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Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 06 – A Provação da Princesa

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— Faz algum tempo… — Nobre Esgrimista deu um sorriso reservado enquanto corria para o corredor.

Tendo aceitado a missão do rei, o grupo estava correndo para começar, relutantes até mesmo em tirar um tempo para discutir. Os passos de Matador de Goblins permaneceram ousados ​​mesmo enquanto se movia rapidamente, enquanto Lagarto Sacerdote dava passos largos. Alta Elfa Arqueira poderia ser capaz de acompanhar, mas Sacerdotisa e Anão Xamã tiveram que trabalhar suas pernas para acompanhar de perto.

— Estou feliz… — disse Sacerdotisa, sorrindo enquanto seguia rapidamente. Ela se sentia tensa desde o incidente da noite anterior, mas agora achava que podia sentir-se um pouquinho relaxada. — Estou feliz que você pareça estar bem. O que aconteceu depois da última vez…?

— Tenho estado assim desde então — respondeu Nobre Esgrimista, sem uma única palavra desnecessária.

Ela não estava vestida como a aventureira de antes, mas com uma roupa engomada e adequada. Seu cabelo, que havia cortado, tinha crescido ligeiramente, seus olhos carregavam brilho e suas bochechas tinham um tom rosado.

Ela parece realizada.

O pensamento fez os olhos de Sacerdotisa parecerem cheios e ela piscou rapidamente.

— Como sabia que estávamos aqui…? — perguntou.

— Quem acha que foi a primeira a publicar uma missão pelo meu resgate? — O menor indício de malícia apareceu no rosto quase inexpressivo de Nobre Esgrimista.

— Oh — disse Sacerdotisa, ela tinha um palpite.

Donzela da Espada, alguns aventureiros que ela conhecia, uma sacerdotisa que usava cota de malha; tudo fazia sentido. Nobre Esgrimista havia feito a conexão óbvia e foi encontrá-los.

— Você está bem?

Sacerdotisa teve que pensar por um momento sobre esta outra questão. Sobre o que ela estaria falando? Estava preocupada com o quase um ano de caça aos goblins que Sacerdotisa tinha feito desde que se conheceram? Perguntando sobre o tempo que passou trabalhando, aventurando-se, com ele? Ou isso era sobre a estimada cota de malha que foi roubada? Ou mesmo o fato de que o roubo a deixou sem armadura?

Ela conseguiu novas vestimentas emprestadas, mas a ausência daquele peso familiar a deixou profundamente perturbada.

Ela finalmente respondeu:

— Acho que… — um sorriso ambíguo — estou bem.

— Mas como vamos lidar com isso? — perguntou Alta Elfa Arqueira, virando-se para falar enquanto corria feito uma bala. — Se o inimigo está se movendo desde a primeira hora da manhã, já será tarde demais para persegui-los.

— Tenho cavalos preparados… Os mais velozes.

— Não acho que isso será o suficiente. — A elfa desenhou um círculo no ar usando o dedo indicador. — Estamos lidando com goblins… como eram? Cavaleiros. Os lobos podem se mover mais rápido do que você pensa.

— Posso compensar isso com um feitiço — disse Anão Xamã ao se aproximar bufando, já procurando dentro de sua bolsa de catalisadores. — É sempre melhor economizar magia quando se pode, mas quando se precisa, se precisa.

— Tome conta disso. — As palavras de Matador de Goblins foram breves e diretas, provocando um aceno de cabeça e um “Uhum” de Anão Xamã.

Feitiços mágicos eram um recurso estratégico inestimável em batalha, mas se não pudesse pegar o inimigo, então nem haveria batalha. E se fossem desafiar o calabouço mais profundo, certamente descansariam por pelo menos uma noite em qualquer evento. Se corressem para o labirinto com pouca preparação, tudo o que os esperava era um destino pior do que a morte.

— Ahh, mas que sorte, sou da linhagem dos nagas! — Lagarto Sacerdote, muito animado, revirou os olhos mentalmente. — Devo matar goblins com milorde Matador de Goblins e até mesmo tentar explorar aquele calabouço mais profundo. — Seu rabo batia no chão enquanto andavam, como se para comunicar o quão feliz estava. — E por falar em milorde Matador de Goblins, você parece bastante energizado.

— É mesmo?

Ele estava caminhando corajosamente em frente, nenhum sinal de hesitação em seus passos. Por trás, Sacerdotisa trocou um olhar com Alta Elfa Arqueira e Nobre Esgrimista e sorriu.

Acho que seria mentira dizer que eu não estava com medo.

O calabouço mais profundo. O lugar que havia servido como reduto do Lorde dos Demônios dez anos antes. Costumava ser um campo de treinamento de algum tipo, por isso tinha dez subníveis. O layout, no entanto, foi drasticamente reorganizado e um fluxo aparentemente interminável de monstros agora emergia de lá.

Os monstros, por alguma razão, não tinham nada; visavam aventureiros, especificamente, para que pudessem ganhar algo…

Tenho certeza de que o mundo estava à beira da destruição.

Que irônico, pensou Sacerdotisa. O que acabou salvando o mundo não foi a verdade ou a justiça, mas a ganância.

Posição, renome, riqueza, glória, fortuna: não havia nada de intrinsecamente errado com nenhuma dessas coisas. Isso foi algo que Madre Superiora lhe ensinou quando deixou o templo para se tornar uma aventureira, há mais de um ano. Sentir desejo era uma forma de querer e esperar. Indicava vontade de viver, que, como tal, era uma coisa boa.

Contudo, ao mesmo tempo, Madre Superiora ensinou-lhe outra coisa.

Havia aqueles aventureiros que se equipavam roubando outros aventureiros, como salteadores de estrada comuns.

Havia aqueles aventureiros que buscavam armaduras sagradas e lâminas encantadas, não subjugando os espíritos malignos, mas rondando as profundezas da terra.

Com essa gente, deve-se ter cuidado. Ela não deveria se tornar tal pessoa.

Quando algo precioso foi roubado, substituído por algumas joias atiradas às pressas, Sacerdotisa concordou.

Aquela garota disfarçada de soldado, a princesa, não estava pensando em Sacerdotisa, mas apenas nela mesma.

O pensamento de que isso a tornava parecida com um goblin, bem, talvez isso mostrasse que ele a estava influenciando um pouco demais.

— Odeio perguntar, mas você está bem com isso? — sussurrou Alta Elfa Arqueira para ela.

Era uma pergunta razoável. Algo terrível foi feito a ela. Por que deveria se importar com o que acontecia à ladra?

Pensamentos tão brutais já passaram por sua mente? Sacerdotisa dificilmente poderia afirmar que não passaram.

Mas…

Ela apertou as mãos com força, invocando o nome da Mãe Terra para suprimir esses pensamentos.

— Sei o que ela fez, mas isso não significa que mereça qualquer coisa que possa acontecer.

É como eu me sinto. Esperar que algo terrível aconteça a alguém, desejar isso, ter alegria com isso? Isso não está certo.

Isso, pensou, era muito parecido com um goblin. E essa era a última coisa que queria ser.

Então ajudaria a garota.

Recuperaria o que era dela.

Gritaria, repreenderia e faria a princesa pensar no que fez.

Como seria maravilhoso se tudo pudesse terminar de forma tão simples.

— Hmm… — Alta Elfa Arqueira deu um tapinha nas orelhas e acenou com a cabeça. — Isso é bom, então, vamos lá!

— Certo!

Enquanto aumentava o ritmo para alcançar Matador de Goblins, Sacerdotisa fechou os olhos e ofereceu uma prece à Mãe Terra.

Que assim seja.

 

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— Por favor, esperem um momento.

A voz surgiu no momento em que o grupo estava resolvendo a questão dos cavalos no estábulo.

Comerciante havia dito que os cavalos seriam rápidos, mas eram animais de guerra, então não tinham as pernas finas que pareciam que poderiam quebrar a qualquer momento dos cavalos de corrida.

Haviam três corcéis robustos, ao todo. Lagarto Sacerdote escolheu o mais gigante deles apenas para si; Alta Elfa Arqueira pegou as rédeas de outro, enquanto Anão Xamã subia atrás dela.

Matador de Goblins estava prestes a montar o último animal, mas então se virou com a mão ainda na sela.

—  O que é?

—  Pensei que talvez vocês já tivessem… — Uma mão foi colocada contra um seio generoso para evitar que arfasse: Donzela da Espada estava lá, respirando com dificuldade, tendo corrido até eles. Ela ficou parada na porta por alguns segundos até sua respiração ficar mais regular.

Soltou um suspiro, suas bochechas coradas, então baixou a cabeça graciosamente.

—  Em primeiro lugar, gostaria de… agradecer por isso.

— Não precisa agradecer — disse Matador de Goblins bruscamente, balançando seu capacete de um lado para o outro. — É meu trabalho.

— Eu sei… — Donzela da Espada acenou com a cabeça, um gesto que quase fez parecer que estava prestes a derreter.

— Resumi o que pesquisei. Havia muitas coisas que não entendia. — Ele entregou a ela um texto rabiscado violentamente, que ela agarrou consigo como se fosse algo precioso. Então colocou a mão sob as roupas, que grudaram em sua pele e ficaram ligeiramente translúcidas com o suor.

Com reverência, tirou várias folhas de papel de pele de carneiro, encadernadas.

— Isso é tudo de que me lembro… O calabouço, até o quarto subnível.

— O quarto subnível? — Matador de Goblins pegou o mapa e o passou para Lagarto Sacerdote sem nem mesmo abri-lo.

De seu cavalo, o clérigo pegou o objeto com os dedos em garras ágeis e o abriu, olhando por cima. O papel tinha uma grade gravada nele, os quadrados preenchidos de forma rápida, mas controlada.

—  Oh… — Lagarto Sacerdote suspirou em admiração — Está muito bem desenhado.

— Costumava ser a cartógrafa do meu grupo…

— Mas o mapa não desce aos níveis mais baixos?

— No quarto andar está um redemoinho de energia mágica e miasma, o coração daquele calabouço. — Donzela da Espada deu um meio sorriso, quase envergonhado, mas a expressão rapidamente desapareceu. — E se vocês pretendem ir abaixo desse nível… — Seus olhos cegos fixaram-se no grupo. — Nenhum de vocês voltará…

Sacerdotisa involuntariamente olhou para Alta Elfa Arqueira. Seus ombros estavam caídos e seu rosto abatido, muito parecido com o de uma certa sacerdotisa, provavelmente, e suas orelhas caídas.

— Isso é muito reconfortante — disse Alta Elfa Arqueira.

— Bem, acho que é o que se diz quando centenas ou milhares tentam e apenas alguns voltam — disse Anão Xamã. Ele ficou na frente para Alta Elfa Arqueira, com os braços cruzados, acariciando sua barba. — Já ouvi algumas histórias desagradáveis ​​sobre isso de meu tio.

— Independentemente disso, vocês não serão capazes de descer abaixo do quarto nível — disse Donzela da Espada, passando a mão ao longo do decote que acabara de pressionar. — Se não tiverem isso…

Em um movimento suave, retirou uma corda decorativa colorida.

Sacerdotisa arregalou os olhos com a visão de um breve clarão de poder mágico advindo do ornamento. Além disso, estava misturado ao espanto e às coisas que ouvira sobre isso.

Poderia ser esta a Fonte de Poder, uma vez dito ter sido possuída pelo Lorde Demônio…?

— Isso é um amuleto…?!

— Nada tão incrível — disse Donzela da Espada, tranquilizando a excitada, mas inocente, garota enquanto trabalhava na corda azul com as mãos. — Apenas uma fita azul. Uma chave que permitirá que entrem mais fundo no calabouço. — Ela pressionou a fita na mão de Matador de Goblins. — Por favor, volte para casa em segurança.

Matador de Goblins não respondeu de imediato. A mão sobre a luva tremia.

— Entendido — disse um segundo depois, em seguida, fechou a mão sobre a fita. — É a minha intenção.

Colocou a fita em sua bolsa de itens, agarrou a sela novamente e montou em seu cavalo. Então estendeu a mão para Sacerdotisa.

— Suba.

— I-Imediatamente! — Ela agarrou a mão dele e ele a puxou com uma força surpreendente. Ela sentiu como se estivesse flutuando por um instante, e então se acomodou na frente dele. — Caramba, oh…

Sem outro meio de se firmar e sem estribos, segurou a crina do cavalo com uma das mãos. Então sentiu algo apoiando suas costas.

A áspera mão enluvada parecia tão firme, talvez porque ela não estava com sua cota de malha.

— Tenha cuidado para não cair.

— C-Certo. Terei cuidado…!

Ela mudou seu pequeno traseiro para uma posição mais confortável, envergonhada por se ouvir gaguejar. Baixou os olhos, mas Matador de Goblins não lhe deu atenção, o capacete virando para um lado e depois para o outro.

— Vamos lá.

Lagarto Sacerdote latiu em concordância e então cravou suas garras nos flancos de seu cavalo. O animal de guerra relinchou vigorosamente e começou com um barulho de cascos batendo nas lajes.

— Tudo bem! — disse Alta Elfa Arqueira um momento depois e deu um chute em sua montaria, fazendo com que o animal empinasse.

— C-Cuidado, sua bigorna! O que acha que está fazendo…?!

— C-Caramba?! Calma aí… Agora vamos!

Enquanto Anão Xamã estava em pânico depois por quase cair, Alta Elfa Arqueira deu um tapinha no pescoço de seu cavalo.

Os elfos tinham uma conexão única com a vida animal. O cavalo se acalmou imediatamente e, com um estalo das rédeas, saiu correndo.

O último foi Matador de Goblins, cujo capacete virou para notar Donzela da Espada e Nobre Esgrimista paradas nas proximidades. Acenou com a cabeça, apenas uma vez, então balançou as rédeas ele mesmo.

— Eep! — exclamou Sacerdotisa, pressionando sua boina para evitar que voasse enquanto o cavalo corria.

O som só foi audível por um instante antes de ser engolido pelo trovejar dos cascos e, momentos depois, os aventureiros estavam a caminho. O rei deveria ter mandado um aviso ao portão, pois o grupo não parou enquanto avançava.

— Você já desejou…? — proferiu Nobre Esgrimista suavemente enquanto observava a poeira baixar dos cavalos que partiam — Você já desejou poder se aventurar novamente?

— Essa é uma boa pergunta — disse Donzela da Espada evasivamente. Apoiando-se na espada e na balança, soltou um suspiro como se dissesse que era complicado. — A razão pela qual consegui me recuperar foi porque continuei tentando me aventurar com meus amigos. E ainda…

Seus olhos cobertos pareciam muito distantes; para o norte; para o lugar que uma vez se aventurou; para o calabouço; para onde ele estavam indo.

Mas o que ela realmente estava vendo, sem dúvida, eram suas memórias do passado.

De ser atacada por goblins em sua primeira aventura.

Ela conheceu seu grupo algum tempo depois disso. Porém, a terrível experiência foi gravada em seus olhos, para nunca desaparecer.

Queimados, embora tivesse acontecido enquanto caminhava por um calabouço sombrio, tentando desesperadamente permanecer de pé.

— Acho que não tenho mais coragem de enfrentar coisas terríveis…

Suas mãos tremeram de repente. Não, estiveram o tempo todo tremendo. A partir do momento em que os goblins foram mencionados no conselho.

Não, ainda antes disso.

Suas mãos tremiam desde o momento em que teve que ir para a capital, atravessando uma estrada onde poderia ser atacada por goblins. Tinha certeza de que o tremor havia parado apenas no momento em que ele a protegeu.

— Sou uma mulher fraca.

Nobre Esgrimista interpretou as palavras calmas como uma resposta à sua pergunta. Ela olhou para o céu azul, com nuvens brancas passando por ele, o sol brilhando sobre tudo.

No entanto, sob este céu, havia goblins. Sempre e em todos os lugares.

— O que é assustador, é assustador.

Era por isso que falava tão claramente.

Donzela da Espada inclinou a cabeça como uma criança pequena.

— Você não sente que temos que superar nossos medos?

— Às vezes, admito. — Um sorriso parcial apareceu no rosto de Nobre Esgrimista. — Mas outras vezes, tudo o que posso fazer é enfrentá-los. Agora, vamos — disse para Donzela da Espada, em seguida, girou nos calcanhares.

De volta ao castelo, certamente estariam discutindo sobre a pedra que havia caído na montanha e planejando o que fazer com o culto maligno. Havia muito a ser feito e não tinham tempo para ficarem parados.

Donzela da Espada sabia disso tão bem quanto Nobre Esgrimista, e seguiu caminhando. No entanto, quando estava prestes a passar pela porta do castelo, parou e se virou.

Seus olhos cobertos, protegidos, não podiam ver através do mundo.

A sombra nebulosa de sua presença já tinha ido para algum lugar além da luz quente do sol.

Donzela da Espada olhou para baixo e colocou a mão nos rabiscos que ele havia deixado para ela, como os últimos vestígios de uma silhueta. Se os tocasse suavemente, as pontas de seus dedos poderiam sentir a tinta que ele havia deixado na página. Ela podia ler as palavras.

Agarrou-se a essa sensação e soltou um suspiro.

— Gostaria que todos os goblins simplesmente desaparecessem.

 

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De todas as criaturas na face do mundo, a que consegue andar por mais tempo são os humanos, mas quando se trata de velocidade e, literalmente, cavalos de potência, nada supera os cavalos.

Os três cavalos que transportavam cinco aventureiros passaram pelo portão, galoparam pela estrada e seguiram para o norte, sempre para o norte, tão rápido quanto o vento.

Sim, o vento. E mais que simples vento. Para cavalos podia ser, mas nenhum animal poderia viajar tão sobrenaturalmente rápido.

Sílfides, donzelas do vento, deem um beijo na minha bochecha envelhecida. E poupem nossos corcéis que avançam de um vento mais justo para buscar!

A razão para isso foi o feitiço de Anão Xamã, Vento de Cauda. As sílfides abraçaram os cavalos, empurrando-os cada vez mais rápido.

— Agora entendo o que você quis dizer. Alcançaremos aqueles goblins num instante. — A expressão de Alta Elfa Arqueira era a seriedade dita e feita. Suas orelhas se mexeram de um lado para o outro, captando os sons ao redor, mas, finalmente, sorriu. — Não pensei sobre isso no barco, mas estou meio surpresa ao descobrir que os anões têm afinidade com magia de vento.

— Eh, não posso dizer que é uma especialidade.

Ele deveria ficar feliz por uma elfa ter elogiado ou triste por ter que cavalgar com uma dessas?

Anão Xamã considerou a pergunta por um tempo e se estabeleceu em um silêncio taciturno. Por fim, porém, disse:

— Mas, bem, usamos fogo, água e vento para transformar as coisas da terra em ferro. Precisamos conhecer todos os quatro grandes espíritos.

— Seja qual for o caso, dificilmente poderíamos esperar um resultado melhor do que prendermos os diabos antes que entrassem n o calabouço. — Lagarto Sacerdote tinha as rédeas de seu cavalo em suas mãos, parecendo não se incomodar com a cavalgada enquanto olhava para longe. Sua grande cauda se projetava atrás dele para ajudá-lo a manter o equilíbrio; ele tinha uma figura bastante impressionante. — Mas é claro que se deseja a chance de desafiar o labirinto. Ahh, devemos escolher entre cócegas ou beliscões.

Sacerdotisa, olhando para ele com o canto do olho, estava particularmente surpresa. A cavalgada poderia ser considerada uma conquista entre os aventureiros do tipo guerreiro?

— Hrm… — Uma voz baixa soou de trás dela, ou, mais corretamente, acima de sua cabeça. Matador de Goblins parecia ter notado algo.

Sacerdotisa rapidamente olhou para frente, para descobrir os restos quebrados de uma carroça parada na estrada. Seguindo o exemplo de Matador de Goblins, o grupo parou seus cavalos.

Dos cavalos, pelo menos, parecia ser um caso bastante típico de roubo de goblins. A carga havia sido vasculhada, despedaçada, com pedaços de roupa rasgada por toda parte. Sacerdotisa se sentiu enrijecendo quando percebeu que aquela era sua roupa.

Erg…

Algo como vertigem a atacou.

E se, dessa vez…

E se, de volta à primeira caverna, ele não tivesse chegado…?

— Parece que simplesmente escolheram não violá-la aqui, em campo aberto. — Mas isso é tudo o que podemos dizer. Como Lagarto Sacerdote sugeriu, parecia haver apenas o resultado de uma luta típica.

Sacerdotisa, um pouco perturbada por também perceber a diferença, olhou ao redor da área.

Não vejo a cota de malha, pensou ela. E embora estivesse um pouco decepcionada, também percebeu algo e piscou.

— Oh!

Ela não teve a intenção de gritar, mas não havia como culpá-la. Ela saiu da frente de Matador de Goblins e desceu do cavalo, correndo.

— O que é? — perguntou ele e em resposta, ela ergueu um cajado que parecia ter sido jogado no chão.

O cajado de quem servia à Mãe Terra, o seu cajado.

— Então, isso prova — disse Alta Elfa Arqueira, parecendo moderadamente satisfeita.

— Sim — respondeu Sacerdotisa, balançando a cabeça. — Mas… não vejo muito sangue. — Hmm. Ela bateu nos lábios com o dedo indicador e pensou. Nenhum cadáver também. Isso levava a apenas uma conclusão: — Acho que a levaram imediatamente…

— Sim, acho que ele disse algo sobre um objeto amaldiçoado ou algo assim, certo? — As orelhas de Alta Elfa Arqueira estavam caídas. Provavelmente estava pensando no braço seco que o elfo negro empunhava com tanta alegria. — Então, talvez a quisessem para um sacrifício?

— Parece um bom palpite — concordou Anão Xamã, acariciando sua barba. — Existem apenas alguns motivos pelos quais se sequestra uma princesa: para se casar com ela, para resgatá-la ou para sacrificá-la.

— A questão é: se sabiam que ela era uma princesa ou se isso foi mera coincidência — disse Matador de Goblins, examinando a cena. Então, virou-se para Lagarto Sacerdote. — O que você acha?

— Por acaso uma princesa foge de casa, por acaso viaja para o norte pela estrada principal e por acaso vagueia direto para seus supostos captores? — Lagarto Sacerdote contou as circunstâncias em seus dedos, sua cabeça balançando para frente e para trás em seu longo pescoço. — É necessária muita coincidência.

— Acho que sim — disse Matador de Goblins. — Se tinham a princesa como alvo, fizeram um trabalho muito desleixado.

— Não há necessidade de perder mais tempo aqui, então, certo? — disse Alta Elfa Arqueira, já puxando as rédeas e empurrando o cavalo pela estrada. — Vamos lá! Se não acompanharmos o ritmo, vamos perdê-los!

Sacerdotisa lutou para voltar para o cavalo de Matador de Goblins; ele a puxou para cima.

Assim, a perseguição recomeçou.

Vento de Cauda, entretanto, embora pudesse proteger os cavalos da fadiga, não fazia isso com seus cavaleiros. Eles estavam na sela desde a manhã e o esforço os atormentava.

Anão Xamã e Lagarto Sacerdote, ambos possuindo uma resistência considerável, estavam indo bem. O guerreiro Matador de Goblins também não estava tendo problemas, mas os rostos de Alta Elfa Arqueira e Sacerdotisa, ambas mulheres pequenas, estavam ficando cada vez mais tensos.

O sol (não tinha acabado de nascer?) já estava ardendo no céu e o calor rasteiro do início do outono caiu sobre eles. Sacerdotisa suspirou, apoiando-se na sela, balançando de um lado para o outro enquanto bebia água.

Conforme engolia, notou ele pelo canto do olho.

— Gostaria de uma bebida…?

— Não. — O capacete permaneceu fixo olhando para frente. — Não preciso.

— Hum, tá — disse Sacerdotisa em voz baixa. Molhou os lábios com outro gole e colocou a rolha de volta no cantil.

— Milorde Matador de Goblins — disse Lagarto Sacerdote, espiando a situação com o canto do olho. — Não acredito que possamos manter esse ritmo por muito mais tempo.

— Um breve descanso, então?

— Se eu puder sugerir.

Matador de Goblins não respondeu, mas também ignorou Sacerdotisa quando ela murmurou:

— Estou bem por agora.

Olhou para frente e então se virou para Alta Elfa Arqueira.

— Como está? Ainda não consegue ouvir nada?

— Ainda não… — Ela franziu a testa e apurou os ouvidos. — Espera… — Olhou para cima, semicerrando os olhos. Suas orelhas compridas se moviam quase imperceptivelmente — Vento… O rosnado de lobos…

— Goblins?

O nariz de Alta Elfa Arqueira se contraiu quando ela deu uma grande cheirada.

— Tem cheiro de carne podre!

— Goblins — disse Matador de Goblins com confiança e, enquanto falava, cravou os calcanhares nas laterais do cavalo. Sua montaria relinchou alto e saiu a galope, deixando apenas o gritinho de Sacerdotisa para trás.

Anão Xamã, observando-o partir, bateu na testa e olhou para o céu.

— Deuses, nada o deixa tão excitado quanto goblins! Dê-me as rédeas, Orelhas Compridas!

— Pegue-as! — gritou Alta Elfa Arqueira, passando-as para o anão sem um momento de hesitação e puxando o grande arco de suas costas.

A arma parecia um pouco grande para usar em um cavalo, que cavalgava com nada menos que dois em suas costas, mas ela se endireitou como se estivesse em terra firme e puxou um punhado de flechas de sua aljava.

Em um piscar de olhos, três delas estavam em seu arco e ela puxava a corda; a posição parecia adequada para uma estátua. Mexendo as orelhas para um lado e para o outro, mirando pelo tato, soltou-as em sucessão em um piscar de olhos.

As flechas assobiaram enquanto se arqueavam pelo ar.

— GOROBGR?!

— GBB?!

Um lobo gritou, seguido pelos gritos abafados de dois goblins.

O inimigo estava começando a aparecer para Matador de Goblins na frente.

Para os goblins, o meio-dia era efetivamente o meio da noite. Estavam à sombra de uma árvore onde provavelmente haviam tirado uma soneca, protegidos dos raios solares.

Então ele contou cerca de cinco cavaleiros restantes pulando em estado de choque com os disparos repentinos em seus camaradas. Tinham a variedade habitual de armas e armaduras, mas também tinham aquelas mesmas tatuagens estranhas por todo o corpo.

— GOROBG! GOORO!!!

— GROBOGORO!!

Chutaram seus companheiros adormecidos, pisando em seus membros na pressa de serem os primeiros a chegar aos lobos. Deixaram o vinho meio bebido e consumiram parcialmente a carne no furor.

— De jeito nenhum que essa é a força principal — disse Anão Xamã irritado com apenas um olhar para os goblins que se dispersavam. — Acho que se envolveram em tantos saques que se separaram dos que estão à frente.

— Aw, vamos lá — gemeu Alta Elfa Arqueira. — O que eles são, estúpidos?

— O resultado final é que dá tempo aos goblins. — Não gosto disso, Matador de Goblins rosnou baixinho.

Nenhum goblin se sacrificaria para ajudar seus camaradas, mas os goblins à frente podiam estar esperando que os idiotas que deixaram para trás tivessem a mesma intenção. Afinal, cada um deles estava convencido de que eles próprios nunca fariam algo tão estúpido. Mesmo que houvesse um goblin que pudesse simpatizar com seus companheiros, certamente se consideraria excepcional.

Era assim que os goblins eram.

— Mesmo assim, vamos matar todos eles — declarou Matador de Goblins desapaixonadamente. Isso não mudava o que precisava ser feito. — Será uma batalha contínua. Nossos inimigos estão fugindo. Cinco deles. Nenhuma evidência de armadilhas. Vamos lá.

— De fato! — Lagarto Sacerdote sorriu com o sorriso temível que herdou de seus antepassados. — As cabeças de nossos inimigos falarão por nossa virtude em combate! — Enrolou as rédeas nos braços e bateu palmas. — Ó asas em foice do velociraptor, rasgue e dilacere, voe e cace! — A presa que segurava na mão ferveu e se expandiu em uma Garrespada. — Milorde Matador de Goblins, senhora arqueira, seu apoio, por favor!

— Sim. — O elmo do meio assentiu levemente, então Matador de Goblins casualmente também soltou as rédeas de seu cavalo. — Pegue-as.

— Opa! — exclamou Sacerdotisa, agarrando as rédeas, mas uma vez que as tinha, não sabia o que fazer com elas.

Nunca montei um cavalo antes!

Esta era a primeira vez que montava a cavalo, na verdade. Por que a primeira vez que fazia alguma coisa sempre era tão difícil?

— M-Matador de Goblins, senhor! Er, um, o q-que eu…?!

A resposta que recebeu foi brutalmente simples:

— Segure bem as rédeas e mantenha os olhos para a frente. — Matador de Goblins pegou uma funda e uma pedra de sua bolsa de itens. — Isso não vai demorar muito.

Ele estava certo.

Enquanto Alta Elfa Arqueira disparava sua próxima flecha, Matador de Goblins começou a girar sua funda. Ela girou horizontalmente ao próprio lado, em seguida, enviou a pedra assobiando pelo ar. Sacerdotisa, agarrando-se desesperadamente às rédeas, estava de olhos arregalados com sua técnica de arremesso.

Ele nem deixa o pescoço do cavalo atrapalhar.

Agora dificilmente era hora de tentar aprender a técnica, mas ela teria que perguntar a ele sobre isso mais tarde. Guardou o pensamento dentro de si mesma.

— GBBBOROGB?! — Um dos goblins levou a pedrada no crânio e caiu, o pescoço torcido em um ângulo não natural.

Quatro restantes. Não…

— Oi… yah…! — Alta Elfa Arqueira mirou e disparou.

O tiro pareceu errar, mas então foi aos pés do lobo, acertando sua garganta.

— GOORBGRGOB?!

O lobo ganiu e jogou o goblin de suas costas. O cavalo de Matador de Goblins pisou no crânio da criatura, espalhando seu cérebro por toda parte. Restavam três.

— Heh, heh! — Alta Elfa Arqueira estufou seu pouco peito, provavelmente se exibindo para Matador de Goblins.

— Do que você está tão orgulhosa? — resmungou Anão Xamã, mas as orelhas compridas da elfa convenientemente não o escutaram.

Com o número de goblins assim reduzido, o resto do problema se resolveu efetivamente.

— Eeeeeyaaaaaahhhh!! — Lagarto Sacerdote uivou e voou para a briga. Ele tinha as rédeas em suas mandíbulas, uma Garrespada em cada mão.

Diante do poder do povo guerreiro, os homens-lagarto, literalmente antes disso, porque estavam fugindo desesperadamente, o número de goblins dificilmente importava. Lagarto Sacerdote atacou à direita e à esquerda, cortando e fatiando e, no espaço de um instante, duas cabeças, depois três, começaram a rolar. Gêiseres de sangue saíram assobiando dos pescoços sem cabeça e Lagarto Sacerdote soltou um suspiro.

Quando o olhar de um descendente dos temíveis nagas caía sobre você, era o fim.

Os lobos sobreviventes uivaram e correram como coelhos para o deserto, com o rabo entre as pernas.

— Quer que continuemos a perseguir os animais? — A pergunta foi repleta de batalha e sangue.

— Não são goblins — disse Matador de Goblins brevemente. — Viu as tatuagens?

— Certamente — disse Lagarto Sacerdote com um aceno de cabeça. — O mesmo padrão dos diabinhos de antes.

— Hmm — respondeu Matador de Goblins com um aceno de cabeça. Então disse suavemente para Sacerdotisa: — Isso é o suficiente.

— Oh, certo…

Ele estendeu a mão para ela e pegou as rédeas com uma mão firme.

Vento de Cauda ou não, empurraram seus cavalos com mais força do que nunca durante a batalha. Partículas de espuma estavam começando a aparecer nas bordas das bocas dos animais e Sacerdotisa acariciou o pescoço de seu cavalo, preocupada.

— Matador de Goblins, senhor, acho que…

— Entendo… — disse ele severamente enquanto diminuía o ritmo.

Sacerdotisa sabia que não tinha feito nada de errado, ainda assim, endureceu. Sem a perspectiva de uma oportunidade de trocar de cavalo ao longo do caminho, não teriam escolha a não ser continuar a perseguição em uma velocidade reduzida.

Se ela olhasse para o norte, poderia ver o monte sagrado lá longe, assomando escuro, apesar do sol. O cume estava coberto de neve; não parecia um lugar para onde as pessoas deveriam ir.

O abismo parecia se abrir diante deles, esperando pelos aventureiros.

Esperando, assim como a princesa sequestrada. Assim como os goblins.

— Acho que fica tudo para amanhã…

O mais profundo de todos os calabouços continuava longe.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: ZhX

 

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Vol. 08 – Cap. 06