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Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 02.2 – O Garoto Feiticeiro Ruivo

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Parecia até que havia um mar fora da porta. A brisa ondulou pela grama, e as estrelas e duas luas brilharam no céu.

— Hmph.

O Matador de Goblins olhou para a lua verde e rapidamente começou a andar. O garoto correu para segui-lo.

— E-ei, que diabos? Onde você está me levando…? — Sua voz soou um pouco tensa – talvez de nervosismo ou medo.

— Venha comigo e você verá. — Matador de Goblins caminhou decidido ao longo da estrada, não tanto quanto olhando para a paisagem. Apesar da luz das estrelas e da qualidade relativamente boa do caminho, era impressionante como nunca diminuía a velocidade.

O jovem, pouco satisfeito, chutou algumas pedrinhas que por acaso estavam próximas, deixando escapar um som de aborrecimento.

Por fim, puderam ver.

Se o campo fosse um mar, então este era um farol, um ponto brilhante à distância que gradualmente se aproximava.

Várias formas começaram a surgir da escuridão. Uma pequena porteira. Uma cerca, provavelmente feita de madeira. Vários edifícios visíveis como sombras iminentes. O jovem, com os olhos então ajustados à escuridão da noite, pensou ter ouvido o mugido fraco de vacas.

— Isso é… uma fazenda?

— O que mais poderia ser?

— Ei, eu só pensei… Quer dizer, do jeito que você estava falando, presumi que íamos para uma pousada ou algo assim.

— Não vamos. — Matador de Goblins abriu a porteira enquanto falava. Houve um baque saindo do velho trinco de madeira.

— Ah! Você voltou! — Apesar da profundidade da noite, a voz que os saudou poderia muito bem ser um sol nascente.

— Whoa?! — O garoto estremeceu de surpresa, sua cabeça girando enquanto tentava identificar a origem da voz.

Era uma jovem mulher, seu corpo voluptuoso envolto em roupas de trabalho. Ela chegou correndo de algum lugar.

Vaqueira deu um tapinha amigável no ombro do Matador de Goblins, então exclamou:

— Bem-vindo de volta — disse.

— Sim — disse o Matador de Goblins com um aceno firme. — Estou de volta.

As palavras evocaram um “Bom” e um aceno brilhante da Vaqueira.

— Dessa vez você ficou fora por algum tempo — disse ela. — Como foi? Não está ferido?

— Haviam goblins lá. Mas nenhum outro problema além desse. — Então ele inclinou um pouco o capacete. — Acordada a essa hora?

— Heh-heh. Me transformei em uma bela coruja noturna nestes últimos dias — disse ela com uma pitada de orgulho. Seu peito balançou e o jovem feiticeiro engoliu em seco.

— Uau, eles são enormes

— Hmm?

Ele tinha sido descuidado, deixando as palavras escaparem da sua boca. Vaqueira captou o seu murmúrio, e então se inclinou para frente para dar uma boa olhada nele.

— Bem, então, quem é esse?

— Ee… opa! — O garoto cambaleou para trás e caiu de costas. Ele sentiu o calor subir ao rosto. Sua boca abriu e fechou.

— E-eu sou um a-a-aventureiro!

O rosto de uma mulher mais velha tão perto do seu. O doce odor de suor se misturou com um aroma recém-detectável da grama.

— Ele é novo — disse brevemente o Matador de Goblins, em nome do garoto, que não conseguia nem dizer o seu próprio nome. — Parece que não tem onde ficar.

— Ah, é isso? — disse a Vaqueira. — Entendo, entendo. — Ela assentiu várias vezes, como se estivesse feliz com alguma coisa. — Bem, não me importo.

— Obrigado — disse o Matador de Goblins com um aceno de cabeça. — Isso ajuda.

— Sério, não se preocupe com isso. De qualquer forma, isso é tão você.

— Eu também gostaria de falar com o seu tio. Ele está acordado?

— Provavelmente.

— Entendo.

Matador de Goblins desvencilhou-se da Vaqueira e entrou na casa. Ele realmente parecia estar em casa.

Assim sobrava o jovem homem. Ele olhou da Vaqueira para a porteira da fazenda e vice-versa várias vezes.

— E quem é você…, a esposa dele?

— Sim, eu sou!

— Não, você não é — interrompeu uma voz por trás da Vaqueira.

Ela mostrou a língua como se estivesse desapontada por ter sido ouvida.

O jovem lançou-lhe um olhar desconfiado.

— Bem, então o que está acontecendo?

— Não consegue dizer? — riu a Vaqueira. — Ele quer deixar você dormir aqui.

— Não estou entendendo nada disso!

— Aw, não se preocupe. Aqui, entre.

— Pare com isso. Ei, me solte!

— Vamos lá, não precisa agir todo durão!

Um mago novato contra uma fazendeira veterana: em uma disputa de força, o vencedor era claro.

— Não.

Ainda mais um fazendeiro mais velho e ainda mais experiente.

Um homem poderoso e musculoso, sentado à mesa da sala de jantar da casa principal, recusou o pedido do hóspede com uma única palavra.

Diante dele estava o Matador de Goblins, flanqueado de lado por um garoto ruivo e do outro pela sobrinha do fazendeiro.

Foi a Vaqueira, de lábios franzidos, a primeira a argumentar.

— Ah, vamos lá, Tio. É só por uma noite. Por que não deixá-lo ficar?

— Agora, ouça… — As feições bronzeadas do homem se contraíram quando ele olhou para a sua sobrinha destemida. Como ela ainda poderia agir de forma tão infantil? Não, ele se corrigiu, a infância dela foi roubada. Ele soltou um enorme suspiro. — Um aventureiro recém-registrado não é diferente de qualquer outro vagabundo que vaga por aí.

— Ei! — Isso agitou o garoto. Ele bateu com o punho na mesa, fazendo com que os utensílios saltassem, e se inclinou enquanto dizia: — O que diabos você tem, velhote?! Você está dizendo que sou apenas gentalha?!

— Fique quieto.

Foram apenas duas palavras, ditas suave e uniformemente, mas continham uma força avassaladora. Elas teriam sido o suficiente para intimidar até mesmo um homem que passou pelo inferno de um campo de batalha e voltou.

Este era um homem que observava a terra todos os dias, não pensava em nada além de sua família e no trabalho em sua fazenda. Suas palavras carregavam a autoridade sóbria de alguém que fez isso mês após mês, ano após ano.

— Er… — O garoto engoliu em seco. O dono da fazenda o olhou como se fosse um corvo ou uma raposa.

— Explosões como essa são exatamente porque não confio e não posso confiar em você.

O objetivo do sistema de aventureiros e da Guilda era precisamente este: os aventureiros eram por natureza muito durões, e a Guilda dava a eles uma medida de credibilidade, ao mesmo tempo que os impedia de cometer qualquer crime. Isso servia para proteger a ordem pública.

Sim, o objetivo declarado deles era a eliminação de monstros, mas manter os vários andarilhos sem-teto em um só lugar era uma boa ideia. É verdade que também servia para ajudar a limitar a fofoca…

Mas se os aventureiros pudessem ficar dentro da lei, ganhar algum dinheiro e talvez até ganhar uma reputação, quem reclamaria? Ao contrário de outras ocupações, por mais perigosas que sejam as aventuras, pelo menos o esforço estava diretamente relacionado à recompensa.

E quanto aos novatos, recém-chegados e Porcelanas, a parte inferior do sistema de classificação? Nem precisamos falar sobre isso; ou melhor, dificilmente se falava sobre.

Era bastante natural, pois esses aventureiros ainda não tinham conquistado a confiança de ninguém. Sendo aventureiros, não eram exatamente criminosos fora da lei. Mas qualquer um deve saber que as boas maneiras fazem toda a diferença. Como alguém poderia confiar em um jovem com o sangue tão obviamente quente?

E havia algo mais na mente do proprietário da fazenda.

— Tenho uma jovem morando aqui comigo. O que farei se alguma coisa acontecer com ela?

— Tio, eu continuo dizendo, você se preocupa demais…

— Você também, fique quieta — ordenou ele, e a Vaqueira fechou a boca para evitar que mais palavras escapassem. Aww, mas…! Ah, fala sério…! Nenhum escárnio moveria o dono da fazenda.

— Nesse caso — interrompeu o Matador de Goblins. Com um gesto lânguido, ele indicou o pequeno prédio do lado de fora, então envolto pela escuridão. Era o antigo anexo em que o fazendeiro permitiu que ele ficasse. — E o galpão que estou alugando?

— Se alguma coisa acontecer com ela — disse o homem, indicando a sobrinha —, você poderá assumir a responsabilidade?

Não, Matador de Goblins respondeu com uma sacudida suave de sua cabeça protegida por um capacete. Então disse calmamente:

— É por isso que vou ficar de guarda a noite toda.

O fazendeiro soltou uma espécie de gemido entre os dentes cerrados.

O que diabos deveria dizer sobre isso?

O que esse homem – esse garoto triste e descontrolado – viu e fez? O dono da fazenda não podia alegar ser ignorante.

A Vaqueira gentilmente colocou a mão no punho que o fazendeiro não sabia que estava cerrando e sussurrou para ele:

— Tio…

—  Entendo… Então, certo.

Por fim, ele se decidiu. Isso era inevitável. O que deveria fazer, jogar o garoto para fora no meio do orvalho da noite? Forçar uma criança obviamente exausta a ficar sem dormir?

O fazendeiro não era um homem cruel o suficiente para fazer essa escolha.

Ele afastou a mão da sobrinha e colocou as duas na testa como se estivesse rezando.

— Para me retribuir, durma bem. Todos vocês.

— Sinto muito.

— Não se desculpe. A saúde de um aventureiro é o seu bem mais importante, não é?

— Sim. Muito obrigado. — Matador de Goblins balançou a cabeça. Ele entendia perfeitamente que nem seu pedido de desculpas nem sua gratidão trariam qualquer felicidade ao homem. Mas, de qualquer forma, não queria se tornar alguém tão à parte da decência a ponto de não os oferecer.

— Ah. Outra coisa. — Foi exatamente por isso que o Matador de Goblins remexeu em seus itens, retirando uma bolsa com moedas de ouro e colocando-a sobre a mesa. Aquilo fez um barulho pesado quando as moedas dentro assentaram. — Isto é deste mês.

— Uhum…

O dinheiro era um indicador simples. Era muito mais confiável do que a bondade de qualquer pessoa. Mas expressar-se com dinheiro era admirável? Essa era uma pergunta espinhosa.

O fazendeiro, ainda sem saber o que dizer, suspirou e pegou a bolsa de moedas. O Matador de Goblins o observou.

— Tudo bem — anunciou o Matador de Goblins, levantando-se de sua cadeira. — Vamos.

— Hã? Ah, s-sim. — O garoto descobriu que não tinha escolha a não ser seguir obedientemente.

A Vaqueira também se levantou e puxou o braço do Matador de Goblins.

— Ei — disse ela —, o que você vai fazer amanhã?

— Depende das missões, mas acabamos de voltar. Imagino que todos queiram descansar.

— Não estou perguntando sobre todo mundo, estou perguntando sobre você.

Sheesh. Vaqueira estava agora acostumada com isso; coçou a bochecha e não se esforçou mais para obter uma resposta dele.

— Bem, não importa — murmurou e deu um pequeno sorriso, liberando seu braço. Ela não se preocupou em levantar a mão quando deu um pequeno aceno. — O café da manhã estará pronto bem cedo. Durmam bem!

— Irei — concordou o Matador de Goblins. — Boa noite.

Então ele abriu a porta e saiu da casa com o garoto.

O galpão do Matador de Goblins ficava nos fundos da fazenda. Estava bem desgastado, mas ele havia feito todos os reparos necessários.

— Então, o que diabos há com eles? — perguntou o garoto mal-humorado.

— O que você quer dizer?

O recém-chegado olhou ao redor do galpão. Um lampião empoeirado lançava um brilho vermelho sobre um quarto que estava quase criminalmente desarrumado. As prateleiras transbordaram de lixo que ele não conseguiu identificar; o ar estava cheio de poeira e um leve cheiro de remédios. Era como o escritório de um dos instrutores da Academia, pensou o garoto. E ele odiava isso.

Para aumentar sua insatisfação estava a pilha de palha que lhe foi oferecida para dormir no lugar de uma cama. Quando ele perguntou como deveria dormir em algo assim, Matador de Goblins disse:

— Coloque sua capa sobre isso.

O garoto resmungou que cobriria toda a sua capa de palha, mas obedeceu.

— Então ela não é sua esposa. Ela não faz parte da sua família, não é?

— Isso é verdade…

O garoto deitou-se na palha e a achou surpreendentemente macia.

Para a sua surpresa, o Matador de Goblins só se jogou na frente da porta.

— Não posso me aventurar a adivinhar o que ela pensa, no entanto — continuou ele.

— Do que você está falando?

— São meus conhecidos de muito tempo atrás. Um senhorio e sua sobrinha. Objetivamente, esse é o nosso relacionamento.

Então Matador de Goblins ficou em silêncio. O garoto olhou para ele de cima da pilha de palha, mas não havia como saber que expressão, se alguma, estava sob aquele capacete de metal.

O garoto desistiu de se perguntar e em vez disso olhou para o teto, então se virou novamente e olhou para as prateleiras com todos os seus vários e diversos itens. O crânio de alguma criatura não identificável, garrafas cheias de líquidos medicinais e três facas de arremesso incomuns. Para que ele usava tudo isso? Estava além da capacidade de imaginação do garoto.

Depois de um tempo, se virou novamente e viu o Matador de Goblins, que não tinha se movido muito desde que se sentou. O garoto soltou um suspiro.

— Você não vai dormir…?

A resposta chegou com uma quietude terrível.

— Posso dormir mesmo com um olho aberto.

— Sheesh. Foi você quem me pediu para ficar aqui, e até mesmo você desconfia de mim.

— Não. — O capacete do Matador de Goblins se moveu um pouco. O garoto percebeu que estava balançando a cabeça. — É para o caso de algum goblin aparecer.

— Como é que é?

— Eu durmo longe da casa principal. Seria problemático se não pudesse reagir de imediato.

— O que diabos há com isso…?

— Se você quer matar goblins, isso é o mínimo que deve fazer.

O garoto ficou em silêncio. Um pouco depois, rolou de costas. A lanterna pendurada no teto lançava uma luz fraca, rangendo baixinho com a brisa. Ele fechou os olhos, mas um fio do brilho vermelho filtrou-se por suas pálpebras. E pensar, a luz nem era tão brilhante.

Olhando diretamente para a pequena chama, o garoto franziu os lábios.

— Não precisamos disso.

— Entendo — disse o Matador de Goblins. — Então ponha para fora.

— …

— Durma. Amanhã, vou levá-lo de volta à Guilda.

Com isso, o estranho aventureiro em sua estranha armadura ficou em silêncio.

O que diabos ele está pensando? O garoto olhou duvidosamente para o capacete sujo, sua mente girando. O aventureiro foi tão enérgico que o garoto se deixou levar até aquele ponto, mas parecia tudo muito bizarro. Quem convidaria um aventureiro novato que nunca viu para ficar em seu quarto? Mesmo indo tão longe a ponto de discutir com sua esposa ou família ou algo assim?

Se ele fosse algum nobre desmiolado com muito dinheiro – aliás, se fosse uma mulher jovem – então poderia ser mais compreensível. Mas o que tinham a ganhar oferecendo abrigo a ele?

Ou era uma daquelas pessoas de quem tinha ouvido falar? Aqueles que emboscam novos aventureiros e os espancam por seus equipamentos?

Mas ele é um Prata…

Parecia muito improvável que a Guilda arriscaria a sua reputação conspirando em negócios do tipo. Ele tinha até mesmo ouvido falar que antes de a Guilda der estabelecida, aventureiros às vezes eram simplesmente assassinados ao chegar nas cidades.

Mas olhe para a armadura desse cara. Esse capacete. São tão sujos e assustadores.

Ele se virou sobre a pilha de palha como se quisesse se afastar do capacete cujo olhar parecia fixo nele, mesmo na penumbra.

Será que um cara com essa aparência poderia ser… legal?

— Impossível… — O mundo não funcionava assim. O garoto acenou com a cabeça para si mesmo, então gentilmente colocou a mão na faca que havia escondido sob suas roupas.

Merda! Se ele acha que vou só rolar e morrer…

O garoto se imaginava alguém que nunca baixava a guarda. O que quer que este aventureiro pudesse estar planejando, ele estaria condenado caso se deixasse ser assassinado durante o sono.

Assim convencido, o garoto não percebeu enquanto lentamente adormecia.

— Hng… Huh…?

Quando sua consciência voltou, ouviu uma pow, pow, pow, um ruído baixo e irregular.

A primeira coisa que sentiu ao se sentar foi a palha pinicante. O quarto que flutuava em sua visão embaçada com certeza não era o seu dormitório na Academia.

Para começar, não havia nenhuma cama de palha por lá.

Ele procurou os óculos, que colocara ao lado do travesseiro – ou melhor, ao lado do ninho perto da cabeça – e os colocou.

A luz do sol se infiltrou no galpão cheio de lixo, partículas de poeira dançando no feixe.

— Ahh… Certo…

Ah, sim.

Ele estava dormindo nesse lugar por causa daquele “Matador de Goblins” ou quem quer que fosse.

O estranho aventureiro que estava dormindo perto da porta já havia partido. Mesmo assim, a julgar pelo ângulo da luz do sol, ainda era apenas um pouco depois do amanhecer.

— Sheesh. Aquele cara não faz o menor sentido. Ah, merda… Eu sabia que ia ficar coberto de palha.

Ele estalou a língua. Se levantou e pegou a capa que estava usando como cobertor.

Olhou ao redor e então – não sem um momento de hesitação – deu uma grande sacudida na roupa para tirar a palha. Quando a colocou de volta, ainda podia sentir pinicadas aqui e ali, mas simplesmente franziu a testa e saiu do galpão.

— Credo… Aqui fora está frio.

A primavera estava começando, mas o último suspiro do inverno ainda pairava sobre as primeiras manhãs. O garoto levantou a gola da capa e estremeceu.

Uma névoa branca e fina flutuava sobre o solo, como se leite tivesse sido derramado sobre toda a fazenda. Ele quase se sentiu como se estivesse no nevoeiro.

Tendo chegado no meio da noite, não tinha noção da geografia da fazenda, mas escolheu uma direção provável e começou a andar.

Como esperava, em pouco tempo, encontrou um poço aconchegante com um telhado sobre ele. Uma viga cruzada foi colocada no topo do poço, amarrada com uma corda presa a um balde em uma extremidade e um contrapeso na outra. Um simples circuito de poços.

O garoto abaixou o balde no poço, deixando o contrapeso de pedra puxá-lo para o fundo. Então relaxou a mão com a corda, e a pedra começou a afundar novamente, trazendo o balde de volta para cima.

Ele tirou os óculos e mergulhou o rosto na água fria.

— Hrrrrrrr… Fwah!

Ele se encharcou com a água chocantemente gelada, depois, ergueu o rosto e balançou a cabeça, espalhando gotas por todas as partes. Em seguida, lavou a boca com uma concha, cuspindo na grama a seus pés e, por fim, enxugando vigorosamente o rosto com a bainha da capa.

Não era muito para ficar apresentável pela manhã, mas por um momento de trabalho, bastaria.

— Hmm…?

O som voltou a soar além da névoa branca. Pow, pow.

Não parecia que alguém estava cozinhando. Nem era bem o barulho de uma construção, ou mesmo de alguém cortando lenha.

Para seguir o caminho do feiticeiro, um forte senso de curiosidade era necessário. O garoto decidiu seguir o som – mas, naquele momento, percebeu que estava de mãos vazias.

— Ah, merda!

Ele correu de volta para o galpão e agarrou seu cajado, ainda inclinado ao lado de sua cama.

O som surdo continuou inalterado; parecia que não estava longe.

Em pouco tempo, chegou a uma sombra movendo-se na névoa. O sol da manhã estava ficando mais forte, e ele não precisava usar um feitiço para ver claramente o que estava à sua frente.

— Ah…

Era o Matador de Goblins.

Ele ainda estava usando sua armadura suja e seu capacete de aparência barata; seus quadris estavam em uma postura baixa. Parecia estar enfrentando parte da cerca de madeira que cercava a fazenda. Um alvo redondo foi afixado a ela em uma posição anormalmente baixa.

A faca espetada para fora do alvo provavelmente foi enfiada pelo Matador de Goblins. O garoto descobriu o que estava causando o som com mais facilidade do que resolvera os enigmas na Academia.

— O que está fazendo…?

— Praticando. — Matador de Goblins caminhou em direção ao alvo e casualmente recuperou a arma.

Para o garoto, não parecia que a faca era especialmente adequada para arremessar; era uma adaga normal como qualquer outra.

Espere – não era apenas uma faca. Assim que olhou para o alvo mais de perto, pôde ver que tinha sido marcado por uma espada, uma lança, um machado e… aquilo era uma machadinha?

Com toda essa prática, o Matador de Goblins provavelmente poderia atirar até uma pedra que encontrasse pela grama sem dificuldades.

Arremessando.

A palavra girou em sua mente.

Achei que os guerreiros deveriam balançar as armas, não as arremessar.

— Como você pode lutar se joga todas as suas armas fora? Idiota.

— Eu simplesmente roubo mais. — Matador de Goblins passou um dedo pela lâmina da faca, inspecionando-a. — Dos goblins — acrescentou.

O garoto grunhiu com a resposta.

— Seria melhor ter armas de alta qualidade desde o começo…

— É mesmo?

— Você deveria ser capaz de cuidar de alguns goblins com um único feitiço.

— É mesmo?

— Olha, eu pensei que você deveria tirar hoje de folga. Não foi isso que você disse para aquela garota?

— Certa vez, fiz uma longa pausa. Depois descobri que minhas reações pioraram.

Ele calmamente jogou algumas armas no chão enquanto falava. Então, recuperando o fôlego, deu as costas ao alvo.

— Você nunca sabe se a próxima coisa que fará matará o seu inimigo.

Assim que ele falou, girou. Agarrou uma das armas aos pés e, sem tempo para mirar, a atirou.

A adaga voou pelo ar, girando uma vez, e pousou no centro do alvo com um baque seco.

— Hmph.

Ele pegou as armas, uma por uma, e as atirou.

Silenciosamente, sem dizer uma palavra, as jogou, depois as pegou e começou de novo.

Isso é chato. O garoto se sentou na grama e bocejou. Ele esfregou os olhos, tentando calcular os últimos grãos que o homem de terra havia deixado ali.

— De que adianta aprender a acertar um alvo imóvel?

— Não sei.

— E você também o colocou tão baixo.

— É a altura da garganta de um goblin.

O garoto ficou em silêncio. De longe, soou uma voz calorosa chamando:

— Café da manhã!

Ele percebeu então que a névoa havia se dissipado; podia ver todo o caminho até a casa da fazenda, onde Vaqueira estava inclinada para fora de uma janela e acenando.

Matador de Goblins parou e olhou em sua direção, de alguma forma brilhante, e acenou com a cabeça.

— Certo — disse ele. Então o capacete se voltou para o garoto. — Vamos.

Ugh. Não espero muito desta refeição.

O garoto acenou com a cabeça relutantemente, em seguida, levantou-se e seguiu atrás do Matador de Goblins.

Se a comida for ruim, vou derrubar aquela mesa.

Havia ensopado no café da manhã.

O garoto acabou pedindo três porções extras.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Rlc

 


 

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