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Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 02 – Corta-Barba Vai Para o Mar Sulista

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Hrkpf…?!

Um respingo de água voou e encharcou o lugar em que Sacerdotisa estava no barco. O borrifo de água atingiu seus olhos e ela teve que se agarrar à lateral, lutando para não ser levada pela onda. A água deixou até o barco escorregadio, porém, no momento em que percebeu isso, sua mão já havia deslizado.

Seus pés falharam e ela flutuou no ar por um instante. Um segundo depois, caiu.

— Você está bem?

— Ah, sim…!

Uma mão enluvada se estendeu casualmente e agarrou seu pequeno braço com força suficiente para doer.

— Você está usando sua cota de malha?

Ele tinha um capacete de metal barato; armadura de couro suja; um pequeno escudo redondo em seu braço e uma espada de um comprimento estranho em seu quadril. Permaneceu firme no convés com as botas que escolheu para esse propósito, apoiando-se ao barco com firmeza.

— Você pode se afogar se cair no mar. Ande com cuidado.

— Certo… — Sacerdotisa assentiu várias vezes em reconhecimento às palavras de Matador de Goblins. Ela o deixou puxá-la de volta para ficar em pé, então, mais uma vez, agarrou a corda amarrada à lateral da embarcação.

Estavam no meio de uma tempestade.

Nuvens de tempestade haviam se acumulado; a chuva batia em seu rosto como uma chuva de pedras; o vento estava cortante, o mar violento e as ondas mortais.

Em meio à tempestade violenta, uma grande sombra se contorcendo fixou seu olhar em Sacerdotisa.

— MMUUUUUANNDDDAAAAA!!

A criatura com seu corpo enrolado, mostrando suas presas, com o ouro escuro do fundo do mar como escamas, era uma serpente marinha. Um seguidor do Caos, empenhado em perturbar a ordem dos oceanos. Um Daqueles-Que-Não-Rezam!

— Só um segundo, Orcbolg! O que você pensa que está fazendo?!

Para uma alta elfa, o convés inclinando loucamente de um navio era como uma árvore balançando com a brisa. Com agilidade e leveza além de qualquer humano, Alta Elfa Arqueira saltou de um ponto a outro, disparando flechas. As flechas voaram em direção à serpente marinha tão rápido quanto magia.

Cada uma delas, porém, deslizou no limo que cobria as escamas da criatura, ricocheteando para outras direções. Alta Elfa Arqueira rangeu os dentes, percebendo que não tinha causado nenhum dano.

— Essa foi uma jogada ruim…! Acha que devo estocar algumas com ponta de ferro?

— E quanto ao seu orgulho como elfa?! Continue atirando e distraindo, já!

— Você não tem que me dizer isso! Apenas faça algo para ajudar, agora!

— Droga! Estou tentando pensar em algo!

A uma curta distância da elfa, que gritava e contraia suas orelhas compridas, Anão Xamã também se segurou na lateral da embarcação. Ele era um lançador de feitiços e um anão, então era muito teimoso, e até ele estava perdido nesta situação. Duvidava de quanto efeito Explosão de Pedra ou Medo teriam sobre a enorme serpente…

Quase não importava, porque tudo o que ele podia fazer era segurar sua bolsa de catalisadores.

— Hrm. — Matador de Goblins chutou o arpão com o pé para Lagarto Sacerdote e então pegou outro para si mesmo. O projétil foi arremessado pelo ar, um belo lançamento, se alojando na pele da serpente marinha. O limo que cobria o monstro foi o suficiente para desviar uma flecha, mas não serviu muito para esse tipo de ataque.

Um líquido fétido e amarelo foi espirrado no mar; Matador de Goblins assistiu de dentro de seu capacete.

Uma serpente marinha, entretanto, é uma serpente marinha. O ferimento dificilmente seria fatal.

— MUUUUUNNND!!

A criatura deu um grande grito e enterrou suas presas na proa do barco do grupo. A madeira se estilhaçou com fortes estalos quando a embarcação começou a ser arrastada para o mar diante de seus olhos.

Se fossem puxados para as águas devastadas pela tempestade, não poderiam esperar chegar à terra novamente. Seriam simplesmente somados ao número de mortos.

— Oh, e-eeek…! — Sacerdotisa foi desequilibrada por uma onda e tentou desesperadamente pensar em qualquer coisa que pudesse fazer.

Sempre havia pelo menos uma coisa. Ela poderia orar.

Então Sacerdotisa mordeu o lábio, ficando o mais firme que podia no convés do barco. Isso não era, de fato, muito firme; mas ela acalmou seu coração e agarrou seu cajado implorando.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fracos!

Era um milagre.

Um campo de força de energia sagrada apareceu sem qualquer som, arrancando a serpente marinha do navio. A mão abençoada da compassiva Mãe Terra pode alcançar até as águas do mar aberto.

— A-Agora!

— De fato! Andarilho das Águas, Mosasaurus, veja minhas ações! — Lagarto Sacerdote foi rápido em colocar seu poder em plena exibição. Apoiando-se na cauda, ​​ele avançou com as garras dos pés estendidas, seu ombro visivelmente  flexionado enquanto arremessava o arpão.

Sua técnica não era tão refinada quanto a de Matador de Goblins, mas ele jogava com imensa força – com todo o poder de um homem-lagarto, o descendente dos temíveis nagas.

O disparo atingiu o alvo, cortando muito mais fundo do que o anterior.

— MUANNDDAAADA?!?! — A serpente marinha uivou, girando. Logo depois que uma onda diminuiu, o monstro bateu o rabo no oceano, jogando outra onda enorme de água na direção do grupo.

— Aww! — Alta Elfa Arqueira gemeu, sacudindo a cabeça encharcada como um cachorro. Então, embora isso não oferecesse nenhum descanso real e não fornecesse nenhum espaço extra para respirar, eles se viram em uma pequena pausa. Não poderiam desperdiçar isso.

A água do mar estava fluindo impiedosamente para a proa em ruínas do barco. A embarcação inclinou-se cada vez mais fortemente; se não pudessem cuidar da serpente, logo não haveria esperança para eles.

— Vocês estão bem? — perguntou Matador de Goblins a Sacerdotisa e Anão Xamã, que ainda estavam segurando a lateral do barco.

— De uma forma ou outra. Estou me segurando…!

— Não temos muito tempo antes de afundarmos!

Matador de Goblins grunhiu, ignorando o agitado “E quanto a mim?!” de Alta Elfa Arqueira, que não tinha sido questionada sobre sua segurança.

— O que você acha?

— Ha-ha-ha, não temos muito tempo, de fato — respondeu Lagarto Sacerdote calmamente. Na verdade, ele revirou os olhos como se estivesse curtindo o momento. — Dizem que até uma formiga pode matar se picar várias vezes. Achei que talvez o último golpe fosse crítico.

— Isso… como você chama isso…?

— Serpente marinha, acredito.

— Sim — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça — É um peixe? Uma cobra?

— Bem, odiaria que alguém pensasse que um parente meu estava causando tantos problemas, mas… — Lagarto Sacerdote enrolou o rabo no mastro para se apoiar e esticou o pescoço para olhar a proa. As presas tinham sido implacáveis ​​e a água corria ruidosamente. — Mas a mordida não deixou nenhum veneno que eu possa ver. Acho que isso significa que a semelhança é inteiramente coincidência. Deve ser um peixe.

— O que não podemos fazer com armas, façamos com feitiços. — Matador de Goblins realizou alguns cálculos mentais rápidos e então partiu pelo convés inclinado. Ele manteve uma mão no corrimão para não escorregar na superfície lisa e deslizou até Sacerdotisa e Anão Xamã.

Ele agarrou a corda com a ajuda de Anão Xamã e Sacerdotisa foi rápida em segurar a bainha de sua saia para que nada ficasse muito visível.

— Digam-me quais são seus feitiços e milagres restantes.

— Ainda não tive meu momento de brilhar. Estou cheio.

— Eu… Mais um ou dois, talvez.

— Tudo bem — disse Matador de Goblins com um aceno de cabeça. — Quando a criatura aparecer novamente, nós a acertaremos.

Em seguida, ele rapidamente delineou uma estratégia; Sacerdotisa não tinha objeções.

— Deixe comigo!

Anão Xamã sorriu ao vê-la tão corajosa, apesar de estar completamente encharcada.

— Você ouviu a moça. Receio que vou ficar mal se não acompanhá-la.

— Estaremos contando com vocês — disse Matador de Goblins.

Foi quando Alta Elfa Arqueira, sentindo-se excluída, gritou:

— E quanto a mim…?!

— Atire algumas flechas de assobio. Traga-o para fora.

As instruções bruscas deixaram Alta Elfa Arqueira resmungando “Nossa”, mas ela obedeceu. Correu ao lado de Lagarto Sacerdote, deslizando facilmente pelo mastro, segurando a corda para manter o equilíbrio. Puxou uma flecha de sua aljava, colocando-a na boca mordendo a ponta de botão. Lançou a flecha de seu arco de seda de aranha e o som estridente pôde ser ouvido mesmo durante a tempestade.

— Quando ele reaparecer, use o arpão.

Lagarto Sacerdote estava ouvindo o assobio da flecha, mas respondeu alegremente às ordens de Matador de Goblins.

— Ora, ora. Não acredito que ninguém tenha tentado tal coisa na batalha ainda.

A serpente marinha mordeu a isca. Se ergueu como uma sombra escura diretamente abaixo do barco, talvez na esperança de quebrar o fundo da embarcação, e então projetou sua cabeça acima das ondas.

— Hrr, por que… você…! — Sacerdotisa agarrou sua mitra e arrastou-se ao longo do convés quando quase foi arremessada para fora do navio. Uma mão, entretanto, segurando seu cajado, como sempre. Olhou para a serpente dourada e gritou: — Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda sua luz sagrada para nós que estamos perdidos nas trevas!

Seu segundo milagre.

Do cajado que Sacerdotisa erguia na tempestade violenta saiu um clarão de luz tão brilhante quanto o sol. A serpente uivou com essa luminosidade, de um tipo que, sem dúvida, nunca tinha visto nas profundezas do mar.

— Eeeeyah! Afinal, não mais do que um primo das enguias…! — Lagarto Sacerdote soltou uma risadinha.

Houve um silvo repentino e sangue jorrou do lado da serpente marinha após seu ataque.

— Agora!

— No alvo!

A voz de Matador de Goblins cortou o ar, saudada pela resposta de Anão Xamã.

Anão Xamã produziu um pó branco de seus catalisadores e borrifou na direção do monstro. No instante em que tocou a água, começou a borbulhar – o pó era sabão.

Ninfas e sílfides, juntas giram, terra e mar são quase parentes, então dancem, só não caiam!

Imediatamente, algo mudou. A serpente tentou mergulhar de volta na água, mas sua cabeça ricocheteou na superfície como se fosse terra firme.

Além do mais, seu corpo inteiro, escondido por tanto tempo sob as ondas, foi levantado e exposto.

— MUAAANNADA?!?!

O monstro abriu repetidamente a boca como se lutasse para respirar e se jogou contra a água várias vezes.

Quando o feitiço Caminhada na Água era lançado em uma criatura com guelras, tudo o que ela podia fazer era sufocar.

— Caramba… — Alta Elfa Arqueira se viu olhando para cima, mas Matador de Goblins continuou a latir ordens.

— Em breve ficará sem fôlego. Se parecer que virá para cá, atire. Nos olhos.

— Sim, claro. — Alta Elfa Arqueira suspirou para a serpente, que continuou a se debater na água, e preparou seu arco.

Parecia ser cruel deixar a serpente viva por mais tempo neste momento. E os elfos não conseguiam rir do sofrimento de uma criatura condenada.

O arco rangeu e a flecha voou certeira, perfurando o olho até chegar no cérebro.

Foi o fim. A serpente marinha entrou em colapso na água, o efeito do feitiço estava desaparecendo quando o monstro afundou em um grande borrifo branco.

Não havia ninguém para impedir que o corpo da serpente escorregasse de volta para baixo e que logo as ondas levassem embora até as últimas bolhas que ela havia deixado para trás.

— Como foi? — perguntou Matador de Goblins depois de um longo momento, provavelmente para ter certeza de que a criatura estava morta. — Não houve fogo, água ou uma explosão.

— Ahh… Hrm… — Alta Elfa Arqueira se firmou com uma carranca e soltou uma espécie de gemido.

Esta foi uma aventura adequada? Bem, não houve nenhuma explosão, ou inundação, ou desmoronamento. Isso era verdade. Entretanto…

As orelhas de Alta Elfa Arqueira se contraíram enquanto torcia o cabelo encharcado.

— S… — disse em uma voz tensa — Seis em dez.

— Entendo — disse ele, balançando a cabeça. — Entendo…

— O quê, está chateado?

— Não. — Matador de Goblins balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro. — Estava pensando que seria bom se fosse tão simples se livrar dos goblins.

Sacerdotisa riu dessa resposta totalmente previsível. Ela ficou preocupada por alguns momentos, mas parecia que o pior havia passado. Puxou a bainha do vestido, revelando a perna e torceu a água.

Ele está me afetando… Também achei que isso foi mais fácil do que goblins.

Em todo caso, era sempre bom quando uma aventura ia bem. Quando todos sobreviviam. Especialmente se também completassem a missão.

Sacerdotisa saiu da confusão que sentia e deu um pequeno aceno afirmativo.

— É melhor nos apressarmos e consertarmos este barco — disse ela. — Não estamos muito longe da terra firme, mas não queremos ter que nadar pelo resto do caminho, queremos?

— É por isso que trouxemos um anão.

— Você poderia ajudar a si mesma. Bigornas não flutuam, sabe…

As orelhas de Alta Elfa Arqueira voaram direto para trás e ela emitiu um ruído raivoso, que Anão Xamã ignorou enquanto estendia uma vela. Ele lambeu o dedo para verificar a direção do vento e, em seguida, agarrou um canto.

Sílfides, donzelas do vento, deem um beijo na minha bochecha envelhecida. E poupe meu humilde veleiro de um vento mais justo para buscar!

O feitiço Vento de Cauda encheu a vela e Sacerdotisa segurou seu cabelo contra o respingo salgado.

Antes que ela percebesse, a tempestade havia passado; o céu estava azul e o mar calmo.

O outono estava começando.

Sacerdotisa soltou um suspiro relaxado. Sim, várias horas antes, foi ela quem sugeriu que fossem para a batalha, mas, por alguns minutos, pareceu ser um pedido extremamente próximo…

 

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— Você é um goblin?

— Não sou! Isso é discriminação! — A mulher Innsmouth, cuja raça distinta era semelhante a um peixe, bateu as nadadeiras em aborrecimento. Suas palavras, misturando-se com a respiração, soaram como um monte de bolhas, ecoaram pelas paredes da caverna aguada. — E odeio que os humanos insistam em nos chamar de “povo-peixe”! Como vocês confundem: eles são peixes, ou são pessoas?

— Somos perfeitos do jeito que somos! — Uma das mulheres exclamou e o homem à sua frente simplesmente acenou com a cabeça.

Esse homem usava um capacete de aço barato, uma armadura de couro encardido e uma espada de comprimento estranho, junto com um pequeno escudo redondo no braço.

Matador de Goblins não sabia por que os gillmen às vezes eram chamados de Innsmouth. Alguns alegavam que estava relacionado ao termo “Aqueles das Profundezas”, mas ninguém tinha certeza.

Matador de Goblins, no entanto, não tinha interesse no assunto. Essas pessoas não eram goblins; isso era o suficiente.

— Vim porque ouvi que os pesqueiros estavam sendo atacados por goblins marinhos…

— Isso é discriminação!

— Entendo.

A Innsmouth olhou de um lado para o outro ao redor da poça de maré no fundo da caverna. Seus olhos esbugalhados não mostravam emoções; suas mandíbulas abriram e fecharam; eles eram totalmente misteriosos. Ele não sabia o que elas estavam pensando, mas as pontas dos tridentes apareciam em alguns lugares abaixo da água…

Estamos… estamos em perigo…? Sacerdotisa se perguntou de onde estava ouvindo as negociações à distância. Manteve as duas mãos firmemente em seu cajado.

E é compreensível. Depois de terem trabalhado o seu caminho para a caverna mais profunda no entendimento de que esta era uma missão de caça a goblins, encontram- se cercados por gillmen assassinos. E a cada momento em que eles começavam a falar, o seu grupo era acusado de discriminação ou pior, então Sacerdotisa achou toda a série de eventos um pouco difícil de assimilar.

Verdade, ela tinha ouvido falar de alguns governantes humanos que desprezavam tanto os elfos e anões que cobraram um “imposto de orelhas pontudas”. Seja como for, isso certamente estava fora da experiência de um clérigo comum.

E, bem, acho que a maioria dos clérigos também nunca foi matar goblins…

Então, qual era a melhor maneira de interpretar isso? Os outros três membros do grupo cercaram Sacerdotisa de forma protetora.

— E-Espere, Orcbolg. Tente não antagonizá-los…!

— Bem, olhe que gata assustada. Acho que os elfos não têm coragem… assim como também estão em falta em outro departamento em particular!

— …! …!!

Alta Elfa Arqueira franziu a testa comicamente enquanto Anão Xamã a cutucava com o cotovelo. Parecia que ela queria cuspir algo de volta, mas sendo a situação que era, manteve a boca fechada. Suas orelhas contraídas, porém, deixaram seus sentimentos claros.

Qualquer tipo de explosão agora poderia resultar no fim deles. Lagarto Sacerdote soltou um suspiro sombrio.

— Goblins marinhos? Que rude! Você poderia pelo menos nos chamar de Homo piscine!

— Ah, significa “povo-peixe”. — Lagarto Sacerdote gesticulou com suas mandíbulas na direção dos gillmen, muito interessado. — Então você era um peixe, que ganhou pulmões e membros para sair da água…?

Ugh, que bárbaro.

Deixe que os habitantes da água não ofereçam um porto seguro!

— Nosso ancestral é o grande Lorde Polvo que desceu do Mar das Estrelas!

— Um polvo.

— Bem, talvez uma lula.

— Talvez… Estes diante de nós são certamente bastante inteligentes para não confundir o cadáver de um Calamar seco por um dos seus parentes…

Depois resmungando para si mesmo por um momento, Lagarto Sacerdote pareceu ter chegado a algum tipo de conclusão.

— Me desculpem por dizer, mas nós viemos aqui pensando que os abastecimentos de peixes podem ter diminuído por causa de sua presença. Vocês têm alguma opinião sobre isso?

— Oh, pare…! Não é nossa culpa que haja menos peixes do que antes, arrgh!

O que queremos com seus pesqueiros idiotas? A barbatana bateu um pouco de água nele.

Franzindo a testa com o respingo, Sacerdotisa, no entanto, inclinou a cabeça questionadoramente.

— Você sabe o que está causando a escassez de peixes, então?

— Sim, sim, nós sabemos. Nossa, é por isso que ninguém gosta de pescadores rudes!

Hmm. Sacerdotisa levou um dedo fino aos lábios, pensando.

Eles não podiam simplesmente ignorar isso. A menos que alguém fizesse algo, isso acabaria se transformando em uma guerra entre os aldeões e os gillmen. Na verdade, as coisas já estavam muito ruins. A presença de seu grupo era a prova.

Nesse caso…

— Enquanto estiver em nosso poder, acho que podemos tentar ajudá-los a limpar seus nomes.

— Hrmph… Bem, olhem só? Alguém decente. — Uma das fêmeas Gillmen piscou as pálpebras. — Posso dizer-lhes o que está causando isso: A serpente marinha.

— Serpente marinha? — exclamou Anão Xamã. — Não achei que vocês tivessem isso por aqui.

— Não? — perguntou Alta Elfa Arqueira, surpresa.

— Uhum — respondeu Anão Xamã. — Diria que elas estariam um pouco mais longe da costa. Às vezes, um barco viajando em alto mar é atacado por uma, afundado e sua tripulação comida.

Era por isso, explicou, que havia tão pouca informação sobre os monstros. Claramente, eram inimigos formidáveis e a gillmen se inclinou ansiosamente contra a face da rocha.

— Sim, é como se tivesse sido enviada de algum lugar. Gah, é como se nada fosse normal neste planeta.

— Entendo — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça. — A questão é que não é um goblin.

Para ele, isso significava apenas uma coisa.

— Esta não era uma missão de goblins… Vamos para casa?

O resto do grupo soltou um suspiro coletivo. Sacerdotisa e Alta Elfa Arqueira levantaram uma sobrancelha e olharam uma para a outra.

Argh, sério. Esse cara.

— Não podemos simplesmente deixá-los quando estão claramente em apuros — disse Sacerdotisa. — Olha, o resto de nós vai cuidar disso, certo?

— Sim. — Alta Elfa Arqueira deu um salto. — Quero dizer, mesmo que isso seja super perigoso sem ninguém na linha de frente.

— Hrk… — Matador de Goblins cruzou os braços e grunhiu.

As garotas se entreolharam e disseram em coro:

— Certo? — Claramente aproveitando o momento.

— Esqueça elas, Corta Barba. Essa elfa pode ter orelhas enormes, mas ela não vai ouvir uma palavra do que você diz.

— Ha-ha, elas já estão bem familiarizadas com a disposição de milorde Matador de Goblins.

Os outros dois homens do grupo seguiram em frente, parecendo igualmente satisfeitos.

Quanto ao resultado, bem, certamente não há necessidade de explicá-lo.

 

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— Ahem e a busca do goblin marinho, como…?

— Não eram goblins.

— Presumo que seja mais fácil chamá-los assim…

— Não eram goblins.

— Então, a busca…

— Não eram goblins.

— Foi cancelada… Entendo.

— Porque não eram goblins.

A Guilda dos Aventureiros estava animada e agitada, como sempre.

Garota da Guilda encontrou seu sorriso sempre tão ligeiramente tenso em face ao capacete de metal sujo de Matador de Goblins. Ela certamente não tinha a intenção de enganá-lo ou dizer qualquer inverdade, mas estas coisas aconteciam algumas vezes. Diferentes regiões ou raças tinham nomes pouco ortodoxos para coisas que eram difíceis de analisar. Não era culpa de ninguém.

Ela olhou para sua colega no assento ao lado em busca de apoio, mas não havia nenhum sinal de ajuda chegando. Sozinha e sem ajuda, Garota da Guilda voltou às perguntas e respostas padrão.

 

 

 

— Então, o problema com os goblins marinhos, desculpe, quero dizer os gillmen, foi resolvido?

Em vez de sentar e dar desculpas, ela faria seu trabalho. Faria o possível para salvar seu bom nome e resgatar sua honra, como se sua aptidão como noiva estivesse em jogo.

— Sim — disse Matador de Goblins com um aceno de cabeça, mas então quase imediatamente balançou a cabeça. — Na verdade, espere… Acabamos caçando um monstro chamado Serpente alguma coisa.

— Então, poderia descrever aquele monstro para mim em detalhes?

— Era longo — disse ele. Depois de pensar um pouco, acrescentou: — Era um peixe.

Garota da Guilda abriu uma cópia gasta do Manual dos Monstros e folheou as páginas. Todas as vezes era assim, tentar seguir suas descrições de monstros era virtualmente impossível e parte da diversão.

Acho que foi isso que ela me disse uma vez, pensou Sacerdotisa, sentando-se e observando a alguma distância na taverna. Ela segurou a manga até o nariz e deu uma cheirada.

— Acho que ainda cheira a água do mar…

— Você não está pensando que… sim — choramingou Alta Elfa Arqueira, suas orelhas caindo desanimadas. Essas coisas eram mais difíceis para a elfa, amaldiçoada com sentidos extremamente aguçados.

— Você está bem? — perguntou Sacerdotisa, distraidamente cheirando seu próprio cabelo. — Tomei banho e troquei de roupa…

— Não acho que isso vai sair por um tempo — disse Alta Elfa Arqueira. — E isso não está ajudando.

Ela olhou para uma grande bolsa no meio da mesa. O cheiro do oceano que emitia era quase palpável. Anão Xamã, sentado diante dela, sorriu amplamente.

— Esses gillmen são francamente generosos, não são?!

Dentro da bolsa havia pérolas pretas e brancas, corais vermelho-fogo, cascas de tartaruga translúcidas, conchas espirais da cor do arco-íris e um caracol branco brilhante.

É verdade que não era dinheiro, mas era uma recompensa sincera do povo peixe. Mesmo depois de substituir o barco em ruínas, que originalmente haviam emprestado da vila de pescadores, os aventureiros ainda tinham tudo isso sobrando. Não era exatamente uma fortuna, mas era bastante se quisessem se divertir um pouco.

Ugh, e você se pergunta por que as pessoas chamam os anões de gananciosos…

— Bah, já chega da sua parte. Você não entenderia a beleza disso, Orelhas Compridas! Você concorda, não é, Escamoso?

— Ha-ha-ha-ha-ha-ha. Bem, se acumular uma fortuna é bom o suficiente para os nagas, mal posso torcer o nariz. — Lagarto Sacerdote levantou a cauda para chamar a garçonete e pedir queijo e vinho. Estava claramente em alto astral, seus olhos rolando em sua cabeça, quando ele puxou algo bastante largo do saco. — Considero que este foi o nosso maior ganho.

— Uau… — Os olhos de Sacerdotisa brilharam de admiração, e quem poderia culpá-la? Uma linda pedra preciosa listrada esculpida no formato do crânio de um animal prendeu sua atenção. Ela o tocou com um dedo trêmulo, mas era realmente uma rocha, e não um osso…

— Esta é uma pedra preciosa… não é?

— De fato, mesmo assim. É a mandíbula de um naga terrível, transformada em ágata com o passar de incontáveis ​​anos. — Lagarto Sacerdote ergueu a caveira com o orgulho de um garotinho exibindo um tesouro; era um lado dele que Sacerdotisa raramente via.

— Hmph, você é como uma criança… — Alta Elfa Arqueira estufou as bochechas e soltou um suspiro de óbvio aborrecimento. Certo, isso não estragou a atmosfera bastante amigável.

— Heh, heh-he… Rapazes, gostam, desse tipo, de coisa, não é?

— Eh, eles têm sorte de estar ganhando algum dinheiro. Eu não reclamaria.

Lá na mesa apareceram Bruxa e Lanceiro, ou melhor, Guerreiro de Armadura Pesada.

— Bem, isso é incomum — comentou Alta Elfa Arqueira.

— Vocês dois formaram um grupo temporário? — perguntou Sacerdotisa.

Guerreiro de Armadura Pesada deu de ombros.

— Nah. Estamos apenas esperando.

Assim que ele mencionou, Sacerdotisa avistou Cavaleira perto do quadro, murmurando para si mesma enquanto comparava as missões:

— Nós poderíamos pegar o minotauro, mas a hidra é boa também… Espere, aqui está uma mantícora…

Garoto Batedor e os outros estavam com ela; Sacerdotisa podia ouvi-lo resmungar: “Decidam-se já.”

— E ele, está ali — disse Bruxa, indicando a recepção com seu cachimbo.

Lanceiro, ignorando completamente todos os guichês perfeitamente abertos sem aventureiros esperando, fez fila para o balcão de Garota da Guilda. A expressão de desagrado em seu rosto era, talvez, devido à conversa que estava ouvindo, que envolvia Matador de Goblins. Ainda assim, quando outras mulheres da equipe ou aventureiras o chamavam, como faziam de vez em quando, ele respondia com um sorriso…

— Ele parece popular — disse Sacerdotisa.

— Sobre… isso… — Bruxa, que havia acendido seu cachimbo do nada, deu a Sacerdotisa um olhar de pálpebras pesadas.

Erk

Sacerdotisa sentiu seu coração pular uma batida; ela colocou a mão no peito.

Ela seria capaz de causar esse efeito nas pessoas algum dia? Demoraria muito…

— Corta Barba poderia aprender uma ou duas coisas com ele. Tornar-se mais agradável.

— O quê? Sem chance. Não consigo nem imaginar um Orcbolg alegre e sorridente — grunhiu Alta Elfa Arqueira. Anão Xamã, aparentemente satisfeito com a contagem do tesouro, estava colocando-o de volta na bolsa.

Sacerdotisa tentou imaginar Matador de Goblins com um sorriso otimista no rosto e se viu rindo.

— É um pouco difícil de imaginar.

— Sim. Orcbolg é…

— O que eu sou?

— Suposto ser exatamente quem você é… — Alta Elfa Arqueira agitou um não se preocupe com a mão na direção do Matador de Goblins, que apareceu de repente. Parecia que ele tinha terminado de falar com Garota da Guilda.

— Entendo — disse ele, sem um traço de suspeita. Em seguida, o capacete de metal virou-se para encarar Guerreiro de Armadura Pesada e Bruxa. Era impossível ver sua expressão por trás da viseira. — Qual é o seu negócio aqui?

E esse era o Matador de Goblins.

Guerreiro de Armadura Pesada sorriu ironicamente, enquanto Bruxa soprou a fumaça com cheiro doce por entre os lábios, imperturbável por toda a troca. Era preciso evitar ler qualquer coisa que a voz quieta e quase mecânica dissesse. Nenhuma habilidade ajudaria com isso, apenas a experiência fria e dura.

— Apenas matando o tempo e dizendo oi — disse Guerreiro de Armadura Pesada.

— Eu tenho um… encontro… depois disso.

— Entendo. — Matador de Goblins acenou com a cabeça e então acrescentou ainda mais suavemente: — Tome cuidado.

Guerreiro de Armadura Pesada sorriu um pouco, então deu um tapinha no ombro de Matador de Goblins com sua grande e larga mão antes de se afastar.

— Se isso é o melhor que você pode fazer, eu aceito.

— Nos… vemos… — Bruxa ergueu seu corpo luxurioso de sua cadeira. A fumaça aromática seguiu atrás dela, atraindo os olhos de Sacerdotisa em sua direção. A garota nutria uma esperança secreta de que um dia pudesse ser como Bruxa, tanto como aventureira quanto como mulher.

Matador de Goblins inclinou a cabeça ligeiramente, pesando o significado exato das palavras que haviam sido ditas a ele. Não chegou a nenhuma conclusão específica, no entanto, descartando o assunto com um “Deixa pra lá”. Ele tinha muito que fazer.

— Vamos dividir a recompensa — disse ele, quase se jogando em uma cadeira e olhando para seu grupo. — Cada um de nós pegará o que quiser e o resto converteremos em dinheiro e dividiremos igualmente. Está tudo bem?

— Acho isso totalmente satisfatório — disse Lagarto Sacerdote, balançando a cabeça sombriamente e fazendo um gesto peculiar com as palmas das mãos juntas. — Dizem que mesmo os piratas do mar não disputam a posse. Por que então os aventureiros deveriam fazer isso?

— Aposto que você quer aquela coisa de osso, certo? — disse Alta Elfa Arqueira. — Eu, vou levar isso. — Estendendo a mão com seus dedos finos e pálidos, agarrou um cristal dourado translúcido, uma carapaça de tartaruga.

— Cuidado, elfa, suas mãos são tão rápidas quanto suas orelhas são compridas. — Anão Xamã descobriu que seus dedos grossos eram lentos demais para impedir Alta Elfa Arqueira, que soltou uma risadinha triunfante e estufou o pouco peito.

— Reclame, reclame. Não vou dizer “primeiro a chegar, primeiro a ser servido”, mas há mais alguém que quer isso?

— Bem… — O olhar do Anão Xamã varreu o grupo. — É justo, mas o que você vai fazer com isso?

— Hmm? Talvez mande para minha irmã. Coisas do mar são realmente raras de onde eu venho.

— Tenho certeza que ela vai adorar — disse Sacerdotisa, provocando um “Obrigada!” e um feliz aceno de orelhas de Alta Elfa Arqueira.

A elaborada cerimônia de casamento realizada nas profundezas da floresta tropical ainda estava fresca na mente de Sacerdotisa. Ao mesmo tempo, ela sentiu uma onda de arrependimento. Olhou para o chão por apenas um segundo e então estendeu a mão.

— Vou levar esta pérola, então. Quero oferecê-la à Mãe Terra.

Ela não tinha certeza de como compensar isso, e embora tivesse recebido palavras a perdoando, ainda queria fazer algo.

Anão Xamã, percebendo a expressão de Sacerdotisa, bufou para indicar seu descontentamento.

— Acho que você poderia ser um pouco mais egoísta… Bem, de qualquer maneira, não é nada para mim. — Então ele pegou o caracol em sua mão calejada, embalando-o suavemente. — Isso vai servir como um bom catalisador. O caracol é meu. Corta Barba, e você?

— Eu…?

Ele pareceu tremendamente surpreso. O capacete não se moveu, permaneceu fixo na direção da bolsa do tesouro. Sacerdotisa o observou com um sorriso.

Para partir em uma aventura, derrote um monstro, receba uma recompensa e depois divida-a. Todos tinham maneiras diferentes de lidar com a divisão do saque, e ela tinha ouvido dizer que alguns simplesmente convertiam tudo em dinheiro e compartilhavam o que quer que recebessem, mas…

Havia apenas uma razão para que seu coração dançasse daquela maneira.

Deve ser o tipo de aventura normal que ele desejava.

 

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Era noite na fazenda e os porcos bufavam de irritação enquanto se empanturravam com bolotas. Talvez estivessem infelizes porque sabiam que seriam transformados em carne quando ficassem grandes o suficiente, ou talvez apenas quisessem mais comida.

— Tudo bem, comam.

O dono da fazenda evidentemente concluiu que era o último, porque permitiu um pouco mais de ração. Afinal, logo seria o festival da colheita mais uma vez e então o inverno estaria sobre eles. Felizmente, tinham porcos e galinhas, o leite das vacas era bom e não houveram problemas com a safra. Parecia que fariam isso com segurança por mais um ano.

— Céus… — Ele enxugou o rosto com a toalha ao ombro e soltou um suspiro. Seu corpo todo doía.

De alguma forma, ele e sua sobrinha tinham administrado esta fazenda juntos pelos últimos dez anos, mas ele estava começando a sentir sua idade. E se era tão ruim assim com os dois, quão difíceis seriam as coisas para sua sobrinha quando estivesse sozinha?

Talvez fosse hora de contratar alguns peões…

— Ah, então…

Os aspirantes a peões na fronteira eram todos vagabundos apáticos e ele não iria deixá-los chegar perto de sua sobrinha. Preferia contratar um aventureiro de alto escalão da guilda; pelo menos teriam provas de que alguém confiava neles…

Oof… — O proprietário soltou outro longo suspiro. Sua dor de cabeça acabava de voltar. — Então você está de volta.

— Sim senhor. Acabei de voltar.

O homem, com seu capacete de metal de aparência barata e armadura de couro encardida, parou perto da estrada e inclinou a cabeça.

Matador de Goblins. Era assim que as pessoas o chamavam, mas o dono da fazenda ainda não sabia realmente como ele era.

— Goblins de novo?

— Sim senhor… Bem, na verdade não. Embora supostamente envolvesse a matança de goblins.

Era algum outro monstro.

O proprietário desistiu rapidamente de tentar obter mais informações do lacônico jovem.

Sua sobrinha poderia ser a única que veria o que havia por trás daquela viseira.

— Hm, ela está…?

— Em casa, eu acho. — O homem mais velho suprimiu a torrente de emoções em seu coração. — Não a faça esperar por muito tempo.

— Sim senhor… acredito que posso ajudá-lo por aqui amanhã.

— É mesmo? — O proprietário olhou para os porcos e acenou com a cabeça.

Ao ouvir passos recuando atrás dele, soltou um terceiro suspiro.

Não importaria se visse seu rosto. Ele não faria mais sentido para mim.

 

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— Oh, bem-vindo ao laaar!

Uma voz alegre saudou Matador de Goblins quando ele abriu a porta da casa. Um momento depois, detectou o aroma doce e espalhado de leite fervendo.

Matador de Goblins entrou na cozinha ao som de passos apressados. Ele encontrou a mesa já posta, apenas esperando a comida ficar pronta. E lá estava sua velha amiga, de avental, dando-lhe as boas-vindas de volta.

— Ouvi que você estava indo para o sul, mas voltou para casa bem rápido desta vez. Já almoçou?

— Ainda não. — Matador de Goblins deu um único aceno de cabeça em resposta à pergunta da Vaqueira. Ele puxou uma cadeira e sentou-se pesadamente; o assento rangeu para ele, era por causa do peso de sua armadura?

— Tá. Vou terminar de preparar isso imediatamente. Agora só precisamos de pão e… talvez queijo?

— Sim, por favor.

O queijo estava vendendo bem recentemente, Vaqueira o informou alegremente, em seguida, virou-se para a panela de ensopado.

Ele virou o capacete para olhar a garota, parada de costas para ele. As vendas estáveis ​​foram em grande parte graças ao seu conhecido homem-lagarto comprando tanto de seu produto.

A panela de ensopado borbulhava enquanto seu conteúdo fervia. Ele a observou mexer. De repente, ela olhou para ele por cima do ombro.

— Você… sabe que não me importaria se comesse com seus amigos de vez em quando, certo?

— … — Matador de Goblins ficou em silêncio por um momento, então grunhiu baixinho.

— Muitos problemas?

— Hmm…

Ela voltou a cozinhar, então ele não podia ver seu rosto mais do que outras pessoas normalmente podiam ver o dele.

Vaqueira começou a mexer na panela diligentemente, como se para distrair a atenção de alguma coisa.

Depois de um longo momento, ela sussurrou:

— Eu realmente… não me importaria, viu?

— Entendo… — Matador de Goblins soltou um suspiro.

Poucos minutos depois, Vaqueira anunciou:

— Está pronto. — Então o presenteou com um prato de ensopado.

— Vou ajudar — disse ele, começando a se levantar, mas ela o conteve com um “Oh, não se preocupe.” Ela parecia de alguma forma bem-humorada.

Ele e a garota sentada à sua frente ofereceram suas orações aos deuses e, em seguida, disseram em coro:

— Bon appétit!

Vaqueira sorriu ao vê-lo pegar o guisado com a colher e engoli-lo. Era assim que as coisas aconteciam sempre que ele voltava para casa para comer. A cena familiar levou um sorriso ao seu rosto; às vezes ela fazia refeições apenas para este momento.

— Trouxe um presente para você.

Mas isso...

Não era assim que essa cena costumava ser, e Vaqueira começou a cintilar.

— Um presente? Sério? Sem chance!

— Estou falando sério — disse Matador de Goblins, então alcançado casualmente dentro do saco de itens. A maneira como procurou dentro daquilo parecia de alguma forma violenta; não do jeito que normalmente parece quando se dá um presente a alguém. Na verdade, toda a noção de colocar um presente em um saco de itens diversos parecia suspeita para ela.

Mas completamente característico dele.

Ela riu para si mesma, tomando cuidado para que ele não notasse.

— Aqui está.

Ele parecia tão exasperado que segurar o riso dela ficou ainda mais difícil.

— O que é?

— Uma concha.

Ele tirou a mão da sacola e na palma da mão repousava uma concha com um redemoinho de arco-íris. Brilhava à luz do sol, inclinada como uma joia.

— Oh…! — Vaqueira exclamou e, de forma compreensível… — Espere, posso realmente ficar com isso? Você foi para o oceano por causa deste trabalho?

— Sim. — Sua resposta direta levantou uma nova questão: para qual de suas perguntas era a resposta?

Vaqueira pegou a concha com cuidado, como se estivesse manuseando algo muito delicado, e colocou-a na palma da mão. Apertou os olhos para a forma como a luz brilhava nela e, com os olhos semicerrados, podia vê-lo sentado em silêncio.

— Havia um peixe — disse ele finalmente e, depois de pensar mais um pouco, acrescentou: — Um peixe muito comprido.

Ela deveria tentar pedir detalhes ou o quê? Argh, não; ela queria perguntar, mas isso vinha primeiro.

— Muito obrigada! Vou valorizar isso! — disse Vaqueira, apertando a concha em seu amplo seio e sorrindo. Ele assentiu silenciosamente e ela se levantou, indo direto para a cozinha.

Ela tirou uma caixa velha da prateleira mais alta e abriu-a para revelar uma coleção do que poderia ser lixo. No entanto, colocou a concha dentro, como se fosse um tesouro precioso, e fechou a tampa novamente.

— Pronto, está segura… Sim, assim não vou perdê-la.

— Entendo.

Vaqueira ficou na ponta dos pés para colocar a caixa de volta no lugar, em seguida, enxugou o suor da testa, como se tivesse acabado de concluir um trabalho difícil. Quando ela voltou para a sala de jantar, levou uma taça de vinho para ele. Normalmente, não sorriria por estar bebendo no início da tarde, mas percebeu que estava tudo bem por hoje. Certamente.

— E amanhã?

— Não tenho trabalho.

Ela colocou a taça na mesa; ele a pegou com um movimento casual e engoliu todo o conteúdo.

Logo o prato de ensopado também estava vazio; quando ela perguntou:

— Mais?

Ele respondeu com poucas palavras:

— Sim, por favor.

Ele a seguiu com os olhos enquanto ela se agitava para pegar mais comida para ele e então disse baixinho:

— Vou ajudar na fazenda.

Essa era a intenção de Matador de Goblins. Provavelmente, Vaqueira esperava isso. O que ele faria então? O que fazer? Ele se lembrou do que seu tio havia dito. Esta era a sua resposta.

A conversa correu agradavelmente e então o sol se pôs, seu tio voltou e eles jantaram, passaram um tempo extraordinariamente tranquilo juntos e depois foram para a cama.

Uma noite perfeitamente normal. Como sempre ficava depois que ele voltava para casa. Esperavam um dia de folga perfeitamente normal a seguir.

Mas não foi nada disso.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Guilherme

 

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Vol. 08 – Cap. 02