Alguns segundos depois que as chamas brilhavam, Weimar ouviu um som ensurdecedor.
Veio de muito longe. Embora não fosse alto, era poderoso. Ele viu que bem ao lado do barraco, um pilar de terra subiu em sintonia com o som.
— Mas o que diabos acabou de acontecer?
— O pó de neve foi incendiado?
— Não sei. Parece ter sido feito por aquele navio.
— Que piada. É cerca de um quilômetro de distância.
Os cavaleiros estavam ocupados discutindo entre si. Weimar franziu a testa e se perguntou — Será que… o inimigo notou algo estranho no chão?
De acordo com as informações de espiões reunidas de vários canais, o rei rebelde possuía armas de pó de neve extremamente poderosas que eram superiores em alcance e precisão a qualquer coisa que os ferreiros da Cidade Real de Castelo Cinza conseguissem fabricar. Assim, desde o início, Timothy decidiu não se envolver em combate direto, mas sim usar os barris com pó de neve como emboscada para que as armas de Roland se tornassem inúteis. As coisas que liberaram fogo na frente do navio provavelmente seriam versões ampliadas das armas. Elas deveriam ser capazes de carregar mais pó de neve e disparar um projétil mais poderoso. O único problema era que elas eram muito mais difíceis de fabricar do que armas portáteis. Apesar de Timothy ter colocado todos os ferreiros da cidade para trabalhar durante todo o inverno, os dispositivos que eles foram capazes de criar não eram tão bons quanto as manganelas.
Depois de pouco tempo, as chamas apareceram mais uma vez, seguidas pelo mesmo som estrondoso. Desta vez, o pilar da terra voou junto com parte do barraco, fazendo com que terra e lama se espalhassem por todo o telhado do barraco.
O palpite de Weimar estava correto. Claramente, o inimigo tinha concebido um plano para chegar ao barraco, o que significava que eles sabiam sobre o pó de neve escondido perto do cais! Logo, a tática de emboscada de Timothy falhou. Weimar pensou em silêncio — Talvez eles tenham a chance de encostar na muralha da cidade.
Após esta batalha, ficaria evidente se as armas de pó de neve eram mais poderosas ou se as muralhas da Cidade Real de Castelo Cinza eram mais resistentes.
Só então, um som estrondoso foi ouvido das ameias…
Era mais alto e mais sonoro do que qualquer trial que os cavaleiros já tivessem ouvido, como se trovões batessem ao lado de suas orelhas.
Uma pequena colina começou a voar no espaço em frente ao cais. Sujeira e pedras foram arremessadas no ar antes que fumaça e névoa saíssem da terra, formando uma massa gasosa visível em forma de nuvem. Terremotos violentos varreram a terra e, num instante, o topo da muralha da cidade começou a vibrar terrivelmente. Weimar instintivamente agachou seu corpo, mas Cicatriz torceu o pé e caiu no chão ao lado dele.
Depois de atingir a sua altura máxima, terra e pedregulhos começaram a cair como uma chuva torrencial. No entanto, não fez barulho quando bateu no chão. Os ouvidos de Weimar estavam zunindo, e levou algum tempo para recuperar os sentidos depois dos tremores.
Porra, aquele idiota não esperou o sinal da bandeira para inflamar o pó de neve! — Weimar pensou.
O chão, originalmente plano, parecia agora ter sido mastigado. Buracos e depressões estavam por toda parte, enquanto fumaça quente e branca emanava da lama negra e solta, enchendo o ar com o cheiro de pólvora.
Weimar, atrás da ameia, inclinou um lado da cabeça para fora. Ele viu que, à distância, a frota começou a se mover mais uma vez. Os navios formaram uma linha reta enquanto se dirigiam para o cais. Os guardas que deveriam receber as ordens no cais deviam estar paralisados ou haviam largado suas armas e fugido em várias direções.
— Quem é responsável pela ignição? — Cicatriz, que estava zangado por todo constrangimento de ter torcido o pé, segurou um guarda pelo colarinho e interrogou — Eu vou torcer a cabeça dele!
— É uma pessoa de confiança de Sua Majestade. — Weimar retrucou — Observe o inimigo com cuidado. Eles estão vindo para terra a qualquer momento. Prepare-se para levantar a bandeira azul.
Espero que o cara escondido no armazém possa completar sua missão. — Weimar pensou.
No entanto, não houve movimento na área do cais, e as tripulações do inimigo conseguiram desembarcar facilmente na margem.
Allen Alba estava ocupado limpando seu florete quando trovões estrondosos soaram e sacudiram a terra. As violentas explosões e tremores quase o fizeram soltar o florete, chocado.
Embora ele soubesse de antemão que isso iria acontecer, ele não esperava que o som da explosão de pó de neve fosse tão alto e aterrorizante. Afinal, aconteceu a pelo menos dois quilômetros de distância de onde ele estava.
Como você se sente estando aqui em carne e osso? — Allen se perguntou.
Usando as mãos, Allen acalmou sua montaria que estava inquieta. Então, ele guardou seu florete em sua bainha e acenou para os cavaleiros atrás dele.
— Quando o portão se trial, vocês investirão junto comigo. Não precisam ir devagar, façam seus cavalos correrem a toda velocidade. Eles não têm como recuar!
Pela resposta incerta que recebeu, estava claro que poucos entre os cavaleiros haviam se recuperado das ondas de choque estrondosas.
Allen gritou, desta vez bem mais alto:
— Esta é uma armadilha colocada por Sua Majestade. A ira do trovão castigará nossos inimigos, mas nós estaremos a salvo! Concentrem-se, nossos inimigos não têm para onde fugir!
— Sim… senhor. — A resposta desta vez foi um pouco mais em uníssono.
Os mercenários que esperavam atrás dos cavaleiros ainda estavam aturdidos. Allen balançou a cabeça com desdém. Ele nunca levara essas pessoas a sério. Mercenários serviam apenas para limpar a bagunça no campo de batalha e estar atrás dos cavaleiros.
Algum tempo se passou e o portão da cidade ainda não foi aberto.
Mas o que está acontecendo? — Trial olhou para o topo da muralha da cidade com suspeita — O cavaleiro Coração de Aço não emitiu nenhuma nova ordem, ainda assim, como nossa investida pode começar a qualquer momento, eu não posso deixar minha posição e perguntar sobre a situação.
O tempo passou devagar. De repente, ele ouviu um som abafado que parecia se originar de muito longe. Se ele lembrou corretamente, isso era um sinal de que o inimigo estava atacando.
Algo deu errado com o plano? Será que a armadilha de pó de neve não fez com que o inimigo se dispersasse e fugisse? Ah! — Quando a ansiedade de Allen chegou ao seu ponto de inflexão, ele de repente ouviu um estranho som de vento. Antes que ele pudesse perceber o que havia acontecido, alguma coisa explodiu do lado de dentro do portão da cidade e as pedras voaram de uma só vez.
Boom!
Pedras e lascas voaram em todas as direções. Allen sentiu um entorpecimento em volta da cintura e caiu rigidamente no cavalo. O cavalo assustado até pisou em sua coxa enquanto tentava fugir.
A dor extrema fez Allen uivar.
— Ahh, minha perna…!
— Capitão!
— Meu senhor, Allen!
Dois escudeiros rapidamente se reuniram em torno dele.
— Controlem os cavaleiros e impeça-os de fugir!
Allen gritou enquanto tentava suportar a dor pungente.
A formação dos cavaleiros estava em completa desordem. Ninguém sabia exatamente o que aconteceu, e muitos cavalgavam em seus cavalos enquanto tentavam evitar que os objetos voadores os acertassem. Embora os escudeiros emitissem instruções tão alto quanto podiam, era difícil para eles tomarem conta da situação enquanto isso acontecia.
Allen tentou várias vezes se levantar, mas falhava a cada vez. Virando a cabeça, ficou horrorizado ao ver que sua coxa tinha sido torcida em uma forma irregular e estava gravemente ferido e dilacerado. Sua armadura de placas havia se deformado e inclinado para um lado, enquanto um osso branco deslocado rasgara sua pele e calças para expor uma pequena seção com pedaços de tecido pendurados nela.
O coração de Allen começou a acelerar. Ele sabia que sua carreira como cavaleiro estava efetivamente acabada.
Só então, ele ouviu o estranho silvo soar novamente.
Desta vez, a explosão ocorreu exatamente no portão da cidade.
Allen viu os dois guardas em pé no portão da cidade serem imediatamente envolvidos por grandes massas de destroços, antes de voar pedaços de madeira e pedra varrendo-os como um enxame de abelhas. Quando os detritos se dissiparam, Allen ficou surpreso ao ver que a parte de cima dos corpos dos dois guardas pareciam ter sido fatiados com facas afiadas. Sangue fresco misturado com suas entranhas vermelho-verde escorriam pelo chão. Atrás deles estavam outros cinco ou seis cavaleiros amontoados no chão, inconscientes. O que parecia ser pedaços inofensivos de madeira se transformou em armas mortais e cortou os corpos como facas. Até os pedaços de pedra, que eram do tamanho de um polegar, conseguiam penetrar nos capacetes e armaduras dos guardas!
Além disso, um buraco do tamanho de uma bacia apareceu no portão da cidade, que tinha quase dois metros de espessura! Tudo isso aconteceu enquanto o inimigo ainda estava a mais de cinco quilômetros de distância!
— Demônios, os inimigos são demônios!
Do nada, alguém gritou alguma coisa e a cena, que já era terrível e caótica o suficiente, tornou-se ainda mais desastrosa.
Os cavaleiros, que haviam se preparado anteriormente para atacar, apressadamente viraram os cavalos para trás e galoparam para longe. Ao se aproximarem dos mercenários em fuga, eles atropelaram os que estavam na frente e criaram uma desordem ainda mais séria. Num piscar de olhos, a situação perto da muralha oeste da cidade ficou completamente fora de controle.
Allen não tinha mais energia para sustentar seu corpo. Ele desabou no chão e olhou para o céu, impotente. Os gritos de pânico da multidão e os contínuos ruídos das coisas pareciam cada vez mais distantes, e seu entorno gradualmente se tornou mais quieto.
Ele teve um último pensamento em sua mente.
Está tão frio…
Tradução: JZanin
Revisão: Kabum
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