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Matador de Goblins – Vol. 03 – Cap. 02.1 – Véspera do Festival

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O dia de Matador de Goblins começou cedo.

Ele acordou antes do amanhecer, vestiu seu equipamento e patrulhou a fazenda.

O horário da madrugada criava uma boa prática de visão noturna.

Particularmente, assim que o verão acabava e o outono começava, as manhãs se tornavam escuras e frias. Um tempo bem adequado para ele, e para o goblins.

Nesses minutos gelados antes do horizonte se tornar visível ao longe, ele se dedicava ao treinamento e a vigilância.

Com olhos no chão à frente e arma na mão, ele dava um passo cuidadoso de cada vez.

Se um goblin aparecesse naquele exato momento, ele teria lidado com o tal calmamente e silenciosamente.

Eis quão minucioso ele era, quão minucioso ele queria ser.

— Bom dia! Está um bocado frio hoje, hein?

Assim que o sol nasceu, sua velha amiga se levantou com o canto dos galos.

Ela reclamou da temperatura, principalmente porque não usava nada além de roupas íntimas e um lençol.

Ela se apoiou para fora da janela, expondo alegremente seus grandes seios. Não era de se admirar que estivesse congelando.

— Vai pegar um resfriado. — Matador de Goblins mal olhou para ela, embainhando desapaixonadamente sua espada.

— Ah, estou acostumada. Vou ficar bem. O café da manhã estará pronto daqui a pouco, está bem?

— Não… — Ele inclinou a cabeça como se estivesse à escuta de algo, parecendo pensar. Por fim, ele balançou lentamente a cabeça. — Tem uma coisa que preciso fazer primeiro.

— Oh, sério?

— Por favor, vá em frente e coma. E… — Ele pensou por um momento, mas quando falou, foi no mesmo tom de sempre. — Provavelmente vou me atrasar à noite.

— …Claro. Está bem. — Vaqueira contraiu seus lábios com um pouco de decepção, mas logo depois estava sorrindo de novo. — Se certifique de guardar seus utensílios quando terminar de comer.

— Eu irei.

Com um aceno, ela desapareceu da janela. Ele se afastou dela, com seu olhar fixado no celeiro.

Bem, na verdade era o armazém inutilizado que ele passou a alugar.

Ele abriu a porta que rangeu e entrou.

O chão estava bagunçado com equipamentos e itens inidentificáveis. Ele empurrou as coisas para um lado ou outro, para abrir espaço.

Ele se sentou no espaço aberto que tinha feito desordenadamente, retirou a espada do seu quadril e pegou uma pedra de amolar.

Na luz tênue, Matador de Goblins conseguia ver que a lâmina estava começando a entortar, lascar e enferrujar.

Era dito frequentemente que uma espada não poderia cortar mais que cinco pessoas antes de cegar com sangue e gordura. Era verdade.

Mas, quantas vezes um cozinheiro de nível mundial, permanecendo o dia inteiro na cozinha, afiava sua faca?

Para um excelente espadachim, matar centenas de pessoas era essencialmente a mesma coisa. Mas o que era uma espada, na verdade, senão uma faca de cortar carne?

Só que no calor da batalha, a história era diferente. Muito mais para as espadas roubadas de goblins.

Para ele, armas e armaduras eram consumíveis. Elas poderiam ser retiradas dos inimigos se necessário.

— …

Mas, isso não era razão para negligenciar os cuidados dos seus equipamentos.

Matador de Goblins começou a polir sua espada.

Ele retirou a ferrugem, bateu na lâmina até se endireitar novamente e usou a pedra de amolar para retirar e afiar os lugares lascados.

Em geral, as pessoas acreditavam que uma espada só era boa se pudesse dobrar sem quebrar.

Mas a única coisa boa nessa arma era a habilidade do fabricante da Guilda que a fez. Era claramente uma obra simples de produção em massa, não uma lâmina famosa. Do jeito que era, ele poderia lançá-la sem hesitação.

— Próximo.

Ele pôs a espada de volta na bainha e se moveu para a próxima peça do equipamento.

Para o melhor ou para pior, ele havia substituído inteiramente seu escudo, armadura e capacete durante os acontecimentos na cidade da água. Particularmente, ele não queria usá-los para sempre, mas ele estava grato por eles ainda assim.

Consequentemente, tudo o que eles precisavam era de um bom polimento e uma inspeção rápida. Suas botas exigiam consideravelmente mais atenção, no entanto.

Elas, também, não eram nada especiais, do tipo que poderiam ser encontradas em qualquer lugar. Dito isso, elas eram importantes para andar e correr pelas cavernas e planícies, expulsar e esmagar inimigos. Ele dificilmente poderia ficar atolado em extensões normais de lama, muito menos em uma Trapeira.

Ele checou as solas das botas, raspando toda terra incrustada e limpando.

Ele verificou os cadarços, e se estivessem desgastados, ele os substituiria por novos.

Isso por si só reduzia a chance de ter um tropeço infeliz, e isso era razão suficiente para o fazer.

A seguir foram suas meias. Sua importância não pode ser subestimada. Elas eram cruciais para prevenir bolhas e problemas nos pés em caminhadas longas por terrenos ruins ou pântanos.

Seu mestre tinha feito pouco uso de calçados, mas isso foi porque ele fora um rhea. A raça de baixa estatura normalmente ficava descalça, o que era dizer que seus próprios membros eram “sapatos” melhores.

Se você pudesse ir a qualquer lugar sem fazer barulho, sem sequer escorregar, não havia nada a temer. Matador de Goblins sempre pensou que era uma habilidade que valia a pena aprender.

— Agora.

Tendo dado aos seus equipamentos uma olhada, ele ficou lentamente de pé.

Um capacete com manchas carmesim-escuras parecia ter caído de uma prateleira.

Era um equipamento antigo. Matador de Goblins o pegou e colocou de volta no lugar.

Agora seu armazém de itens estava bem organizado. Era hora de arranjar algum equipamento agrícola também.

Deixando a pedra de amolar onde estava, ele estava prestes a sair do galpão, quando viu uma figura na porta.

— …Você é um trabalhador dedicado.

— …Sim, senhor.

Ele avistou o fio de fumaça do tabaco na manhã magnífica.

O dono da fazenda estava encostado na parede, fumando seu cachimbo.

Ele tinha uma expressão sombria e Matador de Goblins curvou seu capacete bem levemente.

— Bom dia, senhor.

— Bom dia — disse o dono com a aspereza de uma clava. — Soube que prometeu ir ao festival com a minha garota.

— Sim, senhor.

— …Como seu pai adotivo, não sei se deveria ficar com raiva por isso.

Ele falou com um olhar azedo. Seus olhos se encontraram. Mas então ele sorriu.

Matador de Goblins notou que tinha esquecido inteiramente de como o sorriso do homem se parecia.

O dono franziu o rosto, abaixou a cabeça e coçou seus poucos cabelos.

— Sem me intrometer na sua vida, mas… — murmurou ele para ninguém em particular. — Sei que não tem intenção de a enganar. Mas, bem… não dê esperanças a ela.

— Sim, senhor.

— Ouvi dizer que você tem um bom número de mulheres perto de você… Eu sei, eu sei. Você não é do tipo em ser tão afetado por isso.

— Sim, senhor.

— Ela provavelmente deve saber também… Mas pense um pouco em seus sentimentos de vez em quando.

— …Sim, senhor.

O dono observou o aceno firme de Matador de Goblins, e aquela expressão ilegível regressou em seu rosto.

— Contanto que entenda isso. Ou… — Ele se cortou e lançou um olhar duvidoso para o capacete. — Você entende?

— Acredito que sim — respondeu Matador de Goblins. — Embora eu não esteja confiante.

Nisso, o dono esfregou a ponta do nariz com o dedo.

— …O que pretende fazer, depois disso? — perguntou o dono da fazenda.

— Depois de acabar de fazer a manutenção no equipamento da fazenda, pensei em ir à cidade fazer compras.

— Você vai, agora…?

O dono mordeu sem graça o final do seu cachimbo e fechou os olhos. Ele parecia inseguro do que dizer a seguir.

Quando ele finalmente falou, disse com uma voz tensa.

— …Pelo menos espere até após o café da manhã.

— …

— Aquela garota fez para você.

— Sim, senhor.

— Você tem um dia de folga dessa vez. Vá com calma.

— Sim, senhor. Contudo… — Ele parou por um momento, quase perdido. — Tempo livre é algo que não entendo muito bem.

Matador de Goblins não esqueceu de limpar depois do café da manhã.

 

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Era uma roupa íntima.

Ou, mais precisamente, era uma armadura que se parecia bastante com uma roupa íntima.

O conjunto incluía uma cobertura para o peito, luvas e uma coisinha para os membros inferiores. Categoricamente falando, poderia ser chamado de armadura leve.

Em termos de mobilidade, superava facilmente um conjunto completo de armadura de placas.

A armadura em si era lindamente curvada, elaborada e sólida.

O problema era que não cobria área suficiente.

Era só uma armadura de torso — na verdade, armadura de mama — e calcinha.

Havia ombreiras, verdade, mas isso não era bem a questão. Um bom golpe no abdômen e as entranhas de um aventureiro tomaria um sol. Também não fornecia defesa contra uma apunhalada por trás, um ferimento que poderia ser crítico facilmente.

Bem, nesse caso, pelo menos a armadura fornecia acesso fácil para a administração de primeiros socorros. Ou talvez deveria ajudar seu portador focar em não ser atingido.

Mas no final das contas, alguém estava realmente disposto a usar nada além disso sobre sua pele?

Certamente precisava de um complemento; uma camisa de cota de malha, algum tipo de armadura íntima? Poderíamos pelo menos parar um soco.

— Não, não, não, nunca irá dar certo.

— Por que não?

— Cobrir seu próprio corpo esconderia exatamente o que faz uma mulher atrat…

Cavaleira parou e lançou um olhar de lado para o guerreiro imundo ao lado dela.

— Ugh. Matador de Goblins?!

— Sim. — Ele assentiu.

Eles estavam na loja de equipamentos da Guilda dos Aventureiros.

Havia pilhas de itens por todo lado. Na oficina perto dos fundos, o mestre e seu aprendiz batiam com seus martelos.

Matador de Goblins vinha frequentemente pedir novos itens, mas essa foi a primeira vez que ele tinha visto Cavaleira aqui. Em parte, isso era porque o equipamento de uma cavaleira — de sua amada armadura de placas às suas espadas e escudos — não precisava ser substituído muitas vezes.

Como é que alguém como ela, que precisava de grande proteção para sobreviver ao seu papel de vanguarda, sequer consideraria uma armadura como essa?

— Está planejando mudar para armadura leve?

— Hã? Eu? Ah, não, eu só… — Sua forma firme habitual desapareceu quando ela ficou muda e olhou para Matador de Goblins de soslaio. — Francamente, ver você me faz querer desistir de usar armadura de couro.

— É mesmo?

Matador de Goblins inclinou a cabeça. Ele era o retrato de desleixado.

Cota de malha e armadura de couro suja, coberto por um capacete de aparência barata que escondia seu rosto.

É claro, a dureza da armadura de couro tratada com cera não devia ser desprezada. Era sem dúvida mais leve que armadura metálica, mas se bem-feita, permitia que o portador permanecesse ágil. Capacetes estavam fora de moda pelos jovens e aventureiros promissores, mas eles protegiam contra um ataque surpresa na cabeça. Em combinação com a camiseta de cota de malha, era perfeito para lutar com goblins em espaços apertados e escuros.

— Você não poderia, sabe… — Cavaleira observou ele da cabeça aos pés, tentando encontrar as palavras certas. — …polir um pouco?

Talvez só tirar essas manchas carmesins misteriosas dela.

— Isso é proposital. — Matador de Goblins falou com o mesmo desapego de sempre, no entanto, havia um toque de autossatisfação com seu próprio conhecimento. — Impede que os goblins notem meu cheiro.

— …Ao menos mantenha seu corpo limpo.

— Sim. — Matador de Goblins assentiu, severamente. — Ou as pessoas ficarão com raiva de mim.

Cavaleira presumiu que ele estava falando sério. Ela ergueu os olhos para o teto como se estivesse rezando aos deuses.

Ela não estava procurando por um oráculo ou ajuda, é claro. Era algo que ela fazia no calor do momento.

Acho que desistirei de fazer perguntas enquanto posso.

— …Então. O que está comprando hoje?

— Estacas e dois rolos de corda. Também preciso de arame e madeira. Tenho que substituir minha pá também.

— ……… — Cavaleira deu um gemido involuntário. — Pode repetir?

— Estacas e dois rolos de corda. Também preciso de arame e madeira. Tenho que substituir minha pá também.

— Que tipo de aventura precisa de tudo isso?

— Não é para uma aventura. — Matador de Goblins balançou a cabeça. — É para matar goblins.

Cavaleira deu um suspiro. É claro.

Mas Matador de Goblins estava alheio a reação dela, e em vez disso estudava a armadura com grande interesse.

Parecia para ele como um par de roupas íntimas, algo que ele hesitaria chamar de armadura.

— O que é isso? Parte de armadura?

— De certa forma, eu acho — disse Cavaleira, mas Matador de Goblins não entendia realmente o que ela quis dizer. De todas as aparências, era consideravelmente mais do que uma “parte de armadura”, mas consideravelmente menos que “armadura”. Ninguém em sã consciência usaria isso em qualquer aventura onde poderia se deparar com monstros.

Bem, talvez certos lutadores talentosos conseguiriam. Ou talvez alguém na retaguarda, uma maga ou ladra, ou mesmo uma monja.

Tendo chegado a essa conclusão, Matador de Goblins balançou a cabeça suavemente.

— Nunca daria certo.

— …É… Aventureiras, sabe… — Cavaleira parecia estar tentando responder sua objeção. Mas seu rosto estava vermelho e ela não conseguia olhar para ele. Ela mal conseguiu articular as palavras, muito diferente do seu eu normal. — Digo, não temos… muitos caras interessados por aí.

— É mesmo?

Matador de Goblins inclinou a cabeça.

Cavaleira, ao menos, impressionava ele pela beleza.

Seu cabelo dourado adorável. Seus olhos amendoados. Ela também tinha traços faciais belos e sua pele parecia lisa. Se pusesse um vestido, ela poderia se passar por filha de uma nobre.

Mas ela só respondeu “Sim, é”. E assim devia ser.

— Pense nisso. Aventureiros jovens sempre acabam se casando com princesas ou alguma aldeã que eles resgatam.

— Ouvi dizer. Não posso falar por experiência própria. — Matador de Goblins inclinou seu capacete um pouco.

Ele se lembrava de ouvir essas histórias dos livros quando era pequeno.

O cavaleiro matava o dragão e salvava a princesa. Ele a levava para seu castelo, onde recusava a realeza e em vez disso viajava para longe.

E em uma terra estranha e distante, ele se casava com a princesa e fundava um novo país.

— Bem, acredite em mim.

Matador de Goblins teve o mesmo tom sério que usava quando resolvia enigmas. — Então? E daí?

— Bem, o que acha que acontece com todas as aventureiras sobrando? — A expressão de Cavaleira era desapontada e sombria.

— Hm — murmurou Matador de Goblins, cruzando seus braços. — Talvez pudessem se casar com um dos seus companheiros.

— Conheço muitos grupos que terminaram quando o amor entrou no caminho e a situação se tornou insuportável.

— Histórias terríveis.

Realmente. Matador de Goblins falou do tema com grande gravidade.

Matador de Goblins tinha visto mais de um grupo com muitas mulheres, mas manter eles juntos era um desafio.

No entanto, ele também tinha ouvido dizer que grupos com apenas mulheres frequentemente se davam muito bem. Ele pareceu recordar de ouvir alguma coisa assim de uma Amazona há muito tempo.

Ele não tinha pensado na época que poderia ser de um benefício especial em extermínio de goblins, mas, pensando melhor, ele desejou ter pedido detalhes. Afinal, agora ele tinha duas mulheres em seu grupo. Então as histórias não teriam sido tão irrelevantes quanto pensava.

— Então, encontre um marido que não seja um aventureiro.

De qualquer forma, agora mesmo ele tinha de falar com a pessoa com quem estava. Matador de Goblins ofereceu o que ele pensava ser uma sugestão prática.

Mas, Cavaleira lhe deu um sorriso desesperado apto para ser usado durante o fim do mundo.

— Você realmente acha que algum cara está esperando por uma garota que pode derrubar um troll ou um dragão com um golpe de sua lâmina?

— Não há?

— …Bem, o que você acharia de uma mulher assim?

— Que ela deve ser bastante confiável.

— …Deixa para lá — disse ela, dando a Matador de Goblins um olhar duvidoso e um suspiro profundo. — Pessoalmente, não estou realmente interessada em não-aventureiros, mas… — A normalmente implacável cavaleira se moveu de um pé para o outro, insegura de onde repousar seu olhar. — Talvez valeria a pena parecer só um pouco menos… durona.

— Sim. — Nesse momento, Matador de Goblins começou finalmente a juntar as peças.

Aquele lutador abundantemente armadurado no grupo dela, Guerreiro de Armadura Pesada.

Matador de Goblins imaginou o rosto bem definido de um homem sempre cuidando dos membros mais novos do seu grupo.

— É ele?

— …É.

Cavaleira respondeu com um leve aceno, a imagem de uma garota inocente.

Espere…

Matador de Goblins soltou a metade de um suspiro.

Ele sempre tinha a tomado como sendo a mais velha, por causa de sua conduta comedida, mas, talvez ela fosse mais nova do que ele tinha imaginado.

Bem, então era assim.

— Pensei que amor entre membros do grupo tornasse as coisas insuportáveis.

— Há exceções a todas as regras!

— Entendo.

— …Ei, hum, Matador de Goblins… me dói pedir isso, mas… — Cavaleira engoliu em seco, e isso pareceu a constranger de novo quando ficou vermelha. — Se eu… Se eu usar algo assim, acha que iria chamar a atenção dele…?

— Confesso que devo duvidar da sanidade de alguém que me faça essa pergunta.

— Ugh…

Parada em frente à armadura biquíni, Cavaleira se viu sem saber o que fazer.

Como uma parede inabalável em combate, ela não estava acostumada a tomar acerto crítico.

— Se quiser lançar um ataque surpresa, você precisa mudar.

— …Hã?

Teria sido um descrédito ao seu papel como um tanque se a declaração inesperada fosse o suficiente para atordoá-la, no entanto. Ela alterou duvidosamente sua postura.

— Tentar coisas semelhantes de novo e de novo terá pouco efeito. Ao menos, em extermínio de goblins.

— …Não perguntei sobre extermínio de goblins.

Cavaleira olhou para ele com exasperação.

Matador de Goblins cruzou os braços. Ele pensou, então continuou desapaixonadamente.

 

 

 

Ele realmente não tinha nada a utilizar a não ser sua própria experiência.

— Você está falando de roupas. Você normalmente usa armadura. Então precisa se afastar dela. Use roupas civis.

— Ahn… R-roupas civis…? …C-certo. Vou pensar nisso.

— Entendo.

— É. Hum… desculpe a pergunta estranha.

— Não me importo. — Matador de Goblins balançou a cabeça. — Somos colegas.

Isso fez Cavaleira pestanejar.

Ela não estava preparada para isso, parecia. Ela olhou atentamente para o capacete sujo e então seu rosto relaxou.

— …Você é um esquisito estranho e teimoso.

— Entendi.

— Mas, parece que você não é um cara mau.

Esse foi o seu ataque surpresa. Ela sorriu.

— Até mais — disse ela, brilhantemente, e deixou Matador de Goblins lá parado, sem palavras.

 

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— Keh-heh-heh! Que acha disso? Acho que ela gosta de você.

Matador de Goblins descobriu a fonte da risada fraca, o mestre da oficina.

Há quanto tempo ele esteve ouvindo? O velho, suficientemente baixo para ser confundido com um anão, saiu de dentro da loja.

Matador de Goblins transferiu sua conversação recente para a parte de trás de sua mente, avançando ousadamente.

— Quero fazer um pedido. Estacas e…

— Acha que não pude te ouvir? Já tenho tudo pronto aqui. Você, garoto, traga as mercadorias!

— Sim senhor!

O aprendiz obedeceu rapidamente seu mestre. Ele carregou estacas, arame e tudo mais para o balcão.

— Obrigado — disse Matador de Goblins, e começou a inspecionar os itens.

Alguns itens tiveram de ser ordenados nessa oficina, mas outros, eles já tinham em estoque em algum lugar ou outro.

Agora, com tudo o que precisava, ele enfiou os itens debaixo do braço. Ele ajeitou a pá contra o ombro, depois colocou todo o resto em um pacote.

Aventureiros aprendem rapidamente como empacotar tudo no menor espaço possível.

— Você fez um bom trabalho se fazendo popular aqui nos últimos cinco anos, não é?

Matador de Goblins puxou sua bolsa do pacote, deixando algumas moedas retinir pelo balcão.

O mestre contou elas com o dedo musculoso, deslizando elas pela superfície plana. Seus olhos se estreitaram acima de suas bochechas enrugadas.

— Está certo?

— Está.

— Entendi.

— Aham.

O velho sorriu, como se recordando de alguma história embaraçosa sobre um parente.

— Quando você chegou aqui, um garoto de quinze anos que queria equipamento barato, pensei que nunca mais o veria.

— Sendo a abordagem mais rentável, foi a escolha adequada na época.

— Verdade, e pensei que você poderia melhorar um dia. Mas você continuou usando esses itens e comprando novos.

— Mataria você comprar uma espada decente de vez em quando?

Matador de Goblins não respondeu.

Ele sabia que isso era todo o equipamento necessário para matar goblins.

Mesmo se tivesse existido uma espada encantada só para matar goblins, esse aventureiro provavelmente não a teria usado.

— Ah, bem. — O mestre se apoiou contra o balcão como um velho cansado de sua própria tolice. — Com disposição para comprar algo mais hoje? Tenho uma coisa só um pouquinho incomum.

— O quê?

— Uma faca de arremesso do estilo do sul.

— Oh-ho.

A reação de Matador de Goblins não escapou da atenção do mestre.

— Chamou sua atenção, não é? — disse o velho com um sorriso ousado. Ele não esperou por uma resposta antes de se virar.

Ele pegou da prateleira uma faca com forma estranha e a colocou no balcão com um tuc sólido.

Era uma adaga muito incomum.

A lâmina se dividia em três, cada uma dobrada como um ramo. Não parecia destinada a combate corpo-a-corpo típico. A única forma de usá-la seria lançar.

Mas era claramente uma faca, em outras palavras, uma arma não muito formidável.

— Pequena invenção minha. O que acha?

Matador de Goblins pegou a lâmina retorcida na mão. Ele fez uma postura, desferiu alguns golpes casuais e finalmente assentiu.

— Goblins teriam problemas em imitá-la.

— Qualquer um teria problemas em imitá-la!

— …Quais são suas vantagens?

O mestre franziu a testa. Mas, apesar de seu aspecto tenso, ele continuou alegremente, talvez aproveitando a oportunidade de discutir sua arma.

— Sei o que se parece, mas é realmente uma espada.

Seus dedos, brutos dos anos trabalhando na forja, apontou para as três lâminas.

— Elas giram quando você joga… para estabilidade e fazê-la ir mais longe. É mais para cortar que esfaquear.

— Assim como facas de arremesso orientais.

— Essas são armas perfurantes. Armas perfurantes de baixa qualidade.

— Entendi.

Matador de Goblins passou seu dedo pelo cata-vento de lâminas.

Parecia aceitável, ao menos. Não machucaria.

— Vou levar uma então.

— Prazer em negociar. Cinco… não, quatro peças de ouro.

Um pouco caro para uma arma de arremesso, mas Matador de Goblins contabilizou prontamente.

Ele enfileirou as moedas novíssimas em cima do balcão, e o velho as pegou sem sequer parar para assegurar sua qualidade.

Esse jovem, esse caçador de goblins obstinado, preferia armas como essas a qualquer armamento lendário.

Ele era um cliente regular daqui há cinco anos, e qualquer lojista que não conseguisse descobrir as preferências de um cliente depois desse tempo todo estaria fora do negócio.

E ele duvidava muito que esse homem incomum fosse do tipo de tentar pagar com dinheiro falso.

— E pergaminhos. Se você conseguir algum, guarde-os para mim. — Matador de Goblins pendurou a faca em forma de hélice atrás de si, em seu cinto. Ele tentou sacá-la por diversas vezes, a movendo até que já não esbarrasse contra seu pacote de item.

O lojista o observou com uma expressão satisfeita e respondeu: — Claro, como sempre. Embora não vejo muitos deles. Mais alguma coisa?

— Hmm.

Finalmente satisfeito com a posição da arma de arremessar, alguma coisa pareceu passar pela cabeça de Matador de Goblins de repente.

— …Não me incomodaria um pouco de peixe seco.

— Eu vendo armaduras e armas aqui. Não sou um peixeiro.

— Entendo.

O capacete inexpressivo se inclinou. O lojista suspirou.

Todos esses pedidos estranhos. Será que ele realmente percebe…?

— …Se conservado está bom… eu tenho alguns.

— Nesse caso, por favor, entregue dois ou três barris deles na fazenda.

— Barris? Já te disse, aqui não é a mercearia.

Mas saiu como um murmuro. O velho pegou seu livro de encomendas, lambeu sua pena e anotou.

 

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Terminado as compras, Matador de Goblins deixou o arsenal com seu habitual passo despreocupado.

Ele marchou ousadamente para o quadro de avisos da Guilda, analisando cada missão nova.

Todos os outros aventureiros já haviam escolhido suas missões. O quadro de avisos era visível nos locais onde pedaços de papéis tinham sido retirados.

Problemas com dragão. Ruínas inexploradas. Ogro (o que era isso?). Reunir recursos na floresta. Uma caça ao tesouro. Um vampiro em um castelo velho (ele tinha ouvido falar de tais criaturas). Extermínio de ratos no esgoto. Acabar com um bando de bandidos.

Ele via periodicamente palavras como Seita do Mal, Deuses das Trevas, extermínio de demônios e investigação.

Ele procurou do canto superior direito ao canto esquerdo, linha por linha, até que chegou na parte inferior esquerda.

Ele repetiu isso duas ou três vezes, depois chegou finalmente a uma conclusão.

— …Nada hoje.

Era incomum. Goblins podiam aparecer em qualquer lugar, a qualquer momento.

Ele olhou na direção da recepção, mas não viu nenhum sinal de Garota da Guilda.

— …Hum.

Com o menor dos grunhidos, ele foi em direção à recepção de qualquer forma.

Seu capacete de metal girou para esquerda e para direita, até que viu uma funcionária da Guilda que parecia ter tempo livre.

— Ei.

— O qu…? Hum, ah!

A funcionária assustada deixou cair o livro que estava lendo secretamente atrás do registro.

A funcionária — Inspetora — pegou seu livro como se nada tivesse acontecido e pôs rapidamente um sorriso.

— Oh, se não é Matador de Goblins.

O aventureiro excêntrico era famoso em toda a Guilda, em mais de um sentido.

— É sobre a missão de ontem? Temos a recompensa pronta para pagar…

— Tudo bem então. Por favor, divida em dois sacos. Igualmente.

— Claro, senhor.

— Gostaria também de fazer meu relatório detalhado.

— Ah… Pode deixar ele comigo, se não houver problema… — Inspetora olhou hesitantemente para uma sala dos fundos do escritório. — Espero que ela não fique chateada comigo, no entanto…

Matador de Goblins não compreendeu bem o que Inspetora estava murmurando.

— Você não está designado a mim, então talvez eu não entenda tudo. Outro dia está bem?

— Não ligo — disse Matador de Goblins com um aceno indiferente. — Mas… ela está bem?

— Ah, está ótima. — Inspetora abaixou a voz em um sussurro, evidentemente atenta aos seus arredores e sorriu. — Há muito para se cuidar antes de tomar uma folga. Ela teve que fazer tudo ao mesmo tempo hoje.

— Entendi.

— Posso lhe contar que Matador de Goblins estava preocupado com ela?

— Não estou preocupado. — Mas ele não recusou exatamente, acrescentando “Não me importo” com um aceno.

O sorriso de Inspetora se ampliou. Ele virou seu capacete para indicar o quadro de avisos.

— Goblins. Nenhum hoje?

— Extermínio de goblins? Só um momento, por favor. — Inspetora sumiu em uma das salas de trás e voltou com uma bolsa de couro de um cofre.

Ela mensurou as peças de ouro de dentro com uma balança, depois as transferiu para dois sacos novos.

— Aqui está.

— Obrigado.

— Agora, quanto ao extermínio de goblins…

Matador de Goblins pegou a recompensa indiferentemente e enfiou os dois sacos em sua bolsa. Enquanto fazia isso, Inspetora pegou um registro e folheou as páginas.

— Vejamos… Tem razão. Parece que não há pedidos envolvendo goblins hoje.

— Houve alguma outra pessoa que já pegou?

— Não, senhor. Não parece ser assim hoje.

— Entendi — disse Matador de Goblins, com algo como um suspiro baixo.

— Você parece desapontado.

— Sim. — Inspetora tinha falado despreocupadamente, mas Matador de Goblins assentiu seriamente. — Muito desapontado.

— Lamento não poder ajudar — disse Inspetora, desnorteada com sua resposta. Matador de Goblins se virou e se afastou.

Goblins eram criaturas larápias e conspiradoras. Embora eles criassem armas e ferramentas rústicas, nunca passava pelas suas cabeças fazer sua própria comida ou mesmo sua própria residência. Eles sobreviviam roubando o que precisavam…

— …

…Em outras palavras, eles estavam aguardando o momento.

Matador de Goblins grunhiu e balançou a cabeça. Ele olhou em volta do saguão enquanto reunia seus pensamentos.

— Ouuch! Minha cabeça parece como se fosse explodir! E Garota da Guilda nem está aqui!

— Tolo. É porque, você bebeu, demais.

Lá estava Lanceiro, segurando sua cabeça outrora confusa, e Bruxa, como de costume.

— Oh, ei, você voltou. Céus, quanto tempo leva para comprar um item? — disse Guerreiro de Armadura Pesada, descansando seu queixo nas mãos. Cavaleira corou furiosamente.

— A-ah, silêncio. Há vários tipos de coisas para se considerar…

Meio-Elfo Guerreiro saltou alegremente. — Então, até a nossa amada Cavaleira quer parecer elegante para o festival!

— Uau, sério?! Oh, isso é ótimo. Me pergunto também se deveria usar um vestido ou algo parecido — disse Druidesa, envolvendo suas bochechas com a mão. Mas, Garoto Batedor brincou com ela friamente.

— Querendo parecer elegante, hein, mana? …Bem, pelo menos você é bonita por dentro.

— O-o que você disse?!

— Ei, fale baixo, não grite!

O grupo de Guerreiro de Armadura Pesada estava bastante encantado em discutir sobre o festival. Perto deles, Guerreiro Novato e Sacerdotisa Aprendiz pareciam desinteressados.

— Você só vai ficar com suas vestes votivas? Eu esperava te ver com suas roupas de ritual…

— Cuidado, ou te deixo estirado.

— É, mas quero dizer, é um festival

— ……B-bem, acho que talvez eu possa… me arrumar um pouco…

— Sério?! Ooo!

— Ei, não faça disso grande coisa, está me envergonhando!

Os outros aventureiros estavam da mesma forma. Todos cheios de entusiasmo com as festividades por vir. Nenhuma única pessoa parecia estar não ansiosa por isso.

— …Quase nenhuma — murmurou Matador de Goblins dentro de seu capacete, enquanto seu olhar se encontrou com um aventureiro sentado no canto. O jovem usava um sobretudo preto, quase audaciosamente, e observava os aventureiros com um olhar reluzente.

Não era estranho. Ambição era necessária para ter sucesso nesse tipo de trabalho.

Matador de Goblins começou a andar lentamente, observando todo mundo de sua visão periférica.

Havia sempre muitas coisas em que pensar. Sempre muita poucas pistas.

E muito a se fazer, pensou ele…

— Hmm

— Oh!

Sacerdotisa veio frenética do lado de fora e tudo mais, e quase se chocou com ele. Ela se ajeitou e agarrou sua mitra.

— Ah, hum, ah, M-Matador de Goblins, senhor! — Suas bochechas coraram diante de seus olhos, embora ele não tivesse ideia do que ela estava envergonhada. Ele praticamente esperava que fumaça saísse das orelhas dela enquanto inclinava sua cabeça.

— Você foi capaz de dormir ontem à noite?

— S-sim. Estou bem.

Talvez estivesse só sendo paranoico. Os olhos de Sacerdotisa se moviam de um lugar ao outro ansiosamente.

— Hmm — grunhiu levemente Matador de Goblins. — Quero dar isso a você antes que me esqueça.

— Oh!

Matador de Goblins passou sua bolsa de moedas, e Sacerdotisa pegou com ambas as mãos para evitar deixar cair. O embrulho ressoou discretamente enquanto ela agarrava ele ao seu peito modesto.

— De ontem.

— Obr-obrigada…

Ela guardou o dinheiro da recompensa cuidadosamente, mas seus pensamentos pareciam estar em outro lugar. Seu olhar se mantinha na oficina.

Matador de Goblins ficou quieto por um momento antes de perguntar categoricamente: — Precisa de equipamentos novos?

— Oh! Hum…

Ele parecia ter adivinhado corretamente.

Agora toda a sua cabeça girou, se movendo para frente e para trás, entre Matador de Goblins e a oficina. Ele não conseguia entender o que poderia estar a incomodando.

— Precisa de conselho?

— N… — A voz de Sacerdotisa chiou. — N-não, não… preciso. Estou muito… bem… obrigada!

— Entendi.

Ele deixou as coisas assim, passando por ela.

Para ele, pelo menos, tudo isso era perfeitamente natural. A gargalhada do velho por detrás dele nem sequer provocou um olhar para trás. Talvez o sênior estivesse interessado na garota.

Isso não era — ou deveria ter sido — uma coisa ruim.

 


 

Tradução: Kakasplat

Revisão: JZanin

 

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Vol. 03 – Cap. 02.1