Dark?

Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 02.3 – O Garoto Feiticeiro Ruivo

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— Ergggg…

— Você comeu demais.

Haviam deixado a fazenda na periferia e estavam indo para a Guilda, mas ele caminhava vacilante pela trilha. Agarrou-se ao cajado enquanto fazia todo o esforço para se mover. Deve ser assim, pensou, depois de uma aventura especialmente cansativa e desanimadora.

Talvez fosse assim que os aventureiros se sentissem depois de caminhar por um campo infinito apenas para ver o castelo finalmente aparecer.

Quando por fim passaram pelas portas de vaivém e entraram na área de espera barulhenta, o garoto desabou em um assento.

Mais uma vez, havia muitos aventureiros visitando a Guilda. Alguns apareceram para se inscrever, enquanto outros procuravam por mais um dia de trabalho.

— Hrggg…

— Como você pôde ficar tão animado por encontrar um elevador em algumas ruínas antigas que depois foi beber e ficou de ressaca? Você é burro?

— Achei que alguns espíritos poderiam restaurar o meu espírito…

Quão estúpido você é?

Aventureiros de ressaca não eram uma visão incomum, alguns deles estavam caídos nos bancos mesmo nesse momento. As pessoas não prestaram muita atenção ao garoto que acabara de entrar; talvez pensassem que era um dos bêbados.

— Então estou indo — disse o Matador de Goblins, olhando para o jovem largado, aquele que havia se deitado e já ocupava um banco inteiro. — Você deveria começar nos esgotos. Mate aqueles… O que são mesmo…? Ratos gigantes.

Eu… vou… m-matar goblins…!

— Entendo.

Com isso, o Matador de Goblins se afastou do jovem. Quem era ele para interferir nos desejos do garoto? Ele afastou-se corajosamente, dirigindo-se ao seu lugar habitual: um banco no canto mais afastado da área de espera da Guilda.

Cinco – não, seis anos atrás, quando se tornou um aventureiro pela primeira vez, era o único ali.

Mas agora as coisas eram diferentes.

Estavam presentes os seus companheiros, os que tinham negócios com ele e até outros que queriam apenas cumprimentá-lo.

Esse dia era apenas mais do mesmo. Lá estava o Lagarto Sacerdote balançando o rabo. A Alta Elfa Arqueira e o Anão Xamã sentando-se um de cada lado da Sacerdotisa. E ainda…

— Matador de Goblins, senhoooor…

De alguma forma, parecia diferente do normal. No centro do círculo de rostos, as mãos da Sacerdotisa agarravam seus joelhos, e sua voz estava fraca.

— Qual é o problema?

— Parece que estavam falando sobre promovê-la — a Alta Elfa Arqueira respondeu no lugar de Sacerdotisa.

O Matador de Goblins balançou a cabeça.

— Está mais ou menos nessa época.

Os aventureiros eram divididos em dez classificações, da Porcelana à Platina. Apesar da classificação Platina, que era especial, as divisões eram feitas com base no que se chamava popularmente de “pontos de experiência”. Em outras palavras, as recompensas que alguém ganhou, combinadas com o quanto de bem fez para aqueles ao seu redor, junto com a personalidade.

Foi um ano antes que a Sacerdotisa fosse promovida a Obsidiana por derrotar o que quer que fosse nas ruínas subterrâneas. Então havia o globo ocular gigante que encontraram na cidade da água, e o líder do exército goblin que atacou a sua própria cidade.

Tendo sobrevivido à batalha com o goblin paladino no Norte, ela deveria ter mais do que o suficiente em termos de recompensas e contribuições sociais. E seu comportamento interpessoal era irrepreensível.

Sim, era mais do que apropriado que a possibilidade de promoção tivesse sido levantada.

Mas se ela estava olhando tão para baixo, isso significava…

— Ela não passou?

— Acho que não.

E você ainda tinha uma carta de recomendação, hein? — A Alta Elfa Arqueira sussurrou para a Sacerdotisa, que simplesmente respondeu:

— Sim.

Ela parecia tão patética quanto uma cachorrinha deixada na chuva, e parecia que ia começar a chorar a qualquer momento.

— Eu acho… eles pensam… dizem que eu ainda não contribuí o suficiente.

— Suponho que seja compreensível — disse o Lagarto Sacerdote. — Afinal, o resto de nós é de classificação Prata.

O Anão Xamã soltou um bufo satisfeito e acariciou a barba.

— O que, acham que ela está sendo carregada? Quem acreditaria nisso? — Era uma coisa inadequada, mas não inédita, para um grupo de aventureiros experientes fazer.

— Hrm — resmungou bem baixinho o Matador de Goblins.

O primeiro grupo da Sacerdotisa já não existia. As pessoas com quem deveria ter se desenvolvido e amadurecido desde Porcelana até as classificações superiores já haviam partido.

O Matador de Goblins olhou para a Garota da Guilda, mas ela estava ocupada com outros aventureiros, correndo para frente e para trás como um rato em frenesi. Ela percebeu que ele estava olhando para lá, e juntou as mãos em um gesto de desculpas. Isso significava que pouco poderia ser feito. Afinal, não era ela quem comandava a Guilda. Seus superiores estavam envolvidos, assim como a papelada, os inspetores e a burocracia. Era simplesmente assim que o mundo funcionava. O esforço pessoal era indispensável, mas nem sempre bastava.

— U-um, por favor n-não se preocupe com isso — disse corajosamente a Sacerdotisa, como se fosse para confortar o Matador de Goblins e os seus outros companheiros, que haviam caído em reflexão. — Tenho certeza de que, se trabalhar duro o suficiente, posso fazer com que eventualmente me promovam…

— Esse é o espírito — disse o Anão Xamã. — Você tem muitas habilidades e está mais do que fazendo a sua parte para ajudar. Eles têm que entender isso.

— Mm — assobiou o Lagarto Sacerdote, encostado na parede, com os braços cruzados e pensativo. Sua cauda se moveu com um sussurro. — Entre o meu povo, falamos da importância de transmitir a técnica de batalha à próxima geração.

— É isso! — disse a Alta Elfa Arqueira, tentando estalar os dedos. Ela só conseguiu fazer um click suave. Então franziu os lábios novamente: Anão Xamã estava tentando segurar uma risada de sua tentativa fracassada.

— O quê…?

— Ah, nada. Eu só queria saber do que você estava falando — respondeu ele, totalmente imperturbável pelo olhar penetrante da Alta Elfa Arqueira.

— Não vou esquecer isso — disse a elfa, enquanto o anão ria e acariciava a barba. — Mas, de qualquer maneira, se a classificação é o problema, por que não encontrar alguns Porcelanas e Obsidianas para se aventurar?

— É exatamente isso — disse o anão. — Esta é a Guilda, afinal. Mostre a eles que você está orientando alguém, sabe?

— Um… — A Sacerdotisa olhou para eles, confusa. Seus olhos lacrimejaram um pouco. Ela passou a língua suavemente sobre os lábios secos, em seguida, ergueu o dedo indicador como se para se certificar de que os estava seguindo. — Você quer dizer… aventurar-se sem todos vocês?

— Sim — disse secamente o Matador de Goblins.

— Não seria uma ideia tão ruim — acrescentou o Lagarto Sacerdote.

— Bem, isso resolve tudo — disse a Alta Elfa Arqueira, suas orelhas tremendo intensamente. Ela era quase imortal; sutilezas logísticas não a preocupavam. — Basta escolher um Porcelana aleatório… bem, talvez aleatório não seja a palavra certa, mas…

O grupo dela parecia prestes a começar algo quando uma voz zombeteira soou:

— Heh! Eu sei que você fica sempre por trás, mas não há como alguém tão chorona e resmungona como você possa ser promovida!

Isso fez as orelhas da Alta Elfa Arqueira irem para trás, e ela começou a procurar pelo antagonista. O dono da voz levantou-se de um dos bancos.

Era o garoto ruivo – vestido com um robe, segurando um cajado, usando óculos. Aquele feiticeiro.

A Sacerdotisa passou apenas um segundo com a boca aberta em choque, então os cantos de seus olhos se apertaram de raiva.

— Eu… eu não estou chorando!

— Não sei quanto a isso. Vejo todos vocês, clérigos, como bons chorões. — Ele deu uma fungada desdenhosa e nem mesmo abriu os olhos completamente enquanto olhava para a Sacerdotisa. Talvez pensasse que todo esse ridículo diligente o fazia parecer legal.

(N.R.: tô falando, esse moleque vai tomar um pau, ele tá pedindo…)

Não parecia perceber que isso apenas o fazia parecer um vilão nojento.

— Sempre que você está em apuros, é: Ó deuses, por favor, me salvem! Boo-hoo-hoo!, certo?

— Ei…! — A Sacerdotisa mal sabia o que dizer a esta demonstração inesperada de maldade, mas seu rosto pálido ficou visivelmente vermelho. Ela estava estranhamente – mas muito compreensível – agitada. — Não é assim mesmo! Eu tenho todos os tipos de…

Todos os tipos de quê? Haveria alguma maneira de terminar aquela frase com orgulho, com confiança?

Ela seguia as instruções e fazia milagres, orando pela segurança de todos. Orando aos deuses. Mas ela mesma poderia fazer alguma coisa? Se sim, o quê?

A sacerdotisa descobriu que não conseguia mais falar. Ela olhou para o chão, cerrando o punho trêmulo.

O jovem estufou o peito, triunfante. Mas deu um passo hesitante para trás, depois dois, quando o Lagarto Sacerdote se aproximou dele agressivamente.

— Julgar os outros é um convite ao julgamento de si mesmo — disse o lagarto. — Pois se você insulta um clérigo, está insultando a todos.

O Lagarto Sacerdote fez um grande gesto com a cabeça. O garoto olhou em volta e só então percebeu: do mais novo ao mais experiente, todos os aventureiros no local olhavam para ele e para a Sacerdotisa, vermelha de raiva.

— Eu acho que você pode achar este mundo mais difícil de sobreviver sem a ajuda dos deuses — continuou o Lagarto Sacerdote. Quem poderia culpar o garoto pelo gemidinho que então escapou dele? Ele estava gritando na frente de todas essas pessoas, sem pensar no futuro.

— Ei, você! Que tal você me olhar nos olhos e dizer isso?

— Pare com isso, idiota. Temos ratos gigantes para caçar. Nos será uma boa prática.

— Bora! Me solta! Vou dar uma lição naquele cara! Me! Solta! Agora!

A Clériga Aprendiz se debateu, agitando seu cajado, enquanto o Guerreiro Novato a arrastava para longe.

A reação da aprendiz foi um tanto extrema, mas por toda a sala as respostas foram semelhantes. Talvez alguns favorecessem a Sacerdotisa porque era uma garota, outros porque o rosto dela era familiar contra um que não conheciam. Mas a maioria dos olhares de reprovação dirigidos ao garoto foram motivados por mais do que isso.

Alguns aventureiros ridicularizavam os clérigos, que não ficavam na linha de frente, como nada além de máquinas de cura. Mas havia muitos aventureiros que foram salvos por esses mesmos clérigos. Todo mundo se machucava uma vez ou outra. Contorcendo-se de dor, envenenados, amaldiçoados, abandonados: nada disso era agradável.

Se tivesse um clérigo em seu grupo, estaria em uma boa posição e, claro, qualquer pessoa que oferecesse esmolas poderia ser tratada em um templo. Como alguém poderia desprezar aqueles que trabalhavam para eles, oravam por eles, faziam milagres acontecerem para eles?

— E-ei, eu… — Mas nenhum aventureiro recuaria apenas com isso. — Eu também sou um aventureiro!

O garoto se anunciou com ousadia, embora soubesse que estava em desvantagem. Sua paixão fez com que alguns dos olhos observadores se arregalassem de admiração.

O negócio da aventura era, em uma última análise, aquele em que todos deveriam assumir a responsabilidade por si mesmos. Portanto, se houvesse uma pessoa que tivesse mesmo força para se manter completamente por conta própria, sem a ajuda divina, poderia muito bem zombar dos clérigos e se safar.

— Goblins? Hah! Eles não são nada! Então, o que isso faz do Matador de Goblins?

Ele apontou seu cajado na direção do Matador de Goblins, como se pudesse lançar um feitiço no aventureiro, uma pose clássica do desprezo dos feiticeiros.

Não faça anotações! Não vou te ensinar meus segredos para matar goblins! Comece pelos ratos! Isso é tudo baboseira!

Todas as emoções que conteve até aquele momento foram à tona.

— Eu posso muito bem matar goblins, saco!

Diante de toda a gritaria agressiva, o Matador de Goblins apenas inclinou a cabeça um pouquinho, curioso. Ao lado dele, as orelhas da Alta Elfa Arqueira se contraíram e ela cruzou os braços enquanto olhava para o Matador de Goblins.

— Quem é este, Orcbolg? Seu irmãozinho?

— Não — disse Matador de Goblins com firmeza. — Eu só tinha uma irmã mais velha.

— Eh? — A arqueira soltou um suspiro e encolheu os ombros com o tipo de graça alcançável apenas por elfos. — Acho que ouço tanto esse tipo de conversa hoje em dia que não me surpreende mais.

— É mesmo?

— Então, quem exatamente é esse garoto?

— Um recém-chegado — disse o Matador de Goblins. — Um feiticeiro, pelo que parece.

O Matador de Goblins não estava olhando para o cajado empunhado, mas para a Sacerdotisa. Ela ainda estava olhando para o chão, tensa, com os ombros rígidos, completamente silenciosa. Ela tinha quinze anos – não, dezesseis agora. Tinha sido uma aventureira por um ano inteiro, mas ainda era jovem. O que ele poderia dizer a ela, quando o trabalho daquele ano foi tratado como se não tivesse feito nada de importante?

— Bem, isso torna mais fácil, não é? — uma voz animada e ansiosa interrompeu. Todos se viraram para olhar para o novo falante. — Eu ouvi tudo. E como uma cavaleira Boa e Leal, não posso deixar isso passar!

A Cavaleira estava lá, bufando triunfantemente. Seu sorriso enorme deixava muito claro que se intrometeu principalmente por diversão. Atrás dela, o Guerreiro de Armadura Pesada murmurou, “Não pude pará-la,” e levantou uma mão pedindo desculpas.

— Que diabos? …Quem é você? Isso não te envolve.

— Heh-heh! Um dia serei uma paladina famosa, mas não o culpo por não me reconhecer agora. — A descrença do garoto não pareceu perturbar a Cavaleira, que estufou o peito de maneira importante. — Mas ouça-me agora, meu jovem. Tenho uma excelente ideia!

A Cavaleira não era a pessoa mais refinada na sala, mas estalou os dedos com elegância, o barulho foi audível por todo o Salão da Guilda. Ela não pareceu notar a expressão de desprazer que surgiu no rosto da Alta Elfa Arqueira. Em vez disso, apontou diretamente para o jovem.

— Se você está tão confiante, então vá matar alguns goblins.

— I-isso é exatamente o que eu quero fazer!

— Todos vocês o ouviram — disse a Cavaleira, seus olhos brilhando perigosamente. — Contudo! — Ela empunhava o dedo indicador como a ponta de uma espada. — Sua líder será aquela garota clériga!

— Quêêêê?! — A Sacerdotisa, fixada por aquele dedo, voltou a si com um grito. Ela mal conseguia entender o que estava acontecendo, enquanto olhava para frente e para trás entre o dedo indicador estendido e o garoto feiticeiro. — E-e-eu devo dar… ordens? Para… Para este garoto?

— O que você quer dizer com “este garoto”? E ei, adicionar condições é injusto!

— Não seja ingênuo, meu jovem. Os cavaleiros sabem fazer mais do que mostrar a mão. Melhor se amaldiçoar por ter sido enganado!

— U-um, eu ainda não disse que vou aceitar…

— E você nem precisa!

As tentativas de rejeição da Sacerdotisa foram adoráveis. O Guerreiro de Armadura Pesada olhou para o teto sem dizer uma palavra. Não havia nenhum raio caindo. Pelo visto, o Deus Supremo estava admitindo que a Cavaleira era realmente Leal e Boa. Hoje em dia deixam qualquer um ser um agente da Ordem…

— Hrm — murmurou Matador de Goblins, que manteve distância da comoção. — O que você acha?

— Presumo que o fato de o garoto não ser reflexivo deriva de uma falta de experiência — respondeu o Lagarto Sacerdote com um aceno sombrio. Ele revirou os olhos uma vez. — Não sei quantos feitiços ele pode usar, nem quantas vezes pode usá-los, mas gosto do seu espírito.

— Não sabemos sobre seus feitiços — concordou o Matador de Goblins, e depois de um momento acrescentou: — Presumo que ele possa usar um, ou talvez dois.

— O que você acha, mestre lançador de feitiços?

— Para o bem ou para o mal, ele não é polido — respondeu o Anão Xamã sem nem pensar duas vezes, acariciando a barba com alegria.

Profundamente envolvido em sua discussão, o garoto não fazia ideia de que estava sendo avaliado assim.

— Ele é rude — continuou o anão. — Apenas saiu do chão. Ainda tem pedaços de terra agarrados a ele. Não saberemos o que está lá até que seja um pouco polido.

— Vamos polir um pouco?

— Sou a favor disso.

— Então está decidido.

Uma mão calejada pousou no ombro do Matador de Goblins. Pertencia a um gigante – o Guerreiro de Armadura Pesada.

— Você geralmente não é do tipo que elogia outro aventureiro, Matador de Goblins.

— Eu não estava tentando elogiá-lo… — Era impossível dizer se estava sendo irônico ou apenas honesto. Porque não sabia dizer, Matador de Goblins inclinou a cabeça. — Elogiei?

— Elogiou.

— Entendo… E acho que é incomum você se preocupar com outra pessoa.

— Ei, não era eu que estava preocupado. Culpe ela. — O Guerreiro de Armadura Pesada sacudiu o queixo na direção da Cavaleira, observando a Sacerdotisa e o garoto junto com ela.

À primeira vista, talvez parecesse que estavam simplesmente discutindo. Mas no final, o Matador de Goblins não foi capaz de dizer nada a ela.

Por que a Sacerdotisa agora fazia parte do seu grupo, e o que havia acontecido com seu primeiro grupo: essas eram coisas que só ela e ele sabiam.

E, mesmo assim, foi o Lagarto Sacerdote que intercedeu contra o jovem, e a Cavaleira que mudou de assunto.

Ele não tinha sido capaz de fazer nenhuma dessas coisas.

— Desculpe pelo problema… Isso é uma ajuda.

— Não se preocupe — respondeu o Guerreiro de Armadura Pesada com franqueza. Ele desviou o olhar, coçando a bochecha. — Devo a você mais do que isso. Vou pagar de volta, mas um pouco de cada vez.

Isso fez com que o Matador de Goblins voltasse aos pensamentos. Ele não tinha memória de uma dívida. Mas isso parecia importante para o Guerreiro de Armadura Pesada.

— É mesmo…?

— Sim, é.

— Entendo — disse o Matador de Goblins brevemente. Dentro de seu capacete, ele seguiu o Guerreiro de Armadura Pesada com o olhar. — Acho que também tenho uma dívida com você.

— Então retribua um pouco de cada vez.

— Entendo.

— Então… O que se passa na sua mente?

— Estou pensando em como matar goblins.

O Guerreiro de Armadura Pesada parecia preso entre uma carranca e o mais leve dos sorrisos.

— Devia ter adivinhado — murmurou. Foi a reação natural de qualquer aventureiro familiarizado com este homem.

Esse Matador de Goblins.

As pessoas o chamavam de estranho ou esquisito por falar sobre goblins sem parar, mas o chamavam assim por afeição, pois o conheciam bem.

— No entanto — disse Matador de Goblins calmamente enquanto olhava ao redor da Guilda.

Havia a Cavaleira e o novo garoto, ainda discutindo, enquanto a Alta Elfa Arqueira desistiu de tentar estalar os dedos e se contentou em reclamar.

Havia o Lagarto Sacerdote e o Anão Xamã, observando tudo e rindo enquanto faziam planos.

Havia vários aventureiros, alguns rostos conhecidos, outros não, parados à margem do grupo e ocasionalmente trocando golpes ou zombarias.

Um inspetor na recepção estava rindo, enquanto a própria Garota da Guilda não conseguia conter um sorrisinho.

Lá estava Lanceiro, que acabara de aceitar uma atribuição, exclamando “Yahoo!” e correndo, apenas para ser repreendido pela Bruxa.

E no meio de tudo isso, parecendo completamente confusa, estava a Sacerdotisa.

Ela estava dizendo: “Eu também posso fazer isso”, e estalando os dedos para a tristeza da Alta Elfa Arqueira. A clériga parecia um pouco em pânico, um pouco confusa e mais do que um pouco estranha, mas também parecia estar se divertindo – sendo verdadeiramente feliz.

Era assim que as coisas sempre pareciam neste local. As pessoas, os rostos, podiam mudar, mas a cena continuava.

— No entanto — disse mais uma vez o Matador de Goblins. — Será melhor se tudo correr bem.

— Nisso você está certo — disse o Guerreiro de Armadura Pesada com um sorriso, e bateu de coração no ombro de Matador de Goblins.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Shibitow

 


 

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