderia pertencer a…

— Ah não, ela não — Anão Xamã disse com uma risada estrondosa — Eu comprei de um Caçador de Bruxas. Ele alegou que ela estava espalhando doenças em alguma aldeia.

— Ainda soa meio distorcido — Alta Elfa Arqueira comentou com uma gargalhada.

— Você precisa do que você precisa — Anão Xamã atirou de volta — Diferente daqueles de nós que apenas desperdiçam nosso dinheiro. Você tem ideia de como trabalhei duro para conseguir essa lótus preta?

— Ah, por favor! Eu compro as coisas que quero porque as quero!

— E eu estou dizendo que você está desperdiçando seu dinheiro, Bigorna!

Sacerdotisa não estava exatamente emocionada em vê-los discutindo, mas mesmo assim colocou a mão no peito em alívio.

— Então, se pudermos chegar à flecha, podemos ser capazes de fazer alguma coisa — disse Caçador Homem-Lebre, trazendo as mãos peludas juntas e felizes, e Sacerdotisa assentiu.

— Nesse caso — disse ela, pensando — A questão é, onde está a flecha?

Eles não tinham muito tempo para gastar procurando. No dia seguinte, os tremores voltariam e mais lebres poderiam ser comidas.

Se tivermos que procurar em todos os cantos desse complexo de cavernas…

Levaríamos mais tempo do que eles. Ela não sabia se era algo natural ou feito por alguém, mas era claramente o lar de muitos caminhos que se ramificavam. E se os pé-grandes morassem lá, poderia imaginá-los com muitas câmaras.

Sem tempo.

Sacerdotisa mordeu o lábio. Ele tinha dito a ela que sempre havia um jeito, mas…

O que ela tinha em seu bolso? Havia alguma coisa…?

— Uma bruxa, uma bruxa… — Guerreiro Novato meditou, braços cruzados. Então ele exclamou — Ei!! Eu já sei! É isso!

— O que é isso? Pare de gritar… — Clériga Aprendiz cutucou-o com o cotovelo, então franziu a testa ainda mais ao seu grito de “Uau!”

— Esses pé-grandes vão nos notar…! — ela sibilou.

— N-não, escute! — Guerreiro Novato disse, esfregando seu lado — Aquela coisa! A coisa que temos há muito tempo?

— O que? …Ah! — levou um segundo, mas depois Clériga Aprendiz percebeu do que ele estava falando e mergulhou em sua bolsa.

Não isso, nem esse: Ela praticamente virou a bolsa de dentro para fora, bugigangas irrelevantes voando por toda parte. Sacerdotisa pegou um pente velho, limpando a neve com um sorriso. Ela tinha sido da mesma forma, uma vez.

— Aqui! Aqui está! — Clériga Aprendiz finalmente apareceu com uma vela muito queimada — Nossa Vela Buscadora!

— Isso é mágico? — Alta Elfa Arqueira se aproximou dela, seu nariz se contraindo como se para sentir o cheiro — Estou surpresa que vocês tenham uma dessas. Vocês dois não tinham coisas melhores para comprar?

— Alguém nos deu — disse Clériga Aprendiz, incapaz de esconder completamente sua timidez — Estou tão feliz por não a termos usado toda…

— Então o assunto está resolvido — Lagarto Sacerdote olhou para eles com um movimento lento de seu longo pescoço — Nós entramos; reivindicamos a flecha de prata; e, finalmente, matamos nosso inimigo.

Sim? No que diz respeito às estratégias, era simples e direto. Alta Elfa Arqueira sorriu agradavelmente.

— Não acho que vá ser tão fácil assim.

— Mas, considerando o que sabemos — Anão Xamã disse com um gole de vinho — Você tem uma ideia melhor?

— Não sou um grande fã de coisas difíceis… E vocês? — quando Caçador Homem-Lebre desistiu dessa ideia, Clériga Aprendiz e o Guerreiro Novato se entreolharam.

— Bem, isso é… — disse Clériga Aprendiz.

— Nós dois, sempre só caçamos ratos nos esgotos… — acrescentou Guerreiro Novato.

O debate continuou. Durou séculos… não, Sacerdotisa percebeu, só parecia assim para ela; na verdade não fazia tanto tempo. Simplesmente as pessoas se cansam quando uma discussão continua sem conclusão, principalmente em casos como esse, sem uma resposta certa óbvia.

Me pergunto o que está acontecendo, Sacerdotisa se pegou pensando. Esse tipo de coisa era tão raro antes. Por que não aconteceu até agora? Houve uma resposta óbvia, Matador de Goblins. Ele sempre tomava decisões rapidamente, não que ele nunca tivesse dúvidas, Sacerdotisa percebeu isso durante a batalha em que incendiaram uma fortaleza na montanha, mas mesmo assim, ele decidia. Ele agia. Essa tinha que ser a chave.

Nesse aspecto, seu primeiro grupo foi da mesma forma. Eles poderiam ter passado algum tempo conferenciando e se preparando, mas se tivessem, a mulher sequestrada não teria sobrevivido. Então, ela pensou, o julgamento deles estava certo.

Vamos fazer isso.

Ela agarrou seu cajado e acenou com a cabeça. Ela já havia respondido a essa pergunta no momento em que se tornou uma aventureira.

— Vamos entrar lá, encontrar a flecha de prata e terminar o trabalho — o resto do grupo olhou diretamente para ela. Pensando rápido, Sacerdotisa continuou desesperadamente — Existe uma maneira, acabei de pensar nisso, mas…

Todas as coisas em seu bolso. Todas as opções possíveis.

Ninguém se opôs. As orelhas de Alta Elfa Arqueira balançavam jovialmente para cima e para baixo.

— Você parece muito com o Orcbolg — para o bem ou para o mal. Ela riu e Sacerdotisa corou.

— Bem, isso é crescimento, de certa forma — Anão Xamã ofereceu.

— Estou muito grato pelo que promete ser uma oportunidade para finalmente me aquecer.

Todos os aventureiros se levantaram. Cada um deles examinou seu equipamento, certificando-se de que os fechos estavam presos e as armas prontas e depois verificaram um ao outro.

— Certo — Clériga Aprendiz e Guerreiro Novato acenaram um para o outro.

— Antídoto!

— Aqui!

— Suprimentos de primeiros socorros!

— Pomadas e ervas, confere!

— Luz!

— A lanterna do Kit de Ferramentas do Aventureiro, um pouco de óleo e uma tocha! Tem uma vela?

— A Vela Buscadora, obviamente… Hum, mapa!

— Nenhum desta vez! …Não tem, certo?

— Não. Agora, armas e armaduras!

— Peitoral Explosivo, confere! Assassino de Baratas, confere! Faca, confere!

— …Você vem com os piores nomes.

— Ah, quem se importa? Além disso, eles parecem legais… armadura de couro e capacete, confere! Agora gire para mim.

— Sim, claro.

Clériga Aprendiz girou em um círculo para que o Guerreiro Novato pudesse verificar novamente se seu equipamento estava pronto. Isso lembrou Sacerdotisa da época em que ele inspecionava sua cota de malha. Ela ainda estava lá, debaixo de suas vestes, uma de suas companheiras mais duradouras, uma vez ela quase a perdeu, mas tê-la aqui agora era um grande alívio.

— Ei, não ria deles — Alta Elfa Arqueira sussurrou para ela, mas Sacerdotisa balançou a cabeça.

— Não, é que… apenas me desperta lembranças.

— Ah é? …Acho que posso ver de onde. O tempo é meio rápido e lento ao mesmo tempo, hein?

Quando ela colocou dessa forma, Sacerdotisa percebeu que era verdade. Ela mesma fazia isso há apenas dois anos. Ela piscou.

— Você tem certeza disso? — Caçador Homem-Lebre perguntou inquieto, levantando uma mochila — Eles disseram algo sobre o Lorde Demônio, certo? Isso soa como uma grande coisa. Nós podemos realmente…?

Seria uma bênção para a vila se a Bruxa de Gelo e seus pé-grandes fossem destruídos, mas não seria melhor voltar para a capital, para avisar o rei e seu exército? Isso seria melhor para os humanos e seus amigos, ele tinha certeza. Afinal, quem eram as vítimas aqui, senão alguns coelhos magricelas?

As palavras fizeram com que Sacerdotisa revisse seu grupo, Alta Elfa Arqueira encolheu os ombros, enquanto Lagarto Sacerdote revirou os olhos alegremente. Clériga Aprendiz e Guerreiro Novato ainda estavam fixos em sua lista de verificação. Além deles, Anão Xamã sorriu por cima da barba.

— Hah, você é a experiente aqui, moça — ele disse — Por que você não conta para ele?

Sacerdotisa piscou novamente, apenas uma vez, então pigarreou suavemente. Estufando o peito pequeno tanto quanto foi capaz, ela se virou para Caçador Homem-Lebre.

— Há uma boa razão — disse ela — Porque somos aventureiros.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Sonny

 

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