Dark?

Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo

Todos os capítulos em Matador de Goblins
A+ A-

— Certo, foi ele quem a ajudou. Como eu pensava.

Uma brisa suave soprou, pegando o cabelo de Alta Elfa Arqueira. A respiração da floresta. A respiração de sua casa.

Ela inalou profundamente, enchendo seu pequeno tórax com o máximo de ar que pôde. Então respondeu:

— Orcbolg não estava sozinho, sabe.

— Sim, sei disso.

Uma das portas do quarto de hóspedes levava a uma varanda. Era formada por enormes galhos, conectados por trepadeiras que se entrelaçavam para formar um ponto de apoio.

Tal arquitetura só poderia ser encontrada entre os elfos, mas o que realmente merecia destaque era a paisagem.

A vila dos elfos estava localizada em um espaço aberto em meio ao mar de árvores, como um átrio gigante.

Dali, tudo podia ser visto ao mesmo tempo – ali, podia-se sentir o vento que soprava por tudo.

Seu próprio status de princesa elfa impedia que Alta Elfa Arqueira soubesse que tinham esses quartos de hóspedes até este momento.

Deixaram a criada com Matador de Goblins; aquele parecia o melhor lugar para passar o tempo até que ela parasse de chorar.

A elfa com a coroa de flores prendeu o cabelo soprado pelo vento e se virou lentamente para Alta Elfa Arqueira.

— Você a salvou. Você e seus amigos.

— Tive que fazer algo para mostrar meu lado bom.

Afinal, ela havia deixado a floresta por pura insistência. Ela soltou uma risada nasalada e triunfante.

Em resposta, a elfa com a coroa de flores semicerrou os olhos para a irmã mais nova. Ela apoiou o cotovelo na hera que servia de corrimão, encostando-se nela.

— E agora você conseguiu — disse. — Isso é o suficiente?

— Suficiente?

— Kuchukahatari. Aventuras.

As orelhas compridas da Alta Elfa Arqueira tremeram um pouco.

— Você corre um grande perigo por apenas um mínimo de recompensa, não é?

— Er, sim…

Não havia mais nada a dizer. O status de aventureiros, como tal, poderia ser garantido pelo rei humano, mas ainda era um empreendimento mercenário. Um mergulho nas profundezas com a arma na mão, cortando e rasgando e ficando coberto de sangue e lama.

A juventude e a morte andavam de mãos dadas nesta profissão.

Desde que deixou sua casa, Alta Elfa Arqueira se jogou em tudo isso.

— Então há a questão de seus companheiros. Homem-lagarto é uma coisa, mas não posso aprovar você ficar perto de um anão dia e noite. Você não é filha de um chefe élfico, mesmo que nem sempre aja como tal?

Alta Elfa Arqueira franziu a testa a esse pequeno adendo.

Ela era de fato uma princesa elfa, mas ali estava ela fazendo o trabalho sujo dos humanos. Com, como sua irmã se esforçara para apontar, um anão a reboque.

Alta Elfa Arqueira sabia como uma irmã mais nova deveria agir nessa situação. Em dois mil anos ela tinha adquirido pelo menos contenção suficiente para não simplesmente ceder às suas emoções e começar a lamentar e reclamar.

— Certamente, não há.

— Não! Definitivamente não há.

Apesar de suas tentativas de permanecer fria, ela não pôde deixar de rir disso.

Sim, antigas canções de amor continham algumas baladas que falavam do amor entre elfos e anões, mas era justo dizer que essas letras não a descreviam.

Mesmo enquanto sua irmã mais nova gargalhava e acenava a mão com desdém, a elfa com a coroa de flores soltou um suspiro triste.

— E então tem ele…

— Orcbolg?

— Sim.

A outra elfa acenou com a cabeça, seu olhar fixando-se no horizonte. A floresta parecia se espalhar para sempre além da aldeia. Essas árvores vinham crescendo desde a Era dos Deuses. Essa madeira.

As folhas balançavam suavemente com cada rajada de vento, e os pássaros podiam ser ouvidos batendo as asas.

Havia um bando de flamingos rosa-claro, e a cortina da noite estava começando a cair sobre a floresta.

— Pensei que ele seria como o herói da música — disse Alta Elfa Arqueira, o vento acariciando seus lábios enquanto ela sorria suavemente.

 

O Rei Goblin perdeu a cabeça em um golpe crítico terrível!

Em chamas azuis, o aço de Matador de Goblins brilha no fogo.

Assim, o plano repugnante do rei chega ao seu adequado fim,

E a adorável princesa estende a mão para seu salvador, seu amigo.

Mas ele é Matador de Goblins! Em nenhum lugar ele habita,

Mas jurou vagar, não terá outro ao seu lado.

É apenas o ar ao seu alcance que a grata donzela encontra.

O herói partiu, sim, sem nunca olhar para trás.

 

Alta Elfa Arqueira recitou a letra com apenas o vento como acompanhamento. Era uma canção de valor. A história de um herói da fronteira que lutava sozinho contra os goblins.

O assassino dos diabinhos: Matador de Goblins.

Apesar de seu tom ousado, conforme o vento carregava as palavras, elas pareciam imensamente tristes.

A elfa com a coroa de flores balançou as orelhas como se quisesse limpar as sílabas do ar.

— Ele realmente não parece nada com isso…

— Bem, é só uma música — Alta Elfa Arqueira ergueu um dedo pálido e fino, desenhando um círculo no ar.

Uma canção é uma canção. E ele é ele mesmo.

— Mesmo assim — disse ela —, admito que a espada de mithril é um pouco de exagero.

A elfa com a coroa de flores baixou os olhos enquanto sua irmã ria. Se um homem estivesse presente, ele certamente teria se prostrado na esperança de espantar sua tristeza.

Uma princesa dos Altos Elfos deve ser a epítome da beleza em todos os momentos e em todas as coisas.

— Por que você está com um homem assim?

— Por quê? Irmã, isso é…

Por que eu estou com ele?

Hmm. Compelida pela questão a ser considerada, Alta Elfa Arqueira sentou-se na grade – outra gafe.

Ela chutou as pernas para frente para que seu corpo se inclinasse para trás, fazendo com que sua irmã mais uma vez arregalasse os olhos.

Alta Elfa Arqueira, entretanto, a ignorou. Elas tinham sido assim por dois milênios. Por que se preocupar com isso agora?

Mas eu me pergunto o mesmo.

No começo, era porque ela precisava de alguém para matar goblins. Ela ficou mais interessada porque ele era um tipo de humano que ela nunca tinha visto antes, e então…

— Já que tudo o que ele fazia era lutar contra os goblins, pensei que era meu trabalho apresentá-lo a uma aventura real pelo menos uma vez na vida.

Sim, parecia que sim. E então ela se tornou cada vez mais atraída para a caça e aventura envolvendo goblins. Contou nos dedos e descobriu que tinha passado por mais de dez aventuras com ele, ao longo de mais de um ano de convivência.

— Quanto mais eu o conheço, menos sinto que posso deixá-lo para trás. Eu meio que… nunca me canso dele? Talvez seja isso. E isso é tudo.

— E é por isso que você continua a caçar goblins…?

— De vez em quando.

Alta Elfa Arqueira de repente chutou as pernas para cima, lançando-se para trás no ar, de forma que acabou pendurada de cabeça para baixo na grade, igual a um morcego, de onde olhou para sua irmã. Ela estava sorrindo como um gato.

— E a cada vez, me certifico de que ele vá para a primeira fila em uma verdadeira aventura.

— Sabe… — disse a elfa com a coroa de flores, com a voz trêmula enquanto olhava rapidamente para o quarto de hóspedes. — Como isso vai acabar, certo?

Alta Elfa Arqueira nunca deixou o sorriso ambíguo em seu rosto sumir. E também não falou.

Não precisava: o desespero de um elfo que descobriu que viver é um fardo não precisava de explicação.

— Então por quê…?

— Cada um de nós tem apenas uma vida, irmã — disse Alta Elfa Arqueira, girando de volta no ar. Ela bateu palmas para limpar a poeira, deixando o vento levar seu cabelo enquanto balançava a cabeça. — Elfos e humanos, anões e homens-lagarto não são diferentes. Somos todos iguais, certo?

— É possível que você…?

Mas antes que a elfa com a coroa de flores pudesse encerrar seu pensamento, um grande uivo surgiu das profundezas da terra.

O som, não muito diferente de um trovão, fez com que o bando de flamingos voasse em pânico.

O rachar das árvores continuou, com uma nuvem de poeira.

— Irmã, abaixe-se!

— Hwha?!

Alta Elfa Arqueira imediatamente se moveu para cobrir sua irmã. Ela instintivamente estendeu a mão para trás, mas seu grande arco estava no quarto de hóspedes.

Ela estalou a língua, mas então suas orelhas se contraíram e um sorriso apareceu nos cantos de seus lábios.

Então ergueu a mão e, um instante depois, o arco caiu nela.

— O que aconteceu?

— Não jogue as armas das pessoas, por favor.

Ela nem mesmo teve que se virar.

Haveria um homem ali, com um capacete de aço de aparência barata e armadura de couro encardida, com uma espada de comprimento estranho no quadril e um pequeno escudo redondo amarrado no braço esquerdo.

Matador de Goblins, em armadura completa, saiu da sala tão calmo quanto sempre.

— São goblins?

— Não sei.

Ele jogou a aljava para ela, e ela rapidamente a amarrou na cintura, com as orelhas tremendo.

— Por favor… Cuide da minha irmã.

— Eu vou.

Matador de Goblins puxou uma tipoia de sua bolsa de itens e preparou uma pedra. Ele se ajoelhou, cobrindo a cabeça da outra elfa com seu escudo.

— Fique abaixada. Rasteje de volta para a sala.

— V-Você se atreve a me pedir para rastejar…?!

— Se houver goblins aqui, eles podem ter arqueiros.

Alta Elfa Arqueira lançou um olhar furtivo e de canto de olho para a irmã sem palavras, sorrindo o tempo todo, e então pulou no parapeito da varanda.

Ela manteve o equilíbrio sem nenhum problema e então deu outro salto. Escalou o tronco da grande árvore e saiu até a borda de um de seus enormes galhos. Ela era leve como só um elfo poderia ser, não tanto para quebrar um galho ou esmagar uma folha.

— Mm… Hmmn…?!

Então arregalou os olhos. Ela viu algo impossível.

Era uma besta enorme. Aquilo pisou na terra com pernas grossas como pilares, e sua cauda fez um som audível ao cortar o ar.

Algo parecido com um leque brotou de suas costas e seu corpo, mais grosso que uma parede, estava coberto por uma pele dura.

Ele limpou as árvores com chifres como lanças, e seu dorso, que parecia um trono, tinha que ter pelo menos quinze metros de altura.

A besta girou seu pescoço semelhante a uma corda, abrindo suas grandes mandíbulas com presas.

— MOOOKKEEEEELLL!!

— Entendo — disse Matador de Goblins, olhando para a besta do outro lado da varanda enquanto o ar balançava. — Então isso é um elefante.

— Não, não é! — gritou de volta Alta Elfa Arqueira.

Foi a primeira vez em sua vida que ela viu aquela criatura. Mas todo elfo que foi criado na floresta tropical sabia o que era.

Emera ntuka, mubiel mubiel, nguma monene! — Assassino de monstros aquáticos, criatura com leque nas costas, Grande Senhor das Serpentes.

Em outras palavras…

Mokele Mubenbe…!! — Aquele que para as águas.

 


 

Nota: Para quem não se recorda dessa criada elfa resgatada, ela estava na primeira missão deles juntos. Alta Elfa Arqueira, Lagarto Sacerdote e Anão Xamã se juntaram com Matador de Goblins para formar uma equipe de resgate para salvar uma elfa que havia sido capturada em uma masmorra.

 


Tradução: Nero

Revisão: Kenichi

 

 

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Tags: read novel Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo, novel Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo, read Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo online, Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo chapter, Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo high quality, Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 03.4 – A Floresta do Rei Elfo light novel, ,

Comentários

Vol. 07 - Cap. 03.4