Dark?

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 03 – Cap. 01.2 – Jornada

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Depois de lavarmos a louça e limparmos tudo, fizemos uma pausa de mais ou menos uma hora.

Parte da razão de não estarmos com pressa era para que pudéssemos deixar os cavalos se recuperarem totalmente, mas eu também queria deixar as crianças brincarem por um tempo, especialmente as jovens Tama e Pochi.

— Soldado Tama! Soldado Pochi!

— Sim!

— Sim, senhor!

Respostas boas, pensei Elas estavam de frente para mim, mas suas orelhas estremeciam sempre que ouviam algo farfalhar nos arbustos próximos. Elas pareciam prontas para sair correndo a qualquer momento.

— Tenho uma missão importante para vocês! Vão e investiguem aquela pedra gigante!

—  Sim!

— Senhor!

Observei enquanto elas se afastavam correndo.

— Chamarei vocês quando for hora de irmos embora, então não vão muito longe! -Gritei, apenas para estar seguro.

Ao som de um pequeno tom, me virei para ver Mia tocando uma flauta de junco. A melodia era complexa.

— Você é muito boa, Mia.

— Eh?

Mia inclinou a cabeça como se não tivesse certeza de suas próprias habilidades, embora ela parecesse apreciar o elogio.

— Princesa Mia, eu gostaria de aprender a tocar flauta de junco também, eu imploro.

— Não é ‘princesa’.

Nana chamava Mia de “princesa” quando ela ainda era uma serva de Zen. Mia não tinha má vontade em relação a Nana, mas ela não gostava do título de “princesa”.

— Mas Princesa Mia…

— Nana, Mia não gosta de ser chamada de ‘princesa’, então, por favor, não a chame assim.

— Sim, Mestre. De agora em diante, revisarei a designação para ‘Mia’, eu afirmo.

Isso foi muito fácil.

Aparentemente, o nome era apenas um hábito.

A expressão de Nana enquanto ela praticava o instrumento era de foco, embora ainda em branco. Quando Mia e Nana se juntavam, seus rostos semelhantes as faziam parecer irmãs próximas.

Enquanto eu admirava as duas, a voz de Arisa soou atrás de mim.

— Lulu e eu vamos passear em volta das rochas. Você não quer se juntar a nós, Mestre?

— Sim, boa ideia. Liza, você gostaria de vir também?

— Seria um prazer.

E assim, nós quatro demos uma volta ao redor do enorme megálito.

Mais ou menos na metade da colina, vi Pochi e Tama correndo atrás de um coelho. Talvez tenhamos lebre grelhada para o jantar?

Durante nosso passeio, Arisa falou que queria explorar o topo da laje de pedra. Só para me certificar de que era seguro, decidi subir primeiro.

Escalei usando apoios para os pés como uma pessoa comum faria.

— Você é bastante ágil, não é? — O comentário de Arisa me lembrou o de Zena.

Eu fiz Liza dar uma carona a Arisa para que eu pudesse puxá-la para perto de mim.

— Uau! Que vista linda.

Arisa aplaudiu e começou a investigar o megálito, e eu a alertei para ter cuidado para não cair antes de puxar Lulu para cima.

Assim quando eu estava ajudando Liza, Arisa me chamou com entusiasmo.

— Mestre! Venha aqui! Você tem que ver isso!

— O que você achou?

— Venha aqui! — Eu dei de ombros e me juntei a Arisa. Lulu e Liza pareciam igualmente perplexas com a explosão repentina.

Ela acenou enfaticamente quando me aproximei.

— O que você queria me mostrar?

— Olhem para aquilo!

Eu segui o dedo de Arisa, mas tudo que eu podia ver eram megálitos caídos. Por que ela queria me mostrar isso?

— O que eu deveria estar vendo, exatamente?

— Qual foi, olhe mais de perto!

Aha. Agora eu entendi o que Arisa queria dizer.

— Hmm, torii de pedra?

— É difícil dizer porque desmoronaram, mas eu acho que costumava haver três. Eu me pergunto se havia um santuário ou algo assim?

Por que? Havia algo familiar sobre o portal de pedra xintoísta.

O quê?

Enquanto eu olhava para o portão do santuário, minha visão ficou turva.

Não se esqueça, Ichirou. Nós sempre estaremos juntos.

Uma imagem preencheu minha mente como um flashback.

O que é essa memória?

Não importa o mundo, não importa a época, você sempre será Ichirou.

Embora a memória fosse principalmente em preto e branco, o cabelo e os olhos da menina eram destacados em cores vivas.

Escondido nas sombras, não dava para ver seu rosto.

Será que a reencarnação é real?

Por que eu fiz essa pergunta?

E qual foi a sua resposta?

Claro que é. Mas não adianta se você parar na reencarnação.

Agora eu lembro.

Atrás dela, eu podia ver o santuário xintoísta perto da casa do meu avô no campo.

Então essa garota de cabelos estranhamente coloridos era amiga de infância?

Humanos e deuses têm ciclos de vida muito diferentes. Eles precisariam da intervenção divina para ficarem juntos.

A garota vestindo uma roupa de donzela do santuário estava fazendo uma dança xintoísta tradicional.

Não, a dança Kagura. Uma dança dedicada a uma divindade que se apaixonou por um humano.

Se for você… Tenho certeza que você pode…

A garota, cujo rosto eu não conseguia ver, estendeu sua pequena mão em direção à minha bochecha…

— Saia dessa, Mestre!

Quando acordei, o rosto de Arisa estava bem na frente dos meus olhos.

— Hã? Arisa?

— Sério! Como você pode cochilar em um lugar como este? Você poderia ter caído!

Pedi desculpas a Arisa e lentamente olhei ao redor.

O que aconteceu?

Eu verifiquei o log, mas não encontrei nenhum log de um ataque psíquico ou algo semelhante.

Tentei me recompor e pesquisar em minhas memórias, mas tinha certeza de que a entrada do santuário xintoísta, perto de onde eu brincava durante minhas visitas de infância ao campo, era vermelha.

E a amiga de infância do flashback… parecia totalmente diferente do que eu lembrava. Ela tinha cabelos coloridos e olhos como os de um personagem de anime. No final, ela até tinha cabelos da cor do arco-íris.

Pensando bem, eu fiz um pequeno jogo de doujin1Mesmo significado de fandom, são projetos publicados por amadores, incluindo, mas não se limitando a mangás, light novels, jogos, etc. Geralmente não tem muita influência da mídia. naquele santuário quando era estudante. Não me lembrava de ter tido uma conversa tão estranha na vida real, as falas devem ter sido do jogo.

Talvez o cansaço de tantos dias sem dormir, estivesse começando a me dominar.

— Você está se dispersando de novo.

— Desculpe, desculpe. Eu estava me lembrando de um santuário onde brinquei quando era pequeno.

Parecia uma explicação mais fácil do que “Eu estava tendo um flashback de um fan game que fiz”.

Olhando para os restos dos portões de pedra do santuário.

As informações começaram a pipocar em volta das ruínas. Achei que fossem apenas restos de alguma civilização megalítica, mas sua identidade real era muito mais surpreendente.

Decidi explicar para a Arisa.

— É um Portal de Deslocamento quebrado.

Esse era um truque frequentemente encontrado em jogos para dar aos jogadores um atalho, mas este já estava destruído a tempos.

— Você consegue arrumar?

— Com certeza, não.

Arisa tinha me feito essa pergunta com entusiasmo, mas eu balancei minha cabeça e respondi com firmeza.

Não havia nada sobre isso nos dados que eu tinha em mãos e não havia como reconstruir algo que não entendia.

A ideia de encurtar nossa jornada no estilo videogame era definitivamente atraente, mas eu queria me jogar em um destino desconhecido.

 

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Os olhos de Liza brilharam quando ela avistou algumas plantas silvestres comestíveis nas sombras do megálito, e nosso passeio se transformou em colhê-las.

Várias pequenas flores brancas cresciam perto de uma das outras plantas. De acordo com o RA, eram conhecidos como flores de inverno.

— Lulu, vem aqui rapidinho.

— Pois não?

Depois de colher uma das flores brancas, coloquei-a no cabelo de Lulu.

— Realmente combina com seu cabelo preto. É fofo.

— …T-tenho certeza de que não é verdade… É um insulto à flor colocá-la em um cabelo como o meu.

Lulu não parecia aceitar elogios muito bem. Seu olhar vagou ansiosamente enquanto evitava meu comentário.

Isso mesmo… Eu tinha esquecido que ela era considerada feia de acordo com os padrões de beleza deste mundo.

Que desperdício… Do meu ponto de vista, ela era uma linda garota.

— Ah, já sei! Tenho certeza de que ficaria muito melhor no cabelo da Arisa!

Lulu tentou remover a flor de seu cabelo, mas eu a parei e coloquei uma no cabelo de Arisa e Liza da mesma forma.

Combinar as outras deve ter feito Lulu se sentir melhor, ela não tentou tirar a flor depois disso. No geral, ela parecia feliz o suficiente, então, provavelmente, não se importou de eu ter colocado a flor em seu cabelo.

Podíamos pegar tantas ervas quanto queríamos. Provavelmente, muitas pessoas não conheciam este lugar.

Dito isso, já que não queríamos deixar o lugar sem nada, fiz questão de parar antes de levarmos tudo. Eu gostaria de ter trazido minha Bolsa Depósito, mas usei meu sobretudo para carregar as plantas de volta.

Eu poderia usar meu RA e a habilidade de “Analisar” para obter detalhes sobre nossas aquisições, então não tive a chance de ler os livros que comprei na cidade de Seiryuu, “Plantas comestíveis em sua jornada” e “Enciclopédia de Ervas Medicinais”.

Além da diversidade da flora comestível, encontramos pequenas quantidades de várias ervas medicinais para ajudar a estancar sangramentos e prevenir dores de cabeça.

Seguindo a harmonia da flauta, voltamos para a carruagem onde Nana e Mia estavam esperando.

A julgar pelas posições dos pontos no mapa, Pochi e Tama estariam de volta logo, logo, então pedi a Lulu para preparar um chá.

Liza e eu guardamos as plantas silvestres na Bolsa Depósito.

Sob a orientação de Mia, Nana adquiriu um pouco de proficiência na flauta de junco. Isso parecia ter despertado o espírito competitivo de Arisa, enquanto ela gritava e arrancava uma das ervas daninhas sob os pés.

— Não vou perder! Vou te mostrar os poderes que aprendi brincando com crianças da vizinhança até o ensino médio!

Arisa pegou com determinação em sua flauta.

Ela era habilidosa o suficiente para uma criança, mas não conseguia nem começar a se comparar com a Mia. Peguei um pedaço de cano semelhante para mim e tentei.

> Habilidade Adquirida: “Musicalidade”

> Habilidade Adquirida: “Fabricação de Instrumentos”

> Título Adquirido: Instrumentista da Natureza

Já era tarde demais, mas eu duvidava que escolher uma flauta e tocar música com ela realmente me desse a habilidade de “Fabricação de Instrumentos”.

Toquei um único acorde no instrumento improvisado e parei.

Um bufo de risada escapou de Arisa, apesar de seus melhores esforços. Lulu tinha uma expressão complexa, mas se absteve de fazer qualquer som. Liza judiciosamente resistiu a qualquer reação visível, e Nana estava inexpressiva como sempre.

— Satou?

Mia me olhou incrédula, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo.

Ah, não me olhe desse jeito.

Eu não tinha planejado distribuir nenhum ponto nas novas habilidades que adquiri, mas com a reação chocada de Mia, decidi colocar um pouco em “Musicalidade”.

Eu apenas pensei que poderia ser útil para entoar feitiços, já que parecia exigir um senso de ritmo. Não porque eu estava me sentindo humilhado. Nem um pouco!

Bwa-ha-ha, eis o poder de uma habilidade de “Musicalidade” de nível 10!

— Caramba. Você parece um jogador muito talentoso, causando a impressão de um jogador muito ruim!

 

 

— Mestre, eu detectei anormalidades em seu efeito acústico. O ajuste é necessário, eu aconselho.

Arisa e Nana poderiam ser tão cruéis.

— Banido.

Mia confiscou a flauta de junco que eu estava usando.

Eu estava apenas um pouco desafinado, não estava…? Nem mesmo a habilidade de “Musicalidade” bastou para minha inaptidão.

— M-Mestre, eu… tenho certeza que você ficará melhor com a prática! Eu acredito em você, Mestre!

— Obrigado, Lulu. Você é muito gentil. — Lulu foi legal o suficiente para me confortar enquanto eu me afundava no desespero. Minha heroína. Para não preocupá-la, respondi com o meu melhor sorriso.

— Substituto.

Mia cutucou meu ombro enquanto falava, mas eu não tinha ideia do que ela estava tentando me dizer.

Arisa explicou.

— Você está com sorte, Mestre. Mia está dizendo que se você quiser ouvir música, ela vai tocar em seu lugar.

— Uhum.

Mia confirmou a tradução de Arisa com um olhar satisfeito.

Eu gostaria que ela usasse mais algumas palavras.

— Obrigado, Mia.

Enquanto isso, agradeci a Arisa por seus serviços de interpretação também.

— Pegueiii, senhor!

Enquanto tocávamos, Pochi voltou do outro lado da colina.

Ela estava orgulhosamente segurando um coelho com as duas mãos. Para um coelho, suas orelhas eram bem curtas. Na verdade, de acordo com o RA, ele era conhecido como coelho de orelha curta, a mesma espécie que comemos assado, inteiro, na Pousada da Frente.

Pochi estava coberta da cabeça aos pés com grama e terra, mas exibia um sorriso enorme.

Aceitei sua presa e entreguei a Liza.

— É pequeno, então tenho certeza de que podemos retirar o sangue antes de irmos.

Liza puxou uma adaga e habilmente cortou a garganta do coelho, então o segurou pelas patas traseiras para deixar o sangue escorrer.

— Mestre, já que adquirimos esta carne preciosa, gostaria muito de abatê-la antes de partirmos. Isso é permitido?

— Sim, pode ser.

Afinal, era o prêmio de Pochi, e não estávamos com nenhuma pressa nessa jornada.

— Sra. Liza, você poderia me mostrar como?

— Você está muito ansiosa para aprender, não é, Lulu? Muito bem. Vou explicar, então você pode cuidar disso sob minha supervisão, por favor.

— Sim, Sra. Liza.

Assim, Lulu se encarregou de cortar o coelho.

Arisa cambaleou até mim sem firmeza, provavelmente por causa do fedor de sangue. Eu não a culpo.

Peguei Pochi enquanto ela ia assistir ao desmantelamento do cadáver e limpei um pouco da grama e sujeira de sua cabeça. O interior da carruagem ficaria coberto de terra se ela ficasse assim. Eu a instruí a se lavar com água e trocar de roupa.

— Seu cabelo ficou todo sujo também.

— Devo lavá-lo, senhor?

— Claro que sim. Temos água quente.

Eu perguntei se Mia poderia usar Magia de Água para um feitiço como Secagem do conjunto de Magia Cotidiana, mas recebi um breve “não” em resposta. Que pena.

Como não adiantava reclamar, era só nos lavar usando os meios comuns. Coloquei toda a água quente que tínhamos em uma banheira e enchi o resto com água fria. Eu coloquei bastante, e o resultado final foi bastante morno.

Achei que Tama provavelmente voltaria suja também. Enchi a chaleira novamente e coloquei de volta no fogo.

Mais ou menos na hora em que Pochi terminou de se lavar, Liza havia acabado de retirar o sangue do coelho e estava começando suas instruções rigorosas para desmantelá-lo.

Em algum momento, Nana também entrou na aula. Mia não estava interessada, já que ela não comia carne.

Arisa não parecia querer nada com isso também. Ela deu as costas e mergulhou completamente em um livro de feitiços.

Pochi parecia prestes a se sacudir como um cachorro de verdade, então eu a parei e sequei cuidadosamente com uma toalha.

— Carneee! Eu tenho carneee!

— Tama é muito habilidosa, senhor!

Atrás de mim, Tama voltou correndo feliz.

O que ela pegou? Um pássaro, talvez?

— Carne?

Mia inclinou a cabeça.

— Uau! O que é isso?! É adorável!

Com o grito de alegria de Arisa, me virei com curiosidade.

O que a Tama pegou era bem fofo. Com sua pele macia, era o tipo de animal cativante que você poderia encontrar em uma loja de animais. A criatura inconsciente semelhante a um filhote de cachorro tinha um casaco azul-escuro com um tufo de cabelo laranja espetado na cabeça.

— D-deixe-me segurar um pouco.

— Kay!

Arisa pegou o cachorro desmaiado em seus braços.

De acordo com a RA, era um monstro chamado Lobo-Foguete. De nível 1.

Procurei por outros membros de sua espécie no mapa, mas não obtive nenhum resultado. Talvez o exército do duque tenha exterminado seus pais ou algo assim.

A habilidade de “Verificação de Status” de Arisa deve ter avisado ela, mas eu decidi avisá-la para ter cuidado apenas no caso.

— Eu sei que é fofo, mas ainda é um bebê monstro, então tome cuidado com ele.

— Entendi, relaxa.

O filhote de lobo começou a acordar quando Tama o entregou a Arisa.

— Ai!

O pequeno lobo torceu violentamente seu corpo, libertando-se do aperto de Arisa e fugindo.

Tama correu freneticamente tentando pegá-lo, mas o Lobo-Foguete lançou um jato de gás de sua parte inferior, se lançando bem sobre a cabeça de Tama e a mais ou menos quinze metros de distância.

Parecia uma cena de mangá de comédia.

— Minha preeesa!

Tama correu atrás dele, mas ela não conseguiu acompanhar a tentativa desesperada do filhote de lobo pela liberdade e logo se arrastou de volta desanimada.

— Escapou.

— Tama, sinto muito. É minha culpa por não ter segurado direito.

— Está tudo bem.

Arisa se desculpou, mas Tama balançou a cabeça fracamente.

Tama se aproximou de mim e ofereceu um pedido de desculpas desanimado:

— Mestre, sinto muito. Eu não consegui pegar a carne…

Estendi a mão em direção à sua cabeça para confortá-la, mas ela deve ter pensado que eu estava com raiva. Suas orelhas se achataram com medo.

— Eu não ficaria bravo com você por nada, — a tranquilizei, acariciando sua cabeça suavemente. — Contanto que você esteja bem, sempre tem uma próxima vez. Só não quero que você exagere e se machuque. Tudo bem?

— Kay!

Tama abriu os olhos com cautela e olhou para mim.

— Tama vai conseguir algo ainda maior da próxima vez, — ela declarou, enxugando as lágrimas que brotavam do canto dos olhos.

— Tenho certeza que você vai, — murmurei suavemente, despenteando seu cabelo.

 

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Era a vez de Lulu dirigir à tarde, mas Liza havia mencionado que gostaria de aprender também, então pedi que Lulu a ensinasse.

As outras cantavam junto com a flauta da Mia. A música em questão era um tema de anime que Arisa cantarolou para Mia para ensiná-la. O anime deve ser pesado, porque a letra não parecia familiar para mim.

Eu estava muito velho por dentro para me juntar ao coro inocente das crianças. Encostei no painel traseiro da carruagem e observei o céu.

Pensei em tirar um cochilo, mas então decidi que seria melhor usar essa chance para ler o livro de feitiços de Magia das Sombras do Zen.

Ao contrário daqueles para iniciantes, este volume saltou direto para encantamentos de feitiços e notas manuscritas, provavelmente do Zen, e parecia muito avançado. Ainda assim, eu já tinha lido alguns manuais introdutórios e livros de feitiços para iniciantes, do início ao fim, várias vezes em meu tempo livre, então eu era capaz de entender mais ou menos a sintaxe da magia.

Além disso, a capacidade de seguir um fluxo complicado de ideias era uma habilidade fundamental para um programador. Eu não tive nenhum problema.

Na verdade, parecia um livro infantil, em comparação com o código incompleto de um autoproclamado veterano, um incompetente que entrou na minha empresa já tinha um tempo. Apagar e arrumar seus erros foi uma tarefa chata e desgastante.

O autor parecia ter deliberadamente tornado o texto especialmente difícil de seguir, mas isso não foi tortuoso o suficiente para me impedir.

A maneira como as variáveis e os códigos mudavam de significado, dependendo da seção que eu estava lendo, era uma lembrança desagradável de meus dias como programador, mas tudo que eu realmente precisava fazer era dividir por seção. Decodificá-lo tornou-se muito fácil.

Pode ter levado um tempo, mas como eu tinha uma INT alta, eu poderia folhear o livro e absorver informações com facilidade não natural.

Não tinha pensado nisso quando li um manual de baixo nível pela primeira vez, mas quanto mais aprendia sobre a magia deste mundo, mais percebia como era surpreendentemente semelhante a uma linguagem de programação.

Como se a pessoa que inventou a magia aqui também fosse um programador.

Senti algo quente na palma da minha mão. Talvez Pochi ou Tama estivessem brincando?

Eu varri o pensamento ocioso para o fundo da minha mente e voltei para a minha análise de feitiço.

Logo, concluí meu estudo elementar da Magia das Sombras e estava pronto para passar para Magia Cotidiana em seguida.

Meu principal objetivo era descobrir como usar Magia de Água para reproduzir o feitiço Magia Cotidiana, Secagem, que eu queria quando estava ajudando Pochi a se lavar.

Assim que comecei a pesquisar Magia Cotidiana, percebi o quão diferente era.

Era fundamentalmente diferente de qualquer outra magia. O primeiro permitia que os usuários transformassem ou criassem coisas livremente, desde que obedecessem às leis da magia, mas o último só podia recorrer a funcionalidades existentes que se comportavam como um sistema de caixa preta. No máximo, só se podia fazer coisas como expandir o alcance do efeito de um feitiço.

Nesse caso, recriar a Magia Cotidiana com Magia de Água pode ser impossível.

Assim como Mia copiou o cantarolar de Arisa só de ouvir, eu teria que considerar as técnicas necessárias para a Magia Cotidiana e copiar e colar as partes existentes da Magia de Água na fórmula para criar um novo feitiço.

Eu gostava muito desse tipo de pesquisa e análise. Lentamente, mas com segurança, me perdi completamente nas profundezas da contemplação.

Eu poderia ficar assim por horas…

Hmm? Senti algo macio e flexível sob minha mão.

Fechando o menu de tela cheia obscurecendo minha visão, olhei para descobrir que Arisa havia pressionado minha mão no amplo peito de Nana.

…Ah.

Meus dedos estavam afundando. Instintivamente, dei alguns apertos leves.

Mia e Arisa rapidamente arrancaram minha mão do paraíso.

— Pervertido.

— E-ei, por quanto tempo você está planejando fazer isso?!

Mia era uma coisa, mas Arisa estava sendo muito rude, considerando que ela colocou minha mão lá em primeiro lugar.

Nana abaixou a cabeça, colocando a mão sobre o seio direito onde eu o apertei. Embora parecesse uma adulta, na verdade ela tinha menos de um ano.

Eu abri minha boca para me desculpar.

Ela olhou para cima sem o menor rubor2Cor vermelha em seu rosto e inclinou a cabeça curiosamente.

— Mestre, você gostaria de tocar o esquerdo também?

— Posso?

Por sugestão de Nana, eu instintivamente estendi minha outra mão, mas Arisa rapidamente interrompeu.

Como resultado, seu peito plano parou minha mão. Muito decepcionante.

— O que você quer dizer com ‘Posso?’?!

Arisa berrou, com seu cabelo lilás completamente desgrenhado.

— Satou, você não deve ser indecente. É impróprio! Você não deve tocar no corpo de uma mulher solteira. Então, não toque.

Ajoelhando-se, Mia me repreendeu com frases estranhamente longas.

É o instinto básico do homem querer tocar em seios grandes, não é? Embora pareça muito ruim agora que penso sobre isso, então é melhor eu manter isso para mim.

A cabeça de Nana inclinou mais para o lado enquanto as duas garotas na minha frente explodiam de raiva. Seu rosto sugeria que ela não entendia porque estavam irritadas. Eu teria que pedir a Lulu ou Liza para explicar a ela depois.

— Bom dia, senhor?

— Myaaa…

Pochi e Tama se espreguiçaram e bocejaram, acordadas pelo barulho.

Eu pensei que elas estavam quietas de propósito, mas eu acho que se cansaram de tanto cantar e adormeceram.

A visão de Pochi e Tama esfregando os olhos sonolentos drenou um pouco do fogo da fúria de Mia e Arisa, e elas ficaram em silêncio. No entanto, suas bochechas ainda estavam inchadas com uma pitada de raiva.

É hora de lidar com isso como um adulto.

— Vou fazer o meu melhor para evitar qualquer contato impensado de agora em diante.

— Você parece um político gordo mentiroso, mas ótimo. Vou te perdoar. Um adulto deve ser mais discreto! Da próxima vez que você sentir vontade de tocar em algo, basta falar com sua querida Arisa. Teremos uma sessão privada só para você, tá bom?

— Mrrrr. Arisa.

As palavras irreverentes de Arisa a tornaram o novo alvo da ira de Mia.

Felizmente, pude deixar o assunto para as duas resolverem e voltar para frente com Liza e Lulu.

— Mestre, parecia que Arisa estava te atormentando. Aconteceu alguma coisa?

Graças ao barulho da carruagem puxada por cavalos, Lulu não tinha ouvido o incidente.

— Ah, por causa de uma pegadinha da Arisa.

— Sério?

Depois de me esquivar da pergunta de Lulu com sucesso, mudei para Liza para mudar de assunto.

— Então, você pegou o jeito de dirigir a carruagem?

— Sim. Graças à orientação de Lulu, sou capaz de nos conduzir ao longo da estrada sem problemas, embora ainda fique nervosa quando passamos por outras pessoas e os cavalos não andam em linha reta.

— Você vai se acostumar.

Liza ainda estava segurando as rédeas da carruagem e parecia estar indo bem sozinha. Agora poderíamos ter uma rotação de três pessoas entre Lulu, Liza e eu.

— Mestre, eu gostaria de dirigir a carruagem também, eu imploro.

— Certo. Você pode ocupar o lugar de Liza após o próximo intervalo e fazer com que ela lhe ensine, pode ser?

— Sim, Mestre.

Agora que Nana também estava interessada, poderíamos muito bem ter quatro motoristas no dia seguinte.

Como eu não conseguia mais ouvir Mia dando um sermão na parte de trás, coloquei minha cabeça para dentro.

Arisa tinha algumas palavras para falar com a rapidez com que eu a abandonei.

Normalmente, eu a teria ignorado, mas como desta vez sua natureza precipitada criou uma boa memória para mim, decidi ouvi-la.

Suas reclamações terminaram surpreendentemente rápido, decidi ir direto ao ponto com minhas perguntas.

— Então, o que você estava tentando fazer?

— Nada realmente. Quer dizer, você não respondeu a absolutamente nada, embora seus olhos estivessem abertos. Você estava agindo estranho em cima da rocha também, então fiquei impaciente.

Então foi por isso que Arisa ficou tão indignada. Certamente não tinha desculpa.

Terei que me lembrar de fechar os olhos quando usar o menu em tela cheia.

— Eu sinto muito. Estava tão focado em projetar um novo feitiço que…

— Um novo feitiço?!

Arisa gritou de surpresa, cortando meu pedido de desculpas.

— E o que que tem?

— Mestre, você é um pesquisador de feitiços?

— Não, eu só estava tentando fazer um baseado em uma ideia que tive.

Arisa parecia muito intrigada.

— Mas que feitiço você estava usando?

— Como eu disse, estava criando um novo.

— Você não pode simplesmente fazer um feitiço assim. Uma instituição de pesquisa levaria décadas de trabalho e fundos e recursos humanos desordenados para fazer uma coisa dessas!

Isso parecia um exagero.

— Talvez para um feitiço de magia tática em grande escala ou algo assim. Não é? Só estou tentando fazer um feitiço de Magia de Água que se pareça com a Secagem da Magia Cotidiana, só isso.

— ‘Só isso’, hein?

Dei de ombros enquanto corrigia o mal-entendido de Arisa. Mas ela não se convenceu.

Já que estávamos falando sobre o assunto de qualquer maneira, pensei em consultar Mia sobre isso, já que estava planejando pedir sua ajuda com o experimento.

Ela estava estudando um livro de feitiços ao meu lado quando eu disse: — Está quase pronto, então esperava que você pudesse experimentá-lo na próxima vez que fizermos uma pausa, Mia. Você se importa?

— Mm, claro.

Com Mia prontamente concordando, eu teria que aperfeiçoar o feitiço antes do nosso próximo intervalo.

Eu verifiquei meu log e percebi que ganhei o título de Pesquisador, mas nenhuma habilidade útil como “Magicalogia” ou “Fabricação de Feitiço”.

Ah, eu tinha esquecido o que Arisa queria dizer.

Pedi desculpas por sair do assunto e perguntei por que ela queria minha atenção.

— Eu esperava que houvesse um tabuleiro ou algo assim para que pudéssemos jogar cartas na carruagem. Tem alguma coisa?

— Hmm, instrumentos.

Eu tinha um pouco de madeira, mas seria difícil fazer muita coisa agora.

Tecnicamente, eu tinha as habilidades para fabricar um instrumento musical como Mia queria, mas não tinha diretrizes ou receitas, então não podia. De qualquer forma, não havia nada de útil nos documentos que tinha em mãos.

— Eu não tenho nada comigo. Devemos parar em uma cidade amanhã para comprar algumas cartas e instrumentos e coisas do tipo?

O lugar mais próximo era uma pequena cidade chamada Kainona. Ela tinha uma população de apenas três mil pessoas, mas provavelmente seria fácil encontrar o que Arisa queria. Eu queria comprar um jogo de tabuleiro de madeira mesmo. Algum tipo de bancada também pode ser bom.

 

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Enquanto nossa jornada continuava, minha versão da Magia de Água de um feitiço de limpeza lentamente tomou forma.

Desta vez, fiz questão de fechar os olhos enquanto trabalhava para não preocupar ninguém.

Quando cheguei a um bom ponto de parada e abri os olhos, estava sob uma pilha de meninas, mas no tempo frio, o calor de seus corpos era bem-vindo.

Cada vez que fazíamos um intervalo de duas horas, pedia a Mia para testar meu novo feitiço como um experimento.

No primeiro intervalo, descobri que havia cometido um erro descuidado que impediu a ativação da magia, mas, na segunda tentativa, o experimento funcionou com sucesso em algumas roupas.

Consumiu magia demais, então eu teria que melhorá-lo no próximo intervalo.

Cerca de uma hora após nosso segundo intervalo, estava mais ou menos encerrando com minhas revisões. Eu tinha alguns outros feitiços para usar como referência para reduzir o custo da magia e, portanto, descobri com bastante facilidade.

Como não queria perder muito tempo desenvolvendo o novo feitiço, mudei para o mapa para verificar nossa posição atual e encontrar um acampamento para a noite.

O local que eu inicialmente decidi era a margem de um lago a cerca de quarenta quilômetros da Cidade de Seiryuu em linha reta, mas nosso progresso foi mais lento do que eu esperava.

Hmm? O relógio no meu menu me surpreendeu, então acordei Arisa de seu cochilo na minha perna.

— Arisa!

— Nn… O quê…? Eu não fiz nada…

Meio adormecida, Arisa esfregou os olhos e se sentou.

— Arisa, eu tenho uma pergunta. Quantas horas tem um dia aqui?

— Hã? Vinte e quatro, não é? Já que a torre do relógio no castelo estava proibida, tudo que eu tinha era o som de sinos sinalizando a hora.

Pensando bem, eu também não tinha visto nenhum relógio na Cidade de Seiryuu. E não me lembrava de ter encontrado nenhum quando ficamos no castelo.

— Entendi. Então você não sabe quanto tempo dura uma hora aqui, certo?

— Hmm, bem, parece que é a mesma coisa para mim… Por que, você acha que não é?

Eu concordei com a cabeça, devagar.

— Sim, uma das minhas habilidades únicas me permite determinar que horas são aqui. Quando o comparei com o relógio do celular que trouxe, a duração de um minuto era a mesma, mas…

Eu parei por um momento, então expliquei minha recente descoberta para Arisa.

— Acho que uma hora são setenta minutos.

Eu não tinha percebido antes, até que vi com meus próprios olhos quando a exibição dos minutos do relógio mudou para :60. Enquanto eu observava, continuou até :69, depois voltou para :00, então não havia outra explicação.

E se cada hora durasse setenta minutos, então cada dia seria vinte e oito horas.

— Sério? Eu pensei que como um ano são trezentos dias aqui, as coisas seriam diferentes do outro mundo, mas talvez seja quase o mesmo?

Um ano é trezentos dias? Isso é novidade para mim.

Como um mês era trinta dias, cada ano teria dez meses. Convertido para o tempo de vinte e quatro horas, seria trezentos e cinquenta dias, uma diferença de cerca de 4%. Então, ao longo de um século, haveria um desvio de cerca de quatro anos.

Eu compartilhei os resultados da minha aritmética mental com a Arisa.

Ainda assim, eu teria esperado que uma mudança de quatro horas na duração de um dia me afetasse fisicamente, mas eu não me sentia mal desde que cheguei.

Realmente, em comparação com a restauração do meu eu de quinze anos, uma pequena mudança na saúde dificilmente seria um pontinho no radar.

Tudo bem. Minha descoberta me distraiu, mas era hora de voltar ao mapa e descobrir o quão longe estávamos do próximo acampamento.

Nossas pausas devem ter sido muito longas, ou talvez minha estimativa inicial foi ingênua. Nesse ritmo, o sol se poria bem antes de chegarmos ao nosso destino.

Seria difícil armar acampamento na escuridão total. Decidi procurar um local diferente.

De acordo com o livro Conselhos sobre Acampamento que comprei na Cidade de Seiryuu, acender uma fogueira em uma área altamente visível poderia atrair monstros do tipo inseto, então optei por acampar nas sombras de uma pequena floresta ao longo do caminho.

O local seria completamente visível das colinas próximas, mas os únicos monstros naquela direção estavam extremamente distantes. Decidi que eles não deveriam representar nenhum problema.

Eu tinha comprado algo chamado “pó repelente de monstros”, mas queria respeitar a sabedoria de meus predecessores apenas no caso.

Informei Liza sobre a mudança de plano. Como não tínhamos um mapa, o melhor que pude dizer a ela foi: “Faremos acampamento perto da floresta naquela colina”.

Eu tinha o mapa que Nadi do Armazém havia desenhado para nós, mas era um esboço e não seria de muita utilidade neste caso.

Certamente teria sido mais fácil se eu explicasse minhas habilidades únicas para ela, mas eu estava tentando manter o Menu, especialmente os sistemas de Mapa e Armazenamento, em segredo.

Entre isso, a enorme quantidade de tesouros que eu tinha no Armazenamento, e o fato de eu estar no nível 310 com uma tonelada de habilidades, eram muitos segredos. Na verdade, provavelmente retive mais informações do que compartilhei.

Não que eu não confiasse em todas, era uma questão de segurança. Se elas não soubessem, havia pouco risco de deixar algo escapar ou fazer comentários que poderiam permitir que outras pessoas adivinhassem.

Não, era minha política semear o mínimo de problemas possível para o meu passeio turístico seguro e despreocupado.

Então, para reduzir o risco de plantar sementes perigosas, mantive meu nível e minhas habilidades em segredo. No máximo, eu daria apenas explicações vagas como: “Na verdade, sou um nível muito alto”, “Sou bom em detectar inimigos” ou “Sou um pau para toda obra”.

Eventualmente, uma vez que todas estivessem fortes o suficiente para se proteger ou ganhássemos alguns apoiadores poderosos, contaria as coisas, em parte.

 


 

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