Liberte Aquela Bruxa – Vol. 04 – Cap. 653 – Uma Visita Inesperada

Droga!

Yorko não sabia o que havia acontecido do lado de fora, mas definitivamente não era algo bom.

Aqui não deveria ser um lugar seguro? — Ele xingou Otto milhões de vezes em pensamento. — Será possível que eu não posso ter paz? Eu nunca mais faço nada pra Otto.

Yorko olhou ao redor e tentou encontrar algo para se defender, mas não havia armas no local, exceto por algumas ferramentas de tortura para escravos.

Nesse momento, alguém empurrou a porta e entrou.

Yorko se ajoelhou no chão sem nenhuma hesitação e disse:

— Por favor, poupe minha vida! Eu te darei qualquer coisa…

Contudo, a pessoa não parou, e sim avançou em sua direção para atacar.

Yorko subconscientemente abaixou a cabeça e se inclinou para o lado, tentando se esquivar do ataque.

— Não, Annie! — Amy gritou.

Após o grito de Amy, Yorko sentiu uma brisa passar por suas bochechas. Ao olhar para o lado, ele notou que um pedaço de madeira, aparentemente a perna arrancada de alguma cadeira, havia parado a centímetros de seu rosto.

Ele provavelmente teria desmaiado se tivesse sido atingido por isso.

Em seguida, Annie o agarrou pelo ombro, virou-o de costas e o pressionou contra a cama.

— Ele machucou você? — A voz dessa pessoa soava um pouco rouca, e era difícil distinguir se era homem ou mulher.

— Ele disse… que iria me ajudar a sair daqui.

— Você foi enganada de novo, Amy. — Ela disse enquanto balançava a cabeça. Em seguida, ela torceu os braços de Yorko para trás e o amarrou habilmente. — Você acha mesmo que ele iria salvar uma bruxa desconhecida depois de pagar 4000 moedas de ouro? Isso não é pouco dinheiro. Isso é mais do que seu pai poderia juntar em toda a vida dele.

— É… É mesmo?

Essa tal de Annie provavelmente era aquela pessoa que estava disputando com ele no leilão, já que sabia do preço tão claramente. Contudo, como ela conseguiu reconhecer Yorko e segui-lo até o Aposento Número 76? Pelo que Yorko se lembrava, só o palco estava iluminado por aquelas pedras mágicas. A área da plateia estava escura, e era difícil enxergar o rosto das outras pessoas.

Yorko sabia que essa era uma questão de vida ou morte e que ele precisava usar sua persuasão para sair dessa enrascada.

— Eu não menti pra ela! Eu sou o Embaixador do Reino de Castelo Cinza, e salvar essa bruxa é a ordem do rei!

— Embaixador do… Reino de Castelo Cinza?

Yorko logo soube que sua abordagem havia funcionado quando sentiu a mão da bruxa afrouxar um pouco.

— Sim, você já ouviu falar de Roland Wimbledon?! O quarto filho do Rei Wimbledon III, Rei de Castelo Cinza! Ele é gentil com as bruxas! Ele acredita firmemente que não há diferenças entre as bruxas e as pessoas comuns, e ele até mesmo travou uma guerra contra a Igreja para que as bruxas pudessem viver livremente em seu território! É tudo verdade! Eu juro!

Talvez ela não saiba quem é Roland, mas com certeza ela deve ter ouvido falar que a Igreja foi derrotada pelo Reino de Castelo Cinza na Serra do Vento Congelante. Afinal, Hill saiu espalhando essa notícia por todo lugar. — Ele pensou.

A Igreja sempre havia sido o maior inimigo das bruxas, então quem quer que a derrotasse ganharia o respeito e apreço das bruxas.

A mão que o segurava trial costas relaxou mais que o esperado. Em seguida, ele foi virado e levantado da cama. Agora Yorko conseguia ver o rosto da invasora.

Annie… provavelmente era uma mulher, mas tinha uma aura heroica de homem, e dava para notar que ela era bastante musculosa, embora estivesse coberta por um manto. Suas sobrancelhas impetuosas eram levemente curvadas para cima, e seus olhos pareciam cheios de vigor. O cabelo dela estava preso por um barbante, formando um rabo de cavalo, e a testa dela estava totalmente à mostra. Yorko teria pensado que ela era um homem se a voz dela fosse mais grossa; a aparência dela fez ele ficar com um pouco de inveja.

— Neste caso, por que você não soltou ela logo?

A mesma pergunta de novo… — Yorko teve que repetir sua explicação novamente.

— Fiz isso pela segurança dela. Seria muito perigoso se ela não acreditasse em mim e tentasse fugir.

— Pra onde você ia levá-la? — Annie, que obviamente era mais esperta que Amy, duvidava da explicação de Yorko. — Você ia dar ela de presente para o Rei de Castelo Cinza?

— Mas é claro… que não! — Ele rapidamente mudou suas palavras no meio do caminho. — Meu velho amigo nunca trataria as bruxas como escravas. Muitas bruxas vivem no território dele como qualquer pessoa normal, e existe até mesmo uma organização que visa a proteger o direito das bruxas.

— Chega! — Annie interrompeu furiosamente.

Yorko rapidamente fechou a boca. Ao conversar com Hill, ele soube de várias coisas feitas por Sua Majestade. Ele ouviu que Sua Majestade, com a ajuda das bruxas, conteve a doença disseminada pela Igreja durante o surto da praga demoníaca. Isso obviamente era uma coisa boa. Yorko não entendia por que Annie parecia tão irritada ao saber que havia um lugar onde as bruxas poderiam viver em paz.

— Isso soa exatamente como a Associação Presas de Sangue. — Annie disse friamente. — Elas costumavam falar isso também.

— Associação do… quê? — Yorko sentiu que havia algo de errado.

— As bruxas devem confiar apenas em si mesmas, e não em promessas de nobres. — Ela averiguou o local e rapidamente encontrou a chave pendurada na parede.

— Espere, você vai levá-la? Estamos no subterrâneo. Você não viu os guardas do lado de fora quando você entrou? Como é que você vai escapar daqui com ela?

— Você não precisa se preocupar com isso. Eu dou o meu jeito. — Annie destrancou as argolas de ferro e libertou Amy. Após isso, ela puxou Yorko para prender o tornozelo dele numa das argolas.

— Você realmente não quer considerar mais um pouco? — Yorko ficou mais corajoso depois de perceber que Annie não iria matá-lo. Ele tentou convencê-la pela última vez enquanto obedientemente a deixava prendê-lo. — Por que não esperar até amanhã? Assim que eu sair, eu entrego ela pra você. Dessa forma, você não precisa se arriscar tanto e ninguém suspeitará de nada.

— Isso realmente parece bom, mas também é possível que eu seja recebida por espadas e Pedras da Retaliação Divina. — Annie se manteve impassível e disse: — No passado eu cometi um grande erro por causa do meu descuido; não vou deixar que isso aconteça de novo.

Depois de prender Yorko, Annie arrastou Número 76 para dentro e, da mesma forma, prendeu um dos tornozelos dela numa argola de ferro.

— Por que você não a matou?

Ele conseguiu ver uma marca de sangue na cabeça de Número 76. Mas ela ainda estava viva a julgar pelo movimento de respiração. Aparentemente ela havia desmaiado ao receber uma pancada na cabeça.

— Não demoraria muito pra eu matar vocês dois após resgatar Amy. — As palavras de Annie fizeram Yorko tremer na base. — Mas eu não vou te matar, já que talvez eu deva um agradecimento ao Rei de Castelo Cinza por ter derrotado a Igreja. Entretanto, isso não significa que eu vou acreditar nele incondicionalmente.

— Eu levarei suas palavras para Sua Majestade. Se você precisar de alguma assistência, procure por mim na embaixada.

Claro, é melhor que você não me procure, assim dá menos trabalho. — Yorko pensou quietamente. — Bem… Pelo menos eu dei o melhor de mim. Meu velho amigo não pode me culpar, já que não posso forçá-las a ir para o Reino de Castelo Cinza.

Annie olhou para Yorko por um bom tempo e, em seguida, saiu do local com Amy carregada nos braços.