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Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 03.1 – O Matador de Goblins Vai Para a Capital

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— Então você veio — disse ela.

Sua voz possuía tanto calor que parecia ser capaz de derreter a qualquer momento. O sol brilhava pela janela atrás dela, e os lábios que ficavam visíveis sob seu capuz formaram um leve sorriso.

A mulher removeu o manto, e seu cabelo dourado surgiu como ondas do mar. Suas vestes brancas transparentes expunham de maneira exuberante as linhas voluptuosas de seu corpo – a própria Mãe Terra poderia ser assim.

A pele que suas vestes revelavam era perfeitamente branca, quase translúcida, como se intocada pelo sol. Isso indicava que o tom rosado em suas bochechas talvez não fosse apenas devido à luz. Quase parecia uma meretriz, e havia templos que mantinham prostitutas sagradas.

Poderia ter na palma de sua mão qualquer homem que a visse, e, ainda assim, seus olhos estavam cobertos por uma venda preta. Em sua mão, segurava a espada apontada para baixo e a balança que era o símbolo de integridade e justiça. A maneira como quase se apoiava nelas, a forma como sussurrava, transmitia intensa ansiedade.

— Eu estou… o perturbando agora?

— Não.

Donzela da Espada. Esse era o nome da clériga da fronteira a quem Matador de Goblins respondeu em sua voz baixa e monótona.

— São goblins?

 

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Era de manhã.

Matador de Goblins estava fora da cama antes do amanhecer, verificando seu equipamento.

Capacete, armadura, as malhas usadas sob a armadura, escudo, espada. Tudo em boa condição. Tudo em bom estado para uso. Então pegou sua bolsa de itens para verificar o conteúdo.

Lá estavam as poções, enroladas com cordas de nós para distingui-las, junto com uma casca de ovo cheia de pó para causar cegueira, um pergaminho e uma variedade de itens diversos.

Quando confirmou que tudo estava como deveria, começou a vestir seu equipamento. Em seguida, saiu do quarto, seguindo o corredor o mais delicadamente que pôde para não acordar as outras duas pessoas da casa, que presumiu ainda estarem dormindo.

Saiu quase sem som de passos e, ao deixar a casa, foi imediatamente envolvido pelo ar frio do outono. Havia uma névoa fina e leitosa sobre a fazenda, talvez produto do orvalho daquela manhã. Matador de Goblins se sentia como se estivesse dentro de uma nuvem. Parou e observou os arredores.

— Hmph.

Havia pouca visibilidade. Bufou, descontente com aquilo, mas então começou a caminhar pela névoa.

Deu início à patrulha do dia seguindo a cerca em um circuito ao redor da fazenda. Verificava para ver se estava quebrada em algum ponto, é claro, mas também para ver se havia pegadas por perto e, caso tivesse, quantas. Seria fácil deixar pegadas nessas condições escorregadias, mas a névoa espessa tornava seu trabalho difícil. Matador de Goblins, entretanto, cuidou de um trecho de cada vez, em silêncio o tempo todo.

Afinal, o interior de uma caverna era mais escuro do que isso. Precisou fazer um esforço tentando ver o que não podia ser visto, a fim de treinar sua visão noturna.

Depois de terminar a patrulha da fazenda, pegou várias facas e alvos de seu galpão. Alinhou uma fileira de garrafas e outras coisas pequenas ao longo da cerca. Em seguida, praticou girar, mirar em um instante e atirar.

Uma após a outra, as adagas assobiaram no ar da manhã, fazendo com que as garrafas voassem ou ficassem presas à cerca.

— Hrm.

Isso foi tudo que Matador de Goblins disse sobre o ocorrido enquanto começava a limpar as armas e alvos. O amanhecer agora lançava seus primeiros raios no horizonte.

Ele havia guardado suas ferramentas de treinamento no galpão quando, de repente, avistou uma figura perto da entrada da fazenda.

Um goblin?

Sua mão agarrou a espada na cintura.  A figura era escura demais para ser possível distinguir, mas deu alguns passos à frente. Quando percebeu que era muito grande para ser um goblin, afrouxou o aperto em sua espada.

— Quem está aí? — perguntou ele.

— Eeyikes! — Uma resposta assustada soou. O estranho em pânico era um jovem que parecia vagamente familiar.

Matador de Goblins diminuiu a distância entre eles com passos largos, e o rosto do garoto se contraiu. Por fim, percebeu que o visitante estava usando um uniforme da Guilda. Então se tratava de um funcionário.

— Quer dizer que você é da Guilda. O que foi?

— É, eu… eu ouvi as histórias, mas… Que seja. — O jovem tossiu discretamente. — Há um visitante para você na Guilda. Sua presença foi solicitada, imediatamente.

— Entendo. — Matador de Goblins acenou com a cabeça. Então o capacete se inclinou de leve. — São goblins?

— Eu… eu não tenho… certeza…?

— Só um momento. — O tom não dava espaço para argumentos. Deu meia-volta e voltou para a casa.

Atrás dele, o jovem colocou a mão no peito, sem palavras, mas Matador de Goblins não ligou para ele.

Percorreu os corredores, certo de para onde estava indo, até que encontrou a porta que procurava.

— Estou entrando.

— Hã? Quê?!

Com um grito nada feminino, Vaqueira tentou se enrolar em um lençol; ela estava no processo de se vestir naquele exato instante, com seu corpo completamente nu.

 

 

 

Matador de Goblins ficou em silêncio diante da visão que o saudou ao abrir a porta, então virou o capacete de lado e falou com calma:

— Não… vou precisar do café da manhã. Vou sair.

Vaqueira agitou sua mão para ele desamparadamente. Talvez não se importasse de se mostrar a ele, mas não queria que simplesmente a visse assim.

— B-Bata antes! Você tem que bater!

— Entendo — disse Matador de Goblins. — Sinto muito.

— E-Está tudo bem… Quer dizer, está tudo bem, mas… — Vaqueira apertou a mão em seu peito enorme e respirou fundo. Seu rosto estava vermelho… de surpresa ou vergonha? Não tinha certeza. Ele se desculpou imediatamente, e ela ficou tentada a deixar por isso mesmo…

— Então… — disse ela, sua voz um tom mais alto que o normal. — O que está havendo?

A resposta de Matador de Goblins foi rápida.

— Não sei, mas fui convocado à Guilda.

— Tudo bem — disse Vaqueira, suavemente.

Também acho que isso significa que ele não vai precisar jantar hoje à noite. Sentiu uma pontada em seu peito.

Como se confirmasse, ele disse de forma fria e tranquila:

— Se houver goblins envolvidos, não poderei ajudar na fazenda hoje.

Vejo você depois.

Ela o viu sair com essas palavras e um sorriso, mas, em seguida, Vaqueira teve que se sentar em sua cama por um tempo.

 

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— Oh! Senhor Matador de Goblins… — Ele viu o rosto de Garota da Guilda se iluminar quando entrou na Guilda.

Era de manhã cedo.

Os aventureiros que haviam alugado quartos na Guilda estavam descendo do segundo andar para a taverna, enfiando o café da manhã goela abaixo. No entanto, não havia muitos deles, já que os folhetos de missão ainda nem tinham sido postados; toda a atmosfera do lugar estava relaxada e calma.

A única exceção eram os funcionários nas salas dos fundos, que corriam de um lado para o outro, cuidando do trabalho administrativo. Eles estavam preparando documentos e mensagens, verificando o cofre, confirmando informações importantes e assim por diante.

No meio de tudo isso, Garota da Guilda encontrou um momento para dar um pequeno aceno a Matador de Goblins quando ele adentrou o local.

— Seu convidado já está esperando!

— Entendo. No segundo andar?

— Isso mesmo! Hm, eu… — O rosto antes alegre de Garota da Guilda se anuviou. Ou talvez fosse mais apropriado dizer que seu sorriso simplesmente vacilou por um momento.

Ela parou como se não conseguisse dizer o que viria a seguir. Matador de Goblins inclinou a cabeça de leve.

— O que foi?

Suas tranças balançavam como o rabo de um cachorrinho: poing! Garota da Guilda abaixou a cabeça se desculpando.

— Eu sinto muito mesmo pela última missão.

— Da última vez…

— Aquela… sabe, do goblin marinho. — Garota da Guilda mal conseguia pronunciar as palavras. Ela recebeu seu relatório no dia anterior.

Matador de Goblins teve que pensar um pouco sobre o ocorrido, mas, no fim, até mesmo ele pareceu entender o que ela estava dizendo.

— Ah — disse, acenando com a cabeça. Então começou a balançar a cabeça. — Isso não me incomoda.

Com aquela declaração deveras breve, Matador de Goblins se dirigiu para as escadas. Sequer percebeu que Garota da Guilda levou a mão ao coração devido ao alívio quando ele começou a subir.

Descobriu que estava indo para a mesma sala de reuniões em que fora apresentado às pessoas que agora eram membros de seu grupo. Já fazia quanto tempo? Com a fugaz percepção de que mais de um ano havia se passado, abriu a porta.

Enquanto fazia isso, a mulher parada perto da janela do outro lado da sala ergueu a cabeça e olhou para ele.

— Então você veio — disse ela.

Sua voz possuía tanto calor que parecia ser capaz de derreter a qualquer momento. O sol brilhava pela janela atrás dela, e os lábios que ficavam visíveis sob seu capuz formaram um leve sorriso.

A mulher removeu o manto, e seu cabelo dourado surgiu como ondas do mar. Suas vestes brancas transparentes expunham de maneira exuberante as linhas voluptuosas de seu corpo – a própria Mãe Terra poderia ser assim.

A pele que suas vestes revelavam era perfeitamente branca, quase translúcida, como se intocada pelo sol. Isso indicava que o tom rosado em suas bochechas talvez não fosse apenas devido à luz. Ela quase parecia uma meretriz, e havia templos que mantinham prostitutas sagradas.

Poderia ter na palma de sua mão qualquer homem que a visse, e, ainda assim, seus olhos estavam cobertos por uma venda preta. Em sua mão, segurava a espada apontada para baixo e a balança que era o símbolo de integridade e justiça. A maneira como quase se apoiava nelas, a maneira como sussurrava, transmitia intensa ansiedade.

— Eu estou… o perturbando agora?

— Não.

Donzela da Espada. Esse era o nome da clériga da fronteira a quem Matador de Goblins respondeu em sua voz baixa e monótona.

— São goblins?

— São. Eu imploro, me ajude… Ou devo dizer… — Sua voz sedutora e sensual era quase um sussurro enquanto balançava a cabeça. — Mate-os…?

— Claro — disse ele com a rapidez de uma espada golpeando.

Os lábios dela se suavizaram no mais leve dos sorrisos, sua respiração ficando quente. Seu cabelo se espalhou sobre o peito volumoso, pequenas ondas ondulando por ele.

— Onde estão? Qual é o tamanho do ninho?

— Existem alguns… detalhes especiais que você deve saber.

— Diga.

Donzela da Espada gesticulou para que Matador de Golins se sentasse, como se ele fosse o convidado, não ela. A maneira como se sentou foi quase violenta; em contraste, quando ela se abaixou, foi com a maior graça. Ela se mexeu um pouco, colocando sua bunda copiosa no lugar certo, e então puxou a espada e a balança para perto.

— A localização é… Com licença, poderia me trazer um mapa?

— Claro, claro, eu tenho tudo pronto — respondeu uma clériga mais velha. Há quanto tempo ela estava lá? Esta mulher quase parecia se fundir com as sombras no canto da sala de reuniões.

A clériga abriu o mapa sobre a mesa quase sem fazer barulho, apesar de suas vestes volumosas.

Ela é algum tipo de monge, sem dúvida, pensou Matador de Goblins e imediatamente mudou seu foco. Ela não tinha nada a ver com goblins.

Donzela da Espada devia ter suposto o que ele estava pensando, pois soltou uma risada silenciosa.

— Ela é uma ajudante minha. Também é uma guarda-costas… Embora eu tenha dito que não precisava.

— Por mais habilidosa que possa ser, milady arcebispa, até você pode ficar em perigo viajando sozinha. O que mais deveríamos fazer?

Boo. Donzela da Espada parecia estar quase fazendo beicinho, mas então tossiu suavemente, um pouco envergonhada.

— Em qualquer caso, os goblins estão aparecendo…

Ela deslizou um dedo de maneira gentil ao longo do mapa, quase como se o acariciasse. De alguma forma traçou as estradas com habilidade, embora estivesse com os olhos bem vendados.

 — Aqui, na estrada que vem da cidade da água a esta e em direção à capital.

— A estrada?

— Isso é assustador. A estrada ainda não se tornou totalmente intransitável, mas…

Já está quase… O que uma pessoa comum pensaria se ouvisse o que Donzela da Espada disse?

— Hrm — grunhiu Matador de Goblins enquanto olhava para Donzela da Espada, cujos ombros tremiam. — Conhecemos a natureza do ninho, seu tamanho ou quaisquer outros detalhes?

— Relatos de testemunhas oculares sugerem cerca de vinte goblins, todos com a mesma tatuagem. Não sabemos onde fica o ninho, porém… — A voz dela ficou mais baixa, como a de uma criança contando um sonho um tanto perturbador. — Relatórios disseram que estavam montados em lobos.

— Entendo — disse Matador de Goblins tranquilamente. Em seguida, grunhiu uma vez mais enquanto voltava aos pensamentos.

Eles haviam encontrado goblins cavaleiros antes, na floresta tropical, uma batalha que envolveu os dois grupos atirando um no outro ao longo de um penhasco. Foi um trabalho considerável acabar com eles naquela ocasião…

— Milady arcebispa é obrigada a participar de um conselho que acontecerá na capital em breve. — Aiai. As palavras da atendente pareciam querer somar-se à explicação de Donzela da Espada e, talvez, também clarificá-las. Possivelmente não pudesse suportar a ideia de que um dos grandes protetores que trouxeram a paz à fronteira fosse visto como temeroso de meros goblins. Ou talvez fosse por compaixão genuína pela senhora que servia. — A missão, então, não é tecnicamente matar monstros, mas sim ser guarda-costas particular.

— Haverá outros guardas?

— Não. Até porque a urgência da conferência não permitiu tempo para tais arranjos.

Por que não usar soldados ou deixar os militares cuidarem das coisas? Quaisquer perguntas incisivas de um aventureiro sem dúvida teriam ferido Donzela da Espada. Sua acólita, ao que parecia, protegia não apenas o bem-estar físico de sua senhora…, mas também seu estado emocional.

De qualquer forma, a resposta de Matador de Goblins foi limpa como um corte na madeira:

— Não me importo. Suspeito que sejam andarilhos sem um ninho. Uma tribo errante. — Olhou fixamente para o mapa, calculando a distância e direção da capital em sua cabeça.

Nunca tinha estado na capital. Mas então, houve um tempo em sua vida em que também nunca tinha estado nesta cidade.

Era improvável que o mapa fosse idêntico à realidade. Ele se certificaria de que seus planos incluíssem tempo para reagir à situação no terreno.

— Se os encontrarmos, mataremos todos e daremos um fim a isso.

— Eu não sabia que existiam goblins assim.

— Existem. Às vezes são chamados de goblins do campo. — Matador de Goblins balançou a cabeça com firmeza, então pensou por um momento e acrescentou um esclarecimento importante: — Mas um goblin marinho é uma espécie de peixe.

— Bem… — Isso era difícil de acreditar. Ou seja, a boca aberta de Donzela da Espada sugeria uma espécie de descrença; ela rapidamente a cobriu com as mãos. Caso seus olhos fossem visíveis, estariam arregalados e piscando sem parar.

— Tenho que pensar que quase qualquer aventureiro poderia ter nos ajudado a lidar com alguns goblins. — Aparentemente, a acólita também duvidava, embora por razões diferentes. Ela olhou para Matador de Goblins, ou mais precisamente para a insígnia de classificação Prata pendurada em seu pescoço.

Este aventureiro de armadura suja foi quem enterrou a criatura blasfema nos esgotos da cidade da água. Ela não podia duvidar de suas habilidades. Apenas pensou que talvez pegar alguém do nível dele fosse um pouco excessivo.

— Milady arcebispa, no entanto, nem mesmo considera a contratação de ninguém além de você — disse ela.

— Ele é aquele em quem eu mais confio — disse Donzela da Espada, franzindo os lábios em um beicinho.

— Não tenho mais esperanças — Ouviu-se a acólita comentando. Ela parecia uma irmã mais velha seguindo algum capricho de sua irmã caçula.

Matador de Goblins observou as duas com atenção e então falou em voz baixa:

— Vou chamar meus amigos — disse, usando uma palavra que nem mesmo ele acreditava estar pronunciando. — Não vai demorar.

 


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Guilherme

 

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