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Lorde dos Mistérios – Vol. 02 – Cap. 247 – A História Completa

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A figura no espelho era nítida, mas era como se a mulher de vestido preto vitoriano nunca tivesse aparecido.

Klein ativou secretamente sua Visão Espiritual, mas não encontrou nada.

Acabei de contratar uma fantasma como guarda-costas? Ela é ainda mais estranha do que um fantasma… No mínimo, é possível ver fantasmas com Visão Espiritual… — Klein pegou pensativamente o apito de cobre de Azik em seu bolso, sentindo nada além de um toque frio. Assim como antes, o apito não teve nenhuma outra alteração.

Ela não foi afetada pelo apito de cobre… Parece que não é uma criatura morta-viva… No entanto, não posso ter certeza. No passado, o apito de cobre foi enterrado comigo, mas os cadáveres ao meu redor não agiram de forma anormal… Será porque os enterrados no cemitério foram mandados para o além pelos padres e bispos? Quando funciona e quando não…? Quando esse negócio com o embaixador terminar, e se eu ainda estiver vivo, irei ao cemitério e tentarei descobrir a extensão de seu efeito e seus limites. Nem sempre vou conseguir carregar uma bomba-relógio como esta… — Klein lavou o rosto e saiu do banheiro.

Assim que pegou o jornal na sala e estava decidindo se o leria ali mesmo ou no quarto, Klein ouviu a campainha tocar.

A mente de Klein ficou tensa quando ouviu os sons de tilintar. Ele vestiu o casaco, com todos os tipos de materiais escondidos em si, e caminhou cautelosamente em direção à porta.

Ele sabia claramente que o perigo se aproximaria nos próximos dias!

Depois de ficar atrás da porta e esperar por um momento, a cena lá fora naturalmente veio à tona na mente de Klein.

A lua carmesim era vagamente discernível no céu. As elegantes lâmpadas a gás em ambos os lados da rua iluminavam a estrada molhada. Um menino vestindo um casaco velho estava ali, seus olhos vermelhos brilhantes eram profundos e estavam perdidos em pensamentos.

Ian Wright? Por que ele apareceu? Não é isso que vi em minha divinação do sonho? É este o prelúdio do perigo? — Klein abriu a porta e cautelosamente deu dois passos para trás.

— Detetive Moriarty — Ian tirou sua cartola marrom, fez uma reverência e disse em voz baixa:

— Vim me desculpar. Sinto muito por ter te envolvido em um assunto tão perigoso.

Klein franziu as sobrancelhas e sondou o assunto:

— O que você deveria ter feito é ido para a delegacia.

Ian olhou em volta e baixou a cabeça.

— Acabei de sair do MI9.

Hmm? É esse o nome do departamento militar especial? — Klein deu um passo para o lado, apontou para a sala e disse:

— Talvez possamos conversar um pouco.

Tenho que saber pelo menos o que me colocou nesta situação… — Ele suspirou interiormente.

Ian não fez cerimônia enquanto seguia Klein sala de estar adentro e se sentava no mesmo lugar da última vez.

Ele estava prestes a abrir a boca quando Klein de repente acrescentou:

— Se o que você planeja dizer vai me colocar em maior perigo, não há necessidade de me contar a respeito.

— Não, logo tudo vai terminar. — Ian tinha uma calma que ultrapassava sua idade.

Klein ficou aliviado e perguntou por curiosidade:

— Então, o que aconteceu exatamente?

Antes que pudesse terminar a frase, ele viu uma figura emergir das vidraças da janela do outro lado da sala: um vestido preto estilo vitoriano, cabelo comprido preso em um coque, olhos azuis, traços delicados e um rosto pálido. Foi a mulher que antes havia cumprimentado Klein no espelho.

Esta mulher pareceu encontrar uma cadeira de encosto alto ilusória antes de sentar-se. A palma da mão esquerda apoiava o cotovelo direito enquanto a mão direita apoiava o rosto, fingindo ouvir com atenção enquanto parecia inexpressiva.

Por um momento, Klein ficou perdido.

Ian, que ficou em silêncio por alguns segundos, disse suavemente:

— Na verdade, o Detetive Zreal é um espião do Império Feysac. Ele adotou vários filhos errantes e os ensinou como reunir informações. Eu sou um deles.

Então era isso… Eu estava envolvido em uma grande conspiração de espiões… — Klein de repente se sentiu esclarecido.

Ian olhou para a mesa de centro e continuou:

— Temos a vantagem da idade e muitas vezes somos ignorados pelos outros, o que nos permite reunir muitas informações úteis. Duas semanas atrás, me deparei com pistas sobre o manuscrito de Helmosuin.

— Helmosuin? — Klein achou o nome familiar.

Ian olhou para ele e explicou:

— Turani von Helmosuin, o maior cientista depois do Imperador Roselle, um matemático, um mecanicista e o pai da máquina de cálculo de segunda geração.

Então é ele! — Klein de repente se lembrou da informação relevante.

Ele não era apenas um grande cientista, mas também um cientista maluco, mas acreditava que a falha inerente à existência dos humanos só poderia ser consertada por meio de máquinas e adorava comer açúcar como se fosse sua própria fonte de energia. Ele desapareceu misteriosamente enquanto pesquisava uma máquina de cálculo de terceira geração e era uma figura importante que todos os países estavam tentando encontrar.

— Seu manuscrito? O manuscrito envolve máquinas de cálculo de terceira geração? — Klein perguntou, sondando o assunto.

Uma máquina de cálculo era um dispositivo mecânico de computação. Poderia efetivamente melhorar a eficiência da pesquisa científica e de vários projetos. Na opinião de Klein, era um computador alternativo na Era do Vapor. Claro, ele só conseguia fazer cálculos no momento.

Ian balançou a cabeça.

— Não tenho certeza. Na verdade não vi o manuscrito. Talvez ele tivesse algumas ideias relacionadas ao assunto.

Ele parou por um momento, então começou a contar o que havia acontecido.

— Detetive Zreal ficou muito feliz quando relatei isso, ele me disse para seguir essa pista enquanto ele iria imediatamente relatar a seu superior.

— Levei algum tempo para determinar onde o manuscrito estava, mas estava com medo do perigo, então não o roubei diretamente. Decidi voltar para o Detetive Zreal, e depois disso, foi como eu disse a vocês. A casa do detetive Zreal foi infiltrada enquanto muitas das pequenas armadilhas não foram restauradas, e ele não respondeu ao meu pedido de contato. A gangue Zmanger tentou me capturar…

— Com sua ajuda, confirmei a morte do Detetive Zreal. Tirei um dente falso de seu cadáver. Oh, isso aconteceu depois que nos separamos.

— Detetive Zreal me disse que, inscrito no interior do dente falso, havia um método para entrar em contato com urgência com seu superior. Era um método que nem ele mesmo conhecia, e era algo que ele só faria se um acidente ocorresse.

Klein assentiu levemente e disse:

— Então, você enviou um telegrama?

Uma rara expressão de surpresa apareceu no rosto de Ian quando ele perguntou:

— O pessoal do MI9 lhe disse isso?

— Não, por acaso um amigo meu o viu na rua Bacardi. — Klein inventou uma desculpa.

— Entendi. — Ian acenou com a cabeça, triste. — Entrei em contato com o superior do detetive Zreal em Backlund por telegrama e combinei a hora, o local e a forma de reunião, mas logo fui encontrado pela gangue Zmanger. Não, para ser exato, era um oficial de inteligência da República Intis. Foi isso que o pessoal do MI9 me disse.

— Felizmente, o MI9 chegou a tempo e os dois lados se envolveram em uma batalha caótica. Então aproveitei para fugir.

— No entanto, quando me encontrei com o superior do Detetive Zreal esta tarde, fui mais uma vez emboscado pelos oficiais de inteligência Intis. Infelizmente, fui pego por eles e estava com muito medo de morrer, então contei tudo o que sabia. No entanto, eles não cumpriram sua promessa e ainda quiseram me matar. Naquele momento, o MI9 finalmente me encontrou.

É apenas nessas horas que você parece um adolescente de quinze ou dezesseis anos… — No momento que Klein estava pensando sobre isso, de repente ele pensou em um problema com o que Ian havia acabado de dizer.

Quando ele descobriu que algo importante havia sido deixado para trás no cadáver de Zreal e que Ian o havia removido com sucesso, ele descartou o assunto, pensando que o Beyonder de Intis não tinha habilidade ou que tinha deixado alguma coisa passar porque a mediunidade forneceu poucas informações úteis.

No entanto, depois de confirmar que o embaixador tinha um Beyonder de Sequência intermediária do caminho Vidente, a situação tornou-se extremamente peculiar. Com mediunidade poderosa, era impossível que o dente falso não fosse descoberto.

Deixar o corpo em um lugar tão remoto e difícil de encontrar não parecia uma armadilha.

Combinada com a descrição de Ian, a resposta era óbvia.

Klein assentiu e disse:

— Você já pensou na possibilidade de o superior de Zreal ter traidores ao seu redor, um traidor que desertou para os serviços de inteligência de Intis?

— É também por isso que Zreal foi exposto e morto quando obteve a pista para o manuscrito, e também porque você foi emboscado.

Era porque o embaixador de Intis tinha informações sobre o superior de Zreal, por isso ele não prestou muita atenção ao método de comunicação urgente inscrito no interior do dente!

O relatório de Zreal a seu superior o levou diretamente à sua morte!

Ian caiu em transe quando ouviu isso. Demorou um pouco antes de cerrar os punhos de raiva, tentando arduamente se recompor enquanto dizia:

— Não pensei nisso. Você realmente é um excelente detetive…

Ele silenciosamente deixou escapar um suspiro e mudou de assunto.

— Divulguei o paradeiro do manuscrito ao MI9 e tudo mais. Eles também mencionaram sua situação de passagem. Heh, eles não suspeitaram que eu estivesse mentindo, nem enviaram ninguém para me vigiar. Todos foram disputar o manuscrito. No entanto, com esse tipo de pressão, ninguém pode mentir.

Tendo dito isso, Ian se levantou e fez uma reverência profunda.

— Por favor, permita-me pedir desculpas.

— Peço desculpas por tê-lo envolvido nisso.

Tendo compreendido toda a situação, Klein sorriu e disse:

— Não, o principal problema em tudo isso foi porque cometi um erro que me fez acabar em minha situação atual.

Enquanto ouvia, ele usou a descrição de Ian de toda a situação e suas reflexões dos últimos dias e confirmou que havia cometido dois erros.

Aceitei o pedido mesmo depois de descobrir que o assunto de Ian era mais profundo do que parecia. Isso não era problema, pois eu achava que se tratava apenas de gangues, e haveria, no máximo, um ou dois Beyonders que não ousariam se expor. Mas a divinação não teve informações suficientes e terminou em falha… Isso estava dentro dos limites do que eu poderia resolver sozinho e, normalmente, não haveria nenhum problema. Eu poderia até aproveitar a oportunidade para entrar em contato com os Beyonders de Backlund.

Depois de encontrar o cadáver de Zreal e confirmar que o assunto era muito mais profundo do que parecia, eu deveria ter considerado a sensibilidade da minha identidade e me desvencilhado decisivamente desse caso. Eu deveria ter deixado o próprio Ian lidar com os assuntos subsequentes. Isso não seria problemático e seria uma escolha bastante cuidadosa.

Um dos erros que cometi foi não vacilar ou revelar nada sobre Ian quando Mersault veio até mim. Só pensei que ele fosse de uma gangue e que houvesse alguns Beyonders por trás dessa gangue. Quem poderia imaginar que envolveria uma figura como o embaixador de Intis; além disso, nunca esperei que Mersault fosse tão precipitado. Depois de falhar em sua missão, ele não me ameaçou, me intimidou nem prosseguiu com outras opções. Em vez disso, ele veio direto com a intenção de me matar para que a mediunidade pudesse ser realizada. Ele nem mesmo me deu a chance de me arrepender da minha decisão. Como resultado, minha situação piorou.

Portanto, este não é um erro muito subjetivo ou muito sério.

O único erro que realmente me fez ficar em uma situação tão passiva foi um pequeno erro que cometi desde o início. Aluguei a casa e aceitei a missão como Sherlock Moriarty sem usar um disfarce!

Isso fez com que eu não conseguisse fugir depois que minha identidade como Beyonder foi exposta ao embaixador. Mesmo agindo horrorizado e frenético, fazendo o MI9 e o departamento de polícia acreditarem que minha fuga seria apenas normal, não ousei fugir. Eu temia que, quando o embaixador não conseguisse encontrar um alvo para vingança, ele informaria as autoridades sobre mim. E de acordo com minha experiência como Falcão Noturno, a maioria dos executores oficiais como Falcões Noturnos, Consciência Coletiva das Máquinas e Punidores a Mandato nutrem animosidade contra Beyonders descontrolados. Eles definitivamente não iriam me ignorar só porque eu sou um Beyonder de baixa Sequência, e iriam iniciar uma investigação.

Com o tempo, minha aparência será uma evidência clara. Serei então perseguido por Beyonders de Alta Sequência da Igreja da Deusa porque ressuscitei apesar de ter me envolvido com um Artefato Selado de Grau 0.

Não há chance de tais assuntos serem repentinamente esquecidos ou desconsiderados pelos outros. Eu tinha que planejar o pior cenário possível com antecedência e, se eu apenas reagisse quando o embaixador agisse, definitivamente seria tarde demais. Seja um assassinato, encontrar um guarda-costas ou comprar itens, tudo isso exigiria tempo.

Somente se o embaixador e seu assistente morressem ou se a atenção fosse desviada para a investigação de sua morte, poderia resolver esse perigo latente. Seu assistente não tem status oficial, então não pode interagir com os oficiais. Para um mero Sequência 9 ou Sequência 8, na melhor das hipóteses, alguém cujo paradeiro é desconhecido, não há razão para se dar ao trabalho de me denunciar.

Claro, sua morte é o melhor desfecho, então nesse caso não haveria nenhum perigo latente.

Comparado a encontrar o Sr. Azik para obter ajuda ou ter a atenção voltada para mim por causa do 0-08 novamente, além de ser perseguido por Beyonders de Alta Sequência, assassinar o embaixador é a escolha relativamente mais simples… Mesmo que falhe, só posso suportar um dos dois resultados…

Ai ai… tudo se originou de um pequeno descuido no início. Eu simplesmente imaginei que em uma metrópole com mais de 5 milhões de pessoas com poucas pessoas me conhecendo, e enquanto eu evitava deliberadamente os Falcões Noturnos, não havia necessidade de me disfarçar todos os dias, já que seria mais fácil para os outros perceberem algo de errado. Ainda assim, por um erro tão pequeno, eu teria que pagar mais de 10.000 libras de ouro como o preço, sem ter qualquer garantia de resolvê-lo…

Eu realmente sou como um Palhaço, com um erro desencadeando uma reação em cadeia, apenas para resultar em uma tentativa desesperada de me equilibrar para agradar o público…

Tudo isso por causa da minha falta de experiência. É a primeira vez em minhas duas vidas combinadas que sou um fugitivo.

Depois que esse assunto for completamente resolvido, expor minha identidade como um Beyonder não seria mais tão perigoso. Eles apenas pensariam que eu obtive uma poção enquanto encontrava um guarda-costas e não duvidariam de minhas origens. Claro, vou ter que me acostumar a usar óculos e bigode no futuro, para que as pessoas ao meu redor se acostumem gradualmente com minha nova imagem. No futuro, quando me perguntarem sobre mim, vão pensar apenas nesta nova imagem.

Tendo refletido sobre todo o assunto, a risada de Klein tornou-se mais pronunciada, fazendo Ian se sentir desconfortável.

— É hora de eu ir embora. Vou precisar desaparecer um pouco; caso contrário, posso acabar na prisão. — Ian colocou o chapéu, despediu-se e saiu.

Klein não o impediu, observando-o desaparecer sob o luar carmesim, enquanto a mulher perto da janela desapareceu sem que ele percebesse.

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: MoriSan

 

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