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Lorde dos Mistérios – Vol. 02 – Cap. 225 – Orientação Imperceptível

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Klein recuou da bifurcação, sem tocar no cadáver de Zreal.

Tum! Tum! Tum!

De repente, um som ecoou à distância através do esgoto vazio.

Klein ouviu por alguns segundos antes de recuar decisivamente em direção à saída, pelo caminho sujo de concreto que corria ao longo dos dois lados do canal de esgoto.

Não havia necessidade de correr riscos em assuntos que não o envolviam.

Klein saiu do esgoto e fechou a tampa de ferro do bueiro. Depois de garantir que a área parecesse normal, ele retornou ao seu quarto alugado no burgo Leste e mudou de disfarce.

Depois, ele colocou os óculos de aro de ouro, caminhou para outra rua, pegou uma carruagem de aluguel e voltou ao burgo Cherwood em silêncio, no frio das três da manhã. No entanto, ele não retornou à rua Minsk.

Então, Klein fez outro grande desvio e, somente depois de confirmar que ninguém o seguia, ele entrou em sua casa. Ele dormiu até o amanhecer e foi acordado pela campainha.

Ele se sentou imediatamente, vestiu a camisa, abotoou o colete e correu para o primeiro andar para abrir a porta.

E mesmo antes disso, sua habilidade de premonição de Palhaço já era capaz de formar naturalmente a imagem do visitante em sua mente.

O visitante usava um casaco velho, um chapéu redondo marrom e uma mochila esfarrapada. Ele tinha olhos vermelhos brilhantes, um rosto delicado e um temperamento silencioso. Não era outro senão Ian, o adolescente que ontem mesmo havia confiado a ele um trabalho.

— Bom dia, detetive Moriarty — Ian o cumprimentou e olhou em volta. — Algum progresso? Só estou perguntando porque estava passando pelas proximidades.

Klein assentiu seriamente e disse:

— Sim.

— … — Ian pareceu chocado, ele não disse nem uma palavra por um bom tempo.

Depois de um tempo, ele gaguejou, surpreso:

— Você determinou a condição do Sr. Zreal?

— Sim. — Klein parou por um momento e depois disse seriamente:

— Encontrei o cadáver de Zreal.

— Cadáver… — As pupilas de Ian encolheram e ele repetiu em um tom baixo.

Ele não estava muito surpreso, como se já tivesse esperado o pior resultado possível.

Klein assistiu em silêncio, sem interferir.

— Ai ai… — Ian exalou e examinou cautelosamente os arredores. — Sua eficiência é incrível. Pode me levar para ver o corpo do Sr. Zreal?

— Sem problema. Na verdade, era isso que planejava fazer. — Klein pensou por um momento antes de dizer:

— Espero que você não me mencione quando ligar para a polícia. Apenas diga que você mesmo encontrou o cadáver. Eu acredito que você sabe como inventar um motivo.

Ian não ficou surpreso; ele sabia que nem todo detetive gostava de lidar com a polícia. De fato, exceto pelos detetives muito famosos, que muitas vezes davam conselhos à polícia em cooperação mútua, os demais eram discriminados, excluídos e até extorquidos.

Essa era a situação atual do Reino Loen.

— Tudo bem — Ian concordou prontamente.

Levando em consideração que eles estavam entrando no esgoto, Klein vestiu um conjunto de roupas usadas pela classe trabalhadora comum, um boné de caça e levou também uma lanterna.

Os dois então pegaram uma carruagem pública para o burgo Leste. Eles caminharam por meia hora para chegar até a remota entrada do esgoto sob olhares atentos, cheios de torpor e intenções maliciosas.

— Como você o encontrou? — Ian perguntou, meio surpreso e curioso, enquanto observava Klein levantar a tampa do bueiro e descer.

Klein concentrou-se na área abaixo e respondeu casualmente:

— Muito treinamento, que inclui muitas técnicas de raciocínio, investigação, rastreamento e interrogação.

Ian o seguiu pelo esgoto. Ele assentiu sem parecer enojado.

— …

— Você parece ter recebido um treinamento bastante profissional.

Klein não respondeu. Ele segurou a lanterna já acesa e levou Ian até a bifurcação no caminho e eles chegaram ao canto sombrio.

Ele cerrou os olhos enquanto se aproximava. Mais do corpo de Zreal estava faltando quando comparado à noite anterior; estava faltando um braço e metade das costelas.

Isso não é algo que um rato possa fazer… — Klein murmurou para si mesmo, mas não informou Ian.

Com a ajuda da luz da lanterna, Ian conseguiu ver claramente a aparência do cadáver.

Ele agachou de repente e vomitou, gradualmente vomitando bile verde-amarela. Klein pegou o óleo de Quelaag que havia preparado, tirou a tampa e se inclinou para colocar a boca da garrafa perto do nariz de Ian.

Os olhos de Ian se iluminaram quando ele se acalmou.

Quase vinte segundos depois, ele sussurrou fracamente:

— Obrigado…

Ele se levantou devagar e examinou o cadáver mutilado mais algumas vezes.

— Posso confirmar que este é realmente o detetive Zrell.

— Minhas condolências — respondeu Klein por educação. — Eu sugiro que você chame a polícia.

— OK. — Ian assentiu fracamente enquanto seguia Klein de volta à superfície.

Nesse momento, Klein bateu as mãos.

— Este é o fim da minha missão. Quanto ao que deve ser feito depois disso, é com você.

Ian ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu ainda te devo três favores. Você pode me dizer agora.

— Na verdade, só consigo pensar em um no momento — respondeu Klein com franqueza. — Quero saber onde posso conseguir uma arma e munições, sem precisar de um porte de arma.

Ian falou, quase sem pensar:

— Vá ao Bar Coração Valente, na rua Portão de ferro, no distrito da Ponte Backlund, e procure por Kaspars Kalinin. Diga a ele que o “Velhote” te enviou.

— Tudo bem, cuidaremos sobre os outros dois favores no futuro. Tenho a sensação de que nos encontraremos novamente. — Klein propositalmente assentiu de maneira casual.

Ian olhou para ele, mas não disse nada.

Os dois se separaram e seguiram por ruas diferentes no bairro Leste. O local isolado mais uma vez recuperou seu silêncio.

Depois de caminhar um pouco, Klein de repente se virou e refez seus passos. Ele então se escondeu em um canto isolado, espiando a entrada do esgoto.

Depois de esperar por dois ou três minutos, ele viu Ian retornar silenciosamente enquanto olhava em volta cautelosamente.

Klein desviou o olhar na hora certa, encostou as costas na parede e ficou atento.

Ele ouviu o rangido da tampa do bueiro sendo removida, e em seguida ouviu alguém descendo.

Espiando cuidadosamente, Klein descobriu que Ian havia entrado novamente nos esgotos.

Havia uma pista ou algo parecido no corpo de Zreal? Realmente, esse assunto é mais profundo do que parece… — Ele assentiu, pensativo.

Tendo satisfeito sua curiosidade, Klein decidiu sair de verdade e procurar Kaspars daqui a dois dias.

Na hora do chá, visconde Glaint estava em sua casa, no burgo Imperatriz.

A porta do escritório estava fechada, separando as quatro pessoas dentro dos convidados do outro lado.

— Xio, Fors, essa é a recompensa que vocês duas merecem. — Usando um vestido de renda amarelo pálido, Audrey empurrou um envelope volumoso sobre a mesa para as duas damas sentadas à sua frente.

Xio queria dizer algo educado, mas sua mão alcançou o envelope mais rápido que a boca. Sentindo o peso do dinheiro, ela só conseguiu dizer sinceramente:

— Senhorita Audrey, obrigada por sua generosidade. Sua honestidade a faz parecer ainda mais bonita.

Enquanto falava, ela desamarrou o fino fio ao redor do envelope e viu as notas dentro.

Era um papel-moeda cinza uniforme com listras pretas. A pilha era grossa e exalava um cheiro especial de tinta, que dava uma sensação refrescante.

— Dez libras… — Xio tirou uma nota e verificou seu valor. Ao seu lado, Fors, que parecia preguiçosa e sem se importar com dinheiro, também se inclinou para ver.

É pelo menos… — Observando a espessura, Xio tentou descobrir quantas notas havia.

Ela não pôde deixar de trocar olhares com Fors, vendo a surpresa nos olhos uma da outra.

Obviamente, era muito mais do que imaginavam!

Audrey sorriu fracamente e disse:

— Um total de oitocentas libras. Decidam como dividir o dinheiro entre vocês duas.

— Sinto muito que este assunto tenha as colocado em perigo.

Oitocentas libras… Não, não precisa se desculpar. Mesmo se tivéssemos que fazer isso novamente e soubéssemos das possíveis consequências, eu ainda aceitaria o pedido… Mesmo se dividir igualmente, com minhas economias, isso é o bastante comprar a fórmula da poção de Xerife… — Xio, que tinha um pouco mais de 1,50m, olhou fixamente para as notas no envelope, desejando poder puxá-las todas e contá-las repetidamente.

Ela acreditava que a generosa e bela senhorita Audrey não pagaria menos, mas e se ela tivesse cometido um erro contando?

Todo mundo comete erros de vez em quando! — Xio levantou a mão direita, parou por alguns segundos e depois a abaixou silenciosamente.

Os cantos dos lábios de Fors não podiam deixar de se levantar e ela disse melancolicamente:

— Isso é ainda mais do que recebi em royalties até agora pela minha “Vila Montanha Tempestuosa”…

Devo elogiar a senhorita Audrey ou rir da pobreza de um autor? — Ela acrescentou silenciosamente.

Visconde Glaint, que estava sentado no sofá, também sentiu um pouco de inveja, mas não era dirigida a Xio ou Fors. Como um visconde com uma situação financeira bastante boa, 800 libras não era uma quantia grande.

O que ele invejava era a capacidade de Audrey de distribuir dinheiro sem sentir o menor fardo.

Ahem… — O visconde Glaint pigarreou e depois disse:

— Se puderem obter a fórmula de Boticário, também lhes darei um pagamento substancial.

— Faremos o nosso melhor! — Xio respondeu sem qualquer hesitação. Então, ela olhou para Audrey. — Recentemente, entramos em contato com alguém que é suspeito de ser dos Alquimistas da Psicologia, e em breve teremos pistas sobre a poção Espectador que você está procurando.

Xio, eu já estou na sequência 8; muito mais forte que você… — Audrey sorriu de maneira reservada enquanto dizia:

— Estou ansiosa por isso.

Com isso dito, os quatro começaram a conversar sobre vários rumores entre os círculos Beyonder, enquanto seguiam o exemplo de Audrey de encontrar livros que desejavam ler.

De repente, os olhos de Xio se iluminaram quando ela viu dois livros de capa dura.

“História da Aristocracia do Reino Loen” e “Estudo de Brasões”.

Enquanto isso, Fors também encontrou livros que a interessavam.

“Geografia e Povo do Império Feysac” e “Viajando pelo Continente Norte”.

— Honorável visconde Glaint, posso pegar esses dois livros emprestados? Prometo devolvê-los em breve. — Xio olhou com um olhar suplicante para o dono do escritório.

Glaint assentiu sem se importar muito.

— Sem problema.

Com sua resposta, Fors rapidamente fez um pedido e obteve sua aprovação da mesma forma.

Os cantos da boca de Audrey se curvaram em um sorriso fraco enquanto ela testemunhava tudo isso. Ela olhou modestamente para o lado, fingindo estar procurando um livro.

Como uma Espectadora qualificada que havia acabado de avançar, ela compreendeu com precisão as preferências de Xio e Fors em certos domínios, depois de entrar em contato com elas várias vezes. Assim, ela havia preparado com antecedência sem que ninguém percebesse.

Guiar alguém parecendo que foi algo feito por vontade própria era uma manifestação dos poderes de um Espectador.

À noite, Xio estava encolhida no sofá em frente à lareira, lendo História da Aristocracia do Reino Loen sob a iluminação da lâmpada a gás. Fors tinha ido a uma reunião destinada a autores.

Depois de ler por um bom tempo, Xio de repente sentiu algo estranho de capa dura do livro, então a examinou cuidadosamente e encontrou uma camada onde um pedaço de papel antigo estava escondido.

A parte da frente do papel estava coberta com símbolos especiais criados pelo Imperador Roselle, e no verso havia um parágrafo escrito em antigo Hermes.

— Os ancestrais do visconde Glaint decifraram alguns dos símbolos especiais do Imperador Roselle? — Xio ficou subitamente empolgada.

Ela se esforçou para decifrar o antigo Hermes enquanto murmurava silenciosamente.

— O Louco que não pertence a esta época.

— O misterioso governante acima do nevoeiro cinza.

— O Rei do Céu e da Terra que brande a boa sorte.

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: MoriSan

 

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