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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 04 – Cap. 489 – No Rastro do Criminoso

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— É a primeira vez que você presencia uma cena como essa? — Rene aproximou-se de Vera, parecendo bastante preocupado — Talvez seja melhor você sair e tomar um ar fresco.

— Não. Não, obrigada. — Vendo Rouxinol agachada próximo ao corpo e examinando as feridas, Vera recusou a oferta, afinal, se a irmã Rouxinol ainda era capaz de manter a compostura em uma cena de crime tão horrível… ela também precisava ser forte e continuar ali — Eu me sinto muito melhor agora, obrigada.

— Quando ele foi encontrado? — Rouxinol os questionou.

— Bem cedinho, hoje de manhã. Os residentes próximos encontraram seu corpo quando foram buscar água. Foi antes do amanhecer. A porta estava aberta como agora, como se o assassino quisesse anunciar a morte a toda a comunidade. — Rene respondeu — No passado, precisaríamos de dois ou três dias para ouvirmos algo como isto. A Prefeitura está oferecendo recompensas por informações, por isso foi relatado mais cedo.

— Você sabe quem é a vítima?

— Sim, seu nome é Pazim, homem livre. — Rene olhou ao redor do quarto — Nada de valioso foi encontrado. Hum… se não me engano ele costumava ser um rato também.

— Alguém o viu ontem à noite?

— Eu verifiquei e ninguém o viu.

— Algum barulho foi ouvido?

— Nada.

— Alguma coisa não me cheira bem, afinal, ele era um homem forte! — Rouxinol franziu a testa — Mesmo com a garganta cortada, ele não morreria imediatamente. Alguém deveria ter ouvido ele lutando pela vida ou se debatendo no chão. Tem certeza de que as pessoas que você ouviu não estavam mentindo?

— Eu não penso assim. — Rene respondeu hesitante — O assassinato provocou pânico entre a comunidade. Além disso, os moradores recebem recompensas por ajudar a polícia. Eles não devem ter motivos para mentir.

— Bem, traga-os aqui. Vou perguntar eu mesmo a eles. Ah, e Vera? — Rouxinol olhou em direção a sua assistente.

— Sim? — Vera respondeu, toda arrepiada.

— Vá ao castelo e traga Soraya aqui.

— Uhum, pode deixar!

Vera saiu cambaleando e correu em direção ao castelo.

De alguma forma, ela achava o modo como Rouxinol dava os comandos algo absolutamente lindo.

Tudo, o jeito, a presença… tudo na irmã Rouxinol inspira confiança. Agora eu sei porque Sua Alteza confia tanto nela. — Vera pensou.

Quando Vera voltou, havia outras duas pessoas a seguindo.

— Por que Sua Alteza não me pediu para lidar com isso? — Raio voou para dentro do quarto, exclamando — Ele é muito injusto!

— Pruu, pruu! — Maggie voou para dentro do quarto e ficou ao lado de Raio.

— Eu não consegui detê-las. — Vera disse timidamente.

— Vocês não deveriam proteger o Príncipe Roland enquanto eu estivesse fora? — As sobrancelhas de Rouxinol subiram uma fração de centímetro — Isso aqui não é uma brincadeira!

— Pode ficar sossegada, Sylvie está lá então ninguém pode se aproximar de Sua Alteza facilmente. — Raio deu uma piscadinha — Além disso, Sua Alteza vai convocar uma reunião com os nobres e não haverá perigo no salão do castelo.

Que incrível… — Vera pensou — Como essas duas garotinhas conseguem agir tão casualmente em uma cena de crime tão horrenda como essa? Principalmente Raio. Ela é alguns anos mais nova que eu e seus olhos estão brilhando de tanta animação. Mas o que foi que elas passaram desde que se tornaram bruxas?

— E quem são estas? — Rene e os outros policiais encararam com os olhos arregalados a garota e a pomba gorducha.

— Eles são bruxas. — Rouxinol resmungou — De qualquer forma, vocês devem voltar para o castelo antes do final da reunião. Entenderam?

— Ah… — Raio fez um beicinho.

— Olá! Rouxinol, você quer que eu pinte o corpo? — Soraya foi a última a entrar na sala.

Vera ficou um pouco mais aliviada quando notou que Soraya parecia estar tão pálida quanto ela.

— Não o corpo, mas o assassino. — Rouxinol fechou a porta e explicou seu plano — Assim que tivermos uma imagem do assassino, publicaremos nos quadros de avisos da praça e ofereceremos recompensas em dinheiro às pessoas que fornecerem informações relevantes. Esse deve ser o jeito mais rápido de encontrá-lo.

O Conde da Família Alce ofegou.

— Você quer dizer que essa bruxa, a senhorita Vera, pode reconstruir a cena do crime?

— Depende. Ela pode manter a ilusão por apenas um período limitado de tempo, então também precisamos de um pouco de sorte. E nós teremos! — Rouxinol deu a Vera um aceno de aprovação — Vamos lá!

— Okay. — Vera fechou os olhos e traçou o tempo de volta para algum lugar entre a meia-noite e o amanhecer, conforme Rouxinol instruíra.

Na escuridão, seu poder mágico fluía das pontas de seus dedos e se entrelaçava, formando gradualmente uma imagem clara. Lentamente, algumas tábuas de madeira, uma cama, uma mesa e um quarto tomaram forma. Uma casa foi construída em sua mente. A vítima estava deitada no chão, seu sangue corria no chão esburacado. A porta ainda estava aberta, como a encontraram mais cedo.

— Este é o poder da bruxa?

— É inacreditável.

— Fabuloso! A ilusão é tão real. É quase como o poder dos demônios.

— Silêncio! Fique quieto! — O policial ao lado sussurrou, repreendeu seu colega.

— Parece que ele já está morto. — Rouxinol deu um tapinha no ombro de Vera — Não desperdice mais seu poder mágico. Mude para outro ponto no tempo.

Na segunda tentativa, Vera rastreou o evento de volta para perto da meia-noite. A silhueta no chão desapareceu abruptamente e a vítima estava agora deitada na cama, parecendo estar em um sono profundo.

— Isso significa que ele foi morto entre os dois períodos de tempo? — Rene perguntou perplexo.

— Exatamente. O assassino entrou em ação entre a meia-noite e às três da manhã.

— Ah, agora eu entendi! O poder da senhorita Vera não dura muito tempo, e provavelmente vamos perder o momento exato em que o assassino estava cometendo o crime. É por isso que você disse que precisávamos de um pouco de sorte!

— Precisamente. — Rouxinol disse — Provavelmente levou muito tempo para o assassino deixar essas marcas depois que terminou o que veio fazer. Vera, vamos tentar agora um momento mais próximo das três da manhã.

Vera assentiu e soltou um suspiro pesado. Ela convocou seu poder novamente e definiu o tempo entre duas e três da manhã. O poder mágico invadiu a parede e revelou um estranho parado ao lado da cama. Ele estava desenhando algo na parede com o lençol manchado de sangue.

— Parece que nós o encontramos. — Rouxinol sorriu — Acertamos em cheio!

— Então esse homem é o assassino, pruu?

— Ele parece não ter nada de especial… Eu pensei que seria pelo menos um brutamontes fortão. — Raio comentou desapontada que só.

— Desse ângulo, eu só consigo pintar o rosto dele de perfil. — Soraya olhou para o assassino na parede — Existe alguma maneira de virá-lo?

— Vera, é com você. — Rouxinol a instruiu.

— Sim! — Sem mais explicações de Rouxinol, Vera sabia o que fazer.

Ela fez o tempo da última ilusão voltar quinze minutos. Desta vez, todos viram claramente como era o assassino. Ele primeiro estrangulou Pazim até a morte com uma corda, arrastou-o para o chão e depois cortou sua garganta com um punhal. Durante todo o processo, Pazim estava dormindo feito pedra e não houve sinal de luta.

De repente, Rene percebeu, quando se virou, e notou um balde d’água no canto do quarto.

— Será que ele bebeu a Água-dos-sonhos?

— Parece que sim. — Rouxinol assentiu — É por isso que não houve barulho. O assassino cortou sua garganta apenas para obter um pouco de sangue. A vítima já estava morta.

— Meu… meu senhor! Eu já vi esse homem antes! — Um policial disse de repente.

— O quê? — Ambos, Rouxinol e Rene, fitaram o policial.

O policial fez uma pausa antes de continuar.

— Seu nome é Maans, e ele costumava ser um patrulheiro. Eu já lidei com ele antes.

— Você sabe onde ele mora? — Rene perguntou.

— Eu me lembro que ele mora no centro da cidade… Rua Oeste, perto da Taverna do Ovelha!

— Muito bem. Nós nem precisaremos procurá-lo. Parece que a sorte está do nosso lado! — Rouxinol disse confiante — Ele não pode fugir! Vamos!

— Sim! — Os policiais gritaram em uníssono.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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