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Matador de Goblins – Vol. 02 – Cap. 03.2 – Encontro Fortuito

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Com essa breve troca de palavras, Matador de Goblins se virou para Sacerdotisa.

A garota estava agarrada ao seu cajado com toda sua força; ela mal poderia poupar o esforço para olhar para ele.

Matador de Goblins olhou para cima por um instante. O que dizer a ela?

— …Lance Proteção de novo. Consolide nossa defesa.

— S-sim, senhor!

Sacerdotisa assentiu firmemente. Matador de Goblins soltou um suspiro. Sua mão direita vazia se abria e fechava.

Ele precisava de uma arma. Se calhar, ele podia ao menos encontrar uma faca em algum lugar…

— Só um momento, meu senhor Matador de Goblins.

Lagarto Sacerdote pegou uma presa de besta de sua bolsa e a agarrou com um gesto estranho.

— Ó asas falciformes de Velociraptor, rasgue e dilacere, voe e cace…

Uma oração para seus veneráveis antepassados. Um apelo a seus antepassados.

Suas duas mãos escamadas passaram pela presa, a imbuindo com o poder do temível naga. Enquanto falava, ela cresceu e se transformou em uma Espadagarra.

— Creio que esse é o tamanho de lâmina que você prefere. Ah, mas… tente não a arremessar. Se puder.

— Posso tentar.

Matador de Goblins pegou a lâmina oferecida com mão hábil. Nada mal.

— Apenas… um pouco… mais…!

A barreira invisível estava começando a chiar sob o incessante disparo de flecha.

O ruído se transformou em uma fissura, e depois o escudo se partiu em partículas.

— Fechem os olhos e a boca, e não respirem. Lá vai!

No instante seguinte, Matador de Goblins arremessou o ovo com a mão esquerda diretamente na jangada.

— GARARAOB?!

— GRORRR?!

Gritos.

Pimenta triturada e pedaços de cobra misturados em uma casca de ovo quebrada no ar. Os olhos dos goblins enlouqueceram. Eles se sufocaram com a mistura e esbracejaram com a dor.

Cortando através da névoa vermelha, Matador de Goblins e Lagarto Sacerdote pularam a bordo do navio. A jangada balançou com seus pesos, mandando um ou dois goblins para a água suja.

Um grande salpico e um borrifo. Gotículas caíram.

— Hmm.

Matador de Goblins grunhiu quando ele pôs as criaturas se esforçando para manter seu equilíbrio na embarcação chacoalhante. Nisso, um goblin aproveitou o momento para o agarrar por trás. Com o escudo, ele lhe deu um golpe ressoante.

Clang. — GAROU!

— …Então você tem armadura, não é? — cuspiu Matador de Goblins aborrecido. Sem abrandar, ele girou, chutando os goblin uivante claramente da jangada.

— GROOROB?!

A criatura lutou vigorosamente para sair do esgoto, mas sua armadura era muito pesada.

Finalmente, o rosto horrendo deslizou para debaixo da superfície. Algumas bolhas surgiram, e então o goblin, como uma peça de tabuleiro, desapareceu.

— Hmm.

Em um único movimento, Matador de Goblins atingiu um monstro próximo com a parte plana da sua espada. O goblin e as lágrimas imundas que ele estava chorando foram impotentes na água.

— GAROOARA?!

— É mais fácil simplesmente os empurrar para fora.

— Ó, temível naga! Veja as ações do seu filho em combate!

A única resposta de Lagarto Sacerdote a Matador de Goblins foi gritar essa oração e saltar aos goblins.

Quando os goblins começaram a recuperar suas visões, eles largaram seus arcos de lado e brandiram loucamente suas espadas.

Mas eles eram muito lentos.

Eles caíram para as garras, presas e cauda, para espada e escudo, punhos e pés. Com movimentos ágeis e táticas bem estudadas, os dois guerreiros fizeram o caminho de uma extremidade da jangada à outra.

Goblins eram fracos, afinal.

Em uma batalha frente a frente com aventureiros experientes, o goblin normal não tinha nenhuma chance. Algumas das criaturas saltaram para o esgoto em pânico. Tendo esquecidas de que não podiam nadar, elas afogaram rapidamente.

— Dezesseis.

Ainda assim, os goblins não tinham perdido a sua vantagem principal.

— Mas, nós podemos estar em grande dificuldade. São muitos.

Que era dizer, números.

Quando um era morto, mais dois aparecia; quando dois afogavam, quatro surgiam. Quatro se tornou oito. Oito se tornou dezesseis. Dezesseis se tornou trinta e dois.

Quantos goblins cabiam em uma pequena jangada?

— GOOORRB!

— GROB! GOOBR!!

Os dois aventureiros encontraram a multidão de goblins e mataram uma após outra. Mas não havia fim para elas.

Embora fossem mais do que dois aventureiros.

— GRRB?!

Uma flecha ponta-broto voou através do ar.

Centrado inteiramente na ameaça diante dele, o goblin não percebeu isso até que a haste fosse enfiada em seu olho e ele estivesse caindo no chão.

— Um elfo nem sequer precisa dos olhos abertos para fazer seu disparo!

Foi, é claro, Alta-Elfa Arqueira, de pé na margem.

Suas orelhas estavam erguidas, e ela disparava flechas mais rápido do que os olhos podiam ver. Rapidamente, tão rápido que todas as outras coisas pareciam inferior em comparação.

Entre aqueles que possuíam palavras, não havia ninguém que conseguia atirar melhor do que um elfo. Mesmo no furor da batalha, suas flechas atingiam apenas seus alvos. Em uma respiração, ela tinha esvaziado sua aljava, mas isso não significava que estivesse sem flechas.

Com um estalido desagradável, Alta-Elfa Arqueira apanhou algumas flechas dos goblins de há pouco.

— Essas coisas são tão rudimentares.

Mas rudimentar ou não — mesmo que a ponta das flechas fosse feita de pedra — a elfa não erraria.

Um goblin, ficando impaciente, pegou um arco de novo. Agachou-se, usando seus amigos como escudo (jogando sujo, como os goblins estão acostumados a fazer), e se preparou para disparar a esmo das sombras.

Na verdade, para um goblin, seu objetivo era bastante cuidadoso.

— ORGGGG…

Seu alvo era aquela pequena elfa impertinente.

A corda bruta do arco fez um chiado quando ele a esticou.

Uma elfa. E sendo assim, uma mulher. Seria divertido pegar ela viva… entretanto, matar ela também seria agradável.

Ele dispararia no olho dela. Ou talvez na orelha? Com um sorriso medonho, ele soltou a flecha…

— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fracos!

Ela nunca chegou perto de Alta-Elfa Arqueira, mas apenas rebateu para longe com um ruído.

A toda-misericordiosa Mãe Terra dificilmente poderia recusar a súplica da sua discípula, não é?

No momento seguinte, o pretenso goblin arqueiro foi vítima de uma das flechas de Alta-Elfa Arqueira.

— Obrigada.

— Sem problema. Tenho que pagar o favor, também…

Alta-Elfa Arqueira piscou para a garota próxima a ela. Sacerdotisa sorriu calorosamente e manteve sua oração.

— Posso os manter longe da nossa fileira traseira — disse Sacerdotisa. — Conto com você para lidar com o ataque!

— Parece um bom plano! E tenho a coisa certa aqui!

Foi Anão Xamã que respondeu ela, vasculhando o saco de catalisadores que ele tinha conservado tão cuidadosamente até então.

Ele tinha um punhado de barro em cada mão.

As bordas dos lábios de Alta-Elfa Arqueira se tornaram um sorriso, mas ela nunca olhou para longe da jangada dos goblins.

— Já sabemos, apenas vamos logo com isso! Os anões demoram uma eternidade para fazer qualquer coisa!

— Ponha uma pedra nisso. Você tem seu estilo de luta, e eu tenho o meu.

Anão Xamã começou a enrolar cada punhado de barro em uma bola.

Ele soprou sobre eles, murmurando algo, então deu um grande berro:

— Corta-barba, Escamoso! Para trás!

No mesmo instante, ele lançou as bolas de terra pelo ar. Seus lábios transbordaram com palavras de poder.

— Saiam, seus gnomos, é hora de trabalhar, não se atrevam a fugir de seu dever, um pouco de pó pode não causar choque, mas mil fazem uma bela rocha!

Enquanto observavam, as pequenas bolas se transformaram em rochas enormes e se espatifaram contra o barco.

Impacto Pétreo melhorado com um influxo de poder espiritual para ser ainda mais imponente que o normal.

— M-meu senhor Matador de Goblins!

— Certo.

Os dois aventureiros na jangada trocaram um olhar rápido, então atravessaram pelos goblins fugindo, dando um grande salto para à costa.

Atrás deles, houve um rugido, e o esgoto espirrou como um gêiser. Gotas das coisas sujas caíram sobre Matador de Goblins e Lagarto Sacerdote quando eles rolaram para a terra firme.

A jangada afundou para o fundo do esgoto, com os goblins, bem como todo o resto. Alguns monstros tinham escapados por um triz, mas suas armaduras os arrastaram para o fundo e desapareceram.

Ninguém falou enquanto viram tudo isso acontecer.

A chuva nunca tinha diminuído; sentiram frio à medida que pararam, avermelhados com o calor do combate. Suas respirações vaporizavam; o cheiro de sangue e esgoto se ergueu à volta deles.

Alta-Elfa Arqueira perguntou com a voz um tanto tensa:

— Então, o que vamos fazer agora?

— …Me dê um tempo — disse Anão Xamã melancolicamente. Ele pegou sua jarra de vinho e retirou a rolha. — Aquele truque de agora pouco realmente me cansou.

Ao lado dele, Sacerdotisa deslizou debilmente de joelhos.

— Vamos… descansar, por um momento. Eu preciso, muito…

— Não. — Matador de Goblins balançou a cabeça.

Apesar de terem acabado de passar por uma batalha campal, ele não parecia estar ofegante; ele estava olhando categoricamente para a água.

— Temos de se mover imediatamente.

— O que…?

Sacerdotisa levantou os olhos para ele vagamente.

Ele olhava em volta atentamente, ainda mantendo as armas nas duas mãos.

— Concordo. — Lagarto Sacerdote assentiu, fazendo seu gesto estranho com as palmas juntas. — Essa batalha não foi silenciosa. Mesmo com a chuva para atenuar o barulho…

Algo mais deve ter nos notado.

Assim que ele disse isso…

Houve outro splash.

Alta-Elfa Arqueira olhou para a água com uma expressão sombria.

— Escapar dos goblins apenas para ser apanhado pelos lobos, não é? — Ela estremeceu quando invocou o velho proverbio.

A superfície do esgoto se agitou; ondas surgiam e começaram a ondular com mais intensidade.

No instante seguinte, uma mandíbula enorme surgiu da água obscura.

— AAAAAARRRIGGGGGG!!!!

No momento depois disso, os aventureiros decidiram por uma retirada estratégica.

Eles correram para se salvar da chuva, se espalhando por toda parte. Eles foram abrindo caminho sem hesitar, apesar da semiobscuridade dos esgotos. Isso foi só porque eram liderados por Alta-Elfa Arqueira e Lagarto Sacerdote, cuja agilidade os ajudou a se movimentar através da escuridão e pelos pequenos obstáculos à volta. Sacerdotisa e Anão Xamã seguiram seus rastros.

A sacerdotisa esbelta e o anão corpulento não eram corredores naturalmente rápidos. Matador de Goblins, com o lampião ainda pendurado na cintura, os protegia conforme corria o mais rápido que seus pés conseguiam.

Atrás deles, a superfície da água se revirou outra vez.

Ele arriscou uma olhadela para trás. A enorme mandíbula branca preencheu sua visão: transbordando com muitos dentes afiados, longos e estreitos. A boca que surgiu para fora da escuridão era mais que suficiente para morder metade de uma pessoa.

A mandíbula fechou no ar e afundou de volta na água, mas estava gradualmente ganhando terreno.

— Concluí uma coisa do que pude observar — disse Matador de Goblins, com sua respiração normal. — Isso não é um goblin.

— Eu mesma poderia dizer isso! — gritou Alta-Elfa Arqueira, que não tinha olhado para trás para ver a besta por si mesma.

Existem monstros chamados aligátores, também conhecidos como “dragões do pântano”.

Dragão é apenas um nome; eles são mais intimamente relacionados com lagartos. Eles não eram as criaturas da lenda.

Eles eram, no entanto, medonhos: seus corpos e mandíbulas longas e compactas, os forçavam a rastejar. Ainda assim, um aligátor atravessando a água com sua cauda longa não tinha graça nenhuma.

Nesse lugar, o aligátor branco avançando na direção deles era para se temer mais do que qualquer besta mitológica.

— Ei, Escamoso! Esse não é o seu primo? Faça alguma coisa em relação a ele!

Anão Xamã estava usando suas pernas atarracadas com toda as suas forças. Saliva voou da boca quando ele gritou.

— Muito lamentavelmente, quando entrei para o clero, tive que abandonar todos os laços com a minha família.

— O que, você nunca sequer volta para a casa?

— É muito longe.

Com uma respiração profunda, Lagarto Sacerdote tirou os pés de Anão Xamã do chão com uma rasteira da sua cauda.

— Uouuu?! — exclamou Anão Xamã quando suas pernas deixaram o chão e flutuou pelo ar.

Aproximadamente quando ele esperava voltar ao chão, ele sentiu um grande braço escamoso à sua volta, o segurando. Lagarto Sacerdote não desacelerou nem por um momento quando ele agarrou Anão Xamã e continuou a correr.

Aqueles olhos únicos do homem-lagarto se moveram rapidamente.

— E para ficar claro, conjurador, essa serpe não tem nenhuma relação conosco!

— Oh-ho! Eu gosto disso! Simples e fácil!

Aparentemente inalterado pela observação do seu amigo, Anão Xamã cavalgou no ombro de Lagarto Sacerdote, rindo o tempo todo.

— De onde vocês acham que ele v-veio? — perguntou Sacerdotisa atrás deles, lutando para poder respirar.

Rezar aos deuses põe uma pressão terrível na alma e o espírito. Não é mais fácil do que o combate físico. Consequentemente, ela estava quase sem fôlego, com os pés cambaleantes; ela achava que poderia cair a qualquer momento.

Matador de Goblins deu um estalo com a língua e a pegou pela cintura fina.

— O qu…?!

— Tenha sua respiração de volta sob controle.

Sacerdotisa deu um berro, assustada, mas depois da breve resposta de Matador de Goblins, ela se viu envolvida debaixo de seu braço.

Ela chutou e retorceu de vergonha, tanto pela sua proximidade física e de ser um fardo literal para ele.

— Eu… Eu estou bem! V-você não precisa me carregar…

— Pare de se debater. Vou te deixar cair.

— Ahh…

— Você tem mais um milagre sobrando, certo?

Seria um problema se ela colapsasse aqui e agora, suas palavras a informaram.

— Precisarei que você use outra magia.

Depois de um momento, as bochechas de Sacerdotisa coraram, e ela respondeu baixo: — Está bem.

— Acho que seria sensato para nós sairmos do canal — disse Lagarto Sacerdote. Segurando Anão Xamã em seu ombro com uma mão, ele alcançou facilmente sua bolsa com a outra mão e pegou o mapa.

Ele continuou correndo, lendo o mapa mesmo enquanto as gotas da chuva começaram a cruzar ele.

A umidade e a chuva, até mesmo o ar abafado, eram amigos de Lagarto Sacerdote, que tinha crescido no meio da selva.

— Vamos lhe dar o anão! Poderemos escapar enquanto o monstro está jantando! — Alta-Elfa Arqueira, saltando através da chuva como uma corça, disse com sinceridade evidente. — Tenho certeza que vai ter uma intoxicação alimentar!

— Como se os elfos fossem tão nutritivos!

Sacerdotisa interrompeu Alta-Elfa Arqueira e Anão Xamã, apontando em frente com seu cajado.

— A-alguma coisa está vindo pela nossa frente, também!

As orelhas de Alta-Elfa Arqueira agitaram para cima e para baixo, ouvindo atentamente.

Splash. Algo estava acertando a água. Três coisas, na verdade. Remos? Ela conhecia o som.

Mais goblins? — disse ela, exausta. Ela parecia estar sentindo a batalha anterior.

 

 

 

Outra embarcação cheia de goblins estava se aproximando pelo canal sombrio.

— O-o que devemos…? — Sacerdotisa olhou acima para Matador de Goblins com olhos assustados.

— ……

Ele não disse nada como resposta, mas, em vez disso, apagou a luz do seu lampião o molhando.

— Sacerdote — disse ele. — O caminho se ramifica em algum lugar mais à frente?

— Presumo que sim. Esses esgotos são bastante labirínticos. — Lagarto Sacerdote passou a garra pelo mapa enquanto respondia.

— Espera aí, não sei o que você está pensando, mas gás venenoso e fogo…

— Não é permitido. Eu sei — disse Matador de Goblins a Alta-Elfa Arqueira. Ele deu um pequeno suspiro.

— Vamos seguir o teu plano.

— …?

Alta-Elfa Arqueira e Anão Xamã trocaram olhares perplexos.

 

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Os goblins se esforçavam para fazer seu navio de guerra (ou o que parecia um navio de guerra dentre os goblins) ir mais rápido. O líder deles, um xamã, colocou seu cajado à frente e, com um grito, instou seus remadores a remar com mais força.

Já tinha passado algum tempo desde que sons de combate tinha deixado de ecoar pelos esgotos. Muito provavelmente, seus camaradas já estavam mortos, mas isso estava bem. O que interessava era que os aventureiros, seus inimigos e presas, estavam cansados. Eles não poderiam deixar essa oportunidade passar.

Os goblins estavam nos seus limites. Esses tuneis eram agradavelmente úmidos, mas essa chuva estava aumentando sem controle. Goblins não se importavam com sujeira ou esgoto, mas isso não significava que gostavam de se molhar. Eles queriam um lugar quente para dormir. Eles queriam uma boa comida.

E se tivessem prisioneiros para atormentar, melhor ainda. Parecia ter passado tanto tempo desde que eles tinham torturado e assassinado alguns aventureiros que tinham entrado nos esgotos algum tempo atrás.

Era por isso que eles tinham que aproveitar essa oportunidade.

Quem sabe teria um elfo entre esses aventureiros. Ou um humano. Mulher, se calhar. Tinha que ter!

Eles cantavam uma canção horrível de goblin enquanto seguiam remando, completamente fora de sincronia entre si. Como muitos dos barcos daqueles que possuíam palavras, toda a tripulação abordo do navio de guerra goblin era soldado. Um navio teria sido vulnerável. Mas, essa frota de três embarcações não daria tempo para um grupo inteiro de aventureiros novatos piscar.

Ou assim os goblins acreditavam, independentemente do que a realidade poderia ser. E isso os fazia perigosos. O pensamento de que eles ainda seriam fracos mesmo em um grupo, nunca passou pelas suas mentes. Com seus rostos perversos de desejos, saliva pingando de suas bocas, eles se dedicaram energeticamente para remar mais rápido.

Os olhos do xamã, perfeitamente capazes de enxergar na escuridão, se fixaram em um ponto único de luz, um brilho cintilante que só podia ser um lampião de aventureiro. Desafortunadamente, humanos precisavam de luz, pois a escuridão os deixava cegos. Nas profundezas desses buracos escuros, os goblins eram os mais poderosos.

Com apenas a certeza da vitória, eles foram em direção à luz, despretensiosamente.

Mas não viram nenhum aventureiro. Na realidade, descobriram que a luz era apenas um reflexo na água.

— ORAGARA!

— GORRR…

O xamã estava desconfiado; ele deu a um dos seus subordinados uma pancada com seu cajado e uma repreensão praguejante. O goblin, que teve apenas o azar de estar perto, deu uma vasculhada na água, com uma cutucada pouca metódica com o remo.

Então:

— ORAGA?!

O goblin tinha perdido a cabeça.

A mandíbula pálida do monstro surgiu para fora da água.

— GORARARARAB!!

— GORRRB! GROAB!!

Os goblins criaram uma baderna enquanto se apressavam para os postos de combate. Envoltos no clima de pânico, vários pularam na água tentando fugir. Outros ficaram e lutaram.

Não importava. Os goblins mais perto da água foram os primeiros a serem despedaçados.

O xamã balançou seu cajado furiosamente e começou a entoar uma magia…

 

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— Parece que eles têm o número, mas nós temos a vantagem — observou Lagarto Sacerdote.

— Hmm. Não posso dizer que sinto pena deles — respondeu Anão Xamã.

Os aventureiros viram tudo da escuridão de um lado do caminho.

— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda tua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão.

Sacerdotisa rezou para a Mãe Terra, protegida da chuva pelo escudo de Matador de Goblins. Em resposta a sua oração, a toda-compassiva deusa enviou o milagre Luz Sagrada sobre a cauda do aligátor.

— Se não posso usar gás, fogo ou água, isso é o melhor que consigo fazer.

Matador de Goblins soou mais do que um pouco irritado. Observando-o cansada, Alta-Elfa Arqueira tentou o confortar.

— Tanto faz. Nós sobrevivemos, é isso que importa.

Isso é o que aventuras deviam ser! Ela inalou e estufou seu pequeno tórax. Ela estava bastante satisfeita, conforme era obvio pelas suas orelhas balançando muito alegremente.

— Embora eu não possa acreditar que eles caíram em um truque simples com um pouco de luz.

— Eles aprenderam que aventureiros se movimentam com luz.

— Sério?

— Não sei quando, mas em algum momento, se tornou senso comum entre eles — disse Matador de Goblins, assistindo a batalha no esgoto se desenrolar. — Eles não são mais do que saqueadores. Não fazem ideia de como produzir qualquer coisa.

Ele estava certo. Goblins faziam clavas e ferramentas de pedra ou, talvez, moldavam outros equipamentos para servirem para si, mas nada mais do que isso. Itens, alimento, animais… Eles roubavam o que precisavam em vez de produzirem.

E por que não? Aldeias cheias de humanos estúpidos estavam apenas esperando por eles para virem e tomarem o que quisessem. Desde que eles pudessem saciar a si mesmo através do roubo, não havia nenhuma razão para fazer outra coisa. Contanto que eles pudessem conseguir meninas e aventureiras o suficiente, assim seria.

— Mesmo assim, fracos como são, eles não são tolos — continuou Matador de Goblins, embora não tenha deixado sua atenção vagar da batalha. — Eles aprendem a usar itens com rapidez. Caso você mostre a eles como construir um barco, eles iriam entender em pouco tempo.

— Você os conhece muito bem — disse Alta-Elfa Arqueira.

— Tenho estudado eles atentamente — respondeu Matador de Goblins sem demora. — É por isso que tenho cuidado para nunca dar a eles uma nova ideia. Eu os mato em vez disso.

Encostado na parede, Anão Xamã acariciou a barba.

— Então, está dizendo que alguém ensinou eles como construir aqueles barcos.

— Sim.

Sacerdotisa terminou sua oração e soltou um suspiro. Ela limpou o suor e a chuva da testa.

— Tem certeza? Quem sabe o xamã inventou com eles…

— É possível. Mas, se seus números aumentaram aqui naturalmente, então aquele… o que quer que aquela coisa seja…

— Hum… o aligátor? — propôs Sacerdotisa.

— …Certo. Aquela coisa não teria surpreendido eles. Não acho que eles teriam usado barcos se eles tivessem sabido disso. — Ele murmurou, então acrescentou: — Covardes até a alma.

— Onde quer chegar, meu senhor Matador de Goblins? — perguntou calmamente Lagarto Sacerdote.

Matador de Goblins parecia ter alguma coisa específica em mente. Sua resposta foi bastante mordaz.

— Essa infestação de goblins é causada por alguém.

Matador de Goblins esperou até o barulho da batalha diminuir, então sugeriu uma suspensão temporária.

Ninguém se opôs. Eles não tinham mais magias ou flechas. Eles não tinham itens suficientes e a força deles estava acabando. Eles caminharam silenciosamente nos esgotos sombrios, deixando a batalha entre os goblins e o aligátor para trás.

Algum tempo depois eles chegaram a uma escada. Subiram à superfície só para serem recebidos por gotas grandes de chuva. Sacerdotisa já estava encharcada, mas as gotas continuavam a cair. Ela virou seu rosto cansado para o céu. Com uma voz baixa, murmurou:

— Não parece que a chuva vai parar.

 


 

Tradução: Kakasplat (3 Lobos)

Revisão: JZanin (3 Lobos)

 

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