Às sete e meia da noite, ao redor da mesa de jantar da família Moretti.
— Klein, por que você precisa estar no trabalho tão cedo como um consultor? As situações de emergência na empresa de segurança são perigosas? — Benson pegou uma batata de um prato de carne ensopada com batata enquanto perguntava preocupado.
Klein cuspiu cuidadosamente as espinhas de um peixe frito e deu sua resposta preparada.
— Um lote de documentos históricos precisava ser enviado imediatamente para Backlund. Eu tinha que estar presente para lidar com a entrega e ter certeza de que não havia nada faltando. Como pode imaginar, o bando de brutos miseráveis não sabem nada de Feysac.
Ao ouvir sua resposta, Benson, que havia terminado de mastigar sua comida, não pôde deixar de suspirar.
— Conhecimento é realmente importante.
Aproveitando essa oportunidade, Klein pegou a nota restante de cinco libras e a entregou a Benson.
— Este é o pagamento adicional que recebi hoje. Está na hora de você também comprar roupas decentes.
— Cinco libras? — disseram Benson e a Melissa juntos.
Benson pegou a nota e olhou para ela repetidamente. Ele disse em choque e dúvida:
— Esta empresa de segurança com certeza é generosa…
Seu salário semanal era de uma libra e dez soli, o que somava seis libras a cada quatro semanas. Ele só ganhava uma libra a mais que esse pagamento adicional!
E com esse salário, ele conseguiu sustentar seus irmãos, dando-lhes um lugar decente para morar e permitindo que comessem carne duas a três vezes por semana. Todo ano eles poderiam comprar algumas roupas novas!
— Está duvidando de mim? — respondeu Klein intencionalmente com uma pergunta.
Benson riu.
— Eu duvido que você tenha a habilidade e a coragem de roubar um banco.
— Você não é bom em mentir — respondeu Melissa seriamente depois de baixar o garfo e a faca.
Agora eu sou alguém acostumado a mentir… — Klein imediatamente se sentiu um pouco envergonhado.
Embora fosse resultado das circunstâncias de sua realidade, a crença de sua irmã nele o deixou melancólico.
— Foi relativamente urgente e importante hoje. Também desempenhei um papel crucial… por isso as cinco libras — explicou Klein.
De certa forma, o que ele disse era verdade.
Quanto às cinco libras com que seria reembolsado – as que usou para se juntar ao Clube de Divinação – ele planejou não contar. Em primeiro lugar, se trouxesse cinco libras para casa novamente, ele realmente assustaria seus irmãos, fazendo-os suspeitar que ele estava fazendo algo ilegal. Em segundo lugar, tinha que economizar para comprar materiais adicionais para praticar ser um Vidente e compreender mais sobre o conhecimento de misticismo.
Benson mordeu o pão de trigo com satisfação e pensou por mais de dez segundos.
— O trabalho em que estou não precisa de roupas decentes. Bem, para ser preciso, as roupas que tenho em casa são suficientes.
Sem esperar que Klein o persuadisse, ele sugeriu:
— Com essa renda adicional, teríamos uma poupança de verdade. Estou pensando em comprar alguns livros sobre contabilidade e estudar. Klein, Melissa, não quero que meu salário semanal permaneça abaixo de duas libras em cinco anos. Heh, como vocês sabem, meu chefe e gerente tem merda na cabeça. Suas bocas fedem no momento em que as abrem.
— Excelente ideia — concordou Klein. Ele também aproveitou a oportunidade para orientar a conversa. — Por que você não lê alguns dos livros de gramática no meu quarto? Para ser verdadeiramente digno e ganhar um bom salário, isso é algo bastante importante.
Talvez no futuro, exames para funcionários públicos surjam no reino Loen. Preparar-se antes do tempo lhe daria a vantagem…
Os olhos de Benson se iluminaram quando ele ouviu isso.
— Eu realmente me esqueci disso. Vamos brindar a um belo futuro.
Ele não bebeu cerveja de centeio. Em vez disso, colocou a sopa de ostras em três xícaras e tilintou a xícara com as de seus irmãos.
Depois de beber a sopa clara, ele olhou para sua irmã que estava lutando com o peixe frito. Ele riu e disse:
— Além dos livros de Benson, acho que Melissa também precisa de um vestido novo.
Melissa olhou para cima e balançou a cabeça incessantemente.
— Não, eu acho que é melhor…
— Economizar — Klein terminou a frase para ela.
— Sim — concordou Melissa.
— Na verdade, se você não procurar os melhores tecidos e os mais novos modelos, não seria muito caro. Podemos guardar o dinheiro restante — disse Klein de uma maneira que não a permitia discordar.
Benson acrescentou:
— Melissa, você está planejando usar o vestido velho de novo para a festa de aniversário de 16 anos da Selena?
Selena Wood era colega de classe e boa amiga de Melissa. Ela tinha uma boa família. Seu irmão mais velho era um procurador praticante e seu pai um funcionário sênior da filial de Tingen do Banco Backlund.
No entanto, a festa era apenas um convite para um jantar para os amigos, onde eles conversavam e jogavam cartas.
— Tudo bem. — Melissa baixou a cabeça e murmurou uma resposta. Então, ela impiedosamente garfou um pedaço de carne cozida.
Depois de um breve silêncio, ela de repente lembrou de algo e olhou para cima de repente.
— Sra. Shaud, nossa vizinha, pediu que sua criada nos entregasse uma carta. Ela deseja fazer uma visita formal amanhã, domingo, às quatro da tarde. Ela quer conhecer seus novos vizinhos.
— Sra. Shaud? — Klein olhou para os irmãos, confuso.
Benson bateu na lateral da mesa com os dedos e pareceu estar pensando.
— Sra. Shaud do número 4? Eu conheci seu marido antes. É um procurador sênior.
— Procurador sênior… talvez conheça o irmão da Selena — disse Melissa com tom de prazer.
Estamos na rua Narciso número 2… — Klein acenou com a cabeça ligeiramente.
— É imperativo conhecermos os nossos vizinhos, mas como sabem, ainda tenho de estar na empresa no domingo. Só tenho folga na segunda-feira. Por favor, passe minhas desculpas para a Sra. Shaud.
Com isso dito, ele de repente lembrou os vizinhos de sua antiga vida quando era jovem, bem como os vizinhos no apartamento da rua Cruz de Ferro. Ele recordou e suspirou levemente.
— Ter visitas formais… Os vizinhos não deveriam se conhecer através de interações naturais?
— Haha, Klein, isso é porque você não sabe. Você leu muitos jornais recentemente, mas não abordou as revistas dirigidas a famílias e mulheres de meia-idade. Eles colocaram famílias com uma renda anual de cem a mil libras como classe média. Promoveram isso como a estrutura de todo o reino e elogiaram como a classe média não tem a arrogância dos aristocratas e dos ricos, nem são tão grosseiros quanto a classe de baixa renda.
Benson explicou de forma leviana e feliz:
— Essas revistas transmitem muitas cerimônias simplificadas que os aristocratas praticam em suas interações. Como tal, torna-se um alvo da classe média. Isso resulta nas diferenças entre visitas íntimas, semi-formais, e formais.
Enquanto falava, ele balançou a cabeça e riu.
Normalmente, cavalheiros, madames e senhoritas que se veem nesta classe são muito particulares sobre detalhes. Eles visitarão seus vizinhos e amigos das duas às seis da tarde. É conhecido como visita matinal.
— Visita matinal? Por que uma visita das duas às seis da tarde é uma visita matinal? — perguntaram Klein e Melissa surpresos.
Benson baixou o garfo e a faca, jogou as mãos para o alto e sorriu.
— Também não sei o porquê. Tudo que eu fiz foi ler as revistas que minha colega trouxe. Sim, talvez seja porque eles usam seus trajes da manhã para fazer a visita…
Trajes da manhã era uma forma de traje formal usado durante a missa ou reuniões. Mais tarde, foi considerado como traje formal para o dia, diferente do traje formal para funções noturnas.
— Tudo bem. Lembre-se de comprar um bom café em pó e folhas de chá à tarde. Compre alguns bolinhos e tortas de limão da Sra. Smyrin. Não devemos maltratar nossos vizinhos. — Klein riu enquanto mergulhava o restante do pão no molho da carne, pegava um pouco de batata e colocava na boca.
A manhã seguinte era de um domingo.
Klein terminou a última porção do chá de qualidade inferior, guardou os jornais e vestiu a meia cartola. Pegando a bengala preta incrustada de prata, ele saiu pela porta e pegou uma carruagem pública para a rua Zouteland.
Ele cumprimentou Rozanne, que estava planejando dormir na sala de descanso depois de terminar o turno noturno. Depois disso, desceu até o porão.
Depois de virar uma esquina, ele encontrou um membro dos Falcões Noturnos, a Sem Sono Royale Reideen.
Ela parecia uma dama fria. Suas sobrancelhas eram longas e esbeltas, posicionadas acima de grandes olhos. Seu cabelo era preto, liso e sedoso.
— Bom dia, Madame Reideen — Klein cumprimentou com um sorriso.
Royale usou seus olhos azuis profundos para olhar para ele e assentiu em retorno com um olhar indiscernível .
Os dois rapidamente passaram um pelo outro quando Royale parou e disse olhando para frente:
— Magia ritualística é uma coisa muito perigosa.
Ah… — Klein ficou surpreso. No momento em que ele se virou, tudo o que viu foi suas costas.
— Obrigado. — Ele franziu a testa e gritou para as costas de Royale Reideen.
Depois de virar à esquerda, ele rapidamente encontrou Velho Neil dentro do arsenal, e também Bredt, que não deveria estar lá.
— Vamos para minha casa. Eu já recebi os materiais correspondentes. Bredt concordou em guardar o arsenal para mim — disse Velho Neil com uma risada.
Klein ficou imediatamente surpreso.
— Não vamos fazer aqui?
Velho Neil, que segurava um baú de prata, disse com desdém.
— Não há espaço aqui para praticar magia ritualística.
Klein não perguntou mais nada. Ele seguiu o Velho Neil até as ruas e tomou uma carruagem pública para os subúrbios do Burgo Norte.
A casa de Neil era um bangalô. O jardim em frente estava cheio de rosas, hortelã dourada e outros “materiais”.
No momento em que entrou, ele viu um foyer acarpetado com duas cadeiras altas e um porta guarda-chuva.
Através do foyer havia uma ampla sala de estar. As paredes estavam cobertas com papel de parede de cor clara. O piso era de cor marrom-escura. No meio da sala havia um pequeno tapete com desenhos florais no qual uma pesada mesa redonda ficava.
Ao redor da mesa havia bancos compridos e confortáveis, bancos individuais e um piano.
— Minha falecida esposa amava música. — Velho Neil apontou para o piano e mencionou de passagem:
— O sofá e a mesa de centro estão nos quartos… Vamos fazer a magia ritualística na sala de estar.
— Tudo bem — respondeu Klein com cautela.
Depois que Velho Neil abaixou o baú de prata, ele riu e disse:
— Deixe-me demonstrar a magia ritualística. Certifique-se de observar e lembrar o ritual.
Enquanto falava, ele pegou um pergaminho de pele de cabra falsa do baú. Ele foi feito especialmente e tinha imagens estranhas desenhadas com tinta preta que exalava uma fragrância serena.
Klein continuou observando e finalmente descobriu que Velho Neil estava, aparentemente, provavelmente, possivelmente escrevendo uma nota promissória!
Quando o Velho Neil preencheu o campo correspondente com o número “30” e o símbolo “£” correspondente, Klein não pôde deixar de perguntar perplexo e confuso:
— Sr. Neil, que tipo de magia ritualística você está fazendo?
Velho Neil tossiu e respondeu com muita seriedade:
— Vou usar magia para liquidar essa dívida de trinta libras hoje.
É possível mesmo fazer isso? — Os olhos de Klein se arregalaram e sua boca ficou boquiaberta.
- As descrições de cartões de visita e visitas matinais são fatos sobre a socialização na Era Vitoriana.
Tradução: Lodis
Revisão: MoriSan
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