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Lorde dos Mistérios – Cap. 20 – O Esquecido Dunn

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— Ok. — Klein curvou-se ligeiramente enquanto colocava sua cartola novamente. No entanto, sua mente estava preocupada com a aparência do Artefato Selado 0-08.

Parece ser apenas uma pena comum?

Escreve sem tinta?

Então qual é o seu uso real? O que o faz ser classificado como sendo do mais alto nível de confidencialidade, que é considerado como Extremamente Perigoso?

Pode ser uma caneta que mata qualquer um cujo nome é escrito?

Não, isso seria muito apelão. Ince Zangwill não precisaria fugir e se esconder se fosse esse o caso…

Assim que Klein se virou para sair, Dunn de repente gritou:

— Espere aí. Eu esqueci algo.

— O quê? — Klein virou a cabeça, seus olhos intrigados.

Dunn guardou seu relógio de bolso e disse com um sorriso:

— Mais tarde, lembre-se de visitar a contadora, a sra. Orianna, e receber um adiantamento de quatro semanas, um total de doze libras. Depois disso, você ganhará metade do seu salário toda semana até que a diferença seja coberta.

— Isso é demais. Não há necessidade disso, a quantia pode ser reduzida — disse Klein subconscientemente.

Ele não tinha objeção a um pagamento adiantado. Afinal de contas, ele nem sequer tinha o dinheiro necessário para pagar a viagem de carruagem pública para casa. No entanto, receber doze libras de uma só vez o deixou um pouco receoso.

— Não, é necessário — disse Dunn enquanto balançava a cabeça e sorria. — Pense bem, você ainda deseja continuar vivendo em seu apartamento atual? Onde precisa compartilhar um banheiro com tantos outros inquilinos? Mesmo que você não esteja se considerando, pense na jovem dama. Além disso…

Ele parou quando viu Klein concordar com a cabeça. Ele sorriu e avaliou os trajes de Klein e disse, sugerindo:

— Além disso, você precisa de uma bengala e deveria comprar um terno novo.

Klein ficou surpreso por um momento antes de voltar à realidade. Seu rosto imediatamente queimou de vergonha, já que o terno que ele estava usando era barato e de qualidade inferior.

Normalmente, uma cartola era feita de seda, custando de cinco a seis soli. A gravata-borboleta era três soli, uma bengala de prata era de sete a oito soli, uma camisa era três soli, enquanto calças, colete e um smoking custavam cerca de sete libras no total. Botas de couro eram de nove a dez soli. No total, um terno completo custava mais de oito libras e sete soli. Naturalmente, para ser um cavalheiro apresentável, era preciso uma corrente de relógio, um relógio de bolso e uma carteira.

Naquela época, o Klein original e Benson economizaram e economizaram antes de conseguir juntar uma quantia considerável. Quando eles foram a uma loja de roupas para verificar os preços, acabaram fugindo sem nem se incomodar em tentar pechinchar. Cada um deles comprou um conjunto em uma loja de pechinchas perto da rua Cruz de Ferro por um total de menos de duas libras.

Foi também por causa desse incidente que o Klein original ficou com uma impressão profunda sobre os valores das roupas.

— O-okay — gaguejou Klein em resposta.

Ele era como o Klein original. Era alguém que se importava com sua aparência.

Dunn pegou o relógio de bolso novamente e abriu-o para dar uma olhada no horário.

— Talvez você devesse encontrar a Sra. Orianna primeiro? Eu sei que você passará algum tempo com o Velho Neil, enquanto a Sra. Orianna provavelmente voltará para casa em breve.

— Tudo bem. — Klein estava ciente de seu estado de pobreza e não se opôs a isso.

Dunn voltou para o lado da mesa e puxou algumas cordas penduradas enquanto disse:

— Vou chamar Rozanne para levá-lo até lá.

As cordas começaram suas atividades enquanto as engrenagens rangiam, produzindo um toque de campainha na área de recepção da Companhia de Segurança Blackthorn. Quando Rozanne ouviu, se levantou apressadamente e desceu com cuidado.

Não demorou muito para que ela aparecesse na frente de Klein novamente.

Dunn disse, bem-humorado:

— Eu não perturbei seu descanso, certo? Ah, leve o Moretti para a sra. Orianna.

Rozanne secretamente fez cara de desgosto, deu um meio sorriso e respondeu “animadamente”:

— Tudo bem, capitão.

— Isso é tudo? — naquele momento, Klein deixou escapar, surpreso.

Para obter o pagamento antecipado do financeiro, não há necessidade de pegar uma carta de aprovação do capitão? Você não deveria escrever alguma coisa?

— Sim? — Dunn respondeu, perguntando.

— Quero dizer, não preciso da sua assinatura para requerer um adiantamento da sra. Orianna? — Klein tentou ao máximo usar uma linguagem simples.

— Ah não. Não há necessidade. Rozanne é prova suficiente. — Dunn apontou para a garota de cabelos castanhos e respondeu.

Capitão, parece que não há quase nenhum gerenciamento de nossas finanças… — Klein resistiu sua vontade de fazer um comentário sarcástico antes de se virar para sair da sala com Rozanne.

Naquele momento, ele ouviu Dunn gritar novamente.

— Espere aí. Ainda há outra coisa.

Podemos terminar tudo de uma vez? — Klein voltou-se com um sorriso no rosto.

— Sim?

Dunn pressionou sua têmpora e disse:

— Quando você encontrar o Velho Neil, lembre-se de coletar dez balas antidemônios.

— Eu? Balas antidemônio? — Klein respondeu, espantado.

— O revólver de Welch ainda está com você, certo? Não há necessidade de entregá-lo. — Dunn colocou uma única mão no bolso e continuou: — Com as balas antidemônio, se você enfrentar um perigo paranormal será capaz de se proteger. Uh, vai te dar um pouco de coragem, pelo menos.

Não havia necessidade de você adicionar a sentença final… — como Klein estava incomodado com o problema, ele respondeu sem qualquer hesitação:

— Tudo bem. Vou me lembrar de fazer isso!

— Isso, sim, exigirá que eu escreva um documento formal. Espere um momento. — Dunn sentou-se e pegou a caneta tinteiro vermelha escura. Ele rabiscou uma “nota”, assinou e carimbou.

— Obrigado, capitão — recebeu Klein, agradecido.

Ele lentamente voltou antes de se virar.

— Espere aí.

Dunn gritou mais uma vez.

…Capitão, você parece estar na casa dos trinta. Por que tem os sintomas da demência? — Klein forçou um sorriso e virou-se para perguntar:

— Mais alguma coisa?

— Eu esqueci que você não é treinado para atirar, então pegar balas antidemônio seria inútil. Vamos fazer assim: pegue trinta balas normais todos os dias. Aproveite a oportunidade quando estiver fora para ir à esquina da rua, o campo de tiro subterrâneo na rua Zouteland, número 3. A maior parte pertence ao departamento de polícia, mas há uma que é especialmente para nós, Falcões Noturnos. Ah, sim, você também precisa receber um distintivo do Velho Neil. Caso contrário, você não poderá entrar no campo de tiro. — Dunn bateu em sua testa e pegou de volta o bilhete de Klein. Ele então adicionou a informação e carimbou-o com outro carimbo. — Um bom atirador é treinado gastando balas. Não se esqueça disso. — Dunn devolveu a Klein o bilhete modificado.

— Entendido. — Klein, que tinha medo do perigo, ansiava por visitar o campo de tiro naquele mesmo dia.

Ele deu dois passos em direção à saída antes de se virar cuidadosamente para trás. Ele deliberou antes de perguntar:

— Capitão, há mais alguma coisa?

— Não. — Dunn negou com firmeza.

Klein soltou um suspiro de alívio e andou direto para a porta. Enquanto caminhava, ele teve uma forte vontade de se virar para perguntar novamente, “Tem certeza de que não há mais nada?”

Ele resistiu o desejo e finalmente deixou a sala de Guarda com sucesso.

— O Capitão sempre foi assim. Ele frequentemente se esquece das coisas — enquanto Rozanne caminhava ao seu lado, ela delicadamente criticou o capitão. — Até minha avó tem uma memória melhor que a dele. Mas claro, ele só esquece as coisas triviais. Sim, coisas triviais. Klein, eu te chamarei de Klein no futuro. A sra. Orianna é uma pessoa muito afável. É fácil se dar bem com ela. O pai dela é um relojoeiro de excelente habilidade…

Enquanto Klein ouvia a menina de cabelos castanhos, ele voltou para o andar de cima usando as escadarias. Encontrou a sra. Orianna no escritório mais afastado, do lado direito.

Ela era uma mulher de cabelos negros usando um vestido de babados de renda. Ela parecia estar na casa dos trinta anos e tinha belos cabelos cacheados. Seus olhos verdes eram claro e sorridentes, e ela parecia refinada e elegante.

Depois que Orianna ouviu Rozanne repetir as instruções de Dunn Smith, ela pegou um papel e escreveu um recibo de pagamento adiantado.

— Assine aqui. Você tem um carimbo? Se não, você pode deixar uma impressão digital.

— Tudo bem. — agora familiarizado com os procedimentos, Klein completou as formalidades.

Orianna pegou uma chave de cobre e abriu o cofre que estava na sala. Enquanto contava as libras, ela disse com um sorriso:

—Você tem sorte. Nós temos dinheiro suficiente hoje. A propósito, Klein, você foi convidado pelo capitão porque estava envolvido em uma atividade paranormal e o fato de você ter uma especialidade?

— Sim, você tem uma intuição impecável. — Klein não foi mesquinho com seus elogios.

Orianna tirou quatro notas de fundo cinza-claro com padrões de um preto profundo impressos nelas. Depois de trancar o cofre, ela se virou e sorriu.

— Isso porque eu também tive uma experiência semelhante.

— Mesmo? — Klein mostrou um nível apropriado de surpresa.

— Você sabe sobre o serial killer que deixou a Cidade de Tingen em um frenesi dezesseis anos atrás? — Orianna entregou as quatro libras de ouro a Klein.

—…Sim! É o que teve cinco meninas mortas consecutivamente. Algumas tiveram seus corações e estômagos removidos por aquele Açougueiro Sanguinário. Minha mãe costumava usar essa história para assustar minha irmã quando éramos pequenos — disse Klein enquanto pensava nisso.

Ele recebeu as notas e descobriu que duas delas eram de cinco libras e duas eram de uma libra. Todas tinham um fundo cinza e estavam pintadas de preto. Os quatro cantos tinham padrões complicados e tinta especial para evitar falsificação.

As notas anteriores eram um pouco maiores e no meio delas estava o quinto rei do Reino Loen, o ancestral direto de George III, Henry Augustus I. Ele usava uma faixa de cabelo branco acima de seu rosto rechonchudo. Seus olhos eram alongados e ele tinha uma expressão anormalmente séria. No entanto, Klein sentiu uma indescritível sensação de proximidade com ele.

Esta é uma nota de cinco libras!

É quase igual a quatro semanas do salário de Benson!

No meio da nota de uma libra estava o pai de George III, o rei anterior, William Augustus VI. Esta figura poderosa tinha um bigode grosso e um olhar firme. Enquanto estava no poder, ele libertou o Reino Loen dos grilhões da antiga ordem, permitindo que sua nação recuperasse seu auge.

Todos eles eram “bons reis”… — Klein podia sentir um leve cheiro da tinta das notas que o animava e revigorava.

— Sim, se os Falcões Noturnos não tivessem chegado a tempo, eu teria sido a sexta vítima. — o tom da Sra. Orianna ainda insinuava uma sensação de medo, apesar do incidente ter acontecido há mais de dez anos.

— Ouvi dizer que o serial killer, não… o Açougueiro era um Beyonder? — Klein cuidadosamente dobrou as notas de papel e colocou-as no bolso interno de seu terno. Ele deu então um tapinha na área algumas vezes para confirmar que estavam lá.

— Sim. — a sra. Orianna assentiu com firmeza. — Ele matou ainda mais antes disso. A razão pela qual foi capturado foi porque ele estava preparando um ritual para o demônio.

— Não é de se espantar que ele queria diferentes órgãos… Desculpe, Sra. Orianna, por fazer você se recordar de lembranças tão desagradáveis — disse Klein sinceramente.

Orianna sorriu.

— Eu não tenho mais medo… Eu estava estudando contabilidade na escola de negócios na época. Estou aqui desde então. Tudo bem, vou parar de te impedir de fazer o que deveria. Você ainda precisa ir ver o Velho Neil.

— Até mais, sra. Orianna. — Klein tirou o chapéu e fez uma reverência antes de sair do escritório. Antes de descer, não pôde deixar de dar um tapinha em seu bolso interno para se certificar de que as doze libras ainda estavam lá.

Ele virou num cruzamento e se dirigiu para a direita. Não levou muito tempo para ver uma porta de ferro entreaberta.

Toc! Toc! Toc!

Enquanto bateu, uma voz envelhecida soou de dentro.

— Entre.

Klein abriu a porta de metal e descobriu uma sala apertada que permitia apenas uma mesa e duas cadeiras.

Havia uma porta de ferro bem trancada dentro da sala e atrás da mesa havia um velho de cabelos grisalhos vestido com um requintado manto preto. Ele estava lendo algumas páginas amareladas de um livro com a iluminação de uma lâmpada a gás.

Ele levantou a cabeça e olhou para a porta.

— Você é Klein Moretti? Rozanne disse que você foi muito educado quando ela veio aqui há um tempo atrás.

— Srta. Rozanne é realmente uma pessoa amigável. Boa tarde, Sr. Neil. — Klein tirou o chapéu como gesto de respeito.

— Sente-se. — Neil apontou para a lata de prata com ilustrações florais complexas sobre a mesa. — Você gostaria de uma xícara de café moído a mão?

As rugas na borda dos olhos e da boca eram profundas. Suas íris vermelho-escuras pareciam ligeiramente turvas.

— Não parece que você toma café…? — Klein notou que o copo de porcelana de Neil estava cheio de água.

— Haha, é um hábito meu. Não tomo café depois das três da tarde — explicou Neil com uma risada.

— Por quê? — perguntou Klein.

Neil conteve seu sorriso enquanto olhava nos olhos de Klein e disse:

— Receio que isso afetaria meu sono à noite. Isso me faria ouvir os murmúrios da existência desconhecida.

Klein foi momentaneamente incapaz de responder quando mudou de assunto.

— Sr. Neil, que documentos e livros eu devo ler?

Enquanto falava, ele pegou o bilhete escrito por Dunn.

— Qualquer coisa que tenha a ver com história ou que seja complicada e esteja incompleto. Para ser honesto, sempre tentei aprender, mas tudo o que consigo é ter uma compreensão rudimentar. O que é muito problemático para outros materiais como diários pessoais, livros contemporâneos, epitáfios, etc… — lamentou Neil. — Por exemplo, as coisas que tenho aqui exigem registros históricos mais detalhados para determinar o conteúdo exato.

— Por quê? — Klein ficou confuso.

Neil apontou para algumas páginas amareladas à sua frente.

— Estas são do diário perdido de Roselle Gustav antes de sua morte. Para manter as coisas em segredo, ele usou símbolos estranhos que inventou para fazer registros.

Imperador Roselle? O transmigrador sênior? — Klein ficou surpreso enquanto ouvia atentamente.

— Muitas pessoas acreditam que ele não morreu de verdade, mas se tornou um deus oculto. Portanto, os cultos que o reverenciam sempre realizaram vários rituais para tentar ganhar poder. Ocasionalmente encontramos tais incidentes e obtemos algumas cópias ou originais do diário dele — disse Neil, balançando a cabeça. — Até hoje, ninguém foi capaz de decifrar o verdadeiro significado dos símbolos especiais. Portanto, a Santa Catedral nos permitiu manter cópias para pesquisa, esperando que isso lhes traga uma agradável surpresa.

Com isso dito, Neil revelou um sorriso de satisfação.

— Eu já decifrei alguns símbolos e confirmei que eles representam números. Olhe o que eu descobri. Na verdade é um diário! Sim, desejo usar a história de diferentes períodos, especialmente eventos que giravam em torno do imperador. Ao comparar esses registros com aqueles registrados no diário no dia correspondente, posso tentar interpretar mais símbolos. Essa é a mente de um gênio, não é? — o velho cavalheiro de cabelos brancos e rugas profundas olhou para Klein com olhos brilhantes.

Klein concordou com a cabeça.

— Sim.

— Haha, você também pode dar uma olhada nessas páginas. Amanhã você terá que me ajudar com este diário. — Neil empurrou as poucas páginas amareladas para Klein.

Klein virou-as e deu uma olhada, mas ficou imediatamente surpreso!

Embora os “símbolos” tivessem sido copiados de uma maneira terrivelmente feia, a ponto de parecerem um pouco distorcidos, não havia como ele estar enganado…

Isso porque eram palavras com as quais ele estava muito familiarizado.

Chinês!

Isso é chinês simplificado, porra!

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: MoriSan

 

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