Dark?

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 03 – Cap. 04.1 – Uma Conspiração e Uma Reunião

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Satou aqui. Uma vez eu ouvi em um seminário ou algo assim: “Nunca seja complacente quanto a sua situação atual, sempre almeje o melhor!” Mas eu acho que é importante levar as coisas com mais calma de vez em quando sem se preocupar com nada, também.

— Parece uma cidade fantasma.

— É.

Na tarde do sétimo dia desde de que saímos da Cidade de Seiryuu, chegamos em um vilarejo inabitado.

Eu havia notado um poste de barreira quebrado da estrada, então parei para checar se alguma coisa tinha acontecido. Agora que estávamos aqui, podíamos ver que, seja lá o que aconteceu, provavelmente foi há muito anos.

Eu trouxe o grupo mais jovem comigo para vasculhar a cidade e deixei o grupo mais velho perto da carruagem de vigia e para que começassem a preparar o almoço.

Julgando pelos postes de barreira quebrados e crateras no chão, minha teoria era a de que um grande monstro voador tinha aparecido e destruído o vilarejo. Pode até ter sido culpa daquela hidra.

Quatro, dos geralmente seis postes de barreira, estavam danificados e haviam apenas buracos onde os dois remanescentes normalmente estariam, como se pessoas tivessem tirado eles do chão.

Todos os pilares estavam vazios por dentro.

Enquanto eu examinava a cena com Pochi e Tama, Mia e Arisa chamaram por detrás de mim.

— Satou.

— Tem um poço ali, mas o cheiro dele é bem ruim, então não acho que deveríamos usá-lo.

— Hmm. Esse lugar é bem perto da Cidade de Sedum… Me pergunto porque deixaram ele dessa forma.

Por que eles não só reconstruíram a barreira e a cidade?

— Hmm. Em lugares como a minha terra natal, eles importam os postes de barreira do Império Saga, então talvez eles estejam muito longe de qualquer território que faça outros?

Ah, entendi. tenho pensado neles como postes de telefone, mas postes de barreira também eram um tipo de ferramenta mágica.

Eu trouxe Arisa e as outras comigo para vasculhar o vilarejo um pouco mais.

Aparentemente, cerâmica era a principal fonte de sustento do vilarejo, com fornos e lugares para coletar argila nas encostas por perto. Dois dos três fornos estavam quebrados, mas um parecia intacto.

Pochi e Tama claramente queriam brincar com a argila, mas eu pedi para elas não fazerem isso por enquanto. Seguindo o caminho de tigelas e pratos quebrados, eu andei em direção à praça do vilarejo onde a nossa carruagem estava estacionada.

No caminho, Tama encontrou alguns mostos ruivos, uma erva usada para poções de recuperação de PM, e as coletamos enquanto retornávamos até as outras.

Almoçamos mais cedo na praça do vilarejo. Assim como prometi no dia anterior, eu cozinhei um pouco da carne de lobo marrom.

Estava ficando chato grelhar ela em partes, então eu fiz vários pedaços de bife grandes demais para caber nos pratos para todas que queriam um.

Pela carne ser mais musculosa do que a de lobo-foguete, bife não era necessariamente a melhor forma de prepará-la, mas Liza fez um elogio por “ser ótimo de mastigar.” O entusiasmo de Pochi e Tama enquanto estraçalhavam o bife também foi adorável.

Para as outras que não conseguiam mastigar tão bem, eu cortei o bife em pequenos cubos.

Eu fritei alguns legumes para a Mia de novo, mas dessa vez eu misturei alguns ingredientes diferentes. Eu cortei alguns dos vegetais em conserva que a Arisa tinha comprado e os joguei junto a algumas ervas para acrescentar ao sabor e ao aroma.

Eu limitei as porções para ninguém comer demais, mas quando terminamos, todos estávamos cheios demais para nos mexer por um tempo.

Durante a nossa pausa depois do almoço, eu preparei um pouco de elixir para usar em transmutações.

Para praticar, eu comecei com um dos núcleos de abelha vermelha do Berço.

Primeiro, eu o triturei em um pó. Usei um instrumento do kit de alquimia que lembrava um quebra nozes de rosquear para quebrá-lo, e então o moí em um pó fino com um pilão e almofariz.

Já que o processo foi meio chato, eu decidi tentar triturar o núcleo com os meus dedos da próxima vez.

Depois disso, eu misturei o estabilizador. Tudo o que tive que fazer foi jogar uma pitada do pó que eu consegui na loja de alquimia, que continha asas de morcego, salamandra chamuscada e um pouquinho de sal.

Com um núcleo que tinha só o tamanho da ponta do meu dedinho, eu pude fazer elixir o suficiente para 20 poções.

Eu guardei o elixir completo na pasta “Alquimia” sob a subpasta “Elixir/Poção” de recuperação de PV/Ruivo.

Eu estava curioso para saber o quão efetiva eu poderia fazer uma poção, então eu pratiquei com uma poção de recuperação de PV de baixa qualidade.

Talvez porque eu adquiri a habilidade de “Manipulação Mágica”, operar a Mesa de Transmutação parecia mais fácil do que antes.

Minha poção mágica completa saiu como uma de “Mais Alta Qualidade”.

Já que a vendedora na loja de alquimia queria núcleos de qualidade -3 ou melhor, eu assumi que rank era essencial para fazer uma poção, mas era algo que podia ser feito até com núcleos de qualidade -1.

Dessa vez, eu tentei uma receita dos documentos de Trazayuya para infundir 5 poções ao mesmo tempo. Infelizmente, essas saíram com um rank mais baixo, de “Alta Qualidade’.

Em seguida, eu tentei isso com núcleos de rank -2 e rank -3. Os resultados saíram como “Mais Alta Qualidade”, mesmo quando eu usei a receita de 5 de uma vez.

Basicamente, parece que a qualidade das poções era baseada na qualidade dos núcleos usados.

Muito provavelmente, o motivo para eu conseguir fazer poções de alta qualidade, mesmo com núcleos de baixa qualidade, era porque eu tinha subido a habilidade de “Transmutação” até seu nível máximo.

Eu tinha vários núcleos vermelhos de qualidades 1 a 3, então eu fiz 20 de cada tipo em elixir. Seria um pé no saco colocar todos eles em pacotinhos; eu só armazenei o pó sem mais nada.

Enquanto fazia isso, eu usei um pouco do mosto ruivo que pegamos mais cedo para fazer algumas poções de recuperação de MP de baixa qualidade.

Já que Mia e a Arisa mencionaram o gosto horrível, eu tentei reduzir o amargor adicionando pequenas quantidades de mel e seiva açucarada de espinheiro.

A eficácia caiu um pouco, mas em troca elas ficaram surpreendentemente gostosas. Eu tenho certeza que a minha habilidade de “Cozinhar” teve alguma coisa a ver com isso.

Para as poções que eu não tinha nenhum recipiente vazio, eu fiz pastas para mantê-las em estado líquido no meu armazenamento.

Eu realmente quero estocar frascos para poções em breve…

Eu tenho certeza que vou conseguir alguns se formos para a Cidade de Sedum.

— Mestre, indivíduo suspeito detectado dentro da floresta. O alvo já fugiu, mas é possível que ele já tenha chamado por reforços a esse ponto, isso é o que tenho a reportar. Recomendo um aumento no nível de alerta.

— Suspeito.

Na estrada principal não muito distante da Cidade de Sedum, Nana reportou algo enquanto conduzia a carruagem, com a ajuda de Mia.

De fato havia uma pessoa na floresta. Era um homem que pertencia a uma guilda que eu nunca tinha ouvido falar chamada de “Lentilha-D’água”

Era provavelmente uma guilda local da Cidade de Sedum. Já que alguns membros tinham recompensas na cabeça por Homicídio, imaginei que eles eram uma guilda criminosa como os Ratos de Rua da Cidade de Seiryuu.

Além disso, mais homens dessa mesma guilda estavam espreitando mais a frente: Alguns em uma interseção e mais ou menos uns 20 em uma passagem na beira de um rio em uma estrada próxima.

Só por segurança, eu tomei as rédeas da Nana.

Os homens esperando na encruzilhada a frente definitivamente pareciam com bandidos para mim. Eles estavam bloqueando a estrada com uma barreira mal feita.

— Ei, a carruagem não está sendo conduzida por uma senhora!

— Tem umas pirralhas na parte de trás, então tem que ser essa.

— Não, ele não tinha dito que seria uma senhora e uma garotinha?

Minha habilidade de “Audição Aguçada” me permitiu detectar o que os vigaristas estavam cochichando entre si.

Então esses caras estão alvejando apenas carruagens conduzidas por pessoas de idade e garotas jovens? Isso parece suspeito até demais para mim.

Bem, não é como se fosse da minha conta.

Determinando que não éramos o alvo deles, os malfeitores tiraram o bloqueio do caminho.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, nada. Só continua andando.

Eu falei com eles de forma educada, e mesmo assim os canalhas nos expulsaram mostrando deliberadamente as machetes penduradas em suas cinturas.

Eu certamente estranhei, mas você não me pegaria reclamando sobre evitar problemas.

Deixando a situação suspeita para lá, nós passamos pelo bloqueio e chegamos à Cidade de Sedum.

Essa era uma cidade castelo com mais ou menos o mesmo tamanho da Cidade de Seiryuu, mas com pelo menos 20 por cento mais pessoas. Tinham até menos demi-humanos aqui do que na última cidade, apesar da proporção do povo-gato ser um pouco maior.

Ao redor dos muros não muito distantes do portão da cidade havia multidões de pessoas acabadas vestindo roupas sujas e esfarrapadas, vivendo em pequenas cabanas.

De acordo com a tela de RA, eles não eram cidadãos da Cidade de Sedum. O título deles era “refugiado”, então provavelmente vieram até aqui de outros territórios ou reinos.

Enquanto estava pagando a taxa para entrar na cidade, no portão, eu inquiri sobre isso e descobri que eles tinham fugido do Baroado de Muno há uns 20 anos. A luta entre Zen e o Marquês deve ter sido o motivo.

Ao decorrer de duas décadas, a maioria das pessoas haviam se mudado para dentro da cidade ou para um dos vilarejos por perto, mas ainda sobraram umas duzentas pessoas que não conseguiram realojar-se.

Após essa conversa, reportei sobre o grupo suspeito pelo qual tínhamos passado aos guardas da Cidade de Sedum, e um cavaleiro me garantiu que levaria alguns de seus homens em uma patrulha para investigar.

Apesar de seu jeito arrogante, ele aceitou o serviço sem nem mesmo pedir pelos detalhes. Acho que nem sempre podemos julgar um livro pela capa… Eu não deveria tê-lo julgado como um guarda inútil e preguiçoso baseado em sua aparência.

— Sim, elas são demi-humanas, mas são as amadas escravas de meu mestre. Como você pode ver, elas estão vestindo roupas caras, então seria um problema se elas dormissem no celeiro e fossem roubadas. E se suas roupas fossem furtadas, me pergunto, será que a pousada conseguiria compensar?

— Não, não conseguiríamos.

— Nesse caso…

— E é por isso que temos que recusar. Elas não podem ficar na nossa pousada.

Nem a, praticamente imbatível, habilidade de negociação de Arisa foi o suficiente para superar a grosseria velada do balconista da pousada próxima ao portão.

Depois de chegarmos, visitamos a pousada mais próxima na esperança de estabelecer uma base, mas fomos rudemente rejeitados.

Ah, me pergunto se posso usar aquela carta de recomendação aqui.

Percebendo que não tinha nada a perder, tirei a carta que recebi do ajudante do escudeiro-mor no escritório público em Noukee e mostrei para o balconista mal-educado.

Eu não tinha certeza se uma autoridade de outra cidade tinha muita moral aqui, mas já que tecnicamente era uma carta de um nobre do mesmo território, talvez tivesse alguma influência.

— I-Isso é do baronete…? P-Perdoe a minha grosseria. Prepararemos um quarto para vocês imediatamente.

Com sua face enrijecendo em um grito silencioso, o balconista rapidamente mudou seu tom de voz. Eu acho que a carta de recomendação funciona nessa cidade, também.

Arisa lançou um olhar de desdém enquanto ele mudava de atitude.

— Você vai arruinar a sua cara fofa. — Sibilei silenciosamente para Arisa antes de começarmos a discutir os arranjos de nosso quarto com o estalajadeiro.

O maior quarto deles era para 6 pessoas, então decidimos alugá-lo por cinco dias. Eu tentei alugar um quarto de solteiro para mim, mas um coro de protestos vindo do meu grupo acabou com essa opção. Era tarde demais para isso agora, já que elas se acostumaram a dormir em grupo.

Já que tínhamos acumulado uma longa lista de coisas para comprar, perguntei para o balconista da pousada onde eu poderia encontrar uma companhia que vendesse uma grande variedade de produtos.

Seria um saco sair por aí negociando com cada uma das oficinas. Então eu percebi que seria mais fácil encomendar um monte de coisas no mesmo lugar.

Já que estávamos limitados a itens que eles podiam conseguir durante a nossa estadia aqui, não conseguiríamos achar tudo o que queríamos. Ainda assim, já que eu disse desde o início ao comerciante que eu estaria disposto a pagar até 3 vezes o valor de mercado se ele conseguisse as coisas a tempo, existia uma boa chance que conseguiríamos perto de 90 por cento do que queríamos.

Não era como se eu estivesse comprando muitas coisas, então pagar três vezes o valor normal não era nada demais.

Para coisas mais específicas, como materiais para instrumentos mágicos, fui diretamente até as oficinas em contrato com a companhia para encomendar em detalhe.

Eu encomendei vários tipos de acessórios de metal potencialmente úteis, também, como tubos, fios, porcas e parafusos. Com isso, devo ser capaz de elaborar qualquer coisa que eu inventar na hora.

A maioria dos ferreiros estavam ocupados produzindo ou consertando armas e armaduras para enfrentar os kobolds nas minas de prata, mas por sorte consegui fazer um acordo com o artesão exclusivo da companhia.

Após encomendar as partes, conversei com o chefe da oficina e consegui fazer com que ele me contasse mais sobre a ameaça. Ele explicou que o vice-rei da Cidade de Sedum era teimoso e inflexível, ele forçou a administração em assisti-lo com um exército liderado por cavaleiros para ajudar a exterminá-los.

Eu também aprendi que kobolds e o povo-cão eram espécies diferentes. Especificamente, kobolds eram fadas malignas caracterizadas por suas orelhas pontudas, boca semelhante a de um cachorro e pele pálida.

De acordo com um rumor em circulação, eles tinham uma fortaleza nas profundezas das cordilheiras logo ao noroeste do Baronato de Muno.

Estranhamente, nem mesmo as lojas de magia e alquimia da Cidade de Sedum vendiam frascos de poção mágica.

A companhia da qual tenho encomendado lidava com poções, mas não frascos. Eu ia pedir para eles me apresentarem a uma oficina local de cerâmica, mas eles bruscamente me disseram que eu teria que esperar uma Lua Tripla e me afugentaram. Uma Lua Tripla… Então pelo menos 10 dias.

Era como se alguém estivesse me passando a perna só para me assediar.

Só para garantir, pedi a pessoa responsável por atender a minha encomenda enquanto estava na companhia para perguntar por aí por alguém vendendo frascos e para comprá-los caso os encontrasse.

Já que boa parte da minha lista de compras estava completa, eu decidi que passaria o próximo dia explorando o mercado e o resto da cidade.

Minha frustração tinha começado a aumentar de novo, então me esgueirei através dos olhos vigilantes de Arisa e das outras e sai pela cidade durante a noite.

Diferente da Cidade de Noukee, o distrito de luz vermelha da Cidade de Sedum tinha mais ou menos o mesmo tamanho do da cidade de Seiryuu.

No entanto, parecia malcriação ir direto para um dos meus estabelecimentos desejados. Primeiro, decidi parar na taverna responsável pelo cheiro delicioso de frango grelhado.

— Bem-vindo! Os pratos do dia são pombo com relva grelhado no espetinho e pardal assado. Nós temos cerveja, mas acabamos de receber uma encomenda de cidra Noukee, talvez você queira tentar

Uma atraente jovem garçonete me recebeu com um sorriso radiante e me guiou até uma mesa.

Os pratos e sobras do cliente anterior ainda estavam ali. A garçonete rapidamente colocou os pratos em uma bandeja e limpou os resíduos de comida da mesa com um pano.

Me pareceu anti-higiênico, mas eu assumi que era algo normal nesse mundo, então não disse nada.

Observando a taverna, eu vi que muitos dos outros clientes estavam tomando cerveja quente e petiscando pardais grelhados.

Eu pedi uma cerveja gelada e espetinhos grelhados. Um dos clientes estava comendo algo que parecia com rabanete daikon cozido em molho shoyu, também pedi isso. Minha conta ficou com o preço razoável de uma moeda de cobre.

Eu prefiro não beber sozinho, então assim como fiz na taverna de Kainona, me tornei um dos locais ao pagar um barril inteiro de cerveja a todos. Mesmo em um mundo paralelo, ninguém diria não a álcool de graça.

— Você parece um cara bem de vida. Bem, normalmente eu só venderia isso para clientes regulares, mas…

Agora que o barril de cerveja estava pronto, a garçonete começou a me vender algo.

— O gerente do estabelecimento tem uma cerveja envelhecida especial de Muno chamada ‘Lágrimas de Gigante.’ é cara, mas é uma joia oculta que você só pode tomar aqui na nossa taverna. Pessoas de todos os lugares vem aqui só para bebê-la.

Julgando pelo nome, deve ser feita por gigantes. Eu decidi ir em frente e pedi-lá, e tinha gosto de brandy doce. Certamente era deliciosa, mas parecia ter um alto teor alcoólico, o suficiente para derrubar alguém mais fraco.

Enquanto bebia o licor, convenci um senhorzinho tagarela a me contar sobre algumas das atrações famosas da Cidade de Sedum.

Enquanto registrava os lugares que pareciam bons para visitar com todo mundo, eu ouvi uma conversa suspeita vindo de uma das mesas do outro lado da sala.

— …Então como foi?

— Nada ainda.

— Sério? O prazo é depois de amanhã ao pôr do Sol! Na maioria dos outros anos, já estaria aqui a esse ponto.

— Nem me pergunte. Mesmo assim, não é melhor se demorar? Mesmo que não consigamos roubá-los, assim que todos estiverem quebrados, o pacto ainda será…

Encontrei a origem das vozes, alguns homens encapuzados bebendo em uma das mesas no canto.

Um deles tinha um longo cabelo prateado que estava escapando por debaixo das sombras de seu capuz, e ele o escondeu de volta irritado. Se não fosse por sua voz sagaz, distintamente masculina, eu teria o confundido com uma mulher.

Justo quando a conversa duvidosa estava ficando interessante, o velhote pegou no meu ombro para chamar a minha atenção.

— Tá me escutando, filhote?

— Mas é claro que sim. A estátua do rei ancestral na frente da secretaria do governo parece magnífica.

Eu coloquei um pouco da cidra que eu pedi no copo do velhote. Tinha um pouco de cerveja sobrando no fundo, mas ele não parecia ser do tipo que se preocupava com isso.

— …E se conseguirmos pegar aquilo, poderemos até reconstruir uma cidade nova.

— Se você vai ser o vice-rei de uma nova cidade, senhor, eu espero que pelo menos promova os membros de minha família como seus assistentes.

— Claro. Eu sempre recompenso lealdade. Mas não me entenda errado… estou planejando me tornar o lorde de meu próprio território, não apenas um vice-rei.

— Calma aí, isso é ganancioso demais…

A voz fria do homem de cabelo prateado me enganou. Eu pensei que eles estavam planejando algum tipo de conspiração, mas agora parecia mais com os resmungos de um nobre falido.

Pelo que Arisa me disse, construir uma cidade nova ou conseguir um Núcleo de Cidade não seria uma tarefa fácil. Seria impossível ao menos que você encontrasse um núcleo debaixo de uma cidade decaída ou algo assim.

— Ei, ouça quando os mais velhos falam com você!

Minha falta de atenção tinha deixado o velhote de mau humor.

— Eu estava escutando. Você está dizendo que há um monumento para as pessoas que faleceram na epidemia cinco anos atrás na frente do castelo do vice-rei, não é?

— Ah, então você não estava me ignorando afinal de contas. Minha senhora quase morreu por causa dessa doença, também, mas ela sobreviveu graças aos remédios da bruxa da floresta. Realmente devemos-lhe uma.

Uau, então além da entrega costumeira de poções de recuperação de estamina, ela também faz coisas assim? Se nossa diferença de idade fosse menor, eu poderia acabar me apaixonando por ela.

— Ei! Eu trouxe o cara de quem távamos discutindo!

Agora um cliente bêbado me trouxe um homem de meia idade sóbrio.

…De quem estávamos falando mesmo?

— Então é você? Você é o cara rico que quer encomendar cerâmica?

Ah, isso. Enquanto eu falava sobre a falta de frascos de poção ontem, alguém disse que traria um de seus amigos que trabalha em uma oficina de cerâmica.

— Ah, uau, obrigado por fazer esse esforço exponencial por mim…

O homem de meia idade era o dono de um estúdio pequeno com seu próprio forno. Já que a guilda de cerâmica tinha um monopólio de frascos de poção mágica, ele não poderia fazê-los sem permissão.

— …mas há uma solução para isso.

Eu ouvi a explicação do dono da oficina. Em suma, poderíamos fazê-los nós mesmos em sua oficina com o pretexto de uma aula de “cerâmica.”

— Mas tem só um problema…

— Qual é?

O homem hesitou, franzindo suas sobrancelhas.

Eu achei que ele ia me cobrar um preço alto, mas não era isso.

— Minha oficina é bem precária. Eu só tenho um aprendiz humano, e o resto deles são apenas escravos demi-humanos para trabalho manual. São os escravos que preparam a argila usada em nossa cerâmica. Então se você não se sente confortável lidando com argila feita por demi-humanos, não há nada a discutirmos.

O dono da oficina estava sorrindo, mas disse a ele que não seria um problema e perguntei se o mesmo seria capaz de acomodar um grande grupo de pessoas, explicando quantos éramos.

— Ah, tudo bem. A loja dava muitos lucros algumas gerações atrás, então o lugar em si é bem grande. Nós temos rodas de oleiro o suficiente para várias pessoas, também. Então quanto ao preço…

Aceitei sua oferta sem nem mesmo negociar. Ele deve ter sido pobre por um tempo, porque o preço que ofereceu foi tão baixo que eu me senti mal.

Eu o convidei a ficar para tomar um drink, mas ele disse que tinha que se preparar para o dia seguinte e saiu com pressa.

Depois disso eu me diverti conversando com os clientes regulares por um tempo, um deles se ofereceu para me levar em um dos melhores bordéis da Cidade de Sedum.

No entanto, pouco depois de sairmos da taverna…

— Mestre, viemos te buscar.

— Vamos.

— Mestre, eu informo que a hora recomendada de dormir já passou há muito tempo.

De alguma forma, Arisa, Mia e Nana conseguiram me encontrar e vieram me trazer de volta para a pousada.

— Ei, se você tem três esposas bonitas assim, você tem que voltar para a casa com elas! Até mais e obrigado pelos ótimos drinks! Vamos fazer isso de novo algum dia!

— Obrigado por cuidar do meu marido. Espero que continuem sendo amigos.

Arisa, de bom humor depois de ser chamada de minha esposa, despediu-se educadamente de meus amigos de bebida. Apesar que na verdade, o comentário dela parecia mais algo que uma mãe diria do que uma esposa.

Enquanto Arisa falava com os homens, Mia e Nana rapidamente me agarraram pelos braços. Meu braço esquerdo estava com inveja do direito que tinha sido agarrado pela Nana.

Quando virou para trás e viu que as outras duas já haviam reivindicado meus flancos, Arisa fez uma birrinha. Só tenho dois braços, o que quer que eu faça?

Eu cedi às três e deixei que me levassem à pousada.

Perguntei no caminho como elas tinham me encontrado, mas Mia só me disse que era um “segredo.”

Ela provavelmente usou algum tipo de habilidade élfica. Mas eu prefiro imaginar que elas saíram pela cidade perguntando por mim ou alguma outra solução fantasiosa.

 


 

Tradução: Nuble

 

Revisão: Kana

 


 

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