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Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 06.2 – Para a Batalha Pessoal de Cada

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Pouco depois, chegaram ao prédio que serviria como centro administrativo do campo de treinamento quando fosse concluído.

Embora fosse o edifício central, ainda não estava pronto e parecia meio abandonado. Existiam muitas lacunas nas paredes e telhado, e as formas de muitos aventureiros que haviam se reunido com equipamentos em mãos podiam ser vistas.

Por sorte, parecia que mais do que alguns aventureiros fizeram o percurso para chegar ao local.

— Ei, olha! Se não é o Matador de Goblins! Tudo bem?

A primeira pessoa a cumprimentá-los foi o aventureiro que estava de guarda na porta – Lanceiro. Considerando que ele parecia sempre pronto para entrar em ação, foi realmente surpreendente vê-lo parado ali.

— Sim — disse Matador de Goblins com um aceno de cabeça. Ele analisou corretamente a intenção da pergunta. — Os que eu estava cuidando estão todos seguros.

— Ah, é? Mesmo assim, a maioria das crianças já voltou para casa, já estava tarde e tal.

— Antes de… ficar escuro… sim?

Havia outra pessoa ali. Uma bruxa sensual apareceu ao lado de Lanceiro, esgueirando-se como uma sombra; uma esfera de luz pálida flutuava ao seu redor. Um fogo-fátuo1Fogo-fátuo é um fenômeno que ocorre quando há a liberação e combustão de gás metano, normalmente em pântanos, lagos e cemitérios. No folclore, é uma luz fantasma atmosférica vista por viajantes à noite. Nesse contexto, aparentemente é um feitiço luminoso, fantasmagórico.? Não, não era um espírito. Talvez o feitiço Luz.

Ninguém queria correr o risco de usar fogo, mesmo o mágico, nesta área. O vento nesta noite de primavera estava forte. Se o fogo alcançasse qualquer coisa, seria uma catástrofe.

— Vocês estão ambos em segurança… — Sacerdotisa, talvez aliviada por ver alguns rostos familiares, soltou um suspiro suave.

Seus joelhos finalmente pararam de tremer, segurando seu bastão com as duas mãos e conseguindo parecer devidamente resoluta.

— Nós também estamos aqui! — A voz clara foi como um tapinha encorajador nas costas, e fez que um sorriso florescesse no rosto de Sacerdotisa.

— Vocês estão todos aqui!

— Ahh, e você também. Embora este seja um lugar para treinar para as batalhas, eu não esperava que se tornasse o terreno para uma das verdadeiras.

— Esses pequenos bastardos me fizeram perder o jantar!

Lagarto Sacerdote apareceu, parecendo o mesmo de sempre, junto com Anão Xamã, que esfregava a barriga.

Sacerdotisa, antes que percebesse, começou a correr em direção deles, até que Alta Elfa Arqueira a segurou.

— Você está mesmo bem? Não se machucou? Aqueles goblins não fizeram nada com você, fizeram?

— Está tudo bem, estou bem. Ainda bem que vocês estão todos seguros…

Ainda bem que não foi como daquela vez.

Cercada por seus amigos, Sacerdotisa percebeu que seus olhos estavam marejados. Ninguém falou nada sobre isso. Quem suportaria perder seus amigos duas, ou até três vezes?

— …

Matador de Goblins observou seus camaradas por vários segundos, então lentamente girou seu capacete de aço.

O ponto chave era estar sempre pensando – pensando no que deveria e poderia fazer.

Esta construção continuava inacabada e frágil. Não seriam capazes de se barricar nela por muito tempo.

Sendo esse o caso, precisavam de poder de fogo. Não eram um bando de novatos escolhidos ao acaso. Nesse momento…

— Ei. Chegou inteiro, hein, Matador de Goblins? — Seus olhos se encontraram com os de um guerreiro bem construído.

Guerreiro de Armadura Pesada parecia já ter passado por uma batalha; o ligeiro fedor de sangue pairava sobre ele.

Provavelmente, claro, era dos goblins que matou. O que mais poderia ser?

Matador de Goblins olhou pela construção para descobrir se reconhecia mais alguém.

— Está sozinho hoje?

— Ela pode ser uma cavaleira, mas ainda é mulher. Existem momentos em que fica indisposta. Os pirralhos estão a fazendo companhia na pousada. — A expressão de Guerreiro de Armadura Pesada revelava indescritíveis profundidades. Ele encolheu os ombros, fazendo sua armadura chacoalhar. — Um líder de grupo tem que pensar na saúde da sua turma.

Foi um golpe de sorte, na verdade. A sensação de indisposição manteve seu grupo em casa e, portanto, longe desse problema.

— Mas, ouça — disse ele, sorrindo como um tubarão faminto. — Quando os três mais diversos da fronteira estão no mesmo lugar, as coisas tendem a ser interessantes.

É claro que não havia espaço para erros nessa situação. Os estertores da morte de aventureiros que não conseguiram chegar à base improvisada podiam ser ouvidos por toda parte. Cada vez que o uivo de um goblin ecoava pela noite, os novatos no prédio se entreolhavam e estremeciam.

Os aventureiros costumavam ser os atacantes, não os atacados. Sim, ocasionalmente sofriam emboscadas e às vezes pegavam missões de escolta. Mas, de alguma forma, no fundo de seus corações, continuavam acreditando que nunca seriam caçados.

Poderia ser dito que Sacerdotisa não tinha sorte, já que essa suposição foi refutada de forma tão violenta, mas, parando para pensar, era seu próprio tipo de boa sorte.

De qualquer forma, se não saíssem de lá – ou melhor, matassem os goblins – não viveriam para ver o sol novamente.

Todos os presentes entendiam isso. Lanceiro estava olhando para o lado de fora com um olhar azedo.

— Vamos simplesmente deixar que nos cerquem? Que chato. Não quero só ficar aqui até morrer.

— Qualquer… que seja… o caso, isso pode ser… melhor… se todos, primeiro… se unirem.

— Sim — concordou Matador de Goblins. — Minhas cargas estão estacionadas na praça.

— Então preciso de um mensageiro — disse rapidamente o Guerreiro de Armadura Pesada. — Situação avaliada… goblins. Venha conosco. Esse tipo de coisa. Temos que deixar todos os sobreviventes saberem o que está acontecendo e trazê-los o mais rápido possível.

— Eu vou! — Alta Elfa Arqueira deu um salto na mesma hora, levantando a mão. — Sou a corredora mais rápida!

— Perfeito, vá em frente.

— Pode contar comigo!

Ela então foi embora como o vento da noite.

Guerreiro de Armadura Pesada observou sua partida, então olhou ao redor. Matador de Goblins e seu grupo somavam cinco. Depois, havia Lanceiro e Bruxa. E ele mesmo.

Dependendo de quantos novatos pudessem ser úteis em batalha, tinham cerca de dez pessoas aptas a lutar. Ele não contou aqueles que estavam se encolhendo em posições fetais. Guerreiro de Armadura Pesada decidiu: não os envolveria.

— Então, Matador de Goblins — falou. — Estamos lidando com goblins. O que você acha que está os liderando?

— Provavelmente outro goblin — disse Matador de Goblins sem qualquer hesitação. — Um superior, suponho, mas duvido que seja outro lorde. Talvez um xamã inteligente…

— Alguma prova?

— Se não fosse um goblin que estivesse os liderando, seriam tratados como soldados de infantaria, e não como a força principal.

Isso era verdade. Ninguém, fora um goblin, pensaria em usar outros goblins para cavar um túnel e atacar os campos de treinamento.

Guerreiro de Armadura Pesada balançou a cabeça.

— Temos de lidar com os peixes menores, mas também temos que nos certificar de lidar com o peixe maior — concluiu ele. — E onde estaria o peixe maior…?

— Na minha opinião, devem ter feito mais de um buraco — disse Lagarto Sacerdote, sua mandíbula cerrada. Ele bateu com o rabo no chão e ergueu um dedo escamado. — Provavelmente haverá um em cada direção. A solução mais rápida seria seguir algum deles em direção à fonte.

— Quanto a isso — disse Lanceiro, observando o lado de fora atentamente enquanto falava. — Como sabemos qual deles voltará?

— Tenho a mesma pergunta. Indo direto ao ponto, estão todos provavelmente conectados por dentro.

Em assuntos subterrâneos, ninguém poderia se igualar a um anão.

Anão Xamã tomou um gole da jarra de vinho em seu quadril e soltou um arroto com cheiro de álcool.

— Devem ter cavado só um túnel e dividido ele pouco antes do ataque. Afinal, assim seria mais fácil.

— Parece bom. Descemos pelo buraco mais próximo. Tudo bem com isso, Matador de Goblins?

— Não tenho objeções.

— Então, o problema, são, essas crianças. — Bruxa gesticulou significativamente em direção aos novatos. — Há, mais, não há? O que, fazemos… com os pequenos?

— Deixe-os, traga-os ou faça que fujam — ponderou Guerreiro de Armadura Pesada.

Lanceiro, entretanto, deu-lhe um sorriso e um cutucão no ombro.

— Penso que uma espada larga não vai ser muito útil em um túnel…

— Ah, vai se ferrar! — A lembrança do anterior fracasso de Guerreiro de Armadura Pesada acertou uma ferida. — Que inferno. Sempre gostei mais de ficar na superfície do que embaixo dela. Eu cuido das crianças. Vocês lidam com a sujeira.

— Certo — disse Lanceiro.

— Sem problemas — acrescentou Matador de Goblins.

Os veteranos calcularam isso tudo em um piscar de olhos. Embora não fosse mais exatamente uma iniciante, Sacerdotisa descobriu que não conseguia sugerir nem algo aleatório. Ao contrário de Alta Elfa Arqueira, que poderia ter optado por se conter, Sacerdotisa não poderia falar, mesmo se quisesse. (De qualquer forma, a elfa parecia ver as interjeições despreocupadas como seu papel.)

Era uma variedade de opiniões e perspectivas que levavam a uma conclusão sólida. Objeções e diálogo não eram a mesma coisa que negar o que outra pessoa estava dizendo. Mas nesse exato momento, perspectiva – algo enraizado na genuína experiência – era o que faltava à Sacerdotisa.

Mas…

O que era isso? Essa ansiedade inarticulada?

Embora não pudesse expressar em palavras, podia ser algum tipo de dica dos deuses.

Ela pensou no alarme que soou dentro dela quando seu grupo entrou na caverna naquela primeira aventura. O pânico crescente aumentando em seu pouco peito – a sensação de que tinha que fazer algo.

As coisas acabariam mal se apenas deixasse que continuassem. Ela tinha que fazer alguma coisa.

Mas o quê?

— Ah.

O som escapou de sua boca no momento em que pensou na possibilidade.

O olhar coletivo dos demais aventureiros a perfurou, fazendo-a corar um pouco.

— O que houve? — Matador de Goblins foi o primeiro a falar. — Goblins?

— Uh… hm…! — A voz dela estava estridente. O foco em sua direção ficou ainda mais intenso. O suficiente para fazê-la querer fugir. — Os outros aventureiros novatos, já voltaram para casa, certo?

— Sim — disse Lanceiro. — Todos, exceto aqueles que queriam praticar lutas noturnas. Foram no momento em que o sol se pôs.

— Onde você… acha que estão agora?

— Onde você quer chegar? — disse Guerreiro de Armadura Pesada, olhando para ela. Ele com certeza não estava intencionalmente tentando assustá-la, mas as circunstâncias eram as que eram. A seriedade dele próprio, sua intenção de não ignorar qualquer ideia ou informação, eram intimidantes.

— Bem, hm…

Sacerdotisa recuou.

Havia mesmo algum valor em dar a sua opinião?

E se acabasse por ser uma simples ideia ao vento?

Que negócios havia ela pensado que poderia…?

— Apenas diga. — A voz de Matador de Goblins soou suave, desapaixonada. Evidentemente a mesma de sempre. Sacerdotisa engoliu em seco; agarrou seu cajado com ainda mais força, buscando esconder o tremor de suas mãos.

Ela respirou fundo e expirou.

— Os goblins… Acho que também devem estar atrás dos novatos a caminho de casa…

O quê?! — exclamou Guerreiro de Armadura Pesada, apesar dos pesares. Sua armadura estalou, fazendo Sacerdotisa estremecer por um segundo. Mas ela não parou de falar. Não podia.

— Não é estranho? Sei que os goblins são criaturas covardes e intrigantes.

Já que alguém me ensinou bastante.

Ensinou a pensar como um goblin. Como viviam. Seus medos.

— Se eu fosse um goblin, o último lugar que gostaria de atacar seria um prédio cheio de aventureiros fortes.

E também, como poderiam usar um grande exército como distração…

Isso era algo que ele mencionou quando lutaram contra o lorde goblin – há quanto tempo tinha sido?

Ela ainda estava aprendendo. Ela ainda tinha experiência a ganhar. Mas já tinha alguma experiência.

Só não havia percebido.

— Acredito que ela está correta… — rosnou Matador de Goblins bem baixinho. — Não me atentei a isso.

— E eu… tenho uma ideia.

Depois que Sacerdotisa começou a falar, o resto ficou fácil.

Não que isso deixasse mais fácil expressar suas ideias de forma clara e sucinta, mas a fala surgiu prontamente, e ela não hesitou.

— E então… vou prosseguir.

Com todos ao redor completamente focados nela, Sacerdotisa delineou seu plano.

— Nossos amigos aventureiros incluem, hm, dois guerreiros, uma clériga, um feiticeiro…

Ela contou nos dedos. Guerreiro Novato, Lutadora Rhea. Clériga Aprendiz e Garoto Feiticeiro.

— Acho que só a minha participação, outra clériga, poderia mudar a maré. Então…

Vou ajudá-los. Eu quero ir.

Essas palavras sinceras fizeram com que os aventureiros Prata se olhassem.

— O tempo, é pouco… não é…? — Bruxa olhou para fora e soltou um único riso sedutor, mas falou de forma encorajadora.

— Não faço ideia do que essa garota é ou não capaz de fazer. Portanto, vou me abster — acrescentou Lanceiro rapidamente.

— Faz sentido… — disse Guerreiro de Armadura Pesada. Ele então fixou o olhar em Sacerdotisa, encarando seu corpo esguio de cima a baixo. — Sempre há a chance de que dividir e conquistar seja a ideia central. Acha que pode lidar com isso?

— Quanto a mim, tenho fé nela — disse Lagarto Sacerdote com um aceno pensativo e um rolar de olhos. Ele piscou para Sacerdotisa. — Devemos atacar o coração do inimigo, mas de forma alguma devemos abandonar nossos jovens aventureiros para isso. Acho que é uma boa estratégia.

— Perfeito para um teste de promoção, diria — gargalhou Anão Xamã, acariciando sua longa barba branca. — Concorda, Corta-Barba? Algum dia temos que deixar que saiam do ninho, eh?

Matador de Goblins, senhor…

Sacerdotisa olhou para o homem de armadura suja e decadente.

Agora que pensou nisso, ela percebeu que seria sua primeira vez indo em uma aventura sem ele, desde aquela primeira em que estivera.

Conseguiria fazer isso? Sozinha?

Sacerdotisa de forma alguma estaria sozinha, mas teria que confiar em sua própria força.

Poderia lutar contra os goblins?

Todos gentilmente disseram que acreditavam nela e que seria capaz de fazer isso. Mesmo Alta Elfa Arqueira, que não estava lá, com certeza teria concordado.

Isso a deixou muito feliz; o que mais poderia desejar além disso?

Ainda assim…

Se essa pessoa disser que não devo ou não posso…

Então teria que aceitar em silêncio. Seria o melhor para todos, ela tinha certeza.

Mas o que ele disse não era o que a garota temia.

— Consegue fazer isso?

— Eu…

Sua pergunta foi tão sucinta, tão simples. Assim como sempre.

Ainda assim…

Isso a fez querer, ainda mais, corresponder às expectativas implícitas.

Tinha que fazer isso.

Sacerdotisa engoliu as palavras faladas pela metade, mordeu o lábio e então respondeu quase em um grito:

— Eu consigo…!

Matador de Goblins olhou atentamente para ela. O que quer que estivesse em seus olhos estava escondido por trás de seu capacete; ela não conseguia distinguir a sua expressão, ainda assim…

— É mesmo? — Ele balançou a cabeça lentamente, em seguida, deu seu veredito. — Então está decidido.

— Hraah!!

— GROBR?!

Nos limites estreitos da caverna, a ponta da lança de mithril perfurou a garganta do goblin. A arma longa em forma de pólo nas mãos de Lanceiro chicoteou junto com os sons da magia, flores da morte desabrochando ao seu redor.

Um golpe, uma morte. Quatro estocadas, quatro mortes.

Os goblins ergueram frágeis tábuas de madeira no lugar de escudos, mas de pouco serviram.

Apenas um amador imaginaria que a lança não poderia ser usada em um espaço apertado como este; Lanceiro, na verdade, fazia parecer que era capaz de qualquer coisa.

Varre, golpeia, bloqueia e empala. Esfaqueia, apunhala, recua e volta a apunhalar.

A enxurrada de ataques desferidos era furiosa o suficiente para controlar o que estava acontecendo na frente de todos.

A lança polida atacava com a velocidade de um redemoinho, pintando as paredes ao redor com cérebro e sangue de goblins.

O suave declive do solo não serviu de nada para perturbar o equilíbrio desses lutadores experientes.

— Nem pense em ficar atrás de mim!

— Pra dentro! Vejo sei… não, três!

Enquanto Lanceiro fazia uma pose impressionante, mantendo os monstros afastados, Alta Elfa Arqueira deslizava ao lado dele e disparava uma saraivada de flechas. Três flechas voaram tão rápido quanto magia, encontrando os olhos de três criaturas separadas que espreitavam mais adentro no buraco.

— GORRB?!

— GROB! GROORB!!

Não havia seis, mas três restantes. Um cálculo simples. Se não tivesse confiança de que poderia acertar, então não deveria disparar.

— Um…!

Foi então que Matador de Goblins fez sua entrada.

No momento em que avançou, a espada já estava voando, acertando a garganta de um goblin.

— GRRRO?!

O monstro arranhou a garganta como se estivesse se afogando, mas Matador de Goblins o ignorou, pegando uma adaga do cadáver de um dos goblins com uma flecha no olho. Ele então a usou para cortar a garganta de outro monstro que não havia superado o choque de ver quatro de seus companheiros assassinados em um instante.

O sangue jorrou da criatura com um som de assobio; Matador de Goblins o afastou de lado com seu escudo e arremessou a adaga.

O arremesso podia ter sido um pouco forte; errou o alvo e se alojou no ombro de um goblin.

— GORB!!

— Com esse, três.

Matador de Goblins, imperturbável, pegou um machado de mão do goblin que estava se afogando em um mar de sangue. Ele então enterrou no crânio do goblin final, e o encontro aleatório acabou.

Um grupo de aventureiros experientes precisou de um único turno para matar dez goblins.

Lanceiro ergueu sua arma – não estava nem respirando com dificuldade – e olhou para Matador de Goblins, exasperado.

— Ei, você — disse ele. — Você tem que parar de atirar todas as suas armas. Isso é um desperdício!

— São consumíveis.

— Olhe ao redor. Você sabe que eles vendem aquelas facas de arremesso mágicas que voltam para você depois de as jogar, certo?

— Goblins também podem usá-las — disse Matador de Goblins. — E se fossem roubadas?

— Não temos tempo para isso! — exclamou Alta Elfa Arqueira. — Vão me ajudar a recolher as minhas flechas?

Lanceiro estava se ocupando com a irritação, e Matador de Goblins estava procurando por armas nos cadáveres.

Os três pareciam desocupados, mas não fizeram um único movimento desnecessário que fosse. Esquadrinharam a área incessantemente, verificaram suas armas e depois prepararam o que precisariam a seguir.

Matador de Goblins gemeu um pouco. Goblins não tratavam seus equipamentos da devida forma; tudo o que tinham estava em péssimo estado. Não havia qualquer boa arma.

— Pela graça — disse Lagarto Sacerdote com um aceno de cabeça sombrio ao ver a cena. — Que agradável sensação de segurança se obtém por ter dois lutadores de primeira linha consigo.

— Diz o lagarto que está sempre na frente.

— De… fato — murmurou Bruxa calmamente. — Um, guerreiro… para, cada um, de nós, não?

Deixaram os novatos no campo de treinamento, sob os cuidados de Guerreiro de Armadura Pesada, e dirigiram-se para o subsolo através de um dos buracos.

Ao contrário da divisão normal de cinco e dois, desta vez formavam um único grupo de seis pessoas. Isso também resultava em uma formação diferente da usual. Matador de Goblins e Lanceiro estavam na vanguarda, com Alta Elfa Arqueira atrás deles e os lançadores de feitiços mais atrás.

O que era mais importante? As flechas de Alta Elfa Arqueira ou os feitiços de Lagarto Sacerdote? A resposta era bastante óbvia.

— Peguei elas — disse Matador de Goblins, entregando as flechas.

Alta Elfa Arqueira olhou para todas e soltou um estalo com a língua.

— Ah, poxa… estão faltando as pontas! — Ela as jogou de volta em sua aljava de flechas ponta-broto com raiva. Mas já não havia nada a ser feito. — E você, Orcbolg? Encontrou alguma arma boa?

— Pedintes não podem escolher.

— Afinal, por que deixou a garota ir sem mim?

— Está chateada?

— Na verdade, não — disse Alta Elfa Arqueira, desviando o olhar. — Mas você não está preocupado com ela?

— Se minha preocupação a ajudasse a conseguir o que quer, então me preocuparia.

Shh…

Mas assim que Alta Elfa Arqueira soltou um suspiro, suas orelhas se ergueram, contorcendo-se.

— Estão vindo.

— Direção e número? — perguntou Matador de Goblins na mesma hora, puxando uma pequena bolsa de couro de sua bolsa de itens enquanto o fazia.

Era sua carteira: as moedas lá dentro tilintaram. Ela tinha um bordado de flor e parecia bastante antiga. Matador de Goblins apertou a boca da carteira com força; isso fez um barulho agudo.

— Sei lá. Os sons estão ecoando por toda parte…!

— Bem, então não temos tempo para discutir isso em grupo! — disse Lanceiro, sacudindo a arma para limpar a gordura. — Não importa o que aconteça, não podemos deixar que saiam.

— Não sobraram muitas opções. Quer que eu cuide disso?

Como aventureiros experientes, reagiram rapidamente à situação. Mesmo enquanto Anão Xamã falava, estava alcançando sua bolsa de catalisadores, preparando seu feitiço. Bruxa calmamente levantou seu cajado e começou a se concentrar para entoar sua magia. Lagarto Sacerdote juntou as mãos.

— Gracioso, matar goblins envolve o pior tanto do problemático quanto do inesperado, não é? — disse ele.

— Você está, bem certo — disse Bruxa com uma risada lânguida, e então seus lábios voluptuosos passaram a sussurrar palavras de verdadeiro poder. — Sagitta… sinus… offero. Dê uma curva para as flechas!

O feitiço de um feiticeiro eram palavras que reescreviam a lógica do mundo.

Enquanto um fluxo invisível protegia o grupo, Alta Elfa Arqueira e Lanceiro gritaram:

— Estão vindo! De ambos os lados!

— Para trás!

Chuva de pedras e terra chegaram de ambos os lados dos aventureiros.

Quase no mesmo instante, todos eles pularam para trás.

— GRORB!! GROOROOBB!!

— GROOBRR!

Era isso que a palavra horda realmente significava?

O aventureiro comum pode esperar não ver dez ou vinte goblins em toda a sua vida, mas mais goblins do que isso, muito mais, estavam agora caindo sobre eles. Os goblins uivavam como animais e era fácil adivinhar o que seus gritos significavam.

Matem eles. Roubem deles. Vinguem-se. Vingança para nossos irmãos. Morram, aventureiros, morram!

Eles matariam os homens de imediato. Das mulheres seria tomado até o último vestígio de dignidade, e então as colocariam em estacas.

Pegariam o cajado de uma mulher, amarrariam as pernas dela e a usariam para fazer jovens goblins até que estivesse esgotada demais para ser útil. A carne de elfo, sabiam, era macia e durava muito tempo. Poderiam cortar seus braços e pernas aos poucos e festejar com isso.

As mulheres chorariam; implorariam por perdão; mas os goblins as ignorariam.

Matem-os, assim como nos matariam!

— Beba profundamente, cante alto, deixe os espíritos guiá-lo! Cante alto, dê um passo rápido e, quando dormir, eles o verão; que uma jarra de vinho de fogo esteja em seus sonhos para cumprimentá-lo!

Sem dúvidas, vários dos diabinhos tiveram suas vidas encerradas sem nunca acordar daquele sonho. Apanhados pela bruma do vinho que Anão Xamã cuspiu, viram-se sob a influência do feitiço Estupor.

Tropeçando em sua vanguarda agora inconsciente, os goblins começaram a tombar como dominós. Vários foram pisoteados até a morte enquanto outros goblins tentavam forçar a passagem.

Soaram gritos e gemidos agonizantes. Foi um pandemônio.

— Tolos. — Sem hesitar, Matador de Goblins girou sua carteira, atacando o monstro mais próximo. A velocidade e força centrífuga das moedas na pequena bolsa de couro eram mais do que o bastante para partir o crânio de um goblin.

E, assim, o dinheiro que todos os aldeões economizaram tão diligentemente, só para pagar um aventureiro para acabar com seus problemas com goblins, foi usado para matar um goblin. O melhor da justiça poética.

— GRB?!

— GRORB?!

Um monstro teve seu globo ocular estourado feito uma bolha, sendo perfurado até o cérebro, que foi então esmagado por um golpe na têmpora.

Parar um ou dois goblins era bastante fácil.

Matador de Goblins chutou o primeiro para o lado, agarrando a espada no quadril da criatura ainda no mesmo movimento.

— Hrgh…!

Outro goblin se aproveitou desse momento de desatenção para pular nele com uma adaga envenenada. Matador de Goblins conteve a criatura com seu escudo, fazendo-a voar.

Mais flechas voaram, mas quando foram desviadas por um poder invisível, as ignorou. Isso não era da sua conta.

— Estou enviando alguns em sua direção!

— Ah, não me dê ainda mais trabalho!

Apesar das reclamações, Lanceiro estava exibindo uma técnica excelente. Com um único golpe, apunhalava várias criaturas à sua frente e, quando voltava a puxá-la, empurrava a coronha para trás. Isso batia no crânio do goblin que havia sido empurrado para o lado pelo escudo, esmagando sua cabeça e matando-o.

— Não vamos deixar nem mesmo um goblin passar por nós!

— Essa foi a minha intenção desde o começo.

Os dois guerreiros ficaram de costas um para o outro, com goblins surgindo sobre eles como uma maré escura.

Quando se tratava de grandiosidade e força, Lanceiro obviamente era superior a Matador de Goblins. Ele debulhava goblins como se fosse trigo com cada golpe da sua lança.

Matador de Goblins, naturalmente, restringiu-se a garantir que Lanceiro não fosse pego por trás. Ele acabou com qualquer alvo que Lanceiro deixou passar, lidou com aqueles que estavam à sua frente e passou para o outro aqueles que não conseguiu finalizar pessoalmente.

Eles mal pensaram em defesa, deixando Defletir Projétil para repelir as pedras que eram atiradas.

Simplesmente se concentraram no uso de suas armas.

Mas, é claro, mesmo para Matador de Goblins, as coisas nunca seriam tão simples.

— Xamã!

O grito de Alta Elfa Arqueira cortou por todos. Na retaguarda da formação de goblins estava um monstro com um cajado, proferindo um feitiço.

A luz em seu cajado erguido ampliou-se e voou.

Era o mais básico de todos os feitiços ofensivos, Flecha Mágica.

Podia não ser muito poderoso, mas, acertando, em alguns casos, ainda seria suficiente para virar a maré da batalha. Além do mais, por ser mágico, Defletir Projétil não forneceria proteção contra aquilo.

Surpreendentemente inteligente, para um goblin. Mas Lanceiro gritou de forma ansiosa:

— Toma essa!

Magna… remora… restinguitur! Um fim para magia!

Bruxa sorriu com indulgência e recitou um feitiço quase cantado. Era o contrafeitiço que resistiria às palavras de verdadeiro poder de goblin xamã.

No momento em que encontraram as palavras de Bruxa, a maioria das flechas desapareceu, apenas algumas poucas delas alcançaram Lanceiro e Matador de Goblins.

— Poderia, incomodá-lo, para não, me dar mais… trabalho?

— Esse é o seu trabalho!

Gracejos por gracejos. Lanceiro se jogou na horda de goblins e, mesmo enquanto o sangue escorria de um ferimento em sua bochecha, parecia nada incomodado.

— Eles querem flechas? Então darei flechas — grunhiu Alta Elfa Arqueira, deixando seu arco de seda de aranha cuidar do resto.

Um dos disparos saiu voando pela poeira e pelo ar denso, alojando-se, conforme pretendido, no pescoço do xamã.

— Aqui!

— Alguma lesão? — Quem perguntou foi Lagarto Sacerdote, que estava ficando evidentemente entediado na retaguarda; batia o rabo, impaciente, contra o chão. Sem Sacerdotisa ali, ele era o único clérigo do grupo, o único capaz de curar com milagres. Ele parecia bastante aborrecido por ter que permanecer onde estava, cuidadosamente conservando seus feitiços.

— Sem problemas — respondeu brevemente Matador de Goblins, verificando-se. Havia lugares onde sua pobre armadura de couro e cota de malha foram perfuradas; sangue escorria aqui e ali, sentia até dor.

Em outras palavras, ainda vivo.

Ele continuou brandindo sua espada contra os goblins à frente enquanto tateava sua bolsa de itens, contando com os nós para guiá-lo. Então puxou uma poção e a tomou, em seguida, jogou o frasco vazio com a mão esquerda.

— GROORB!!

— Morra.

O goblin tropeçou para trás graças ao golpe inesperado; Matador de Goblins cortou sua garganta sem qualquer piedade. O sangue espumou no pescoço da criatura; Matador de Goblins a chutou e puxou sua espada, livrando-se do sangue.

— Você ainda tem feitiços? — perguntou, firmando sua respiração.

— Sim, ainda… bem — respondeu Bruxa com um sorriso.

— Nós, também — disse Anão Xamã.

— Devo produzir um Guerreiro Dragodente?

— Não — disse Matador de Goblins para a pergunta de seu amigo, balançando a cabeça pensativamente. Ele resmungou baixinho, olhando para o teto do túnel que os goblins cavaram.

— Orcbolg — disse Alta Elfa Arqueira em tom resignado. — Você está pensando em algo desagradável de novo, não está?

— Sim — disse Matador de Goblins com um aceno de cabeça. — Desagradável para os goblins.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Shibitow

 


 

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