Dark?

Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer

Todos os capítulos em Matador de Goblins
A+ A-

— ORAGARARA?!

— Sete goblins à nossa frente! Na verdade… seis! — Uma voz clara soou pela caverna, seguida pelo grito de um goblin. A Alta Elfa Arqueira havia disparado uma flecha enquanto corriam pela passagem estreita e úmida.

Cada membro do grupo saltou sobre o cadáver do goblin, por cima da flecha que brotava do seu olho, e seguiu em frente.

— Bom — murmurou o Matador de Goblins. Enquanto conduzia todos, ele girou a lâmina em sua mão direita com um aperto reverso, em seguida, jogou-a para frente em um único movimento.

— GRAB?!

— GRROB! GRARB!!

A espada acertou a garganta de um goblin, fazendo com que a criatura começasse a sufocar com o próprio sangue. Ao lado dele, um de seus companheiros que segurava uma espada enferrujada cacarejou: Mas que aventureiro tolo. Jogando a própria arma fora!

A espada do goblin brilhou à luz da tocha do Matador de Goblins. O monstro soltou um grito e saltou adiante.

— GRAARBROOR!!

— Hmph.

Matador de Goblins bloqueou o golpe do goblin com o seu escudo. Ele logo transferiu a tocha para a mão direita e acertou o monstro com ela.

— GRAB?!

Um ganido ecoou. A dor de um nariz quebrado sendo empurrado até o cérebro, a agonia de um rosto lambido pelo fogo. O goblin morreu nas garras de um sofrimento muito menor do que aquele que havia infligido durante sua horrível vida.

— Dois, três.

Chute o novo cadáver para o lado, pegue sua lâmina e siga em frente.

Restam quatro. Ou melhor…

— KREEEEYYAAAHHH!!

Ao lado do Matador de Goblins soou o berro de Lagarto Sacerdote em sua prece. Mesmo enquanto gritava, ele balançou uma Garrespada com força imensa, quebrando os goblins à sua frente. Nenhum goblin poderia sobreviver a um golpe direto na traqueia.

— GROAROROB?!

— Quatro. Restam três.

Matador de Goblins deixou o Lagarto Sacerdote para acabar com aquele; já havia encontrado os outros inimigos. Lá longe, na escuridão, no fim do túnel, algo refletia um pouco da luz de sua tocha. Sem hesitar, o Matador de Goblins ergueu o escudo à frente do rosto.

Uma série de vibrações reverberou e alguns objetos voaram pelo escuro. Quase ao mesmo tempo, o Matador de Goblins sentiu um choque correndo pelo seu braço esquerdo, como se tivesse sido atingido. Ele estalou a língua.

— GRORB!

— GRAROROBR!

Não precisou olhar para saber o que era: uma flecha estava alojada em seu escudo. Dos outros dois disparos, um voou sobre as cabeças do grupo, enquanto o Lagarto Sacerdote defletiu o terceiro. Era bem óbvio que havia arqueiros goblins escondidos no escuro.

Inimigos armados com bestas deveriam ser temidos, mas, infelizmente, essas criaturas carregavam apenas arcos regulares.

— Tsk… — Matador de Goblins estalou a língua por ter notado tão tarde. Então casualmente pegou a flecha, com haste e tudo, e a puxou. Ele não parecia preocupado com o fato de que extrair a extremidade em forma de gancho pudesse danificar o seu equipamento. Em vez disso, estava focado no líquido escuro e sinistro que encharcava a ponta da flecha. — Veneno! — anunciou ao jogá-la fora.

Uma resposta foi disparada em retorno:

— Deixa comigo! — A Alta Elfa Arqueira já estava preparando o seu arco. O som da corda disparada era quase como música, perfurando a garganta de um goblin arqueiro. Desafiar um elfo para uma competição de tiro era loucura pura. Assim somaram cinco.

— Seis!

Matador de Goblins já estava correndo pelo túnel, fazendo contato com o inimigo. Ela facilmente alojou uma espada no pescoço de um goblin barulhento. Chutou o corpo para longe, libertando a lâmina, então ergueu o escudo para se defender enquanto se afastava dos outros inimigos que avançavam.

— Hrroooooh!! — O Lagarto Sacerdote saltou com sua espada, cortando as criaturas até que sete goblins estivessem caídos e mortos no chão.

Por um breve momento, o único som no túnel escuro e fedorento era a respiração acelerada dos cinco membros do grupo.

— E-esses são t-todos… deles? — perguntou a Sacerdotisa, lutando para manter a sua respiração sob controle.

— Provavelmente — disse o Matador de Goblins, jogando a sua tocha fora. Já havia queimado toda, talvez devido ao tratamento grotesco.

Três dos membros do grupo eram perfeitamente capazes de enxergar no escuro, mas isso não significava que poderiam ficar sem uma fonte de luz.

— Ah, Matador de Goblins, senhor, aqui… — Quando a Sacerdotisa o viu puxando uma nova tocha de sua bolsa quase na mesma hora, ela agiu rápido para preparar uma pederneira.

— Obrigado.

— Por nada — respondeu a Sacerdotisa com a sugestão de um sorriso. Ela usou a pederneira para fazer algumas faíscas, deixando um suspirinho de alívio escapar quando a tocha se incendiou.

E aproveitou a oportunidade para dar uma nova olhada ao redor. A caverna de pedra possuía alojamentos apertados, e o fedor de sangue e tripas se juntava ao fedor da podridão que era tão característico dos ninhos de goblins.

— Ugh…

Já estava acostumada com isso, sim, mas não significava que gostasse. A Alta Elfa Arqueira torceu o nariz e fez uma careta. Mesmo assim, manteve o arco em uma das mãos e suas orelhas compridas ouviam tudo ao seu redor.

— Sei que fomos bem fundo, mas a superfície ainda está longe?

— O que vamos fazer? Os números continuam aumentando…

Suas vozes carregavam uma distinta nota de fadiga. A Sacerdotisa ofereceu um odre de água para a Alta Elfa Arqueira, que aceitou com gratidão e tomou um longo gole.

Haviam entrado em uma caverna às margens de um rio perto da aldeia. Já estavam trabalhando para sair, mas não tinham a real sensação de que estavam conquistando algum progresso.

A resposta à pergunta da Alta Elfa Arqueira já estava se aproximando.

— GROORORB!

— GRAARB! GROB! GRORRB!!

Vozes horríveis ecoaram na terra. A caverna era como um formigueiro; um abismo, um labirinto, uma confusão. O suprimento aparentemente inesgotável de goblins teria sido, por si só, suficiente para quebrar o espírito de qualquer aventureiro novato.

O grupo estava praticamente sem descansar por várias horas. As seis ou sete mortes que haviam recém contado eram apenas o número de goblins do último grupo que haviam encontrado. Um total de quantos goblins tinham exterminado? Dezenas. Muitas dezenas.

— Há mais chegando… — A pela naturalmente pálida da Sacerdotisa ficou ainda mais branca assim que o sangue foi drenado do seu rosto; ela mordeu o lábio. Suas mãos, segurando seu cajado, tremiam um pouco, apenas o suficiente para que quase pudesse ser confundido com um excesso de força.

— Você pode lutar? — perguntou o Matador de Goblins.

— S-sim… — respondeu a Sacerdotisa, acenando com a cabeça com tanta firmeza quanto podia. Mesmo se tivesse respondido Não, não posso, nada mudaria… Ainda assim, era reconfortante que ele fosse atencioso o suficiente para perguntar.

Ela respirou fundo e voltou a expirar. Quando afrouxou os dedos e reajustou o seu aperto, eles quase não pareciam lhe pertencer.

— Foi bom termos assumido esta missão — observou o Lagarto Sacerdote, olhando para a Sacerdotisa enquanto sacudia o sangue de sua garra.

Os passos desordenados e indisciplinados dos goblins se aproximavam. O som ecoou pelos túneis laterais, estreitos e escuros, como se quisesse envolver os aventureiros.

— E quantos inimigos enfrentaremos desta vez?

— Diria que não mais do que trinta — disse a Alta Elfa Arqueira, mexendo as orelhas. — Mas não menos do que dez.

— Então vamos considerar como vinte — disse o Lagarto Sacerdote. — O goblincídio é visto como a vida de um novato, mas os números, neste caso, com certeza prevaleceriam.

E, ainda, tinham apenas cinco pessoas. Lagarto Sacerdote soltou um ronco de sua garganta, esticando o pescoço para ver o túnel. Então bateu com a cauda no chão. Para convocar ou não um Guerreiro Dragodente? Gastar um feitiço ou não? Era uma questão para muita preocupação.

— Hrm. Bem, isso pode ser um pouco complicado — rosnou o Anão Xamã, tirando a carga de suas costas. Era uma jovem suja, coberta de arranhões, sequer consciente. Ele a encostou à parede enquanto dizia: — Afinal, temos que nos certificar de que ela também fique segura.

Era, de fato, como as coisas costumavam acontecer. Mas, apesar do quão comum, isso era algo que facilmente destruía a vida das pessoas.

O que aconteceu foi, em essência, isto: alguns goblins fixaram residência perto da aldeia. Os jovens ficaram cautelosos, mas alguma mulher – colhendo ervas medicinais ou cuidando das ovelhas – fora sequestrada. E a aldeia desesperadamente quis os goblins mortos.

Em qualquer um dos quatro cantos do mundo seria contada a mesma história, até que se enjoasse. Os goblins era sempre um problema, por toda parte.

Quando isso acontecia, no caso do pequeno povoado ribeirinho ao qual o Matador de Goblins se dirigira a princípio, a vítima era filha de um barqueiro. Era difícil dizer se ela teve sorte ou não: Usando uma vara longa para guiar o barco de um lado do rio para o outro todos os dias, se tornara fisicamente muito mais resistente do que muitos homens desafortunados. Portanto, teve força para suportar a brutalidade e o abuso dos goblins.

Inclusive manteve a sua sanidade. Como viveria a sua vida após isso, após o que havia passado, os aventureiros não sabiam. O dever deles era resgatá-la viva.

— Se eles continuarem se multiplicando, podem começar a invadir a superfície com mais frequência. — O julgamento do Matador de Goblins foi assertivo: — Vamos matar todos os goblins.

Que outra resposta poderia haver? Sim, isso era tudo muito normal. Ao menos para o Matador de Goblins era.

— Qual é a sua opinião sobre a situação?

— Se os encontrarmos em um túnel estreito, isso neutralizará em muito a desvantagem numérica — disse o Lagarto Sacerdote, pensativo. — Mas… — Ele arranhou uma garra ao longo da parede do túnel. A terra era fofa. Estava compactada o suficiente para que um colapso não acontecesse, mas seria fácil de cavar. — Se os diabinhos aparecessem das paredes ao nosso redor, poderíamos acabar presionados. Acredito que é necessária uma mudança de local.

— Então isso resolve — disse o Matador de Goblins, verificando a sua arma. — Ainda temos feitiços, sim?

— Ah, sim. — A Sacerdotisa foi a primeira a responder. — Parecia que a luta seria longa, então guardei todos os meus três milagres.

— Quanto a mim, usei apenas uma Garrespada. — Isso significava que restavam três.

Matador de Goblins balançou a cabeça. Seria o suficiente.

— Eu ainda tenho quatro tentativas — disse o Anão Xamã, contando nos dedos. Ele abriu a sua bolsa e olhou para dentro dela, franzindo a testa. — Mas, pelo que me lembro, você disse que havia cerca de dez pontos de acesso, não é?

— Meio louco, hein?

Ignorando o comentário da Alta Elfa Arqueira, o Matador de Goblins balançou a cabeça.

— Podemos descansar um pouco.

— Sem problema.

Clérigo ou mago, milagres ou feitiços, reescrever a lógica do mundo exigia um esforço árduo. Cada um só conseguia fazer isso algumas vezes por dia. Se não fosse um usuário de magia de classificação Platina, isso talvez fosse o melhor a se esperar. Consequentemente, um dos princípios básicos da aventura era dar ao usuário de magia um bom descanso. Aqueles que ignoravam esta lei poderiam estar se colocando em perigo mortal (embora todos morressem quando a hora chegasse, independentemente de quão revigorado um lançador de feitiços estivesse).

O Lagarto Sacerdote, parado ao lado do Matador de Goblins, entendeu o que o anão queria dizer.

— É uma questão de catalisadores, não é?

— Isso aí. Ofereço o que posso, mas itens mágicos são bem… você sabe.

— Muito bem. — Matador de Goblins recuperou uma lâmina coberta de sangue e a limpou rapidamente na tanga de um goblin. Se pudesse usá-la para matar mais um ou dois inimigos, seria o suficiente. Afinal, seus inimigos trariam outras armas. Não havia nada com o que se preocupar. — Então use Túnel. Isso não requer um catalisador.

— É verdade. Mas para que usar… ahh, é nisso que você está pensando? — O Anão Xamã deu um tapinha em sua barba, mas mal teve que pensar para entender o que o Matador de Goblins queria. Seu rosto se dobrou em um sorriso. — Para bem ou para mal, Corta Barba, acho que você está me influenciando. Ei, Escamoso, me dê uma mão… er, um ombro.

— Ha ha. Sim, faz sentido. Aqui. Minhas costas serão suficientes?

Anão Xamã soltou um suspiro profundo, depois, subiu nas costas do Lagarto Sacerdote. Ele pegou um frasco preto e uma escova da sua bolsa, depois começou a desenhar um padrão à mão, bem fluido, no teto.

A Alta Elfa Arqueira ainda não tinha conseguido juntar as peças. Ela balançou as orelhas, desconfiada, e grunhiu enquanto observava o desenho do Anão Xamã.

Era incompreensível.

— Isso faz sentido para você? — perguntou ela a Sacerdotisa, mas a outra garota respondeu: “Na verdade não” e pareceu um pouco envergonhada. — Ei, Orcbolg, que coisa é essa? — perguntou ela. —  Diga-nos o que está acontecendo!

Diante dessa demanda pontual, a resposta do Matador de Goblins foi tão mecânica e áspera quanto sempre.

— Devo avisá-la — disse ele.

— Sobre o quê?

— Esta é uma rota de fuga de emergência.

— O que é?

— Nós resgatamos a refém. Sem problemas até aqui.

Isso foi tudo o que ele disse, então jogou algo para a Alta Elfa Arqueira. Mesmo na penumbra, ela podia ver o que era; pegou no ar.

— Vou te mostrar a forma de usar… bem.

A Alta Elfa Arqueira continuou parecendo perplexa, mas a Sacerdotisa disse:

— Ah — como se até desapontada. —  Achei que chegaria a esse ponto — acrescentou ela.

Na mão da arqueira estava um anel de respiração subaquático.

Também era algo perfeitamente comum para os goblins: aventureiros. As criaturas desagradáveis estavam sempre invadindo suas casas enquanto tentavam relaxar.

Desta vez foram cinco. E que sorte: duas eram mulheres. Ambas jovens, e uma elfa.

Por alguma razão, não cheiravam muito bem, mas um olhar foi o suficiente para despertar a luxúria dos goblins.

— GRAORB!

— ORGA!

Em seu buraco úmido, os goblins riam com suas risadas sombrias e saboreavam seus desejos sombrios.

Como somos sortudos! Duas mulheres. Podemos ter toda a diversão que quisermos e, ainda por cima, aumentar a nossa família.

Nas guerras entre aqueles com palavras, os homens eram os cativos e reféns mais valiosos. Isso, é claro, porque serviriam como melhores trabalhadores. Em uma guerra adequada, os prisioneiros poderiam ter um trabalho adequado.

Para os goblins, entretanto, as coisas eram diferentes. Os homens eram perigosos; se irritavam rapidamente e eram violentos, deixando-os com medo. Podiam até cortar os membros de um homem e jogá-lo em uma cela, mas, depois disso, serviria apenas de alimento ou zombaria. Muito trabalho para pouca coisa.

Assim sendo, as mulheres – fêmeas – eram algo bem diferente. Engravidá-las seria o suficiente para impedi-las de fugir. Poderia fazer o que quisesse com elas; uma mulher sem mãos e pés também seria útil.

E, acima de tudo, eram divertidas. Isso contava muito. E poderiam fazer mais goblins. Todo esse valor em apenas uma humana.

Caso se cansasse delas, ou se morressem, ainda serviriam de alimento. Criaturas muito mais versáteis que os homens.

— GROB! GROAR!

— GROORB!

Os goblins tagarelavam enquanto abriam caminho pela terra fofa com uma variedade de ferramentas rudimentares e muita má vontade.

Dê à garota menor duas ou três boas cutucadas e ela com certeza se tornará obediente. A elfa parecia meio esquentada. Começar quebrando uma perna, talvez…

Não, não. Quebrar os dedos para que não pudesse voltar a usar o arco. Isso seria melhor.

O gordo, o anão. Ele parecia que poderia ser comido por dias.

Uma boa e rica barrigada.

Tire as escamas do lagarto. Passe um barbante por elas e servirão como uma boa armadura. Seus ossos, garras e presas também seriam perfeitos para lanças.

E então havia o com armadura. Tudo o que ele carregava, sua espada, escudo e todo o equipamento, parecia ser do tamanho para os goblins.

Mas que tolos eram esses aventureiros!

Nem por um instante passou pela cabeça de qualquer um dos goblins que poderiam ser derrotados.

Eles não tinham força, apenas números. Entendiam isso instintivamente; era o que os tornava goblins. Se tivessem recebido o mínimo que fosse de sagacidade, não havia dúvida de que há muito já teriam sido extintos.

Por fim, a sensação da parede de terra começou a mudar. Ouviram com atenção; podiam ouvir vozes fracas.

Esse era o lugar.

Os goblins se entreolharam e assentiram. Sorrisos feios partiram seus rostos.

Todos tinham armas em mãos – os mesmos itens usados para cavar a terra. A maioria era feito de ossos, pedras ou galhos, embora houvesse uma ou outra pá que conseguiram roubar.

A esta altura, a estratégia de nada servia. Enquanto seus companheiros estavam sendo mortos, eles iriam desferir um golpe de sorte e massacrar os inimigos.

Aqueles aventureiros idiotas pareciam estar planejando algo, mas os goblins nunca deixariam que escapassem impunes. As criaturas tinham convenientemente esquecido o que haviam feito à filha do capitão do barco. Pensavam apenas na raiva que sentiam por seus vinte companheiros massacrados.

Vão pagar por marchar até aqui e revirar a nossa casa de cabeça para baixo!

Matem! Estuprem! Roubem!

— GOROROB!!

— GRAB! ORGRAAROB!!

Com um coro de gritos, a horda de goblins rompeu a parede e saltou para o espaço. Uma onda deles correu em direção aos aventureiros.

— Tolos.

Naquele instante, um pergaminho foi usado e uma onda de verdade surgiu em direção aos goblins e os engoliu.

Um tremendo estrondo surgiu do subsolo, e um pilar branco foi cuspido.

Não – o cheiro de sal que chegou junto com o cheiro de início da primavera deixou claro que se tratava de água do mar, trazida das impensáveis profundezas do oceano.

O jorro d’água subiu pelo túnel em direção à superfície – e, claro, carregou os aventureiros consigo.

— Ahhhh?! Eu odeio isso!! Eu odeio isso, eu odeio isso, eu odeio isso!!

— Ha! Ha! Ha! Ha! Ha! Pela deusa, isso é realmente incrível!

O grito estridente da Alta Elfa Arqueira dificilmente poderia ser afastada da risada jovial do Lagarto Sacerdote. Suas orelhas estavam eriçadas para trás e seus olhos bem fechados; a dignidade costumeira de um Alto Elfo a abandonara por completo. Na verdade, poderia ser dito que foi espremida para fora dela…

— Suponho que seja compreensível.

— Como você pode estar tão calmo?!

— Meu povo ensina que somos parentes distantes dos pássaros — respondeu o Lagarto Sacerdote.

Dito isto; respirar era uma coisa, mas pousar depois de ser lançado ao ar? O dano era assegurado. Se a Mãe Terra fosse mesmo misericordiosa, não poderia ser um crítico.

— Nós… estamos caindo! Estou caindo! Rápido, por favor…! — Sacerdotisa implorou do fundo de seu coração, mesmo enquanto desesperadamente tentava evitar que sua saia se abrisse com o vento.

Se ao menos tivéssemos um milagre que tornasse a terra macia e fofa – isso não é justo!

Este pensamento inapropriado passou pela sua cabeça, mas ela se deparou apenas com o vento forte, levando as lágrimas para longe dos seus olhos.

— Muito bem! Deixe comigo!

Ainda bem que eu sabia que isso poderia acontecer.

O Anão Xamã, aparentemente imperturbável e com a garota cativa ainda em suas costas, começou um complicado encantamento enquanto estava no ar.

— Saiam, seus gnomos, e deixem ir! Aí vem, olhem abaixo! Virem esses baldes de cabeça para baixo; esvaziem tudo no chão!

E os aventureiros, que tão logo pareciam a ponto de bater direto na implacável terra, flutuaram em direção à superfície tão suavemente quanto penas. A Sacerdotisa soltou um suspiro, aliviada por ter evitado de se tornar uma mancha sanguenta no chão.

— Agora está… está tudo bem, não é? — perguntou ela, hesitante.

— Com certeza não está! — exclamou a Alta Elfa Arqueira. — Não está nada bem! Não sei nem se vou voltar a abrir os olhos de novo! — Suas orelhas tremiam violentamente e ela balançava a cabeça.

— É claro que o Controle de Queda é bom para subir ou descer — disse o Anão Xamã. Embora tivesse sido, a princípio, planejado para ajudar ao cair de lugares altos ou preso em algum buraco.) — Mas, Corta Barba, como você sobrevivia antes de nos conhecer?

— Eu me segurava nas profundidades, e então, uma vez que estivesse debaixo d’água, andava.

— Besteira! — latiu o anão.

— Neste caso, não havia tempo.

O olhar desconfiado do Anão Xamã não parecia incomodar o Matador de Goblins.

A gravidade logo guiou o grupo até o chão, sempre com suavidade.

A explosão da água do mar transformou toda a área em lamaçal, e o cheiro de sal no ar era muito estranho. Passariam anos até que o sal fosse completamente tirado da terra e o campo voltasse a ser bom para o cultivo.

— Ah, pelo… Eu sabia que deveria ter pego uma muda de roupa — suspirou a Sacerdotisa, tomando cuidado para não deixar seus pés ficarem presos à lama. Ela enrolou a bainha do vestido, que estava encharcado, e o puxou para cima. Isso deixou suas pernas pálidas expostas até as coxas, mas havia muitas coisas que levavam prioridade sobre o constrangimento.

— Ah, mas… não olhe para cá, viu?

— Não vou.

Matador de Goblins, é claro, não havia em qualquer momento olhado em sua direção, e seria mentira dizer que isso não a incomodava um pouco.

— Claro que não — murmurou ela, e então, com um grunhido, tirou as roupas. Não havia mais nada a ser feito – de outra forma, a água salgada enferrujaria sua cota de malha.

— Ah, eh, g-grr… não! Não! Isso passou dos limites! Inadmissível. Eu definitivamente não deixarei que faça isso de novo… — A Alta Elfa Arqueira havia meio que se arrediado sozinha. A Sacerdotisa deu uma olhada rápida na elfa. Conforme ela recordava, a Alta Elfa Arqueira não tinha nenhum equipamento de metal.

Então deve ficar bem, certo?

A Sacerdotisa ainda não tinha recebido nenhum milagre para acalmar e, de qualquer forma, não seria bom depender tanto da ajuda sobrenatural. Com tempo suficiente, a Alta Elfa Arqueira se acalmaria sozinha. Assim seria melhor.

Com algo parecido a desapego, a Sacerdotisa decidiu deixar a elfa secar ao sol. O sol da primavera estava forte; com certeza um pouco dele a faria bem.

— Certo, então… — Quando a Sacerdotisa olhou para trás, para o Matador de Goblins, ele voltara ao seu próprio trabalho. E, como indicado pelo seu nome, estava matando goblins.

Conforme o efeito do Túnel passava, a terra começou a preencher o buraco de novo. A água do mar logo correria pela boca da caverna e afogaria os goblins.

Assim como os aventureiros queriam.

Matador de Goblins apertou ainda mais a espada, que nunca tinha largado, mesmo em meio ao jato violento. Ele saltava pela lama, avançando implacavelmente.

Vários goblins que foram expulsos da caverna com eles estavam deitados no chão.

— Hmph.

— ORGAR?!

Esse era um. Sem qualquer momento de hesitação, o Matador de Goblins passou a lâmina pelo seu cérebro. A criatura soltou um grito e tremeu. Matador de Goblins girou a espada e, quando confirmou que o goblin estava imóvel, puxou a arma.

— Oh-ho. Ainda vivos, eh? — disse o Lagarto Sacerdote.

— A sorte dos dados — observou o Matador de Goblins.

Às vezes acontece, acrescentou para si mesmo, e então continuou em silêncio com o seu trabalho.

Quando encontrava mais um, o esfaqueava com sua espada. Verificava se estava morto e, se não estivesse, esperava até que morresse.

Sua lâmina logo ficou cega, então a jogou fora. De qualquer forma, havia uma montanha de armas ali. Agarrou um porrete de algum goblin aleatório e em vez de gratidão, esmagou o crânio do dono.

A maioria dos monstrinhos estava morta. Mas um ou dois continuavam vivos. Essa era apenas a natureza da probabilidade. Matador de Goblins, entretanto, não tinha intenção de os ignorar.

— Quando ela recuperar os sentidos, limpe o equipamento dela e iremos para a próxima coisa.

— Pode deixar. — O Anão Xamã abriu a rolha de uma garrafa de vinho de fogo. — Pelo amor. Este deve ser o dia mais ruim que esses goblins já tiveram.

Aqui, Orelhas Compridas. Ele forçou um pouco do álcool pela garganta da Alta Elfa Arqueira, apenas para recuperar os seus sentidos, aos quais voltou com outro grito. Suas orelhas saltaram, seu rosto ficou vermelho e ela logo começou a agredir o anão verbalmente.

Matador de Goblins ignorou as tagarelices de seus companheiros, mas murmurou:

— Isso não é necessariamente verdade.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Rlc

 


 

📃 Outras Informações 📃

 

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

 

Quer dar uma forcinha para o site? Que tal acessar nosso Padrim

 

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

 

Tags: read novel Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer, novel Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer, read Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer online, Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer chapter, Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer high quality, Matador de Goblins – Vol. 06 – Cap. 01.3 – Um Dia de Primavera Qualquer light novel, ,

Comentários

Vol. 06 – Cap. 01.3