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Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 04.3 – Cidade Aventura

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As duas conversavam alto enquanto se lavavam, se perfumavam, se enxaguavam e partiam para as termas.

A área de banho estava igualmente morna, graças ao sistema de tubulação. Lá tinha uma terma quente e, em frente a ela, uma banheira de água fria. Mais ao fundo, também havia uma sauna, onde estava ainda mais quente.

— Já volto! — disse Alta Elfa Arqueira ao começar a correr, deixando Sacerdotisa sozinha.

Ela mergulhou na água sem fazer barulho, esticou seus braços e suas pernas e soltou ar pela boca ao relaxar. O bafo soltado se misturou com o ar quente e subiu até o teto redondo.

Nossa, posso acabar dormindo aqui…

Ela sentiu como se a água quente pudesse entrar pela sua pele e fazer com que ela derretesse. Ela esticou seu braço pálido, sem pensar, e percebeu que seus músculos tinham se desenvolvido, mesmo que não muito. Além disso, também conseguiu ver algumas cicatrizes, que eram mais claras que a sua própria pele, em alguns lugares.

A experiência geralmente não era tão visível a olho nu, mas essas cicatrizes certamente representavam a dela.

Após pensar bem, percebeu que já havia passado dois anos se aventurando, sem contar com os dias de folga ocasionais.

Sua primeira aventura, seu primeiro grupo, o ninho dos goblins, a morte dos membros de seu grupo e, então, ele.

Sentiu, mais uma vez, uma confusão de sentimentos que não conseguia entender crescendo em seu peito.

Mas…

Sacerdotisa olhou na direção da sauna em que Alta Elfa Arqueira havia entrado e fechou seus olhos.

Eu realmente sou grata por tudo isso.

— Ei….

— Hã?!

O chamado inesperado que interrompeu o devaneio da Sacerdotisa quase fez com que ela saltasse para fora da água. Ela cobriu os seus peitos rapidamente e se virou, encontrando uma garota olhando para ela com os olhos arregalados.

Ela tinha cabelo dourado, que descia até seus ombros, olhos azuis e tinha quinze anos, não, talvez tivesse dezesseis.

No entanto, Sacerdotisa somente conseguia ficar piscando. Havia algo… de estranho. A garota em sua frente parecia se sentir da mesma forma.

— Ah — disse Sacerdotisa enquanto olhava para os olhos da garota, a qual ficou surpresa.

Era um rosto que ela praticamente não via, exceto no espelho de água do Templo, mas lá estava. A outra garota parecia ter um cabelo mais brilhante e sua pele parecia mais bonita, por mais que fosse um pouco mais encorpada. Ela também era alta. Porém…

Nós somos parecidas.

Sim, a outra garota obviamente era superior, mas havia uma similaridade.

Sacerdotisa, começando a se sentir envergonhada, deslizou de volta para a água. A outra garota parecia uma versão melhorada dela.

— Posso… te ajudar de alguma forma?

— Você é uma aventureira, não é? — A frase parecia um julgamento vindo de alguém acima dela, o que fazia sentido, já que a garota estava de pé.

Quando Sacerdotisa assentiu para a pergunta, a garota disse “Bem como pensei”, assentiu para se auto confirmar e se sentou. Seus peitos fizeram com que a água espirrasse para os lados ao entrar. Sacerdotisa olhou para baixo após ver isso e pensou no quanto os deuses eram injustos.

— Ei, qual é a sua classe?

— Sou serva da Mãe Terra.

— Uma sacerdotisa, então? — Nada mal.

Sacerdotisa olhou de forma curiosa para a garota, que estava murmurando.

— Se está buscando alguém para fazer parte do seu grupo, temo dizer que já estou em um…

— Hã? — disse a outra garota, surpresa, mas, então, disse: — Ah. Não, não. Não era nisso que eu estava pensando.

Então, o que será?

Não conseguir entender o que aquela pessoa queria fez com que Sacerdotisa suspeitasse e ficasse preocupada. Ela achava que estava correndo risco de ser atacada, mas não tinha nem mesmo uma peça de roupa para se defender. Ela ficou um pouco mais em alerta, ainda escondendo seus seios. Não tinha sentido nada de estranho vindo da garota, mas, mesmo assim…

— Eu gostaria de perguntar para referência própria: que tipo de equipamento você usa? Qual é a sua classificação?

— Hm, sou uma Ferro. E… meu equipamento?

Sacerdotisa observou a outra garota, a qual tinha deslizado para muito perto de repente, com mais atenção. Sacerdotisa não chegava perto de ser uma guerreira, mas achava que a outra garota também não parecia muito mais forte do que ela. Talvez fosse uma feiticeira ou uma clériga? Talvez até mesmo uma aventureira. Ela considerou a última hipótese a mais provável assim que passou por sua mente.

Será que devo tentar pará-la…?

Era uma possibilidade, mas toda a sua própria experiência passou por sua mente naquele momento.

Ela se lembrou de tudo que tinha acontecido desde aquela época, tinha aprendido com suas aventuras. Não podia negar tudo aquilo; e nem deveria.

— Eu visto as vestimentas de clériga e carrego um cajado, além de usar uma cota de malha.

— Hmm — disse a outra garota. — Essas coisas têm, sabe, um poder sagrado ou uma bênção nelas?

— Não, realmente são só… um cajado e uma cota de malha comuns.

Mesmo assim, ela só havia comprado a armadura por causa do conselho dele. Pensando bem, percebeu que a cota tinha salvado a sua vida até mesmo naquela batalha no esgoto.

A outra garota assistiu Sacerdotisa esfregando o ombro com a palma de sua mão e resmungou:

— Acho que esse é o máximo que se pode esperar de uma classificação oito.

Sacerdotisa apertou seus lábios pelo tom arrogante da garota.

— Você tem algo contra?

— Hã? Contra o quê?

Ela parecia extremamente perplexa pela falta de resposta de Sacerdotisa. Um pouco depois, a garota saiu do banho.

— De toda forma, obrigada. Vou lembrar do que me disse.

— Ah, claro…

Eu deveria falar algo para ela…?

O que estava a fazendo se sentir assim era uma intromissão parecida com a de uma avó ou era um comunicado dos deuses? Esse momento de ansiedade e indecisão fez com que algo gritasse em seu coração: Não a deixe ir dessa maneira. Ofereça um conselho para ela. Mas qual poderia ser…?

Nem mesmo os deuses sabiam como agir em uma situação que precisava de sorte.

Sacerdotisa engoliu em seco. Quando falou, sua voz estava tremendo incontrolavelmente.

— Hm…, se você vai virar uma aventureira, deveria se preparar… quero dizer, tenha certeza de fazer suas compras e coisas assim antes, certo?

— Quê? — A garota fez aquela expressão incompreensível de novo. Após pensar por um tempo, balançou a cabeça. — Você está certa. Comprar as coisas… é importante.

E, então, a garota saiu rapidamente, fazendo com que vazasse um pouco da água da terma. Sacerdotisa seguiu a silhueta formosa dela com seus olhos e, então, se afundou na água até que ela chegasse perto de seu nariz. Após isso, apaticamente soprou bolhas na água.

— Ufa! Aah, acho que ir lá foi uma ideia muito impulsiva. Lá está fervendo.

Naquele momento, Alta Elfa Arqueira voltou batendo levemente nas suas bochechas, que estavam coradas. Ela olhou para a garota que havia conversado com Sacerdotisa enquanto movia as suas orelhas, as quais eram a marca registrada de sua raça.

— Quem era?

— Hm… não faço ideia. — Isso era tudo que Sacerdotisa podia dizer, era tudo que era possível dizer.

Alta Elfa Arqueira pareceu suspeitar um pouco, mas, então, disse: “Entendi” e entrou na água.

— Então, o que quer fazer? Quer ir lá atrás? Eu só vou ficar aqui por alguns minutos.

— Não… — Sacerdotisa pensou por um segundo e, após isso, balançou sua cabeça lentamente. — Vamos sair…

 

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Quando voltaram para o vestiário, ficaram surpresas com o quanto se sentiram refrescadas, mesmo com o ar morno. Elas se secaram, se perfumaram novamente e secaram o suor antes de irem se trocar.

— Eu deveria ter trazido roupas limpas para vestir agora — comentou Sacerdotisa.

— É normal ter que usar as anteriores de vez em quando — disse Alta Elfa Arqueira. — Você não planejava vir aqui. Além de quê, pode trocar de roupa quando voltarmos, não?

Elas caminharam juntas, com seus pés fazendo barulho conforme caminhavam pelas pedras, quando…

— Hã? —  Sacerdotisa parou de repente e esfregou seus olhos. Seu cesto tinha sumido. Ela lembrava onde tinha deixado: estava bem ao lado de onde Alta Elfa Arqueira tinha jogado seu traje de caça.

— Que estranho — disse Alta Elfa Arqueira. — Será que alguém moveu para outro lugar?

— Mas eu tenho certeza de que estava tudo aqui…

No lugar onde suas vestimentas deveriam estar, encontrou o que parecia ser uma roupa de soldado suja e suada jogada no cesto. Sacerdotisa olhou ao redor para garantir que suas posses não tinham sido colocadas em um lugar diferente.

— O quê…? Por quê?

Ela não as encontrou.

Sua voz estava ficando cada vez mais triste e lágrimas começaram a transbordar de seus olhos. Parecia que estava à beira de um precipício.

— Fique calma. Você tem certeza de que tinha colocado tudo ali?

— Sim…

— Esse não é o tipo de roupa que é fácil de se confundir…

Uma roupa de sacerdotisa, um cajado, uma mitra e uma cota de malha. Era difícil de confundir com a roupa de outra pessoa.

O que ela deveria fazer? Sacerdotisa, que estava sentindo que poderia começar a chorar a qualquer momento, começou uma busca ansiosa, mas fútil, em outros cestos.

— Algum problema? — perguntou uma funcionária vestida de branco, ao se aproximar. A angústia da Sacerdotisa devia estar visível. Ela abriu a boca para falar, mas não conseguia formular a frase.

— Ah, m-minhas, minhas roupas…!

— O que aconteceu com suas roupas? — perguntou a empregada, confusa.

— Não conseguimos encontrar as roupas dela — respondeu Alta Elfa Arqueira. — Ela é uma sacerdotisa da Mãe Terra, sabe? Então, não acho que alguém teria pegado por engano…

— Esperem só um momento, por favor. Vou checar com o guarda — disse brevemente a funcionária e, em seguida, saiu ainda mais rápido do que quando se aproximou.

Alta Elfa Arqueira segurou a mão de Sacerdotisa, a qual estava pálida e inquieta, enquanto esperavam.

— Está tudo bem. Tenho certeza de que irão encontrar as suas coisas em breve.

— Eu sei. Hmm, mas… mas e se…?

A funcionária realmente voltou rápido.

— Sinto muito mesmo — disse com uma expressão séria. — Fui informada de que alguém vestida com as vestimentas da Mãe Terra realmente saiu daqui. É possível que tudo…

— Tudo foi roubado?! — exclamou Alta Elfa Arqueira. Sacerdotisa sentiu sua mente ficando totalmente em branco.

— C-Com licença…! — Ela soltou a mão de Alta Elfa Arqueira e começou a apalpar as roupas de soldado.

O soldado na entrada do vestiário. A jovem que tinha conversado com ela. As “compras”.

Ela logo achou, mais ou menos, o que tinha imaginado.

Havia uma bolsa de couro que sempre usava como sua carteira. Dentro dela, foram encontradas diversas joias polidas que brilhavam. Eram, sem dúvidas, boas pedras, e o motivo de estarem ali também estava claro.

Eram o pagamento pelas roupas.

— Ah… ugh… m-mi… minha…!

Ela conseguia suportar a perda de sua mitra; de suas vestimentas também; o colar com sua classificação poderia ser emitido de novo; seu cajado, por mais que tivesse sido usado com tanto carinho, poderia ser substituído. Além disso, todas as suas posses mais importantes estavam em seu quarto, assim como uma nova muda de roupas. Ela conseguiria lidar com todos esses itens.

Mas… sua cota de malha havia sido levada.

O item que tinha comprado após juntar o dinheiro de suas primeiras aventuras, a primeira armadura que tinha comprado, não estava lá.

A cota sempre esteve com ela: havia a usado na batalha contra o ogro, no esgoto, na montanha nevada, em seu teste de promoção e na floresta chuvosa.

Havia salvado a sua vida. Ela tinha a consertado, a remendado e tomava o maior cuidado possível com ela.

Tudo isso por apenas um motivo.

— Foi a p-primeira coisa… pela qual ele me elogiou…!

Ter perdido isso fez com que o coração de Sacerdotisa se quebrasse por completo. Ela perdeu as forças para continuar de pé e caiu no chão de pedra.

— M-Minha… a minha…! Ela levou…!

— Caramba, eu… eu sinto muito. Queria não ter pensado em vir aqui — murmurou Alta Elfa Arqueira, bem baixo, ao lado de sua amiga, a qual estava se engasgando com o choro, como uma garotinha.

— Aaaah. — Sacerdotisa chorava enquanto balançava sua cabeça de um lado para o outro.

 

 

 

Alta Elfa Arqueira se ajoelhou e afagou gentilmente as costas de sua primeira amiga em dois mil anos.

— Nós vamos recuperar ela… Eu te prometo.

 

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A vela colocada no suporte era a única fonte de luz naquele quarto escuro, de onde era possível escutar um barulho periódico de metal sendo raspado.

Havia uma cama ao lado da janela. Sentado nela, um homem vestido com um equipamento simples. Era a fonte do barulho.

Matador de Goblins estava passando a pedra de afiar na lâmina de uma forma que parecia que estava mais raspando o metal do que afiando a espada. Alguém poderia pensar que era porque era um item genérico, mas esse não era o caso,  esse homem teria tratado uma espada lendária da mesma maneira.

Parou de polir por um momento e levantou a espada, que tinha um comprimento estranho, em direção à luz.

Quem havia aprendido um pouco sobre aventuras a partir de contos e de músicas poderia sorrir e dizer que uma espada era, na verdade, um item caro. Contudo, essa pessoa estava errada.

Uma espada era feita para rasgar a pele, cortar a carne e quebrar os ossos. Se não fosse por isso, qual seria a necessidade de fazer espadas?

Somente as espadas pesadas dos cavaleiros eram capazes de cortar, perfurar, esmagar e bater de uma vez só. Eram praticamente espada, lança, martelo e machado em uma coisa só.

No entanto, a arma que Matador de Goblins estava segurando naquele momento não servia para nada disso. Servia para perfurar a garganta de goblins, para decepar suas cabeças e para arrancar os seus corações. Não servia para nada além disso.

— …

Sacerdotisa tinha chegado fungando fazia um pouco menos de uma hora. Alta Elfa Arqueira, que estava com um olhar triste e com suas orelhas caídas, havia tentado confortá-la desesperadamente, mas não parecia ter dado certo.

Além disso, Sacerdotisa não estava usando as suas roupas, mas sim roupas sujas de soldado, que não combinaram muito com ela. Quando ele perguntou o que tinha acontecido, Alta Elfa Arqueira respondeu em desespero:

— Ela foi roubada.

Essa não era a cidade fronteiriça, nem a cidade da água; era a maior cidade da nação. Ela era cheia de pessoas, dentre as quais nem todas eram boas.

Lagarto Sacerdote tinha ficado visivelmente furioso, como se fosse começar a soltar chamas de enxofre a qualquer momento. Enquanto isso, Anão Xamã apenas pareceu ficar bravo.

— Talvez possamos fazer uma reclamação no castelo, amanhã — sugeriu ele, mas Sacerdotisa não o respondeu, só balançou a cabeça.

Matador de Goblins havia se levantado de seu lugar, voltado para seu quarto e, desde então, passou o tempo dessa forma.

Ele não falou absolutamente nada.

As mãos do Matador de Goblins pararam novamente e ele segurou a espada em direção à luz. Passou um dedo no canto da lâmina e balançou a cabeça.

Ele colocou a espada de volta em sua bainha. Em seguida, pegou a sua faca de arremesso com uma curva no formato de cruz.

— Você não vai ficar ao lado dela nesse momento difícil? — A voz inesperada era sensual, mas também centrada. Além disso, parecia estar com um tom de criança aborrecida.

— Não. — Matador de Goblins nem mesmo virou o seu capacete para a direção da mulher, a qual tinha entrado com um silêncio maior do que o da porta.

— Entendi — disse Donzela da Espada, seus lábios apertados. Ela se esgueirou em direção à cama.

E, em seguida, se sentou, seu corpo macio e suculento se dobrou, como se fosse se ajoelhar em frente ao homem sentado na cama.

— Uma garota quer ser confortada quando chora, sabia?

— É mesmo?

— Acredite em mim, eu sei do que estou falando — disse Donzela da Espada. Ela abaixou o seu olhar para suas mãos, as quais estavam em suas pernas. — Até porque também sou assim.

— Entendo.

O barulho de raspagem voltou após Matador de Goblins começar a afiar a lâmina de sua faca curvada. Donzela da Espada estava apreciando a visão dele trabalhando em sua lâmina, que parecia demoníaca, com seus olhos cegos. Seus lábios lentamente deixaram de ficar apertados pela irritação e começaram a relaxar e formar um sorriso.

A sombra do capacete dele que se formava no rosto dela estava dançando junto com cada oscilação da chama da vela.

— Você não deve fazer uma garota chorar.

— Eu sei.

As palavras que Matador de Goblins disse foram duras, quase violentas, se pudessem ser resumidas. Por isso, Donzela da Espada ficou surpresa por um instante. Se não fosse por sua venda, seus olhos poderiam estar arregalados naquele momento. No entanto, ele a ignorou e continuou polindo sua faca.

— Aprendi isso já faz um tempo.

— Eu… entendo. — Donzela da Espada não sabia muito bem o que dizer. — Trouxe um livro para você. — Então, ao invés de seguir com o assunto, resolveu dizer o motivo trivial pelo qual visitava.

Ela colocou o livro que estava segurando na mesa. Era um volume sobre a crença nos Deuses das Sombras e seus símbolos.

— Temi que não tivéssemos tempo para que eu mesma te mostrasse a biblioteca…

— Entendo.

A resposta foi curta e nada elaborada.

Donzela da Espada permaneceu parada por um bom tempo, até que finalmente bufou. Ela se virou e estava prestes a sair do quarto, quando…

— Todas as coisas eventualmente são perdidas — disse Matador de Goblins com uma suavidade incomum. Ele era um homem que raramente falava, afinal.

— Você está certo — disse Donzela da Espada, com o mesmo tom.

— Quando eu era criança, meu pai prometeu que me daria a sua adaga após eu crescer. — As suas mãos pararam de trabalhar e Matador de Goblins levantou a lâmina em direção à luz. Ele a inspecionou e, então, passou um dedo na lâmina. — Acho que era uma adaga muito boa; também tinha uma cabeça de águia entalhada em seu cabo.

Ele soltou a pedra de afiar. Ela fez um barulho alto ao cair.

— Não sei onde ela está agora.

Em seguida, jogou a faca de arremesso em sua bolsa de itens e ficou em silêncio novamente.

Donzela da Espada usou a sombra do capacete dele para esconder a leve mudança em sua expressão e apenas sussurrou:

— Eu não sabia. — Ela limpou o joelho de Matador de Goblins com seus dedos pálidos e bonitos. Ela continuou movendo-os até começar a acariciar a perna dele, como se estivesse tocando em algo querido. — Vou para o castelo amanhã. Tenho uma reunião com Sua Majestade, o rei.

Assim como te falei antes. Donzela da Espada riu como se fosse uma criança.

— Sua Majestade e eu nos conhecemos há um bom tempo… vou tentar conversar sobre o que aconteceu, quando me encontrar com ele.

Matador de Goblins virou sua cabeça lentamente para ela. Era a primeira vez que o capacete tinha se virado em sua direção.

— … — Ele parecia estar com dificuldade em encontrar as palavras certas, até que finalmente disse: — Entendo. — Então ficou novamente em silêncio antes de adicionar uma simples frase: — Por favor, faça isso.

Uma flor desabrochou no rosto de Donzela da Espada.

— Eu vou… pode deixar. — Um sorriso enorme se formou em seus lábios e ela se levantou, animada. Ela bateu a espada e balança, que usava como cajado, no chão, fazendo com que a balança oscilasse pelo impacto. — Farei tudo que estiver ao meu alcance… Assim está bom o suficiente para você?

Para aquele sussurro doce e tentador, Matador de Goblins falou:

— Sim. — Então balançou a cabeça. — Peço desculpas pelo incômodo, mas conto com você.

— …! — Donzela da Espada não respondeu, somente andou como se estivesse flutuando. Ela abriu a porta silenciosamente, saiu, mas então olhou momentaneamente para trás. — Hm, ahem

— …

— Boa noite e… bons sonhos.

— Obrigado — disse Matador de Goblins enquanto balançava a cabeça. — Para você também.

O rosto dela corou como se fosse uma adolescente, antes de ela fechar a porta.

Após a porta se fechar atrás dela, Donzela da Espada colocou uma mão em seu rosto e caiu sentada, mas Matador de Goblins não tinha noção disso. Ao invés disso, ele pegou a pedra de afiar que havia soltado no chão anteriormente e a segurou em suas mãos.

Ele poliu o resto das suas adagas em silêncio, checando o estado de seu equipamento e garantindo que sua bolsa de itens estava organizada.

Em seguida, abriu o livro que Donzela da Espada havia entregue para ele e o comparou com um pedaço de pele de goblin, que tinha em sua bolsa.

Lá havia um símbolo estranho. Parecia que tinha sido desenhado à mão com uma tinta vermelha, mas não tinha nenhuma entrada para algo como aquilo.

Aquele ladrão, pensou, parece um goblin. Talvez fosse um goblin.

Devemos estar preparados a qualquer momento.

Essa havia sido a conclusão que havia chegado, o que o levou a passar o resto da noite preparando seu equipamento, até que dormiu um pouco após aparecerem os primeiros raios de luz.

Essa não era a fazenda, então não tinha necessidade de fazer patrulhas; mas, caso goblins aparecessem, pretendia matá-los.

Como bem sabia, não havia lugar nesse mundo em que não houvesse goblins.

As coisas simplesmente eram assim.

 


 

Tradução: Jeagles

Revisão: ZhX

 

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