Dark?

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 03 – Cap. 07 – Uma carta para Zena

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Sem nem mesmo bater, alguém abriu a porta do nosso quarto no quartel com força e irrompeu.

Urgh, deve ser a Lou de novo.

Me virei, apenas para encontrar Lou tão confusa quanto eu. Logo atrás dela, Iona parecia igualmente perplexa.

Finalmente, um pouco tarde demais,  virei-me para a pessoa agachada na frente da porta.

— Hã? Zenacchi?

— Lilio!

Seu cabelo estava escorrendo pela pele de tanto suor. A soldada mágica sob nossa supervisão, Zena, ou “Zenacchi”, estava com um sorriso de orelha a orelha, mesmo enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Bem-vinda de volta, Zenacchi. Por que você está tão apressada?

Considerando a polidez usual de Zenacchi, essa foi uma forma bem grosseira de se agir.

Era cedo demais para ela estar de volta da guarita perto do labirinto. Ela correu o trajeto inteiro até aqui?

— Zena, é melhor você limpar esse suor. Você vai pegar um resfriado.

Lou me jogou uma toalha e eu a coloquei em cima da cabeça de Zenacchi.

— Senhorita Zena, por favor, beba isso. Você deve estar desidratada. — disse Iona, colocando um pouco de água em um copo e entregando-o à nossa pupila.

Afinal, nenhuma de nós conseguia resistir à vontade de cuidar da nossa Zenacchi.

— Obrigada, Lou, Sra. Iona, e você também, Lilio.

— O prazer é todo meu, senhora. — Respondi brincando, enquanto enxugava seu cabelo.

Por algum motivo, Lou e Iona não pareciam muito impressionadas.

— Então, o que está acontecendo?

— Uma carta! Recebi uma carta do Senhor Satou!

Uau, que elegante.

Zenacchi nos mostrou a carta com um sorriso radiante.

Isso é ótimo, mas eu não sei  ler, e você sabe disso.

“Enquanto o inverno prolongado finalmente nos deixa, espero que esteja bem, querida Zena…”

Na melhor das hipóteses, entendi apenas metade da carta que ela nos leu, mas juntando os fragmentos que entendi, parecia que ele estava tentando expressar que sentia falta de Zena, apesar de tão pouco tempo ter se passado desde que partiu.

— Senhorita Zena, essa é apenas uma expressão que as pessoas usam em cartas… — murmurou Iona, mas ninguém prestou atenção.

Ah, então é só uma expressão? Não entendi tudo, mas a interpretação de Zenacchi de que isso era uma expressão de amor é provavelmente apenas um mal-entendido, julgando pelo que Iona disse.

Bem, ainda bem que esse é o caso.

Nós três ouvimos enquanto Zenacchi lia a carta em voz alta.

— Hum, então… “Aproveitamos bastante o momento em que comemos sopa em uma colina perto de um megálito majestoso.” Uau! Mas existe realmente um lugar assim tão perto da Cidade de Seiryuu?

— Hã, você acha que ele está falando daquelas rochas aleatórias? — Lou disse, contorcendo a cara.

Ah, aquele lugar!

 Fomos lá em patrulha algumas vezes, mas era um lugar perigoso, já que às vezes monstros se espreitavam pelas sombras.

Iona rapidamente encobriu o comentário impróprio de Lou.

— A julgar pelo estado da carta, parece que ele não encontrou nenhum monstro.

— Não há nada com o que se preocupar. O Senhor Satou é muito ágil, e aquelas garotas demi-humanas também são bem fortes.

Ora, ora. Aqui estava eu esperando que Zenacchi ficasse toda preocupada, mas ela tinha tanta fé nesse cara que até fiquei com um pouco de ciúme.

Se bem me lembro, naquela vez que os monstros entraram pelo portão principal, ele protegeu a estalagem.

Enquanto me lembrava desse incidente, Zenacchi continuou sua recitação.

— Ele diz que bebeu licor de leite de ovelha pela primeira vez em uma cidade chamada Kainona. Não é onde você nasceu, Lou?

— Sim, mas não há nada lá, exceto ovelhas, bêbados e pastores.

Lou já havia nos dito que tinha ficado enjoada daquela cidade e tinha vindo para a Cidade de Seiryuu para se juntar ao exército assim que se tornou adulta.

Com aquele comentário irônico, nossa discussão sobre Kainona aparentemente se encerrou.

De acordo com o resto da carta de Zenacchi, esse cara estava caçando veados nas montanhas, comendo comida boa em cada destino e, no geral, desfrutando de uma viagem incrivelmente agradável.

Era para viagens serem assim tão confortáveis?

— Parece que ele está se divertindo com a viagem. — comentou Iona, um pouco confusa.

— Né? Quer dizer, também conheço alguns mascates, mas viagens são tão complicadas para eles que todos sonham em se acomodar em algum lugar e abrir uma loja. — Respondi, e Lou concordou com a cabeça também.

— Mesmo quando estamos acampando em patrulha, é difícil dormir quando você tem que ficar em alerta constante quanto a lobos e monstros.

— Também é frio dormir no chão, então você não consegue descansar direito.

Concordei. Mesmo que em uma cama de madeira, o quartel era onde eu tinha um sono mais reparador.

— Verdade. Mas o Senhor Satou também não está só se divertindo. Ele escreveu que lobos o atacaram quando estava entrando no condado vizinho de Kuhanou e… O quê?!

— O que foi, Zenacchi?

O rosto de Zena de repente se encheu de preocupação.

Iona olhou para a carta por cima do ombro dela.

— …Uma hidra?

Hã? Hidra é um daqueles monstros poderosos com várias cabeças que aparecem em histórias sobre heróis e cavaleiros, não é?

Ele estava falando sobre lobos há alguns segundos. De onde saiu essa hidra?

— S-Sim… Quando se livrou dos lobos, parece que ele testemunhou uma hidra voando para as montanhas. Felizmente, o Senhor Satou e seus amigos não se machucaram, mas ele diz que devíamos tomar cuidado, já que isso aconteceu bem perto da fronteira.

Imediatamente, tentei me lembrar do nosso próximo local de patrulha.

Não tem problema. Iremos ao norte na próxima patrulha. Senti um pouco de remorso pelos soldados que estavam indo para o território na fronteira Sul, mas ainda assim suspirei aliviada.

— Vou informar ao capitão mais tarde. Vou avisá-lo que é uma informação não confirmada antes, obviamente. — O rosto de Zenacchi mudou de sua expressão relaxada e apaixonada para a de uma líder de esquadrão.

Naquele momento, outra pessoa saltou para dentro da sala com o mesmo ímpeto de Zenacchi mais cedo.

— Aah, aí está você, Sra. Zena!

A pessoa a irromper pela porta desta vez era Gayana, uma engenheira. Se bem me lembro, ela estava na equipe de supervisão do labirinto com Zenacchi.

— O capitão está procurando por você!

— Ah! Esqueci de enviar meu relatório diário.

Zenacchi saiu correndo da sala em pânico.

E pensar que nossa responsável Zenacchi esqueceria de seus deveres… Se bem que dizem que o amor te faz cometer loucuras.

Gayana observou enquanto Zenacchi saía correndo e depois veio até mim.

— Hã? Tem mais alguma coisa, Yanacchi?

— Só achei estranho ver a Sra. Zena assim. Além disso, Lilio! Acabei de receber um novo estoque de fofocas!

Sorrindo alegremente, Gayana esfregou os dedos explicitamente pedindo por dinheiro.

Ah, tá bom.

Tirei algo do armário e dei na palma de sua mão.

— Ei! Eu queria cobre, não lanches!

Ela franziu as sobrancelhas para mim, mas provavelmente estava com fome depois de seu turno no labirinto, porque, mesmo assim, ela colocou a massa de batata-doce assada na boca e a mastigou.

— Mmm, vou permitir, já que estava tão gostosa. Então, sobre aquela fofoca…

O que Gayana me deu desta vez foi, na verdade, uma informação muito interessante.

Então, eles vão escolher algumas tropas do exército do conde para enviar à Cidade Labirinto Celivera, não vão?

Certo, a mesma cidade para a qual esse tal de Satou está indo…

Zenacchi deve ter levado uma bronca do capitão, já que já se passou quase um badalar inteiro antes de ela voltar.

— Estou de volta, Lilio.

— Bem-vinda de volta, Zenacchi. Então, escuta isso…

Repassei a informação que acabei de receber para Zenacchi.

Embora ela não tenha entendido tudo inicialmente, seu rosto logo floresceu como uma flor em um sorriso radiante.

Se eu fosse um homem, definitivamente me apaixonaria por esse sorriso.

Ainda estou com um pouco de ciúmes daquele menino, mas estou fazendo de tudo para apoiar o amor de Zenacchi.

Boa sorte surpreendendo-o na Cidade Labirinto, Zenacchi!

 


 

Tradução: Nuble

 

Revisão: Kana

 


 

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