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Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 07.1 – O Pulso do Nascimento

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        Parece uma poça de sangue.

Foi a primeira impressão de Sacerdotisa.

O topo da montanha apontava para o céu, a luz do amanhecer correndo como sangue ao longo do cume.

E lá embaixo, escuro como um pedaço de sangue coagulado, assomava a fortaleza, espalhando-se pelas sombras.

Era uma cidade fortaleza onde os aventureiros se reuniam, construída por algum ex-rei como campo de treinamento para sua guarda real.

Mas tudo isso já estava no passado.

Com o Lorde dos Demônios subjugado, os aventureiros deixaram aquele calabouço para trás.

Envolta pela luz da manhã, a cidade parecia nada mais do que uma cidade fantasma, um esqueleto, deserta e estéril.

Isso é… o que deveria ser, de qualquer maneira.

Sacerdotisa estremeceu com a leve sensação de pavor que emanava do lugar. Olhou para Alta Elfa Arqueira, geralmente tão robusta e reconfortante, mas até o rosto dela estava contraído, suas orelhas compridas para trás.

O calabouço mais profundo, o abismo sem fim, o Calabouço dos Mortos.

Outrora o lar do Lorde dos Demônios, uma grande cova que cuspia morte e pestilência.

Os próprios restos mortais até agora mostravam suas presas, ansiosos para consumir aventureiros.

Nenhuma fortaleza, por mais forte que fosse, poderia se defender deles.

—  Vejo pegadas — disse Matador de Goblins calmamente, trazendo Sacerdotisa de volta a si. Ele estava agachado, parecendo como sempre enquanto investigava o solo. — Lobos e goblins. Sem dúvidas.

— Mas não vai ser tão fácil de rastrear — disse Anão Xamã, apertando os olhos sob as sobrancelhas e protegendo os olhos com a mão enquanto olhava para a fortaleza. De repente, sentindo um arroto se aproximando, agarrou a garrafa de vinho no quadril e tomou um gole.

Para encurtar a história, os aventureiros escolheram uma marcha forte. Continuaram correndo durante a noite, nem mesmo dando tempo para descansar. Montarias e cavaleiros estavam todos exaustos.

Agora estavam fora de seus cavalos pela primeira vez em horas, os animais amarrados a uma árvore no campo próximo. Sacerdotisa os observou pastar, as expressões em seus rostos transmitindo um certo aborrecimento com seus mestres.

Estou começando a entender por que a maioria dos aventureiros não tem cavalos.

Precisavam de comida, água e um lugar para ficar enquanto seus donos exploravam uma masmorra. Ela sabia que muitos dos que se autodenominavam cavaleiros errantes também iam andando.

E quanto aos paladinos?

Os pensamentos vagaram por sua cabeça cansada.

Isso não funcionaria. Sacerdotisa gentilmente deu um tapinha nas bochechas e disse:

—  Isso mesmo. Mesmo que tenhamos que passar apenas quatro níveis do calabouço, temos que enfrentar essa fortaleza também…

— Não vai ser tão ruim — disse Matador de Goblins, limpando a terra de suas mãos enquanto se levantava. — São goblins. Eles têm plena fé de que são as criaturas mais inteligentes que existem.

— E então? — perguntou Lagarto Sacerdote. Ele estava se banhando na luz brilhante do sol, aquecendo todo o seu corpo. Os primeiros sinais de inverno que surgiram à noite foram mais do que suficientes para deixar o homem-lagarto rígido.

— Aquele que está no lugar mais alto, ou no mais fundo, pensará que é o mais importante. — Matador de Goblins enfiou a mão em sua bolsa e tirou um pedaço de couro, junto com dois cristais em forma de disco.

Enrolou o couro em um cilindro, colocou um dos cristais em cada extremidade e os amarrou no lugar com uma corda.

— O que é isso? — Alta Elfa Arqueira estava, naturalmente, muito interessada.

— Um telescópio.

Ele colocou o dispositivo em seu visor e olhou para a cidade; uma mão se estendeu para ele como se dissesse: Me dá, me dá.

Matador de Goblins silenciosamente o entregou e Alta Elfa Arqueira o colocou em seu olho.

— Entendo… — Suspirou. Não era de admirar que suas orelhas caíssem.

NOSA CIDDE

A placa colocada acima da entrada da cidade estava rabiscada com letras em sangue. Uma criança poderia ter escrito de forma mais legível.

Supunha-se que um ou dois dos chefes dos soldados, os ex-guardas desta cidade, ajudaram a produzir a declaração.

Os goblins não eram fortes, mas se alguém fosse atacado por várias dezenas deles nos confins de uma fortaleza, não seria diferente de ser emboscado em uma caverna.

— Quer dizer nossa cidade, eu acho — observou Alta Elfa Arqueira. — Então, o que planeja fazer?

Ela fez uma careta e jogou o telescópio de volta para Matador de Goblins, que grunhiu. Desfez a corda e desenrolou o couro, os colocando, e também os cristais, de volta em sua bolsa.

— Estou pensando sobre isso.

— Incêndio? Água, talvez? Fumaça? Ou outra bomba?

— Não — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Não estou pensando nessas coisas.

Que seja. Alta Elfa Arqueira colocou as mãos nos quadris e bufou enquanto Anão Xamã parecia desapontado.

— Ideias?

— Uma boa pergunta… — Embora tivesse acabado de tomar seu banho de sol, Lagarto Sacerdote estremeceu. Esticou o pescoço comprido para ter uma boa visão da fortaleza, então balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro. — Por mim, me comprometeria a um cerco apenas se tivéssemos reforços, se não, não.

— Er, hmm… — disse Sacerdotisa, franzindo a testa em confusão. — Isso não funcionaria a… qualquer hora…?

Lagarto Sacerdote revirou os olhos em sua cabeça.

— Uma coisa é quando sabe que os reforços estão chegando e precisa esperar, outra é quando não tem outras opções; com o rabo escorregando no chão, Lagarto Sacerdote murmurou para si mesmo: — Então, também pode valer a pena tentar cortar as linhas de suprimentos do inimigo em um ataque surpresa — e concluiu: — Em qualquer caso, não espero que goblins entendam…

— Concordo — opinou Alta Elfa Arqueira. Não que o inimigo devesse ser subestimado, mas ainda assim. — São goblins, afinal.

— Porém… — acrescentou Lagarto Sacerdote.

Sacerdotisa olhou para ele. A expressão deste homem-lagarto gigante era difícil de discernir, embora não tão difícil quanto a de Matador de Goblins.

— Algum problema?

— Falando em reforços, não podemos presumir que alguns não possam surgir das profundezas.

O mesmo frio de antes atingiu Sacerdotisa novamente. Ela agarrou seu cajado com força.

Isso era algum tipo de erro? O pensamento ocorreu a ela por um instante, embora fosse classificação Aço.

— Acho que realmente vale apelar para fogo desta vez, hein? — disse Alta Elfa Arqueira, reconhecendo que não parecia haver outra escolha.

Matador de Goblins, no entanto, respondeu:

— Não. — O lugar diante deles estava deserto, nenhum habitante havia sobrado, apodrecendo, mas, ainda assim… — Isso é uma cidade.

Era diferente de ruínas, masmorras ou cavernas.

A expressão de Alta Elfa Arqueira quando Matador de Goblins apresentou sua conclusão era difícil de descrever.

— Dê uma olhada, pode ser um trabalho feito às pressas, mas ainda é pedra sólida — disse Anão Xamã com uma pitada de exasperação. — Seu grupo não sabe nada sobre alvenaria, Orelhas Compridas. — Fazendo uma janelinha com os polegares e os indicadores e olhando fixamente para a fortaleza distante, prosseguiu: — É verdade, em tese poderíamos tirar qualquer goblin de lá, mas não com as poucas gotas de óleo que temos conosco.

— Que tal magia? — perguntou Alta Elfa Arqueira a despeito de si mesma. — Mas não me entenda mal — adicionou com um movimento de suas orelhas. — Sei que vocês, anões, geralmente não aprendem feitiços ofensivos.

— Mesmo se conhecesse algum, não gostaria de ficar totalmente sem eles quando entrássemos no calabouço.

— Então podemos entrar sorrateiramente.

Não havia nada a fazer a não ser um ataque de frente. Com as palavras de Matador de Goblins, todos os outros assentiram.

— Então entramos no calabouço, resgatamos a princesa e espancamos os goblins — disse Alta Elfa Arqueira, desenhando um círculo no ar com o dedo. — Bem fácil. Estou dentro.

Lagarto Sacerdote fez seu estranho gesto com as palmas das mãos juntas e então sibilou.

— É como comprar uma lanterna na loja e matar a Grande Serpente.

— Do que você está falando? — disse Alta Elfa Arqueira.

— É um provérbio. Significa… a grosso modo, que qualquer aventura é simples se for concluída rapidamente.

Huh. Não ficou claro se Alta Elfa Arqueira entendeu bem ou não. Ela já estava remendando seu arco com seda de aranha, puxando-o algumas vezes para testá-lo. Os elfos preferiam evitar soltar a corda sem flechas, o que era ruim para o arco.

Anão Xamã checou seus catalisadores, suas armas, à sua maneira e disse:

— Isso parece que vai ser um monte de problemas, mas isso é algo novo?

— Não concordo — disse Matador de Goblins enquanto olhava suas luvas, armadura e espada. — Nós sabemos o que devemos fazer. É simples.

— Acho que você não seria você se não pensasse assim, Corta Barba. — Anão Xamã deu um tapa nas costas de Matador de Goblins; que inclinou a cabeça, perplexo.

— Heh heh… — Sacerdotisa sorriu um pouco com a visão. Ela não tinha muitos equipamentos para verificar; apenas se agarrou a seu cajado e orou à Mãe Terra.

Que sua aventura terminasse com segurança. Que a princesa sequestrada estivesse ilesa. Que todos pudessem emergir ilesos, são e salvos.

Se pudesse ter um milagre do Deus do Comércio e do Deus da Boa Fortuna…

Então, talvez pudesse obter uma bênção que transformaria a má sorte em boa fortuna, apenas uma vez, mas não desejava ansiar pelo que não poderia alcançar. Mais que isso, seria deslealdade à Mãe Terra, sua deusa. Sacerdotisa balançou a cabeça.

Não conseguia se concentrar em suas preces. Devia ser por passar a noite sem dormir.

— Então há a questão de se algum dos goblins conseguir fugir… — Sacerdotisa colocou um dedo nos lábios e fez um som de “Mm” pensativo. Pensou que podia sentir seu cérebro embotado ganhando vida à luz da manhã.

Estava pensando na possibilidade de que algum goblin detectasse os aventureiros que haviam entrado no calabouço. Ou se os goblins tivessem comunicações de rotina com a superfície, poderiam enviar notícias do que estava acontecendo no subsolo.

— Nunca conheci um goblin tão diligente… — disse Alta Elfa Arqueira.

— Ela está certa.

Quando Sacerdotisa viu Matador de Goblins vasculhando sua bolsa, se moveu mais rápido do que ele. Puxando algo que havia deixado por cima de sua própria bolsa apenas para este moment.o

— Aqui! Um gancho!

O Kit de Ferramentas do Aventureiro novamente, nunca saía de casa sem ele.

 

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Lagarto Sacerdote girou a corda algumas vezes, prendeu-a na muralha da fortaleza, então agarrou a corda pendurada e começou a escalar, apoiando-se nas garras.

Enquanto subia quase sem fazer barulho, Anão Xamã soltou um suspiro de trás.

—  Caramba, Escamoso. Você praticamente me faz desejar ter garras aqui.

— Não seria bom para vocês permanecerem como seus ancestrais, os macacos.

Quando chegaram ao topo da fortificação, se deitaram de bruços, olhando para a esquerda e para a direita. Tudo limpo. Lagarto Sacerdote balançou a cauda, que pendia do lado externo da muralha, como um sinal, e Matador de Goblins assentiu.

— Escalamos.

— Ótimo, eu primeiro! — Assim que falou, Alta Elfa Arqueira praticamente pulou na corda e deslizou para cima, tão silenciosa quanto Lagarto Sacerdote, mas sem colocar o pé na muralha. Torceu para a esquerda e para a direita, seu pequeno traseiro balançando, logo estava no topo da fortaleza. Elfos eram assim; eles aprendiam muito, passando suas vidas nas árvores…

— Escamoso pode estar certo.

— Tenho a sensação de que você está zombando de mim — disse Alta Elfa Arqueira, franzindo os lábios e puxando o grande arco de suas costas. Segurou-o frouxamente enquanto olhava para trás por cima da muralha, para baixo em direção a Matador de Goblins e Sacerdotisa, então acenou.

Matador de Goblins desembainhou a espada, ergueu o escudo e baixou os quadris, depois deu as costas para a muralha.

— Vamos.

— Certo…!

Sacerdotisa, parecendo nervosa, agarrou a corda. Seria impensável deixá-la por último, na retaguarda.

Em vez disso, com Alta Elfa Arqueira cuidando dela de cima e Matador de Goblins de baixo, ela escalou.

Fazia sentido para Matador de Goblins, que tantas vezes se envolvia em combate corpo a corpo, tomar o terreno neste caso, mas mesmo se ela soubesse que ele não era esse tipo de pessoa, bem… não conseguia tirar isso da cabeça.

— Você não vai olhar, vai…?

— Não posso prestar muita atenção em você até que estejamos lá em cima. — A resposta foi brusca.

— Pensei que não — disse Sacerdotisa enigmaticamente e segurou firme a corda. Então exclamou: — Hup! — Com o cajado nas costas, apoiou os pés na muralha e começou a escalar o mais diligentemente que podia. Uma vez que começou, descobriu que não tinha motivos para se preocupar com o que estava acontecendo abaixo dela.

O sol batia nela, fazendo-a suar, suas mãos tremiam, seu rosto estava vermelho e sua respiração difícil.

— Vamos, quase lá!

— Cer… to…!

Forçando seu corpo trêmulo a ficar no lugar, de alguma forma conseguiu estender a mão e agarrar a mão estendida de Alta Elfa Arqueira. A delicada mão da elfa não tinha muita força, mas era bom ter alguém segurando-a.

Sacerdotisa se ergueu no último pequeno trecho, em seguida, desabou no topo da muralha.

— Aí está. Boa menina, quer uma bebida?

— Oh, o-obrigada… — Ela tomou um gole do cantil oferecido para fazer sua respiração voltar ao normal. Um gole, depois dois. Sacerdotisa soltou um suspiro profundo e devolveu a água.

— E onde está Matador de Goblins…?

— Ahh, nosso querido Matador de Goblins? Você não precisa se preocupar com ele, eu acho. — Lagarto Sacerdote estava vigiando com sua visão reptiliana única, sua língua saiu e tocou seu nariz.

Sacerdotisa olhou para baixo da muralha da fortaleza e, de fato, lá estava ele: uma figura solitária subindo silenciosamente em direção a eles. Se moveu sem a graça treinada de Alta Elfa Arqueira, encontrando seu pé firmemente na muralha. No entanto, se juntou a eles em pouco tempo. Ele libertou o gancho, enrolou-o e o devolveu a Sacerdotisa.

— O-Obrigada. — Quando estava guardando o gancho, ela se lembrou da pergunta que queria fazer. — Matador de Goblins, senhor. Onde você aprendeu a escalar?

Não parecia uma habilidade especialmente útil na caça aos goblins.

— Meu mestre me treinou em uma montanha de neve — disse ele em resposta. — Às vezes também precisei escalar sem corda. — Sua voz estava calma. — Uma torre.

—  Só para ficar bem claro — disse Alta Elfa Arqueira, olhando para ele —, você quer dizer pelo interior, certo?

—  Pelo lado de fora.

Alta Elfa Arqueira ergueu os olhos para o céu, desamparada. O sol não respondeu.

— Quanto músculo você precisa ter para fazer isso…?

— Pelo menos eu e o outro somos diferentes. — Embora não possa falar por ele. Ele conduziu uma inspeção muito rápida em seu equipamento. — O que acha?

—  Isso depende se vamos descer do outro lado ou não — disse Lagarto Sacerdote.

— Mm — grunhiu Matador de Goblins. — Não acho que seja necessário descer até o fim.

— As sentinelas goblins são capazes de ser diligentes em seu trabalho?

— O que acha?

— Então, presumindo que não encontremos ninguém na muralha…

Então é isso. Lagarto Sacerdote acenou com a cabeça, pegando o mapa, o que tinham recebido de Donzela da Espada. Traçou as pinceladas fluidas com uma garra afiada.

— Sugiro que viajemos ao redor da cidade no topo da muralha, descendo além da cidade e entrando no calabouço de lá.

— Eh, acho que não temos tempo para fazer nosso caminho pela cidade. — Anão Xamã tomou um gole de vinho, talvez para se concentrar ou evitar o cansaço, e enxugou as gotas de sua barba. — Nós chegamos até aqui com nada além do Vento de Cauda. É uma economia muito boa, eu diria.

— Desta vez, não poderemos voltar até que o trabalho esteja concluído. Mesmo que descansemos dentro do labirinto…

Certamente não haveria garantias de que recuperariam o suficiente de sua energia mental para restaurar seus milagres e feitiços.

— Limites rígidos, então. Faz sentido — disse Alta Elfa Arqueira.

— Ainda assim, tentem não usar magia. Ao máximo possível — acrescentou Matador de Goblins.

— Pouparei meus milagres — respondeu Sacerdotisa, segurando seu cajado contra o peito e balançando a cabeça seriamente.

Ele estava dizendo que confiaria que ela saberia quando usar seus milagres. Só o pensamento de que essa escolha estava sendo confiada a ela fez seu coração disparar.

De qualquer maneira, não acho que deva haver qualquer necessidade de milagres até chegarmos ao calabouço.

 

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— GOROBG?!

O goblin, sonolento no meio da “noite”, não sabia o que havia acontecido. Sentiu algo frio deslizar em seu pescoço; então, um instante depois, parecia que estava queimando e, finalmente, ofegou como se estivesse se afogando.

O goblin, cortado e chiando, morreu antes de perceber que sua garganta havia sido rasgada.

Matador de Goblins se aproximou do cadáver do goblin, que literalmente perdeu o fôlego e o chutou para o outro lado da muralha.

— Cinco.

— Não são tantos quanto eu esperava, honestamente — disse Alta Elfa Arqueira, que pôs fim em todas as três sentinelas que encontraram.

Eles precisavam conservar flechas e também feitiços. Ela começou a liberar o ferrolho da carne do goblin, então, aprendendo com o mestre, deu um chute no corpo para o lado externo da muralha.

— Acho que estou me acostumando com isso…

Ou está passando muito tempo com Orcbolg?

Na época em que se conheceram, ela teria soltado um gemido de desgosto diante de um comportamento como esse. Bem, a recusa em resmungar e reclamar era uma das virtudes dos elfos, ou assim ela afirmava.

Alta Elfa Arqueira esfregou as mãos, limpou o sangue residual da ponta da flecha e a colocou de volta em sua aljava.

— Então, realmente devem estar lá dentro — disse ela.

—  É o que parece… — concordou Sacerdotisa.

Uma massa de goblins lá embaixo. Não deveriam ser os dragões aqueles encontrados em calabouços?

Sacerdotisa, sentindo suas emoções ameaçarem ficar fora de controle, balançou a cabeça.

— Já está na hora?

— Hmm… — Lagarto Sacerdote acenou com a cabeça, olhando para o mapa. — Talvez devêssemos descer. — Suas mãos estavam limpas; ele não tinha participado da última emboscada, mas…

— Nunca soube que anões conseguiam correr tão rápido! Acho que só precisam da motivação certa!

— Cuidado com sua boca frouxa. Se o inimigo pegasse seu lançador de feitiços, o que você faria, hein?

— Eu não me preocuparia tanto — disse Lagarto Sacerdote.

Sacerdotisa, com medo de que o xamã olhasse para ela em busca de apoio, disse evasivamente:

—  Segurança em primeiro lugar, lembrem-se disso!

Ela esteve em combate corpo-a-corpo com goblins, novamente, mas era algo que evitaria se fosse possível.

Agora mais do que nunca.

Nunca tinha usado cota de malha antes de se tornar uma aventureira, mas de repente, se sentiu tão sozinha sem ela.

Sozinha?

Não está ansiosa? Sacerdotisa piscou com a realização.

Havia sido elogiada por ela, salva por ela; tinha estado com ela a cada momento. A havia consertado tantas vezes que provavelmente teria sido mais barato simplesmente comprar um novo conjunto.

— Entendo… — De alguma forma, começou a fazer sentido para ela, já que ele tinha ficado com aquele capacete por tanto tempo.

— Algum problema?

— Nada. Não é nada — disse a Matador de Goblins e então respirou fundo.

Então Sacerdotisa fechou os olhos, agarrou seu cajado e fez uma breve prece à Mãe Terra pelo repouso das almas dos mortos. Não teve tempo na estrada, então incluiu os cavaleiros daqueles lobos em sua esperança sincera por uma vida após a morte abençoada.

A questão da vida neste mundo é uma coisa, mas na morte, todos são iguais.

Ela orou, também, pela segurança da princesa que havia fugido com sua cota de malha. Acreditava, ou pelo menos queria, que a cota de malha manteria aquela garota segura.

— Já terminou?

— Sim… estou pronta a qualquer momento.

— Tudo bem.

Sacerdotisa pegou o gancho novamente e Matador de Goblins o alojou na muralha, deixando a corda pendurada para baixo.

Como se fosse uma deixa, Lagarto Sacerdote pegou Anão Xamã nas costas e Alta Elfa Arqueira colocou uma nova flecha em seu arco.

Tudo o que restou, com alguma variação na ordem, foi uma repetição da subida anterior, agora na descida.

Assim que teve certeza de que os dois primeiros haviam descido com segurança, Matador de Goblins foi em seguida. Desceu, controlando sua velocidade, plantando os pés na muralha. Uma vez no chão, olhou para cima e acenou.

— Você vai ficar bem? Pode fazer isso?

— Farei o meu melhor — disse Sacerdotisa, tentando levar a sério o incentivo de Alta Elfa Arqueira. Ela agarrou a corda com incerteza. Se caísse, Anão Xamã iria pegá-la com um feitiço, então não havia perigo, mas, ainda assim…

— Errgh…

A viagem de Sacerdotisa pela corda foi tão pateticamente hesitante que ela se encolheu ao pensar nisso.

Hesitante ou não, alcançou o chão e então Alta Elfa Arqueira deslizou facilmente pela corda.

— É como você disse, Escamoso…

— Do que estão falando?

Como eu queria…

Sacerdotisa estava tão fascinada com tantas coisas. Os modos refinados de Garota da Guilda. A feminilidade de Bruxa. A maturidade de Donzela da Espada.

Como eu queria ser como elas.

Por mais experiência que tivesse ganho, ainda não era refinada, ainda era jovem, ainda era fraca. Os últimos dias realmente abriram seus olhos para esse fato.

Se ela tivesse mantido suas coisas mais perto, sim, sim. Se não tivesse deixado sua cota de malha ser roubada, nada disso teria acontecido, certo?

Talvez isso esteja me dando muito crédito.

Nem deuses nem pessoas poderiam influenciar o lançamento dos dados, muito menos voltar no tempo para mudar um lançamento feito. Simplesmente pensar nisso era absurdo.

— …

Mas, bem, talvez fosse a ausência da cota de malha que a fez se sentir tão nua.

E aquela sensação de nudez, aquele terror como se tudo tivesse sido arrancado, era exatamente como naquela primeira caverna.

Sacerdotisa respirou fundo e soltou o ar novamente.

A única resposta a pensamentos como esses era a ação.

— Estou pronta.

— É mesmo?

Sim.

Matador de Goblins acenou com a cabeça e Sacerdotisa confrontou o buraco aberto diante dela.

Já tinha sido uma porta de ferro maciça.

Os soldados deviam protegê-la. Não estavam mais em lugar nenhum para serem vistos. A porta estava suja de sangue e sujeira, o portal antes inexpugnável agora ligeiramente entreaberto.

O ar que vinha de dentro estava frio, trazendo um fedor de podridão que formigava o nariz.

— Então vamos adotar nossa formação usual — disse Lagarto Sacerdote, acenando com suas presas, garras e cauda.

— Parece que é hora do anão empunhar seu machado — disse Anão Xamã, puxando sua própria arma e guardando-a no cinto.

Alta Elfa Arqueira encaixou sua flecha com um pouco mais de força e Sacerdotisa também reforçou seu controle sobre seu cajado.

E na cabeça da formação estava Matador de Goblins.

O capacete de aparência barata; a armadura de couro suja; o pequeno escudo redondo amarrado a um braço e em sua mão direita uma espada de comprimento estranho.

— Vamos lá.

Por ordem dele, os aventureiros partiram.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: ZhX

 

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